Tiago e Aisling começaram a namorar, tudo parecia estar tão perfeito entre eles, e estava, na segunda feira, todos os olhares foram dirigidos para eles. A aura de felicidade e amor, tocava até os que odiavam a garota. Ryan, sorriu ao ver a irmã feliz, ele ainda não tinha falado com ela, estava com vergonha, havia usado drogas, e ele ter conseguido ficar um dia sem usar não significava nada.

            A única pessoa que os olhou de cara feia, além de Jane, pela felicidade da irmã, foi Miguel, ele sentia nojo dos dois juntos, não entendiam o porque daquilo, só sabia que era estranho, e desconfortável, principalmente quando ouvia as risadas dos dois, ou quando ele viu eles se beijando. Puxou um cigarro, ele teve vontade de surrar o irmão naquela hora, mas se controlou, não havia motivos para isso. Ele nem gostava daquela garota, não gostava de ninguém só de si próprio, ou era isso que ele estava tentando se convencer de ser a verdade.

            Fazia uma semana que Tiago e Aisling estavam juntos, quando a diretora resolveu fazer uma semana especial, sempre tinha no colégio, e a data era marcada pela diretora, iria acontecer naquela semana, um pouco antes do que sempre acontecia, mas não era estranho, já que sempre era em datas diferenciadas. Era uma feira de artes, onde os alunos podiam mostrar os seus talentos, na dança, no desenho, na escrita, e no canto. A semana era na verdade dois dias de apresentações, sendo que o final era um concurso de música.

            Foi espalhado cartazes, Aisling nunca havia participado, tinha medo, e ao mesmo tempo vergonha, ela leu o cartaz, e só o ignorou, Tiago leu, e deu um sorriso. A namorada tinha que participar, ela cantava bem, e também, todos que a faziam sofrer tinham que ver que pelo menos naquilo era boa.

            -Aisling, porque não escreve? – perguntou Tiago abraçando a loira, e beijando o topo da cabeça dela, ela deu um sorrisinho tímido, e olhou para o namorado. Tiago sempre se esquecia como ela era linda.

            -É melhor não Tiago – ela falou um pouco vacilante, apesar de fazer algum tempo que ninguém a machucava, ainda falavam coisas, e ela sabia disso. Aisling ainda não estava curada de tudo o que lhe fizeram. Tiago suspirou e a fez olhar em seus olhos.

            -Mas meu amor, por que não? Você canta bem, além do mais, eu vou estar lá, e seus irmãos também, ninguém vai poder falar nada – Aisling abaixou o olhar e deu um sorriso. Será que ela conseguiria cantar para tantas pessoas?

            -Não vai dar certo, eu vou desafinar e está tudo tão bom, não preciso de motivos para aparecer, e fazer que alguém tente acabar com a nossa felicidade – ela falou com um sorriso no rosto, apesar de que ela imaginou a cena dela cantando em cima de um palco, e todos vendo, que ela tinha capacidade, e que tudo que faziam, só piorava, e que era errado. Seria uma oportunidade para isso, mas Aisling tinha medo.

            -Você não vai desafinar – Tiago falou fazendo com que a namorada olhasse para ele – Escuta só, quando você estiver lá em cima, é só fechar os olhos, e imaginar que estamos no terraço, só nós dois – Aisling suspirou e olhou para Tiago, um pouco corada, mas com um lindo sorriso nos lábios, e um brilho de coragem nos seus lindos olhos azuis.

             -Você não vai parar de falar para eu ir, até eu ir, certo? – ela perguntou ainda sorrindo, e Tiago assentiu, piscando para Aisling, que mordeu o lábio, e suspirou – Certo, eu participo, mas se eu for ridicularizado, a culpa é toda sua – ela falou dando uma risadinha melodiosa, Tiago sorriu para a garota, para ele, era impossível ela ser ridicularizada, Aisling tinha talento, e isso ninguém podia negar.

            -Eu vou estar com você Aisling, e não se preocupe, tenho certeza que tudo vai dar certo – ele falou animado, e puxou a garota para um beijo, o qual Aisling correspondeu, ficando ainda mais corada. Só ela para ficar envergonhada e ao mesmo tempo feliz com um beijo.

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            Miguel revirou os olhos vendo seu irmão e Aisling se beijando, virou as costas, acendendo um cigarro, e tentando não fazer a volta, e cometer uma besteira. Mas que droga estava acontecendo com ele? Miguel não fazia questão de querer saber, ele precisava de um porre.

            O garoto foi até o quarto e abriu uma garrafa de Uísque, não estava mais ligando se era dia de aula ou não, se não fizesse aquilo aí sim a escola iria se preocupar, além do mais, ele era assim, e não tinha medo das consequências do que quer que ele fosse fazer.

            Encheu um copo com a bebida, e tomou, de um só gole, enquanto fumava, ele estava fazendo uma besteira, mas não se importava, ele era Miguel Santore, e para ele, aquilo não era nada.  

            Ouviu alguém bater na porta do quarto, e foi até lá, apesar de ter tomado uma quantidade significativa de bebida, ele ainda não estava embriagado, abriu a porta, soltando uma baforada de cigarro em cima da Jane, que o olhou com um sorriso no rosto, Miguel ainda era Miguel, e ela não deixaria que ele mudasse.

            -Bem, adivinha o que a vadiazinha da minha irmã vai fazer? – perguntou Jane entrando no quarto sem ser convidada. Miguel revirou os olhos, e apagou o cigarro, pegando o copo e colocando mais Uísque.

            -Sei lá, ela que se dane Jane, mas já que gastou o seu tempo e já tá gastando o meu, pode falar – ele falou tomando um gole do Uísque. Jane revirou os olhos, abrindo a geladeira, que Miguel tinha ali, e pegando uma cerveja.

            -Ela vai cantar no concurso de música, e vai pagar o maior mico da história da vida medíocre dela, você tem que ir, e nos ajudar, a fazer com que ela se coloque no lugar depois que cantar – Jane falou abrindo a cerveja e dando um sorriso irônico para Miguel, que revirou os olhos – Ela pode até estar namorando o gostoso do seu irmão, mas ela ainda é uma idiota.

            -Olha Jane, eu to pouco me ferrando com o que aquela garota faz ou deixa de fazer, se ela for pagar um mico o problema é dela... – Miguel começou a falar, mas Jane o interrompeu, com uma tosse seca.

            -Miguel, você é covarde agora? Está aqui nesse quarto se embebedando, enquanto o seu irmão vira um idiota? Você não vai deixar isso acontecer vai? – Jane perguntou indo até onde Miguel tinha sentado, e sentou em seu colo. O garoto largou a bebida, e empurrou Jane de cima de si.

            -Eu não sou covarde Jane, e você sabe bem disso – ele falou, mordendo a orelha da garota, fazendo com que ela soltasse um gemido, e depois levantou dali se afastando – Mas o que eu farei com o meu irmão, não interessa a você. Está desperdiçando o meu tempo, agora saia – Miguel abriu a porta, e a apontou para Jane, que levantou e foi até ele, com um olhar provocativo.

            -Só espero que você saiba o que está fazendo – ela sussurrou no ouvido do garoto, que deu uma risada seca, e olhou para a garota com desprezo.

            -Mais do que você, eu sei, não uso meu corpo para conseguir o que eu quero Jane, você é só mais uma vadia do colégio – ele respondeu para ela, que deu uma risada irônica, ela não havia entendido direito o que ele disse – Agora saia da minha frente, antes que eu a obrigue sair.

            -Tudo bem Miguel, só esteja lá no dia do mico que a minha irmã vai pagar – Jane falou e saiu rebolando dali, Miguel revirou os olhos, bateu a porta. Aquela garota estava lhe tirando a paciência, Jane era louca, só podia, além do mais, estava só ocupando o seu tempo. Ele abriu a janela do quarto, ouvindo o dedilhar de um violão ao longe, talvez Jane estivesse certa, e valesse a pena ir para aquele concurso idiota da escola pelo menos para rir de alguma coisa, ou talvez ela estivesse errada, e Aisling cantasse bem.

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