Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 26
Capítulo 26




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- Erm... Ah, obrigada... - ela diz, ainda mexendo discretamente nas roupas.

- As roupas, estão bem, relaxe. – ele diz, abrindo o portão de aço. – Antrax, Carthago, deem passagem. – ele diz, gesticulando para os cães de pedra.

Levemente conflituosos, os cães se afastam devagar, sentando novamente um de cada lado do portão.

Ambos entraram, e os cães se postaram em frente à passagem novamente, emitindo um longo uivo e anunciando a entrada de um visitante à casa dos Walsherlian.

- Então... Absinthe Cardelian, sabe por que veio até a casa dos demônios?

Absinthe olha o ambiente ao redor, eh tudo muito sombrio, penumbra gelada se espalha pelos muitos cantos do interior da casa de arquitetura íngreme e muito complexa, cheia de pilastras de pedra e mármore. Ela pode jurar ver olhos escuros e brilhantes a observando por esses cantos escuros.

Pequenos sussurros baixos ecoavam dentro da casa, falando seu nome, cochichando e observando pela escuridão do ambiente iluminado por uma carreira de esferas de luz branca e resplandecente.

- Eu... A parte de um mapa que vocês têm.

- Hum... Entendo. – ele diz, esboçando um leve sorriso gelado e tétrico no rosto pálido e deslumbrante, ele também parecia ser feito de mármore. – Não se preocupe, são apenas crianças perdidas, querem saber quem é você, só isso.

Absinthe se sente levemente reprimida por como ele conseguia ler sua expressão e talvez até sua mente.

- Não, pare de ser paranoica... Ele não está lendo sua mente.

Seu guia abre um pequeno sorrisinho cheio de maldade, rindo baixo e discretamente.

- O que? – ela pergunta.

- Nada. Só estava pensando.

Absinthe detém seus passos por alguns instantes, seu guia continua a caminhada, subindo os lances de escadas, atrás dos balaústres pequenos olhos negros e cabelos despenteados continuam o baixo cochicho de vozes, ela pode ver as unhas longas e negras enroladas nas pequenas pilastras da escadaria.

Seca as mãos na blusa, sentindo-se muito nervosa.

- Eles a incomodam, humana?

- N-Não... Só...

- Afastem-se seus cães!

Aquela voz fria, medonha, sinistra... Mortal, atravessa os ouvidos de Absinthe fazendo-a arrepiar como se o fantasma da morte soprasse em seus ouvidos seu hálito gelado e profundo.

As vozes, unhas, olhos, tudo desaparece quase que no mesmo instante, o então tudo é um silêncio denso de escuridão e vazio.

- Sente-se melhor? – ele pergunta, tornando ao normal baixo e penetrante, porém Absinthe ainda sente o rosto empalidecido e as mãos geladas, sentia-se parada ao lado da morte.

- Não era preciso ter feito isso...

- Você é uma visita do mestre Alexis, queremos que fique confortável. – ele sorri, exibindo os caninos de animal carnívoro, como os de um lobo, brancos e proeminentes.

Eles alcançam o andar de cima, tudo é menos escuro, menos sinistro, o rapaz de capa retira a grossa camada de tecido que cobria suas costas e pendura num gancho na parede, virando-se pra encarar Absinthe nos olhos, possuía olhos brilhantes de uma cor roxa resplandecente.

- Ah, é verdade. – ele começa, passando os dedos pelo cabelo repicado e loiro. – Não me apresentei, não é?

Absinthe começava a se sentir estranhamente incomodada com o fato daquelas criaturas não humanas mostrarem-se tão maravilhosas e fisicamente tentadoras, era uma... uma droga! Como ela poderia temer algo tão lindo...? Malditas armas genéticas para enganar seu frágil conhecimento humano.

- Não... – ela disse, meneando a cabeça e tentando não babar, fixando em sua mente que ela queria Alexis e apenas ele.

Hormônios... Eles são malditos às vezes.

- Sou Valerius Sthephenrhour Walsherlian, um demônio da família dos Walsherlian e responsável quando meu irmão não está. – ele diz, correndo os dedos pelo cabelo loiros com finas mechas de cabelo um pouco mais escuro, deixando-o numa perfeita desordem. – Agradeço pela caixa. – ele diz, levantando a caixinha preta e balançando-a no ar.

- O que... tem ai dentro? – ela hesita levemente em perguntar.

- As lágrimas prateadas do senhor dos filhos da noite. – ele diz, abrindo e tirando um vidro cheio de um liquido reluzente e prateado, com uma cor perolada e clara, como madrepérola engarrafada.

- Lágrimas...

- Isso, faremos insidhia com isso.

A palavra insidhia dispara um gatilho de memória na mente de Absinthe...

 “Uma mistura de soro da verdade com afrodisíaco, é útil em interrogatórios com mestiços... Quando se faz algum...”.

- Ah... Entendo.

Absinthe se vê encarando o rapaz, que agora observava o interior da garrafa, com um sorriso de satisfação.

- Bem. – ele diz, voltando subitamente o olhar pra Absinthe, e parando por um momento ao notar que era encarado. – O que foi? Algo errado?

- N-Não! Não! De modo algum! Eu só estava... Estava...

Uma desculpa... Uma desculpa.

Valerius, que não era limitado de modo algum, ri discretamente, com seus caninos... erm... caninos à mostra, e diz, num tom de diversão pessoal.

- Não sabia que os humanos tinham tendências à zoofilia. - ele apoia na janela.

Absinthe enrubesce até as orelhas, gesticulando no ar.

- Não! Não é isso, eu só... – um estalo. – Zoofilia?

- Isso. – ele diz, inclinando a cabeça para o lado.

Absinthe somente o observa... Onde poderia ser zoofilia?

- Não te disseram?

- O que...?

- É, não disseram. – ele ri, voltando a caminhar. - Desculpe humana, mas a sua espécie não me tenta de modo algum. – ele declara, rindo.

Absinthe nunca se sentiu tão envergonhada antes... Na verdade já se sentiu sim, mas esse momento não estava muito melhor.

- E-Eu posso perguntar... qual delas tenta?

Ele para sua caminhada no meio do corredor, virando pra ela com uma das sobrancelhas erguidas e um sorriso de diversão na expressão pálida. Absinthe tampa a boca com as mãos, não acreditava que tinha realmente perguntado isso.

- Quanto atrevimento. Todas as humanas são assim?

- Não, existem piores.

Ele parece cético, mas não questiona.

- Nenhuma na verdade, pelo menos não até o momento. – ele determina, voltando a caminhar.

Absinthe se apressa atrás dele, ele tem um ritmo de caminhada mais fácil de acompanhar que o de Alexis.

Ele faz uma curva súbita e vira numa esquina dos muitos corredores, Absinthe não saberia voltar sozinha, a começar do fato que não estava olhando para o caminho.

Os pés de Absinthe estacam no corredor, um rapaz de mesmo tipo físico de Valerius, caminha pelo corredor na direção deles, com a mesma capa que Valerius usava antes, porém com as mãos, o rosto, e a capa embebidos em sangue, que escorria e pingava no chão.

- Ah, Andrew. – Valerius se virou a ele com um olhar que ignorava o sangue que pingava no tapete, e as pupilas negras que havia tomado os olhos dele quase que totalmente. – Onde estava?

- Caçando. – Andrew disse, inclinando a cabeça com desleixo pra trás, quase sonolento.

- Ah.

Os olhos negros do rapaz se voltaram a Absinthe, junto com o resto de sua cabeça, caminhando até ela.

Absinthe novamente empalideceu, estava certa de que morreria, um sorriso gelado e assassino cruzou os lábios dele, e seu peito ressoou de leve, algo como um rosnado.

Valerius recostou-se na parede, observando os dois com um olhar altivo de desdém e morte.

***

- O que aconteceu filho da noite? Por que esse desejo de se separar de seu irmão e senhor?

- Ele me traiu. – os olhos de Luka estavam fixos no chão, invisíveis atrás de seu cabelo leve e loiro.

Cartier, de modos naturalmente rudes, pegou o pulso de Luka e forçou-o a dar meia volta, e obrigou-o a olhar nos olhos, segurando seu rosto com a outra mão.

- Olhe pra mim quando fala, quero ver se a ressentimento em seus olhos.

- Pra quê? Pra você contar ao meu irmão como o cachorrinho que você é?

Cartier soltou ambas as mãos dele, desferindo um tapa pesado em seu rosto, que estalou e jogou seu cabelo sobre a pele recentemente agredida.

Não disse nada, só olhou a figura imóvel de Luka voltar seus olhos novamente para ele, com a mão sobre lugar que adquirira uma cor avermelhada.

Cartier olhou-o por mais um momento, depois retomou a caminhada, tornando-se num enorme cão negro e esfumaçado, de olhos roxos e brilhantes.

Não queria mais conversa.

Luka, sabendo que havia cruzado seu limite, voltou a olhar para o chão, deixando a mão cair ao lado do corpo, caminhando atrás dele em silêncio.

***

Alexis e seus irmãos-asseclas pararam em frente da entrada dos corredores que lhes trariam o Armagedon.

Alexis inspirou profundamente o ar da noite, talvez a última vez que faria isso.

- Matem a todos.

- Sim mestre.

E entraram na escuridão derradeira da caverna, talvez para não voltar.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?
O que estão axando até agora?
Mais capítulos soon o/(eu axo)