Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa
- Erm... Ah, obrigada... - ela diz, ainda mexendo discretamente nas roupas.
- As roupas, estão bem, relaxe. – ele diz, abrindo o portão de aço. – Antrax, Carthago, deem passagem. – ele diz, gesticulando para os cães de pedra.
Levemente conflituosos, os cães se afastam devagar, sentando novamente um de cada lado do portão.
Ambos entraram, e os cães se postaram em frente à passagem novamente, emitindo um longo uivo e anunciando a entrada de um visitante à casa dos Walsherlian.
- Então... Absinthe Cardelian, sabe por que veio até a casa dos demônios?
Absinthe olha o ambiente ao redor, eh tudo muito sombrio, penumbra gelada se espalha pelos muitos cantos do interior da casa de arquitetura íngreme e muito complexa, cheia de pilastras de pedra e mármore. Ela pode jurar ver olhos escuros e brilhantes a observando por esses cantos escuros.
Pequenos sussurros baixos ecoavam dentro da casa, falando seu nome, cochichando e observando pela escuridão do ambiente iluminado por uma carreira de esferas de luz branca e resplandecente.
- Eu... A parte de um mapa que vocês têm.
- Hum... Entendo. – ele diz, esboçando um leve sorriso gelado e tétrico no rosto pálido e deslumbrante, ele também parecia ser feito de mármore. – Não se preocupe, são apenas crianças perdidas, querem saber quem é você, só isso.
Absinthe se sente levemente reprimida por como ele conseguia ler sua expressão e talvez até sua mente.
- Não, pare de ser paranoica... Ele não está lendo sua mente.
Seu guia abre um pequeno sorrisinho cheio de maldade, rindo baixo e discretamente.
- O que? – ela pergunta.
- Nada. Só estava pensando.
Absinthe detém seus passos por alguns instantes, seu guia continua a caminhada, subindo os lances de escadas, atrás dos balaústres pequenos olhos negros e cabelos despenteados continuam o baixo cochicho de vozes, ela pode ver as unhas longas e negras enroladas nas pequenas pilastras da escadaria.
Seca as mãos na blusa, sentindo-se muito nervosa.
- Eles a incomodam, humana?
- N-Não... Só...
- Afastem-se seus cães!
Aquela voz fria, medonha, sinistra... Mortal, atravessa os ouvidos de Absinthe fazendo-a arrepiar como se o fantasma da morte soprasse em seus ouvidos seu hálito gelado e profundo.
As vozes, unhas, olhos, tudo desaparece quase que no mesmo instante, o então tudo é um silêncio denso de escuridão e vazio.
- Sente-se melhor? – ele pergunta, tornando ao normal baixo e penetrante, porém Absinthe ainda sente o rosto empalidecido e as mãos geladas, sentia-se parada ao lado da morte.
- Não era preciso ter feito isso...
- Você é uma visita do mestre Alexis, queremos que fique confortável. – ele sorri, exibindo os caninos de animal carnívoro, como os de um lobo, brancos e proeminentes.
Eles alcançam o andar de cima, tudo é menos escuro, menos sinistro, o rapaz de capa retira a grossa camada de tecido que cobria suas costas e pendura num gancho na parede, virando-se pra encarar Absinthe nos olhos, possuía olhos brilhantes de uma cor roxa resplandecente.
- Ah, é verdade. – ele começa, passando os dedos pelo cabelo repicado e loiro. – Não me apresentei, não é?
Absinthe começava a se sentir estranhamente incomodada com o fato daquelas criaturas não humanas mostrarem-se tão maravilhosas e fisicamente tentadoras, era uma... uma droga! Como ela poderia temer algo tão lindo...? Malditas armas genéticas para enganar seu frágil conhecimento humano.
- Não... – ela disse, meneando a cabeça e tentando não babar, fixando em sua mente que ela queria Alexis e apenas ele.
Hormônios... Eles são malditos às vezes.
- Sou Valerius Sthephenrhour Walsherlian, um demônio da família dos Walsherlian e responsável quando meu irmão não está. – ele diz, correndo os dedos pelo cabelo loiros com finas mechas de cabelo um pouco mais escuro, deixando-o numa perfeita desordem. – Agradeço pela caixa. – ele diz, levantando a caixinha preta e balançando-a no ar.
- O que... tem ai dentro? – ela hesita levemente em perguntar.
- As lágrimas prateadas do senhor dos filhos da noite. – ele diz, abrindo e tirando um vidro cheio de um liquido reluzente e prateado, com uma cor perolada e clara, como madrepérola engarrafada.
- Lágrimas...
- Isso, faremos insidhia com isso.
A palavra insidhia dispara um gatilho de memória na mente de Absinthe...
“Uma mistura de soro da verdade com afrodisíaco, é útil em interrogatórios com mestiços... Quando se faz algum...”.
- Ah... Entendo.
Absinthe se vê encarando o rapaz, que agora observava o interior da garrafa, com um sorriso de satisfação.
- Bem. – ele diz, voltando subitamente o olhar pra Absinthe, e parando por um momento ao notar que era encarado. – O que foi? Algo errado?
- N-Não! Não! De modo algum! Eu só estava... Estava...
Uma desculpa... Uma desculpa.
Valerius, que não era limitado de modo algum, ri discretamente, com seus caninos... erm... caninos à mostra, e diz, num tom de diversão pessoal.
- Não sabia que os humanos tinham tendências à zoofilia. - ele apoia na janela.
Absinthe enrubesce até as orelhas, gesticulando no ar.
- Não! Não é isso, eu só... – um estalo. – Zoofilia?
- Isso. – ele diz, inclinando a cabeça para o lado.
Absinthe somente o observa... Onde poderia ser zoofilia?
- Não te disseram?
- O que...?
- É, não disseram. – ele ri, voltando a caminhar. - Desculpe humana, mas a sua espécie não me tenta de modo algum. – ele declara, rindo.
Absinthe nunca se sentiu tão envergonhada antes... Na verdade já se sentiu sim, mas esse momento não estava muito melhor.
- E-Eu posso perguntar... qual delas tenta?
Ele para sua caminhada no meio do corredor, virando pra ela com uma das sobrancelhas erguidas e um sorriso de diversão na expressão pálida. Absinthe tampa a boca com as mãos, não acreditava que tinha realmente perguntado isso.
- Quanto atrevimento. Todas as humanas são assim?
- Não, existem piores.
Ele parece cético, mas não questiona.
- Nenhuma na verdade, pelo menos não até o momento. – ele determina, voltando a caminhar.
Absinthe se apressa atrás dele, ele tem um ritmo de caminhada mais fácil de acompanhar que o de Alexis.
Ele faz uma curva súbita e vira numa esquina dos muitos corredores, Absinthe não saberia voltar sozinha, a começar do fato que não estava olhando para o caminho.
Os pés de Absinthe estacam no corredor, um rapaz de mesmo tipo físico de Valerius, caminha pelo corredor na direção deles, com a mesma capa que Valerius usava antes, porém com as mãos, o rosto, e a capa embebidos em sangue, que escorria e pingava no chão.
- Ah, Andrew. – Valerius se virou a ele com um olhar que ignorava o sangue que pingava no tapete, e as pupilas negras que havia tomado os olhos dele quase que totalmente. – Onde estava?
- Caçando. – Andrew disse, inclinando a cabeça com desleixo pra trás, quase sonolento.
- Ah.
Os olhos negros do rapaz se voltaram a Absinthe, junto com o resto de sua cabeça, caminhando até ela.
Absinthe novamente empalideceu, estava certa de que morreria, um sorriso gelado e assassino cruzou os lábios dele, e seu peito ressoou de leve, algo como um rosnado.
Valerius recostou-se na parede, observando os dois com um olhar altivo de desdém e morte.
***
- O que aconteceu filho da noite? Por que esse desejo de se separar de seu irmão e senhor?
- Ele me traiu. – os olhos de Luka estavam fixos no chão, invisíveis atrás de seu cabelo leve e loiro.
Cartier, de modos naturalmente rudes, pegou o pulso de Luka e forçou-o a dar meia volta, e obrigou-o a olhar nos olhos, segurando seu rosto com a outra mão.
- Olhe pra mim quando fala, quero ver se a ressentimento em seus olhos.
- Pra quê? Pra você contar ao meu irmão como o cachorrinho que você é?
Cartier soltou ambas as mãos dele, desferindo um tapa pesado em seu rosto, que estalou e jogou seu cabelo sobre a pele recentemente agredida.
Não disse nada, só olhou a figura imóvel de Luka voltar seus olhos novamente para ele, com a mão sobre lugar que adquirira uma cor avermelhada.
Cartier olhou-o por mais um momento, depois retomou a caminhada, tornando-se num enorme cão negro e esfumaçado, de olhos roxos e brilhantes.
Não queria mais conversa.
Luka, sabendo que havia cruzado seu limite, voltou a olhar para o chão, deixando a mão cair ao lado do corpo, caminhando atrás dele em silêncio.
***
Alexis e seus irmãos-asseclas pararam em frente da entrada dos corredores que lhes trariam o Armagedon.
Alexis inspirou profundamente o ar da noite, talvez a última vez que faria isso.
- Matem a todos.
- Sim mestre.
E entraram na escuridão derradeira da caverna, talvez para não voltar.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E ai? Gostaram?
O que estão axando até agora?
Mais capítulos soon o/(eu axo)