Karma. escrita por Alien


Capítulo 7
Capítulo 7




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- Ele tem sérios problemas. - disse Frank, enquanto observava com cautela o nosso professor de Sociologia.
 - Todos os professores tem. - respondi, esperando encerrar aquela investigação, sabendo que não o levaria a lugar algum.
 - Sério, observe bem as roupas dele. Parece que saíram de um filme de época.
 Soltei um risinho nada discreto, mas parei, assim que o professor direcionou seu olhar para nós dois.
 Ao final da aula, decidi acompanhar Frank até uma livraria. Estava observando algumas estantes, quando meu olhar fixou-se em um sujeito parado perto de algumas prateleiras. Um calafrio percorreu a minha espinha, enquanto seu olhar frio me analisava, curioso. Virei-me de costas para aquele sujeito e saí andando discretamente, até o local onde Frank estava.
 - Então, encontrou alguma coisa interessante para ler? - perguntou ele, com a atenção totalmente voltada para a contracapa de um livro.
 - Não. Frank... será que podíamos ir embora agora? Não estou me sentindo bem.
 Por mais que tivesse me afastado do sujeito, ainda sentia seus olhos em mim.
 - Certo. Vou só pagar por esse livro, e já volto. Você me espera lá fora?
 - Sim. - disse, caminhando em passos largos até a saída. Chequei meu relógio de pulso, enquanto esperava impacientemente a saída de Frank daquele local.
 Havia achado estranho o interesse repentino daquele homem em mim, mas, o que mais me assustava era a frieza no seu olhar. Se tivesse cabelos cor de fogo, diria que era irmão do cara que apareceu no meu quarto há alguns dias.
 Chequei novamente o relógio. Mais de quinze minutos ali, esperando, e nada de Frank aparecer para irmos embora. Batia meu pé no chão impacientemente, quando ouço alguém abrir a porta da livraria. Ao me virar, dou um passo para trás instintivamente.
  O homem permaneceu parado à poucos centímetros de mim, com uma expressão difícil de ser decifrada. Tentei demonstrar indiferença ao me virar de costas e observar as pessoas que passavam na calçada, mas ele continuava ali, como se esperasse que eu dissesse alguma coisa.
  Me afastei alguns passos, e olhei para a parte interna da livraria. Não via Frank no balcão, nem na fila, que crescia à medida que mais pessoas entravam no local.
 - Vamos? - disse alguém atrás de mim. Levei algum tempo para me recuperar do susto que Frank havia me dado.
 - Sim. Vamos. - respondi, olhando para o local onde o homem estava há poucos segundos atrás. Não havia ninguém ali.
  Caminhamos um pouco, até pararmos em uma pracinha, no centro da cidade. Não suportava mais carregar a minha mochila, que estava inexplicávelmente mais pesada do que o natural. Sentei-me em um dos bancos e larguei a bolsa ao meu lado.
 Como o banco era muito pequeno para nós dois, Frank colocou minha mochila em seu colo e se sentou ao meu lado.
 - Nossa, o que você leva de tão pesado aqui dentro? - disse ele, franzindo o cenho enquanto passava as mãos na mochila, tentando descobrir o que havia dentro dela.
 - Não sei. Juro que quando saí da faculdade só levava dois livros e meu fichário aí dentro. Deixe-me ver.
 Abri o zíper da bolsa e no momento que fiz isso, vários sachês estranhos caíram no chão. Meu sangue parecia ter parado de circular pela a minha cabeça.
 - Charlotte... o que... é isso? - perguntou Frank, enquanto pegava com as pontas dos dedos um dos saquinhos esquisitos.

 Sem hesitar, apanhei um que estava próximo aos meus pés e abri. Assim que o fiz, um enjôo terrível surgiu no meu estômago, pelo o que soltei com todo vigor aquela esquisitisse no chão.
 Dentro dos sachês havia pele e um pó vermelho que cheirava muito mal.
 - Eu não sei. Não sei como isso foi parar na minh... - não terminei a frase, ao perceber que sabia sim, quem havia colocado tudo aquilo dentro da minha bolsa. Estremeci, com a imagem dos olhos cheios de frieza do homem que me perseguiu na livraria. Então era isso, havia começado o jogo.

 Minha vida agora havia se tornado totalmente manipulável diante daquelas criaturas que me perseguiam. E tudo por minha culpa. Eu havia entrado na casa da minha avó e deixado aquele cão me atacar. Ele sabia o meu cheiro, e consequentemente, sabia onde me encontrar.
 - Charlotte, isso é bruxaria. - concluiu Frank, me obrigando a fitá-lo imediatamente.
 - Você não têm certeza disso.
 - Tenho sim. Na biblioteca da faculdade existem vários livros sobre ocultismo e misticismo. Eu já li alguns e sei que isso dentro da sua bolsa é
bruxaria. Você é bruxa? - perguntou ele, sem preocupação alguma em esconder seu repúdio ao pronunciar a última palavra.
 Balancei minha cabeça com vigor, negando completamente o fato. Eu era apenas uma descendente de bruxas, só isso. Não consegui conter o choro, à medida que ia percebendo qual era o plano deles: iriam me perseguir e, em seguida, acabariam comigo. Simples, como fizeram com a minha avó.
  Fechei meus olhos, buscando forças. Por mais que me torturassem e me obrigassem, jamais faria parte daquela seita de loucos. Não. Ponto final.
  Frank parecia estar mais assustado do que eu, passando a mão no cabelo incontáveis vezes.
  - Então, o que isso fazia na sua bolsa? - disse ele, apontando com violência para os saquinhos de bruxaria espalhados pelo chão.
  - Eu não sei... - disse. E pela a primeira vez, contei para Frank a parte verdadeira da história. Realmente não sabia a intenção daqueles objetos estarem na minha mochila, só sabia quem os havia colocado ali dentro.  Levantei-me do banco, coloquei minha mochila nos ombros e saí, sem dar satisfação alguma para Frank. Ele não entenderia, jamais. Quando virei-me de costas, o vi fazer menção de me seguir, mas imediatamente o impedi, balançado negativamente a minha cabeça.

Precisava de um tempo sozinha.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo em breve! Deixe sua opinião, por meio dos reviews. Eles ajudam o autor a melhorar a qualidade da história! (: Até mais.



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