Crônicas de Sieghart escrita por xGabrielx


Capítulo 8
Colônia de Gosmas 8 — Inefetividade


Notas iniciais do capítulo

O melhor até agora! Provavelmente.



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– Ataquem com toda força! – gritou Trilel.

“Como se precisasse falar...!” resmungou Linea para si mesma, ao puxar uma flecha de sua aljava. Uma cor vermelha fluía do rubi de magma, seguindo a mão com a flecha que era retirada e apoiada no arco. Enquanto mirava na enorme mão, a cor se depositara em volta da ponta flecha. A mulher relaxou seus três dedos e o pedaço de madeira disparou em direção ao alvo. Não mais que um segundo depois de sair ao ar, o vermelho explodiu em chamas da mesma cor. A flecha agora envolta em fogo deixava pelo ar um rastro rubro.

A imagem foi repetida por quase todos os que vestiam a fita roxa. Por um momento, o ar se encheu de uma linha multicolorida que avançava na direção do que seria o braço da enorme mão. Este, não parava de se estender do portal em direção ao grupo de feridos.

Alguns que seguravam espadas e lanças a começaram a correr em direção ao novo inimigo. Outros ficaram parados, meramente olhando, chocados. Sieghart estava entre os últimos.

Perguntas saltavam em sua mente: “O quê... De onde...? Como?!”. No entanto, ao notar Laethel, Trilel e outros correndo à sua frente, Sieghart reprimiu tais questões e começou também a correr. Elas podiam esperar. O braço onde a gosma tinha encostado agora ardia muito, então segurava a espada apenas com uma mão, mas não podia ficar só observando.

As flechas não chegariam a tempo. Não vão conseguir impedir a mão de chegar aqui. Foi o que Mer Ellot pensou. O mago levantou seu braço direito contra aquele sinistro ser e disse palavras Naquela língua. Uma runa surgiu na palma de sua mão. Ele gritou um comando e o ar pareceu tremer e esbranquecer na frente das garras. Ellot ouviu um som de batida abafado. As garras tinham sido rebatidas por uma barreira.

Logo após ter o avanço barrado, as várias flechas disparadas contra o braço negro passaram por ele, aparecendo do outro lado. Somente aquelas envoltas em fogo pareceram fazer algo, espalhando a escuridão por onde passavam, mas mesmo esses buracos logo se fecharam.

– Arke! Vanto! – gritou Trilel, que havia começado a correr. Ele olhava para dois homens altos. Um tinha pele cor de cobre, o outro, cor branca. Ambos, cabelo loiro curto. – Tirem eles de lá! – comandou, apontado o braço com escudo para o grupo de pessoas alvo da mão gigante. – Todos os novatos! Saiam daqui! Agora!

Os dois logo começaram a correr naquela direção. Aqueles sem fita foram mais lentos. A maioria continuou parada. Sieghart, entre eles, não ouvira palavra alguma.

– Não vamos chegar a tempo. – afirmou Vanto, enquanto corriam. – Podemos fazer algo?

– Esperar o melhor. – Arke virou seus olhos castanhos para o companheiro – São muitos... Consegue fazer?

Vanto retornou o olhar para Arke. Limitou sua resposta a fazer aparecer em suas mãos diversas varas de diferentes formatos e estender as da mão esquerda para o outro, que as recolheu com a direita.

As flechas não haviam tido efeito algum.

Laethel estava entre os primeiros a atacar de perto. Com um salto, ele golpeou por baixo o enorme braço. Como as flechas, a espada atravessou como se cortasse o ar. Nenhuma resistência, nenhum sinal de dano do golpe. Não foi diferente para os outros que tentaram também atacar. Todos estavam parados, confusos.

– Usem fogo! – alguém gritou.

Não era tão simples. Espadas são muito mais difíceis de encantar que flechas. Era algo que levava tempo e preparação. Lanças seriam mais fáceis, mas poucos ali teriam a habilidade suficiente para fazê-lo com a magia do próprio corpo, e nenhum espadachim levaria pedras para enfrentar gosmas.

Ainda assim, alguns poucos, com pedras na espada ou bainha ou mesmo consigo em qualquer lugar, começaram a envolver suas armas com a cor vermelha.

O ato não passou despercebido: a mão, que havia continuado a golpear a barreira, subitamente começou a voltar. Os dedos, virados para o chão, criavam quatro riscos na terra onde arrastavam suas unhas em forma de garras.

Deu para se ouvir um rouco “Recuem!” de Trilel. Mais alguns avisaram para a garra também aos gritos.

Não foi o suficiente: agora, um rastro vermelho levava à mão, que já havia retornado para a frente do portal. De todas as suas garras, agora levantadas do chão, pingavam gotas de sangue.

Sieghart não sabia o que fazer. Viu os outros tentarem atacar. Ele mesmo golpeou, mas não sentiu resistência alguma. A mão gigante continuava a golpear o que parecia ser uma barreira. Foi Mer Ellot? Não esperava que ele conseguisse usar uma barreira... Mas aquilo não era o suficiente. Eles precisavam parar o braço... Como... Como? Como?!

– Usem fogo!

...fogo? Mas é claro! As flechas!... Mas ele não sabia encantar armas. Nem carregava pedra alguma. A frustração começou a pesar em seu peito. Não conseguiria fazer nada? Ficaria somente olhando os outros? Não... não poderia. Não era possível que a única coisa que pudesse fazer fosse olhar. Não tinha sido para isso que se alistou no exército...

– Sieghart! As garras! – o Kriewalt virou os olhos para onde Laethel, vários metros distante, com visível desespero no rosto, apontava para o lado.

O braço estava quase acima. A mão gigante havia parado de atacar Mer Ellot e vinha em sua direção. O dedão estava levantado para os lados de modo a cobrir a maior área possível e os outros dedos vinham rasgando o chão. A morte estava a meros passos de distância. Instintivamente, Sieghart soube que não teria tempo o suficiente para saltar para o lado. Pesava agora o desespero.

“Não posso fechar os olhos.” Foi seu único pensamento consciente. As garras estavam longe o suficiente umas das outras para deixá-lo passar de lado.

Se fechasse os olhos perderia o momento certo.

O seu corpo ficou a trabalho dos instintos. A mão gigante estava muito baixa para ficar de pé; agachado, ocuparia muito espaço. Sieghart não piscou uma vez. Dobrou seus joelhos e mergulhou de lado contra as garras.

Conseguia ver o céu. Estava vivo... Estava inteiro?

Levou a mão para a frente do rosto: ainda segurava a espada, mas estava manchado de sangue. Era seu?! Sentou apoiando-se com a mão direita, seu braço ainda ardendo. Olhou suas pernas. Estava inteiro. Estava vermelho. O chão à sua volta também estava vermelho. O cheiro de sangue estava fresco no ar.

Quando olhou com mais atenção à sua volta, lembrou-se: havia muitos outros à sua frente e atrás, e eles também não conseguiriam desviar a tempo.

Todos eles estavam agora mortos.

Não era difícil saber. Era só olhar para os pedaços de corpos no chão.


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