Capítulo 20 – PoV Frank.

Mas que droga Charlotte pretendia fazer sozinha? Estava cansado de ir contra a vontade dela, por isso a deixei sozinha. Mas não abandonada. Tentava encontrar um jeito,qualquer coisa, que a fizesse mudar de ideia e ir embora daquela floresta sinistra, quando vejo algo indescritível.

Melanie apareceu bem na minha frente, com um semblante de preocupação estampado em seu rosto.

 - Precisamos ajudar Charlotte, ela está em perigo. – disse,sentando-se no chão repleto de folhas caídas, enquanto retirava diversos frascos de dentro de uma bolsinha.

- Que ela está em perigo eu sei, mas como você espera ajudá-la? Ela é mais teimosa do que uma pedra. – resmunguei, sentando ao seu lado.

Melanie misturou todos os conteúdos dos frascos em um único recipiente e disse algumas palavras que não entendi, talvez fossem de um idioma desconhecido. O resultado foi uma poção vermelha e borbulhante, que cheirava muito mal.

- Caramba! – exclamei, tapando o nariz e abanando a mão em volta, tentando dissipar o mau cheiro. – O que diabos é isso? Você não vai obrigá-la a beber isso, vai?

Melanie ignorou minhas perguntas e apenas se levantou e saiu caminhando. Quando viu que eu permanecia parado, disse:  - Você quer
salvar sua amiga, não quer? Então deverá deixá-la ir com os bruxos, para que eles iniciem o ritual do receptáculo. É nessa hora que precisamos entoar esse feitiço. – concluiu, erguendo o recipiente com a poção mal cheirosa.

- Mas isso é muito arriscado! E se eles a machucarem? Não, nós precisamos encontrar outra forma de... – fui interrompido por Melanie, que tapou minha boca e me arrastou até a parte de trás de alguns arbustos. Espiei por entre as folhas e vi um grupo de homens caminhando apressadamente em uma única direção. Charlotte. Olhei para
Melanie, que observava a cena com cautela e tentava capturar o máximo de detalhes possível, embora estivesse muito escuro. Quando todos já haviam, aparentemente, sumido de vista, saímos em disparada na direção que o grupo seguia.

Observávamos tudo a distância, para nossa própria segurança. Vimos Charlotte ser levada para uma aldeia de aspecto repugnante e ser colocada em uma espécie de tenda.

- Vamos, é a nossa deixa para tirá-la dali! – sussurrei, já me preparando para ir em direção ao local onde ela estava. Mas Melanie apenas segurou fortemente o meu antebraço e obrigou-me a olhar mais à frente. Um homem caminhava em direção à tenda de Charlotte, segurando uma tigela. Após alguns instantes, ele saiu do local e pelo o que notei em sua expressão, as coisas lá dentro não haviam sido muito boas.

Estava distraído, observando o aspecto da aldeia, quando ouço Charlotte gritar. Não eram gritos de medo ou tristeza. Agonia. Charlotte gritava como se estivesse sendo torturada das piores formas possíveis. Olhei para Melanie, em busca de algo que pudesse fazer para salvar a vida de uma pessoa inocente que sofria nas mãos daqueles monstros, mas não a encontrei do meu lado. Na verdade, não a vi em
lugar algum. Já estava ficando completamente desesperado, quando finalmente a encontro perto de uma árvore, um pouco mais distante do local em que estávamos. Vou para o seu lado cautelosamente, enquanto a vejo fazer uma espécie de prece. Não havia nada que eu pudesse fazer a não ser observar.

- Me avise quando o ritual já estiver em andamento. – ordenou Melanie, com os olhos fechados e a cabeça baixa, como se estivesse tentando se concentrar em algo muito difícil.

Concordei, assistindo atentamente o momento em que tiraram Charlotte de sua tenda e a colocaram no meio do chão, formando um círculo em volta de seu corpo. A cena era forte, mas procurei reunir o máximo de energias que tinha e permaneci ali, capturando cada detalhe do que se passava com a minha amiga.

 - Melanie, já começou. – avisei, fazendo uma prece para qualquer Deus que estivesse nos vendo naquele instante, pedindo sinceramente apenas que minha amiga saísse daquela situação viva.

- artibus enodandis autem omnia iam
coepit. Ill locum sicut caligo et tenebrae elanguescunt perducit
Nubila! – exclamou Melanie, fazendo com que o líquido vermelho escorresse de dentro do recipiente até o local em que se encontrava Charlotte. Do corpo da minha amiga, também escorria
um líquido escuro e quando os dois se encontraram, ocorreu uma espécie de explosão, onde ambos lutavam para entrar no corpo de Charlotte. Os bruxos que estavam ao redor de Charlotte notaram a nossa presença e foi então que começou a luta.