Rose narrando:

         Eu acordei cedo, mais cedo do que o resto, eu estava ainda com aquela sensação esquisita, de desde que eu soube do feitiço. Era uma sensação de que algo daria muito errado. Que algo ruim iria acontecer. Eu me vesti colocando o uniforme de quadribol, e desci. Scorp estava lá em baixo, e sorriu assim que me viu, eu dei um sorriso fraco e ele não se convenceu.

         -Rose, o que aconteceu? – ele perguntou, me puxando pra perto de si e me abraçando, eu deixei que o calor de Scorp me aquecesse, e eu me senti imediatamente melhor.

         -Eu não sei ao certo Scorp... – eu murmurei – É uma sensação estranha Scorp, como se algo fosse acontecer – eu recostei minha cabeça em seu peito, Scorp passou a mão em meus cabelos.

         -Não tenha medo disso Rose, estamos juntos nessa, se algo acontecer, eu tô aqui – ele murmurou em meu ouvido, fazendo o meu corpo se arrepiar – E sempre estarei com você – ele entrelaçou nossas mãos, e me puxou pra um beijo que fez meu corpo esquentar, e eu sentir meu coração bater acelerado. Nossos lábios estavam brincando, assim como as nossas línguas entrelaçadas pareciam estar dançando uma dança que só elas conheciam. Eu estava com os meus braços, em volta do pescoço de Scorp, e uma das minhas mãos estava em sua nuca, onde eu estava brincando com o cabelo dele. Scorp estava com um braço, em volta da minha cintura, e uma das suas mãos, segurava meu rosto perto do dele. Nós nos separamos, ele deu um beijinho em meu pescoço, fazendo com que eu sentisse o meu corpo inteiro ficar arrepiado. Eu sorri involuntariamente me sentindo bem.

         -Depois desse beijo, eu estou bem melhor – eu falei sorrindo, eu e Scorp ainda estávamos com os rostos próximos, e ele me olhava com aqueles lindos olhos azuis claros dele. Scorp sorriu.

         -Quando precisar, é só me chamar que eu te darei quantos beijos você quiser – ele falou sorrindo, eu dei uma risada leve, e dei um selinho em Scorp, que me puxou pra ele, e quando íamos aprofundar o beijo, ouvimos uma risada rouca. Eu senti um arrepio de medo percorrer meu corpo, e Scorp me abraçou mais pra perto dele, mas dessa vez, em um gesto involuntário de proteção. Nós dois viramos pra encarar o dono daquela risada. Era Daniel Hauck.

         -Boa sorte no jogo pombinhos – ele falou, e deu mais uma risada sádica, saindo do Salão Comunal, eu tremi.

         Aquilo era um primeiro sinal do Feitiço, eu sabia que tinha alguém manipulando o Feitiço, porque ele na verdade só fazia algumas pessoas da casa pagarem alguns micos, assim aliviando climas de tensão que pudessem ter entre os Herdeiros, eu sabia disso. Mas aqueles sintomas, estava descrito, que poderia ter tido uma quebra no Feitiço, onde uma mente consciente estivesse influenciando diretamente nele.

         A Grifinória era a única Casa que poderia deter tudo isso, e nós precisávamos de tempo, se ganhássemos o jogo, como mandava as regras, ganhávamos a imunidade. Se nós perdêssemos, então tudo ficaria mais difícil, do que já seria.

         -O que isso significa? – Scorp perguntou em meu ouvido, assim que ele viu, eu fechando os olhos e suspirando alto. Eu abri meus olhos, e soltei mais um suspiro. O que isso significava? Que tinha um cretino sabotando o Torneio, e tentando fazer algo bem maligno a partir dele.

         -Isso significa que se não ganharmos o Torneio, nós teremos que cancelar essa porcaria e usar um plano B – eu falei olhando pra Scorp séria, ele suspirou, passando a mão no cabelo, e o bagunçando. Ele estava preocupado.

         Al, e Sophie desceram praticamente juntos, e se beijaram, assim que se encontraram. Era engraçado vê-los se beijando, e era bonito. Os dois tinham uma energia alegre e positiva.

         -Nós temos que ganhar hoje – eu falei assim que eles chegaram, eu dei um sorriso animada, eu estava preocupada, mas se tínhamos que ganhar, tínhamos que ter garra e enfrentar isso de frente – Se não ganharmos teremos uma catástrofe ainda maior em nossas mãos – eu falei ainda sorrindo um pouco. A Sophie sorriu e deu ombros, o Al não falou nada, quer dizer, antes de todo jogo ele ficava assim.

         Fomos tomar café, e tomamos devagar, e em silêncio, acho que cada um com seus pensamentos. Os meus estavam em que eu precisava tentar me acalmar. Tomei meu café bem devagar. Nós saímos no horário do Salão Principal, já que todos nós estávamos com o uniforme.

         Chegamos no Vestiário, onde o James estava, todos da Grifinória já estavam vestidos, eu suspirei, James já estava brigando com todo mundo e ao mesmo tempo sorrindo. Só ele conseguia fazer isso e sobreviver pra contar história, mesmo não sendo o capitão do time, eu tenho certeza que deve ser algum dom natural dele.

         Ele repassou todo o plano de voo, e eu suspirei, foi aí que eu lembrei de uma coisa, ou melhor entendi uma coisa, e assim que James ficou quieto eu murmurei pra Scorp.

         -Scorp no campo Hauck não está sob o feitiço – eu murmurei, mas é claro que ele não estaria, era o único momento em que ele conseguia ficar em sã consciência, se ele fosse um Grifinório, e tido era tão óbvio, o campo de quadribol tinha uma energia poderosa. Foi ali que os fundadores tiveram a ideia da escola de Magia, e foi ali que todos os afetados pelo feitiço foram quando o Torneio foi extinto – Aqui é um campo neutro – eu sussurrei – Então jogue bem, e boa sorte – nós já estávamos em fila pra entrar. Scorp virou pra mim e sorriu

         -Certo, apanhe o pomo – ele falou, e me deu um selinho. Eu queria um beijo mais longo, mas já estávamos subindo nas vassouras. E o apito do começo de jogo foi dado. E eu comecei a procurar pelo pomo de ouro.

         Scorpius narrando:

         O jogo começou com uma tensão fora do normal de qualquer jogo, não só pela responsabilidade, mas os balaços pareciam mais violentos que o normal, eles estavam agitados, e pareciam perseguir todos os jogadores da Grifinória, e alguns da Lufa-Lufa.

         Sophi, AL e James, estavam em perfeita sincronia, e estávamos com 10 pontos na frente. Estávamos voando já há uma meia hora. Quando eu conseguia acompanhava a Rose, ela estava sobrevoando o campo por cima. Ela parecia preocupada. O apanhador da Lufa-Lufa estava bufando de raiva.

         -E O JAMES POTTER PASSA PRA GOLD, QUE PASSA PRO NAMORADO, QUE DESVIA DE FINEELIUS, AQUELE BABACA QUE BEIJA MAL PRA CARAMBA, E MARCA O GOL! É PARECE QUE HOJE NÃO É O DIA DA LUFA-LUFA, OS LEÕES SÃO FODAS ADMITAM... – quem estava narrando o jogo era a Lilly, e a diretora Minerva praguejou algo pra ela que piscou e sorriu – CALMA DIRETORA EU SÓ TÔ CONSTATANDO UM FATO, E SIM ISSO É UMA DETENÇÃO - eu pisquei forte, de volta, e sim lá estava a ruiva rindo alto, e Minerva estava desesperada do lado dela. Eu voltei o meu olhar pro campo, e vi um balaço indo até Rose, eu fui correndo atrás, já que Hauck estava ocupado com o outro balaço. Eu consegui acertá-lo, uns metros antes de bater na Rose.

         -Já avistou o pomo? – eu perguntei rapidamente pra ela. Que fez que não e mordeu o lábio preocupada, foi aí que eu vi ela estreitar os olhos, e sorrir.

         Rose narrando:

         Depois de ter desviado de balaços, ouvir a Lilly narrando o jogo de uma maneira muito divertida, ter visto a diretora praguejar. E se entusiasmar com o desempenho da Grifinória, tanto eu, quanto Lilly e a Minerva, eu já estava começando a achar que o pomo tinha sumido. Eu suspirei fundo, quando vi Scorp me protegendo de um balaço.

         Depois que ele falou alguma coisa, eu vi o pomo, era um pontinho dourado luminoso, eu acelerei a minha vassoura. Minhas mãos estavam quase pra se fechar no pomo, quando os dois balaços vieram em minha direção, e eu tive que começar a desviá-los enquanto tentava agarrar o pomo de ouro. Ele estava contornando a platéia, e agora eu estava atravessando um dos aros.

         -MALFOY! HAUCK! DETENHAM A PORRA DAQUELES BALAÇOS ANTES QUE ELES TRUICIDEM A MINHA PRIMA – eu ouvi a Lilly gritar, eu olhei pro pomo, ele estava a centímetros da minha mão. Eu acelerei a vassoura, e fechei ele fazendo as asinhas continuarem a bater em minha mão. Pronto tinha acabado. A Grifinória estava imune, mas eu conseguia sentir o Feitiço se alastrando por toda a arquibancada. Todo Herdeiro podia – O JOGO ACABOU! GRIFINÓRIA GANHOU! – Lilly berrou, mas eu vi que os balaços ainda estavam vindo em direção a mim – MAS QUE PORRA TÁ ACONTECENDO COM ESSES BALAÇOS? – sim minha prima é mais boca suja do que eu.

         Eu comecei a voar pra longe, atraindo os balaços até uma arquibancada que estava livre. Passei por Scorp, que nem precisou eu dizer nada, ele me alcançou o bastão dele. Eu coloquei o pomo de ouro no bolso. E esperei os balaços. Bati primeiro em um, que voou contudo em direção a arquibancada, e depois no outro. Tirei a varinha no bolso, e lancei um feitiço pra que eles ficassem inertes nas arquibancadas.

         -O que foi isso? – eu ouvi a diretora Minerva vir até mim, eu a olhei e suspirei fundo. Assim que eu desci da vassoura Scorp me abraçou. Eu entreguei o pomo a Diretora.

         -O Feitiço do Torneio foi manipulado, a escola ficará em ruínas se não agirmos rápido – eu falei pensando que a diretora não entenderia. Minha visão estava ficando turva. Eu vi uma expressão de entendimento no rosto da Minerva. Eu me firmei em Scorp, sentindo muito tonta.

         -Leve-a até a minha sala, acho que ela vai desmaiar – eu ouvi Minerva falar e então, nos braços de Scorp, eu desmaiei.