Karma. escrita por Alien


Capítulo 19
Capítulo 19




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Caminhei até o anoitecer, quando decidi que deveria fazer
uma pausa até que o Sol raiasse novamente. Aconcheguei-me em algumas folhas secas e já me preparava para dormir, quando sons vindos dentre as árvores fizeram meus sentidos ficarem em estado de alerta. Poderia ser um animal qualquer, pensei, mas logo mudei de ideia quando ouvi também o som de uma respiração ofegante. E logo o barulho foi se multiplicando e se tornando mais próximo.
Encolhi-me o máximo que pude, à espera de que algo acontecesse.

- Quem é? – questionei, tentando controlar o tremor na minha voz.

- Você sabe quem somos, Charlotte. – disse uma voz que logo reconheci. Os bruxos estavam ali para me levar até a aldeia Wicca. Assenti brevemente, embora já soubesse que a escuridão não permitiria que todos os presentes me vissem com clareza.

- Então, o que vocês vão fazer? Estou ferida. – disse, estendendo uma de minhas mãos para cima, em busca de ajuda para ficar de pé.

- Vamos levá-la para nossa aldeia e, bem, o resto já é do seu conhecimento. – respondeu uma voz que logo identifiquei como sendo a de Ezequiel.

Puseram-me de pé e, para minha surpresa, carregaram-me com extremo cuidado. Andamos por um longo período, o Sol já havia nascido, quando chegamos a um local sombrio e deserto.

As folhas que se espalhavam pelo chão estavam secas e o
ar era úmido e um pouco sufocante. Entramos em uma espécie de tenda, onde me deixaram sozinha por algum tempo. Aproveitei para checar a situação em meu tornozelo, e quando vi, franzi o cenho de preocupação. Provavelmente as sequelas daquela torção me acompanhariam pelo o resto da vida. Isso se eu sobrevivesse. Respirei fundo, procurando pensar em um lado positivo: Frank não estava ali. Eu o poupara de sofrer e ser castigado gratuitamente.

Após alguns instantes, Charlie apareceu com uma tigela contendo um líquido verde e viscoso.
Torci os lábios, pensando no que mais eles iriam me sujeitar a passar.

- O que é isso? – questionei, fitando o interior da tigela que eu segurava. O cheiro do que residia no recipiente era insuportável.

- Nada de perguntas. Apenas beba. – Charlie disse, me observando com frieza.

Obedeci-lhe e tomei um gole daquela coisa, o que foi suficiente para que uma sessão de vômitos começasse. Ainda que estivesse passando extremamente mal, Charlie empurrou o líquido dentro da minha boca à força, e me deixou sozinha na tenda novamente.

Instantes depois, minha cabeça começou a ficar mais leve, e meu corpo que antes era atormentado por um cansaço e uma dor indescritível, ficara mais tranquilo e relaxado. Mas o efeito foi passageiro. Logo após, meu estômago começou a doer fortemente, como se algo dentro de mim se contorcesse, em busca de uma saída. Minhas têmporas estavam úmidas por um suor frio e tudo o que eu conseguia fazer era gritar.
Estava desnorteada pelas dores, quando subitamente me vi sendo carregada por um grupo de seres encapuzados e vestidos da cabeça aos pés com mantos pretos. Fui colocada no chão, enquanto muitos deles se aglomeravam ao meu redor, entoando uma canção que, aparentemente, fazia a contorção no meu estômago aumentar de intensidade. Depois de alguns instantes agonizando, vi um líquido escuro escorrendo ao redor de mim e foi a partir desse momento que perdi completamente a noção de quem eu realmente era.


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