Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 39
Capítulo 39




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Alexis reuniu o resto da irmandade e eles então se colocaram em suas cadeiras num silêncio desconfortável e denso, todos se sentiam dolorosamente incomodados em punir um irmão, principalmente sabendo que a punição vinha como consequência de um ato em prol da proteção de suas espécies.

Lud se colocou de pé e com seu tom displicente ele tentou ser o mais indiferente que pode sobre o assunto:

- Por que isso? Toma o meu tempo, e todos sabemos que ele só estava bancando a mãe superprotetora de novo.

- Por que por mais que me seja doloroso fazer isso, ele quebrou uma norma muito importante, e será com dor no meu peito que eu irei castiga-lo como nossas leis exigem.

Lud colocou-se sentado novamente, olhando para um dos cantos  da sala, com as mãos inquietas dentro dos bolsos, mastigando o interior de sua bochecha para conter sua indignação.

- Sei que nenhum de vocês se alegra em punir Luka, – Alexis começou. – Eu também não me agrado com isso, na verdade vocês não imaginam o quanto isso me deixa preocupado. – ele massageia as têmporas. – Mas eu jurei sobre o sangue de todos nós que faria valer nossas ordens e faria de nossos juramentos a linha que guiaria meu caminho como mestre e senhor dessa casa.

- E o que você fará, Alexis? – Dylan pergunta.

- Eu não Dylan, você.

- Eu? – Dylan gelou de cima a baixo.

- Como eu me recuso a seguir a carta, pois não conseguiria ferí-lo por mais que isso fosse preciso, minha punição será mental.

- Você não está dizendo pra eu...

- Estou, mas peço que não o machuque muito. Porém recentemente Luka não tem mais seguido nossas regras, e me escutado de maneira alguma... Isso acabaria acontecendo.

Todos se fizeram em silêncio.

- Eu... Não poderia... – Dylan diz, fechando as mãos no colo. – Seria ingratidão demais se eu o fizesse.

- Eu entendo Dylan, imaginava que fosse dizer isso. – Alexis toma ar, quase não acreditava no que ia dizer. – Mas é uma ordem.

Os olhos prateados de Dylan se arregalaram.

- Alexis...

- É minha palavra final... Essa reunião acabou.

Alexis levanta e deixa a sala sem olhar pra trás, fechando-se em seus aposentos, apoiando as costas na porta e descendo vagarosamente até o chão do quarto, jogando os olhos no rosto.

Sentia-se um monstro, um torturador, mais do que se sentiu depois da grande guerra... Havia ordenado que ferissem Luka... Havia realmente ordenado isso.

- Por Deus... – suspirou pesado.

Seu estomago estava inquieto, ouviu Dylan subindo as escadas em passos desesperançosos e vagarosos, ouviu a porta do quarto de Luka se abrir, ouviu alguns murmúrios de conversa, silêncio e então... Um grito atormentado e sôfrego que se quebrou na metade... Seguido de mais silêncio... Silêncio... Silêncio...

Então os passos de Dylan pelo corredor, parando em frente a sua porta, ficando mais altos e se dirigindo a ela, o som de uma das mãos de Dylan sendo apoiada na porta, e um sussurro:

- Está feliz agora, mestre...?

Então ele se afastou pelo corredor e desceu as escadas, saindo e descendo as escadas.

Alexis ouvia aquele som torturado ecoando centenas de vezes em seu cérebro, seus olhos abertos como se fossem de vidro, a luz os deixou por alguns segundos antes de voltar.

Ele havia sentido, sentido pelo laço... Como podia fazer com que Luka passasse por isso? Como se atrevia a se dizer um mestre... Havia jurado lutar por eles... Mas suas regras, escritas por próprio punho... Feriram seu irmão... Feriram Luka... Ele não merecia punição mais do que ele... Depois do que havia feito... Por que apenas Luka era punido.

Olhou para o chão de seu quarto atormentado, Luka estava inconsciente, não podia ouvir nada... Silêncio... Aquele silêncio matava.

***

Deixando a casa, Absinthe sentia-se pronta, sentia-se furiosa, curiosa e alheia. Passando pela cidade ela viu, rostos que conhecia mas não a conheciam... Antigas amigas que agora não mais a conheciam, parou para observá-las rir alguns minutos, suspirou e continuou a andar.

- Nada disso é meu mais... Eu quero vingança... Só isso.

Seguiu indistintamente, passando pelos becos da cidade, sendo observada, sendo analisada...

Mas agora era mais forte, agora era mais resistente, agora já não sentia a mesma dor... Chovia muito, havia chovido muito nos últimos dias.

Viu mais um rosto conhecido, mas dessa vez olhou com atenção.

- Eterno. – disse no meio da chuva.

O rosto se voltou para ela, parecia surpreso de ouvir  esse nome.

- Quem é você?

- Meu nome é Absinthe, nós já nos vimos, eu acho...

Ele estreita os olhos.

- Absinthe... Tem algo de errado com você...

***

Cain acorda atormentado em sua cama, olhando para o relógio, ainda eram quatro da manhã... Mais duas horas até o sol nascer.

Ele olha para as próprias mãos, trêmulas e frias... Alguma coisa na ordem natural das coisas estava errada.

Pôs-se de pé e caminhou em direção à porta, cansado e abatido, descendo as escadas, o cheiro de pólvora, o cheiro asqueroso de mestiço invadiu suas narinas, parecia fresco, como se...

Lá, sem sua sala de jantar, haviam dois, talvez três mestiços, aos pedaços pelo tapete, sobre a mobília clara, o sangue ainda pingando, um rabisco na parede.

“É HOJE.”

Os estomago de Cain deu varias e varias voltas antes que ele pudesse estabilizá-lo, e a raiva subisse sua garganta com tanta força que o chão ao seu redor começava a tremer.

Os mestiços dilacerados começaram a se desfazer em poeira, caindo pelo chão, levantando uma nuvem fina de pó.

- VINCENT!

Sua casa profanada... Era demais para suportar, suas paredes, móveis, empestados com aquele cheiro repulsivo de morte, era uma afronta, uma declaração de guerra.

Como podia pisar em sua própria família daquele jeito? COMO?

Os outros irmãos saíram timidamente de seus quartos, descendo as escadas tentando não fazer muito barulho, a densidade do ar deixava claro que Cain havia perdido toda a calma.

- IMORTAIS, SAIREMOS TODOS À GUERRA! QUERO A HONRA DE MINHA CASA DE VOLTA!

Dizia isso atormentado, cansado de toda aquela situação, de guerrear com seu próprio sangue, mas aquilo era demais, macular a própria casa era algo que não perdoaria tão cedo, uma ofensa funda demais para deixar passar... Esteve tentando evitar um conflito... Mas parecia impossível.

Limpou as paredes, as roupas manchadas de vermelho, o cheiro de morte para sempre grudado nelas, e saiu pela noite.

Para a casa dos filhos da noite...


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Notas finais do capítulo

Olá, finalmente depois de um longo e tenebroso inverno, mais um capítulo. ^^
Bem, se alguem ainda ler isso aqui depois de todo esse tempo, e quiser continuar lendo, por favor me avise. Não ando muito animada com o Nyah, e se ninguém estiver lendo eu vou gastar meu tempo com outra coisa, tipo assistir True Blood.
XD
Bom, de qualquer forma me avisem, se você não quiser que eu continue ou não fizer questão, também diga, eu vou fazer um balanço e ver se continuo, caso contrário, foi muito bom escrever pra vocês leitores o/