Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 29
Capítulo 29




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Não imaginava que acabaria assim... Não veria o perdão do irmão... Não veria a humana, sua presa, crescer para se tornar uma descendente forte dos Eternos que eram seus antigos progenitores... Morreria... Naquela situação deplorável... E não teria as lágrimas de seu querido irmão para confortá-lo após sua morte... Nem da humana... Talvez a humana nem tomasse conhecimento de seu falecimento afinal...

Mas... Talvez se reunisse com seus irmãos, seus queridos irmãos falecidos, velando pela segurança de sua estimada família... Mortos, todos eles, observando a vida daqueles que estimavam...

Será...? Haveria redenção para um matador como ele...?

Sentia o peso esmagador do próprio corpo, comprimindo-o em direção ao chão, o liquido quente que antes lhe dava a vida, agora borbulhando entre seus dedos, enquanto a dor se transformava em silêncio, o sofrimento em vazio...

Um zumbido agudo em seus ouvidos...  Sua visão se perdia...

Um sorriso cínico manchado de sangue. – Quem diria... Que seria assim...

Quase não sentiu quando Giovanni, aproximou-se e sem hesitar puxou a estaca pra fora do corpo de Alexis, queimando fortemente as mãos.

Ivan pega-o no colo e dispara como uma lufada violenta de ar.

- Aguente... Você não morre hoje... Não hoje.

Lud já havia arrancado o mestiço que atirou de uma das pilastras e dilacerado sua carne até que Dylan o segurasse

- Está morto, Lud! Pare!

- MALDITO! ESCÓRIA! – Lud ainda se debatia para soltar-se do abraço poderoso do irmão, que o observava com complacência.

***

- Chamarei a irmandade! – Cartier disse, levantando-se de ímpeto, saindo pela janela e assoviando um uivo gelado, temeroso e sombrio.

Valsher, ao ouvir o gemido dolorido de Cartier, já sabia o que significava... Um dos quatro Lordes estava morrendo... Não... Não podia...

Um chiado agudo deixou sua garganta, o choro de uma harpia, enchendo a sala e o ar, e as redondezas, e tudo.

- Não...! Meu irmão...! Por que...?! – Luka chorava, ajoelhado no chão. – Não... Não me deixe sozinho...!

Luka jogou-se dentro da própria mente, falando com a escuridão que o cercava.

- Alexis! Alexis fale comigo! – ele dizia, quase que para o nada.

- ... Luka...? – era fraco, era baixo, e era rouco... Mas ainda era a voz de Alexis.

- Alexis! – Luka continha as lágrimas nos olhos, sentindo o pulso do irmão esmorecer.

- Fico feliz em saber que você não me renega enquanto sangue do seu sangue... Pelo menos não durante a minha morte...

- Não! Não! Onde você está?! Onde! Me deixe ir até você!

- Eu não sei... Está muito escuro... Não consigo enxergar nada...

- Não... Fique acordado... Eu vou te encontrar!

- Não sei se consigo Luka... É tão pesado...

- Fique acordado, eu juro que vou te encontrar!

- Luka...

- O que?

- Se algo acontecer...

- Não vai!

- Mas se acontecer... Cuide humana por mim... Não deixe que ela morra antes da hora que lhe é predestinada...

- Alexis eu-

- Por favor...

- ...Certo...

- E Luka...

- O que...?

- Me perdoe...

De repente a presença da mente de Alexis se dissipou como neblina na mente de Luka, o que o deixou ainda mais ansioso.

Luka levanta de ímpeto, pegando Valsher pelos ombros com força e chacoalhando.

- Onde?! Onde vocês guardam hashkar?!

- Não sei se ainda temos muito filho da noite... – Valsher diz, atordoado, nunca viu Luka tão alarmado.

- ONDE?!

O tom imperativo na voz de Luka fez Valsher uma onda de medo varrer a alma de Valsher por dentro.

- No... Meu quarto, numa caixa branca.

Luka saiu pelo corredor, e depois pela porta, carregando a caixa com sua vida, sumindo pelos caminhos e seguindo a presença do irmão que desfalecia rápido.

***

Os demônios desfizeram a expressão plácida e cínica que carregavam tão naturalmente, arregalando os olhos violeta luminescentes, sentindo-se começar a tremer.

 - O que? – Absinthe perguntou.

 - O Senhor dos Filhos da Noite... Mestre da casa de Devareaux... Alexis, está morrendo...  – Valerius disse, correndo os dedos pelo cabelo.

A notícia atingiu Absinthe como um tapa, ela fixou os olhos nos olhos de Valerius, procurando qualquer indicio de brincadeira ou mentira.

- A... Lexis... Não... – a consciência lhe faltou, o chão sumiu por segundos e ela desmaiou.

Andrew postou a garota inerte sobre a mesa de pedra da sala, pálida como se aquela fosse uma tábua de sacrifício.

Todos os demônios saíram, tornando-se enormes cães negros, que emanavam fumaça de mesma cor, espessa e pesada, uivando dolorosamente para o céu em condolência.

***

Luka caminhou nervosamente pra casa, finalmente soltando o ar ao ver o irmão inerte e pálido no sofá, vertendo-lhe o sangue precioso.

O problema era que depois disso o ar recusava-se a encher seus pulmões novamente, mas foi com os pulmões vazios e a respiração travada que ele imediatamente se deslocou ao sofá, onde Ivan tinha tinha o rosto afundado nas mãos.

- Eu sabia que viria... – Ele disse, erguendo os olhos exaustos apenas o suficiente para encontrar o olhar vidrado do irmão.

Luka subiu e desceu a escada, segurando uma seringa, a maior que conseguiu encontrar, enchendo a de hashkar até praticamente soltar o êmbolo, não esperou mais, cravou a agulha no pescoço do irmão e injetou nervosamente o liquido azulado na corrente de seu senhor adormecido, nocauteado pela perda de sangue e exaustão.

Ficou parado inquieto, esperando qualquer reação que fosse, que se limitou a uma perda de sangue mais lenta e ao concerto de algumas lacerações resultantes do contato direto com o ouro maciço.

Mas não era o bastante, precisava ser especifico, precisava ser adequado, e precisava ser rápido.

- Ivan, chame a todos! Agora! – Luka grita, disparando pela casa e buscando uma caixa de madeira com sete adagas de prata, que havia sido remanejada depois da primeira grande guerra, pois haviam espaços vazios de mais, antes elas permaneciam todas em um único quarto, enfileiradas em toda a sua graça e poder.

Como após a morte, a adaga era sepultada juntamente com o guerreiro correspondente, apenas sete haviam restado, e essa lembrança sempre enchia a todos os Devareaux com muita dor...

Ivan levanta de súbito, saindo pela porta, arrancando a pedra que existia em seu anel, pisando e quebrando-a como açúcar, emanando uma monstruosa labareda de luz vermelha.

Luka corria nervosamente as mãos pelos cabelos loiros, pensando se haveria tempo, precisava haver tempo.

Pegou uma enorme seringa com uma agulha de similar porte e fincou-a no próprio braço, retirando uma porção generosa de sangue.

- Preciso de tempo, e preciso agora...

Injetou a grande quantidade de sangue no peito do irmão, os movimentos muito rápidos, combinados a perda de sangue que havia infligido a si mesmo o deixaram tonto, o mundo tremeu e ele caiu sentado.

Quando Ivan se aproximou com o resto da irmandade, encontraram Luka tentando se equilibrar sobre os próprios pés, apoiado sobre os próprio pés.

- Luka!

- Agora não! Primeiro façam antídoto!

Estendeu uma das mãos para Ivan, que após poucos momentos de hesitação, cortou a mão de Luka deixando o sangue escorrer para dentro de uma das taças de absinto, a maior delas.

Repetiu o processo varias vezes consigo e depois com os irmãos. Quando o sangue de todos se misturou no copo, em mesma quantidade, tornou-se branco.

Ivan despejou o liquido branco sobre a enorme ferida que novamente começava a se espalhar pelo peito de Alexis, cuja respiração diminuía progressivamente... Mais e mais.

Então parou. 


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Notas finais do capítulo

Olá Olá, leitores e leitoras que possivelmente querem me esganar por não postar nunca! o/
Bem, antes que vcs rastreiem meu endereço saibam: Eu estou pensando em escrever uma história sobre a vida do Luka, me digam se acham uma boa ideia ^^
Eu não tenho mais tempo pra postar mais do que isso, por favor, não me matem.
A só um comentário: As vezes eu não posto pq acho que o interesse geral é pouco, sou uma escritora chata e movida a reviewa XD
Se quiser uma continuação me avisem, ok o/
Caso contrário, tenha um bom dia e feliz ano novo o/



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