Karma. escrita por Alien


Capítulo 6
Capítulo 6




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 - Eu... vou... gritar. - disse, tentando soar séria, mas tudo o que saiu foi uma voz fraca e baixa. Fechei meus olhos na tentativa de tirar da minha cabeça a imagem daqueles olhos negros. A semelhança entre os olhos daquele homem e do cão malígno eram indiscutíveis.
 O homem deu uma risada estranha e finalmente tirou as mãos do meu pescoço. - Você é fraca, Charlotte. A morte dos seus pais foi apenas uma consequência. Aceite isso e viva. Ou não. - finalizou ele, dando novamente a sua risada, e desaparecendo lentamente do meu quarto.
 Era definitivo. Estava em estado de choque. Minhas mãos tremiam e o sangue ainda não havia voltado a circular totalmente pelo meu rosto, pelo que ainda sentia minhas bochechas quentes e meus olhos inchados.
 Deitei na cama. Lágrimas rolavam pelo o meu rosto incansavelmente. Não estava chorando somente por ter descoberto todos os segredos da minha avó, chorava por estar só, chorava por nada estar dando certo. Estava tentando relaxar, quando a imagem de alguém me veio à cabeça. Era moreno, tinha olhos verdes e dentes tão brancos, que eu podia jurar ter sentido uma pontada de inveja desde a primeira vez que os vi. Era Frank. Querendo ou não, a única pessoa que estava sendo legal e atenciosa comigo era ele. Devia-lhe muito mais do que uma caminhada pelo o pátio. Imediatamente levantei e chequei minha aparência no espelho antes de sair do quarto. Estava apresentável. Segui em direção ao lugar onde tinha certeza de que Frank estaria. A biblioteca.
 Frank estava imerso em um livro, quando adentrei a biblioteca com tanta pressa que acabei derrubando uma cadeira, fazendo muito barulho.
 Segui vagarosamente até a mesa onde ele estava e sentei-me, observando a capa do livro que estava lendo.
 - É um livro bastante interessante. - disse ele, ao notar que eu estava ali. - Fico surpreso que você finalmente tenha saído daquele cubículo.
 Sorri. Frank possuía esse poder de me fazer ficar feliz, mesmo quando tudo o que eu mais desejava era me afogar em um mar de lágrimas.
 - Bem, em algum momento seria necessário que eu me ausentasse do quarto, não é? Sabe, eu estava pensando... - ia terminar a frase
quando ele me interrompeu. - Quer sair? Tipo, dar uma volta por aí. Estou cansado de olhar o tempo todo para essas paredes verde-musgo.
 Concordei em darmos uma volta. Resolvemos ir até uma sorveteria próxima dali. Escolhemos entre dezenas de sabores, e nos sentamos em uma mesa,
conversando enquanto comíamos.
- Sabe, eu posso parecer desligado, mas eu sei que está acontecendo ou já aconteceu, alguma coisa com você. Não precisa se preocupar, eu sou reservado e sei guardar segredos. - disse Frank, me encarando com olhos apertados. Engoli em seco, estremecendo só com a idéia de contar para Frank a confusão que havia se tornado a minha vida. Não, ninguém poderia saber, nem mesmo ele. Mas, à medida que pensava dessa forma, também refletia sobre o quão importante seria se alguém estivesse informado sobre os perigos que estavam me cercando agora, dessa forma, se algo acontecesse, já saberiam a causa.
 Suspirei. Olhei para Frank, tomando seu sorvete, esperando pacientemente pela a minha resposta.
 - Quanto a você ser reservado, disso eu não tenho dúvidas. Do contrário, a escola toda estaria me chamando de 'esquisita'. - Sorri. - Mas, ainda
não me sinto preparada para contar certas coisas da minha vida para você, apesar de até o presente momento, você ter sido a única pessoa que fala comigo naquela faculdade.
 Frank não me fitava, mas pela a sua expressão era fácil notar que ele estava com a atenção totalmente voltada para a nossa conversa. Esperava que minha resposta tivesse sido satisfatória. Olhei para a cobertura de morango, que de repente, havia parado de ser apetitosa. Empurrei discretamente o sorvete para o lado, e concentrei minha atenção para o lado de fora da sorveteria.
 - Tudo bem. Não quero forçá-la a me contar nada, mas quando sentir que deve, não pense muito.
 Após sairmos da sorveteria, demos uma volta no parque. Minha cabeça havia se desligado do passeio a partir do momento em que os acontecimentos dos últimos dias invadiram meus pensamentos.
 Já passava das seis horas da noite, quando voltamos para a Faculdade e Frank fez questão de me acompanhar até a porta do dormitório.
 - Boa noite, Charlotte. - disse ele, em um tom brincalhão, enquanto imitava o que deveria ser uma reverência.
 - Boa noite, Frank. - respondi, ainda sorrindo.
 Mas assim que adentrei o quarto, meu sorriso se desfez. Olhei para o local onde estavam os livros que peguei na casa da minha avó. O que mais poderia estar escondido ali? Pisquei meus olhos com força, desejando imensamente voltar à epoca onde a única preocupação que existia na minha vida era se algum dia minha nota de Geometria iria melhorar.
Sentia falta dos meus pais. E como sentia...


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Notas finais do capítulo

Em breve, o próximo capítulo! Não esqueça de deixar sua opinião (: Até logo!



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