Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 40
Capítulo 40




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Bateu na porta com força, olhou com ansiedade ao redor, Ivan atendeu a porta.

- Onde está o senhor dessa casa? – disse, abrindo e fechando as mãos.

- Alexis está indisposto, pode voltar mais tarde? – disse de má vontade.

Cain atirou Ivan para o lado, entrando na casa, sentindo a raiva que se recusava a descer para o ser estômago dando voltas e se enroscando dentro dele.

Ludwig se pôs de pé num milésimo de segundo, e no outro já estava segurando Cain por um dos braços.

- Calminha ai, raio de sol. Não é um bom momento. – a nota de aviso era muito clara.

- EU ENCONTREI PEDAÇOS DILACERADOS DESSA CARNE MALDITA DOS SEUS FILHOS ESPALHADA PELA MINHA SALA! PELA MINHA SALA! É MUITO CLARO QUE NÃO É UM BOM MOMENTO! – ele se vira para Ludwig, pegando-o pelo colarinho. – CHAME AQUELE SEU NOJENTO DAQUELE SEU SENHOR ANTES QUE EU ESTRAÇALHE ESSE SEU PESCOÇO ESTRANGEIRO AQUI MESMO!

Ludwig nunca vira Cain daquela forma, o brilho dourado de seus olhos ondulava em feixes cor de âmbar, e um chiado irritado rosnava no fundo de sua garganta, ele estava a um paço de acordar o Original, e se isso fosse feito, estavam todos perdidos naquela sala.

Giovanni se levantou, subindo as escadas, mas Alexis já estava fora do quarto antes que ele chegasse lá.

- Largue o meu irmão, de Vanice! Estou me sentindo muito propenso a sair daqui com você pelo pescoço!

- PARE DE CHORAMINGAR E CALE A SUA MALDITA BOCA DEVAREAUX!

Alexis parou em frente a ele, enquanto ele soltava Ludwig que se retirava do caminho, o senhor dos filhos da noite estranhava o comportamento de seu antagonista, que nunca alterava o seu tom de voz, a menos que algo estivesse muito, muito errado.

- O que está errado, Cain?

- EU TENTEI! TENTEI! – ele se joga no sofá, enfiando o rosto nas mãos, atormentado. – Eu tentei... Não queria ter de ferir meu próprio irmão... Não queria ter o sangue dele nas mãos... Talvez fosse covardia minha... Talvez eu estivesse... Estivesse fugindo das minhas obrigações...

A sala está em silêncio.

- Talvez eu apenas quisesse uma saída mais fácil... Onde eu não tivesse de encarar minha falha... Mas eu não posso me dar a esse luxo, Alexis... Eu não posso... Eu estava fazendo vista grossa para tudo isso, estava fingindo que não era mais problema meu... Que ele não era mais sangue do meu sangue... – ele toma fôlego. – Mas é muito tarde. Minha família... Meu nome... Minha raça... Todos humilhados, meu reinado ruindo diante dos meus olhos como um castelo de areia... Me humilhando repetidas vezes para fingir que nada deu errado... Ria se quiser Devareaux... Minha casa, o meu chão, o chão que representava o alicerce do meu nome... Maculado... Por um que carrega o meu nome... A minha herança... Que eu julgava meu irmão, e meu semelhante... Minhas mãos estão sujas com as manchas do sangue desses teus mestiços... minha sala fede a eles...

- Cain eu-

- NÃO! Não... Não me seja solidário... Por favor, não seja... Eu não vou aguentar seu olhar de simpatia... Só... Saiba que hoje é o ultimato, reúna todos os seus aliados... e parta para a batalha com meu irmão... É só isso...

Cain se põe de pé, estava mais pálido que de costume e seus olhos tinham olheiras fundas, ele parecia estar passando por alguns momentos difíceis.

- Ei Imortal. – Alexis chama.

Cain olha vagamente para trás.

- Boa sorte cavando sua honra de volta da lama.

Ele esboça um sorriso fraco, sumindo pela porta.

***

Ele acorda algumas horas depois, os olhos latejando e o cérebro dando muitas voltas, sentia-se chicoteado, mas pôs-se de pé com elegância e altivez. E nem por um momento reclamou da dor.

Caminhou até a porta e abriu-a, sabia que hoje era o dia, e não estava disposto a esperar nem mais um minuto, desceu as escadas para ser esmagado num abraço pelo irmão alemão.

- Ludwig o que vo-

- Calado Barbie, eu só... – ele solta, limpando a garganta desconfortável. – Estava preocupado.

- Lud... – Luka piscava os olhos prateado um tanto incerto se realmente havia ouvido aquilo.

- Não me olhe assim! Você estava lá morto há algumas horas! Um irmão não pode ficar preocupado?! Além do que, você é muito mole, não ficaria surpreso se de repente você entrasse em coma ou coisa que o valha! – Lud não era bom em ser um irmão preocupado.

Luka sorriu simpático e afável, Lud lhe deu as costas, tossindo nervosamente.

- Bem, pare de ficar sorrindo ai e vá se armar, partiremos hoje.

No corredor da sala de armas, Luka foi abduzido para dentro de uma sala, onde o irmão mais velho e seu mestre passa a mão nervosamente pelo braço tenso.

- Alexis... O que significa tudo isso?

- Luka eu sei que eu fui injusto com você e eu...-

- Alexis cale-se, eu sabia que seria punido por convocar um exilado, não esperava que pegasse leve comigo ou que me desse algum tratamento especial, eu entendo tudo o que você fez e não o culpo.

- Esse é o problema! Sua compreensão me faz sentir ainda mais culpado! Tudo isso, toda essa insanidade, é uma consequência da minha irresponsabilidade enquanto seu líder... Eu não mereço estar aqui mais do que você...

Luka crava um tapa na cabeça do irmão deprimido.

- Ora essa! Pare de sentimentalismo Alexis, está me deprimindo. Agora vamos, saindo dessa sala escura atrás da escada, estou me sentindo muito estranho falando com você aqui.

Luka foi para a sala de armas no fim do corredor, e o outro foi voltando a passos pensativos para a sala, os Eternos chegaria em breve, e então os olhares se cruzaram.

- Você...

Entre os Eternos, lá estava alguém que ele nunca imaginou que veria de novo.

- Absinthe... Cardelian...

- A...lexis... – seus olhos verdes se arregalaram.

***

Saindo da sala de armas, Luka deu a volta pelos fundos da casa, olhando na direção da residência dos imortais ao longe, olhando rapidamente no relógio e disparando na direção da grande mansão branca.

Ele bate na porta, ofegando um pouco, teria que fazer apenas uma visita rápida... É... Apenas uma visita rápida, e nada mais.

- Sim? – um dos imortais irmãos de Cain atende a porta, parecia estar ocupado antes ter ido atender aporta.

- Erm... Cain está?

- Bem, a casa é dele, então sim. – ele diz, olhando pro dentro da fresta da porta atrás de si. – Mas estamos todos ocupados agora.

- O que houve? – Luka esteve fora do ar durante todo o período referente a esse assunto.

- Alguns reveses com mestiços. – disse um tanto ansioso.

- Certo... Pode dizer a ele que Luka Devareux lhe fez uma visita?

- Aham, claro. – era óbvio que ele não diria coisa alguma.

Luka se vira para sair, não dispunha de tanto tempo para discutir com os irmãos de Cain.

- Quem era? – a voz de Cain soava do lado de dentro.

- Hum... Ninguém. – ele diz, entrando novamente.

Luka suspira, pronto para pegar impulso, quando Cain sai para fora, com as mangas arregaçadas e os joelhos e as mãos molhadas, cheirando a mestiço, sabão, e álcool.

- Filho da Noite?

Luka quase cai parando seu impulso na metade, olhando para Cain enquanto punha o cabelo no lugar.

- Ah, olá Cain...

Cain saiu, fechando a porta atrás de si, os irmãos dele se amontoaram todos nas janelas, apertando os olhos para enxergar na luz fraca.

O cheiro de mestiço torce o estômago de Luka como uma cobra, mas ele permanece parado.

- É hoje não é? – Luka diz, mudando de assunto.

- O sangue no meu papel de parede diz que sim. – ele diz, solene.

- Hum...

Cain para em frente a ele, olhando para baixo e para trás dele, para as raízes de uma árvore próxima, em silêncio.

- O que houve Cain...?

- Meu irm-... Vincent deixou vários cadáveres despedaçados na minha sala... Foi isso. – ele disse, tentando soar casual.

- Cain...

- Estamos terminando de limpar a sala, mas não nos atrasaremos para nos juntarmos a vocês na luta que virá-

E então ele foi abraçado, Luka não costuma anunciar seus abraços, ou mesmo perguntar se pode abraçar.

- Você vai tirar sua família dessa... Você sempre foi um bom senhor, e eles respeitam você.

Cain estava em silêncio, dividido entre choque e pesar, mas não dizia nada, até que finalmente algo se fez audível.

- Obrigado... Filho da Noite.

Ele começava a descobrir que um abraço sempre vinha bem a calhar, parecia pacificar a eterna disputa de forças que se dilaceravam dentro dele.

Luka o soltou poucos momentos depois.

- Bem, nos vemos no campo de batalha, e pela primeira vez, do mesmo lado. – ele sorri simpático.

- É... É uma mudança. – ele diz, endireitando a postura e a expressão.

- Mudanças sempre são coisas boas. – ele diz, amigável.

E então some de volta para a casa dos Devareaux.


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Notas finais do capítulo

Maaais um capítulo ^^
Me digam se gostaram :D



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