Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 28
Capítulo 28




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- Alexis.., - Dylan começou, cortando o silêncio inquietante com o som de sua voz.

- Eu sei o que vai perguntar Dylan, e a resposta é não.

- Tem certeza...? Afinal...

- Acho que ele tem razão, Dylan... Não podem obrigar ninguém a seguir um líder que não respeita. – Ivan se interpõe.

- Isso é uma ofensa! E quanto aos votos com a irmandade?! – Lud se manifesta, depois de um longo período pensando sozinho e remoendo a cena e as palavras de Luka em sua mente, de novo e de novo e de novo...

Ivan morde a língua, sentindo a raiva borbulhar na boca do estômago, afinal quem era ele para, naquele momento, tratar de votos com a irmandade, afinal?

- Eu respeito a escolha dele, sou um tirano, mas não levaria um irmão à morte sabendo que ele não confia em mim sua vida. Ele é tão útil longe daqui, quanto será longe daqui, com a diferença que não vocês não serão agraciados com a tranquilidade que ele inspira sempre que está por perto.

- Tenho certeza de que vocês irão se resolver... – Giovanni se manifesta. – Mio fratello non é tão rancoroso assim. – ele declara, com o sotaque italiano carregado na garganta.

Um sorriso triste toma os lábios de Alexis por alguns segundos antes de ele respirar fundo e olhar para o teto. - ... Eu não tenho tanta certeza Giovanni...

- Mas Alexis, ele nunca guardou rancor de você antes e já brigar muito feias entre vocês dois. – Dylan concorda.

- Eu não consigo mais ouví-lo... Não ouço mais ou pensamentos do meu irmão.

Todos param, os olhos prateados de todos se voltam estarrecidos ao irmão que parou poucos metros a frente, voltando-se ao resto com uma expressão plácida de desesperança.

- É bastante solitário ficar sozinho somente com minha própria mente... Não saber se ele está bem... Se está vivo... É inquietante. – ele apoia por alguns instantes na parede, fechando os olhos para o silêncio esmagador de seus pensamentos... sozinho, após séculos... O silêncio nunca doeu tanto.

Mas não era hora nem lugar de remoer suas misérias, de pensar em seus erros ou de procurar um modo de pelo menos remover aquele silêncio infernal... Substituiria o silêncio por sangue, a culpa por violência, os problemas por vingança, os pecados por guerra... E então, só então, faria o que fosse preciso para se redimir com o irmão, pois aquele silêncio, ele sabia, seria sua ruina se assim continuasse...

Um estalo no túnel escuro, os instintos de todos afloram, Alexis sente um fluxo de irritação correndo pelas veias por ter sido interrompido em seus pensamentos, como se atreviam, como ousavam se interpor em seus pensamentos quando já havia perdido tanto em tão pouco tempo, errado tanto em tão pouco tempo...

E essa raiva cresceu a medida que ele se dava conta do quão fraco estava sendo, e crescia mais por saber  que aquela raiva não passaria tão cedo, e crescia e crescia conforme os estalos aumentavam na direção deles, irritando seus tímpanos, irritando sua mente, fazendo-o querer retaliação,  fazendo-o abrir as portas de sua mente ao predador que era, trazendo uma avalanche de lembranças amargas de um passado que provava algo que não queria aceitar...

Era vulnerável...  

E queria sua vingança...

Quando o primeiro mestiço atirou-se imprudentemente em seu pescoço, a taça quebrou, era demais, precisava soltar aquele monstro, expurgar suas inseguranças, todas aquelas que ele negava que tivesse.

- CHEGA! – ele finalmente expulsou de seus pulmões em altos brados, esmagando o pescoço do mestiço entre sua mão direita e a parede de pedra, produzindo um desconfortável som de quebra e então algo como um balão de água se rompendo.

Ele larga o corpo inerte e morto no chão, respirando com alguma dificuldade, mandando um alerta que fez seus irmãos darem um pequeno passo para trás, reconhecendo a ameaça que exalava do irmão que tinha finalmente perdido a serenidade.

- MATEM TODOS! – disse antes de sumir pelos corredores, exalando perigo e ódio.

- Alexis... – Ivan parecia condoído com a ordem, mas se seu senhor assim o havia ordenado, assim seria.

- Que assim seja feito, Senhor de Devareaux... – todos disseram, espalhando-se pelos tuneis.

***

Luka, Cartier e Valsher encontram-se parados no interior da casa dos espelhos, observando a infinidade de estatuas de cristal dispostas em estantes e prateleiras, de todos os rosto de todas as 4 famílias.

- Isso... – Luka começa.

- É casa dos espelhos, onde estão guardadas as estatuas das vidas de todos rostos das 4 famílias reminiscentes.

- Que acontece se uma delas se quebra? – Luka pergunta.

- O dono da estátua perde a alma. – Cartier responde.

- Isso... é muito perigoso.

- Por isso mantemos longe de todos vocês.

Luka pisca algumas vezes. – Justo.

- É por isso também que não nos envolvemos diretamente nas disputas de vocês.

- Entendo. – Luka diz, olhando ao redor.

- Mas não posso dizer que nunca me senti sob a tentação de quebrar algumas delas... – Valsher diz, deslocando momentaneamente os olhos até Cartier, que encontrava-se parado a porta, uma vez que não podia passar de alguns passos para dentro do recinto sem sentir-se profundamente enjoado.

- Hump. – Cartier cruza os braços espalhando a densa fumaça que exala pela sala.

Valsher tosse desconfortável, abanando o ar ao redor de si mesmo com as mãos, era realmente um fato épico manter aqueles dois quietos no mesmo aposento sem violência verbal.

- Saiba que não é o único se controlando para não quebrar coisas, harpia.

- Não toque em nada cão, vai deixar seu cheiro de cachorro na minha casa.

Cartier arqueia a sobrancelha, estendendo uma das mãos e passando-a pela cortina branca da casa.

- Por deus! Você não é mesmo capaz de manter-se quieto, não é mesmo?!

- Estava quieto até você se manifestar.

Pareciam crianças birrentas e superpoderosas discutindo e fazendo picuinha uma com a outra.

- Você tem problemas sérios de entendimento!

- Não me leve a mal harpia, você me mandando não fazer algo, é como se implorasse que eu fizesse.

- Ora seu...

Uma das mãos de Cartier empurra de leve um dos vasos sobre os apoios de mármore do corredor.

- Ops. – ele ri.

- Ah! Como você se atreve, seu-!

- Ei! – Luka chama a atenção para si antes que eles começassem a se matar.

Os olhos de ambos se voltam a Luka.

- Antes que vocês comecem a se agredir, podem me dizer o que eu devo fazer?

- Leve a estátua do traidor e mantenha em algum lugar seguro com você. – Cartier declara.

O olhar incrédulo de Valsher se volta então pra ele. – O que?! Tirá-la da casa dos espelhos?! Você é louco?!

- Não, sou um demônio. – ele declara serenamente.

Valsher respira profundamente, tentando manter-se calmo, odiava perder a calma. E Cartier era um dos poucos com competência suficiente para deixa-lo muito, muito irritado.

- Oh céus... Será uma longa tarde. – Luka declara, quase que para si mesmo.

***

- Maldito! – Alexis diz, quebrando uma pilastra, manchado de sangue em quase cada centímetro visível de seu corpo.

- Onde ele foi parar? – Dylan lança a pergunta no ar, sentindo os caninos latejando e o estômago embrulhado com o cheiro de sangue de mestiço, as mãos tingidas de vermelho.

- Ele sabia que Cartier iria nos avisar... – Ivan responde.

- Agora teremos que procurar onde ele está. – Giovanni declara.

- Gastamos nosso tempo pra nada... – Lud diz, jogando-se numa pedra e olhando pro teto.

  Alexis encosta a testa na parede fria, a fim esfriar o sangue que pulsava violentamente dentro das veias, chegando a doer, nunca foi o melhor em controlar o temperamento, mas saía-se melhor quando não deixava que o instinto pulsasse com tanta violência dentro de sua cabeça, conseguia ouvir sussurros e suspiros das almas que havia dilacerado hoje, e elas pediam por mais sangue, mais violência... Esse era seu estigma, o instinto.

Com a testa encostada à parede, ele observa as próprias mais, cobertas por uma camada viscosa de liquido vermelho, sangue, impuro e manchado pela dor, sangue que havia sido tirado de dentro dos corpos a quem pertenciam pelas mãos daquele que os havia gerado, aquelas mãos.

- Perdão... Perdão por ter de ser assim... – Alexis disse pra si mesmo, fechando os olhos por alguns segundos, até uma dor aguda e arrebatadora atravessar seu corpo, atravessá-lo como milhões de facas sucessivas de metal incandescente.

A dor era tão profunda que sua voz falhou na garganta, mas isso não impediu que gritassem por ele.

- ALEXIS! – Giovanni gritou, ecoando na sala.

Alexis tinha uma estaca de ouro atravessando suas costas.

Os joelhos de Alexis cederam e seus olhos nublaram enquanto ele perdia a noção do que se passava, e seu sangue manchava o chão.

***

- AH! – Luka uma vez mais foi ao chão, tremendo, suando frio.

- Filho da noite! – Cartier e Valsher prontamente foram socorrê-lo.

- Alexis... ? Ah!

- O que houve? – Cartier pergunta, enquanto Valsher sai pelo corredor, chamando pelos irmãos.

Lágrimas prateadas rolam seu rosto, pesadas, incontroláveis.

- Alexis... Pegaram ele... Ele está... Morrendo...

Luka parece não acreditar na veracidade de suas palavras, olhando os borrões de suas lágrimas no chão branco da sala chamada Casa dos Espelhos.

- Morrendo... – ele diz novamente, olhando para Cartier, ajoelhado no chão.


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Notas finais do capítulo

Olá! o/
Sorry a demora, mas final de ano é sempre assim XD
Agora estou de férias, então agora... EU TENHO TEMPO FINALMENTE!
Fikem ligados o7
Gostaram?



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