Crônicas de Sieghart escrita por xGabrielx


Capítulo 16
A Princesa 3 — Confusão


Notas iniciais do capítulo

Er... Notei um pico nas visitas do dia 30 de Julho. Pode ter sido mera coincidência, mas se por acaso foi porque teve gente esperando capítulo... Perdão. Foi preguiça mesmo.

Obviamente pode ser porque coincidiu de algumas pessoas verem a história no mesmo dia; daí, no caso, esta nota fica meio que irrelevante.

Dei uma revisada por cima por enquanto e não deve ter nenhum erro absurdo.

Boa leitura!



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— Não entendo. — disse o homem, de joelhos. Seu olho esquerdo era violeta, com pingos de verde ao fundo. Usava uma camisa, calças e sapatos velhos, desgastados. Sua capa, igualmente velha, alguém guardava em mãos, assim como o objeto de metal que ele anteriormente carregava. Inúmeras pessoas estavam em volta, aquelas mais perto com armas brandidas em sua direção.

“Quem não entende sou eu, kwaeli.” Quem diabos era esse homem? Ellot, que há minutos dizia não conhecê-lo agora o defenderia com a vida. Não que conseguisse, se tentasse. Toda a guarda dos Kriewalt estava ali.

O grupo de Artel tinha confrontado-o enquanto os outros observavam à distância e alguém corria para as casas, para avisar a todos, mas no final das contas o homem gastou fôlego à toa. O kwaeli fez o favor de avisar a todos sua presença com aquele pilar de luz e barulho infernal. Mer Ellot apareceu poucos minutos depois, quando ele já tinha se rendido.

— Algo está me impedindo. — disse.

— Algo? — perguntou Ellot, ao lado do homem.

— “Algo.” — repetiu Sieghart. — Mas que terrivelmente específico.

— Não estou mentindo. — respondeu o homem. Três homens seguravam lanças coladas ao seu pescoço. Mer Ellot também teve de se submeter. Bastou ele chegar perto do kwaeli para abandonar a simples curiosidade e querer defendê-lo.

— Vai ter que se esforçar mais do que isso, kwaeli. — disse Artel. Foi quem confrontou e subjugou o kwaeli. Grande habilidade, e seria ainda maior se não parasse de falar durante o combate. Talvez tudo isso pudesse ser evitado se ele tivesse se esforçado e concentrado um pouco mais.

— Preciso de meu equipamento.

Sieghart estudou o melhor que pôde o rosto do homem, mas ler pessoas não era exatamente sua melhor habilidade. De qualquer modo, não podia estar falando sério. Por acaso ele entendia a situação em que estava?

— Quer dizer que desiste? — perguntou uma voz por detrás de Sieghart.

O Kriewalt se virou e reconheceu uma de suas tias. Agora a situação não estaria mais em suas mãos, mas não demorou para tomar consciência de si mesmo e se recompor:

— Gavara. Não imaginei que a veria aqui.

— Posso dizer o mesmo, Sieghart.

Não era particularmente alta, ficando alguns centímetros abaixo de Sieghart, nem era alguém de tão grande presença. Certamente já tinha passado dos melhores anos de sua beleza, embora nada indicasse que ela tivera sido algo excepcional.

— Está a par da situação? — enquanto perguntava, imaginou se ela teria notado seu desprazer em vê-la.

— Sim. E peço que não se envolva muito mais com isso. — disse, olhando para Mer Ellot.

— Tia...

— Ellot será tratado com o devido respeito. No entanto, acredito que entenderá que vou querer explicações para suas ações, Feiticeiro Real.

— Talvez eu consiga se tiver meu equipamento. — disse novamente o kwaeli.

Dois insultos ao mesmo tempo. A tia fez questão de explicitar que somente trataria Ellot bem pela posição que ocupava, e não por ser seu amigo. Já o estrangeiro, não tinha nada mais a dizer e estava somente gastando o tempo de todos com um pedido absurdo. Foi necessário algum esforço para evitar desembainhar a espada de sua cintura, mas as coisas se facilitaram ao pensar em como seria estranho ameaçá-lo com uma espada ao pescoço quando o homem já tinha três lanças prestes a decapitá-lo.

— Ellot? — perguntou, então. “Já viu que isso não vai a lugar nenhum! Desista logo...!”

— Sieghart... Você realmente acredita que ele poderia mudar algo em minha cabeça e na sua não? — o amigo, diferente do kwaeli, ainda pôde ficar de pé.

— Talvez não tenha observado direito, mas este certamente parece ter sido o caso.

Ele levou uma mão aos olhos, esfregando com o indicador e dedão:

— São memórias, Sieghart. Memórias! Não sei como posso explicar mais claramente.

— Não se mexe em memórias com um abano de mão. — disse um dos Kriewalt em volta.

— Bem, qualquer estudioso concordaria que criar memórias completas seria infinitamente mais complexo que libertar aquelas já existentes, então, pela sua lógica, é muito mais plausível...

Essa era o quê? A terceira vez que cada um repetia os mesmos argumentos? Parecia até que tudo fora ensaiado. Queria acreditar em Ellot, mas como confiaria em um homem de Kwaelia? Kwaelia era...

— A tecnologia deles, como você bem sabe, é centenas de anos mais avançada que a nossa. Acredita mesmo que não poderiam enganá-lo, feiticeiro?

— Não desse modo. — respondeu Ellot, quase que imediatamente. — Ele não é nosso inimigo. Tenho tanta certeza disso quanto de que estamos em Canaban.

— Ah, mas aqui não é Canaban. — “...aqui é a Casa dos Kriewalt.” Sieghart completou, mesmo sem pensar, a frase em sua mente. A realeza certamente não gostaria de ter ouvido isso. — Sua certeza poderia muito bem ser consequência do que o kwaeli fez. Levem-nos.

Ainda assim, Mer Ellot não se deixaria ser enganado por, literalmente, um abano de mão em frente à face. Em Sieghart não pareceu ter efeito algum, mas quando o homem fez o mesmo com Ellot, seu comportamento certamente mudou...

— Não temos tempo para isso. — disse o kwaeli enquanto se levantava, à ordem de um dos Kriewalt de lança. — Precisamos ir agora.

— Sieghart, acredite em mim! — gritou Mer Ellot — Se ele precisa de nossa ajuda... Nós devemos ajudá-lo. Ele é confiável!

— Agora pouco você nem o conhecia. Agora quer que eu confie nele?

— Confie em mim. ...somos amigos, não?

“Maldição, Ellot!”

Gavara ia à frente. Sieghart estava atrás, com Artel ao lado, levemente recuado. O homem não parava de falar com outro. A dois ou três passos de distância Ellot caminhava junto do kwaeli, este, com dois lanceiros prontos para espetá-lo a qualquer momento às suas costas. Em volta, todos os outros que tinham saído também voltavam. A princípio, alguns correram de volta para as casas, mas a maioria parecia fazer questão de não se colocar à frente de Gavara e observavam atentos todos os menores movimentos do tal intruso. Já estavam chegando às casas e ainda não sabia o que fazer. Não poderia mudar a opinião da tia, isso era certo. Ele mesmo estaria fazendo a mesma coisa, se não fosse Ellot... E se o amigo estivesse errado? E se ele tivesse mesmo sido enganado por algum truque estranho?

Eles passariam pela entrada principal. Diversas pessoas tinham já se amontoado, provavelmente já com o conhecimento de que um kwaeli teria invadido Canaban. Poucos deles tinham cabelos em tons outros que o vermelho, então acabou por não ser tão difícil ver justamente a pessoa que mais desejaria evitar.

Razoavelmente bonita, de cabelos castanhos claros, na altura dos ombros. Só viu a face, pois havia diversos outros à sua frente, mas seus olhares se encontraram.

Sua sorte só piorava. Já se arrependia amargamente de ter voltado aquela noite. Se ele não estivesse ali para deixar, Ellot nunca teria chegado perto do estrangeiro e nada disso estaria acontecendo. Agora, como cereja em cima desse bolo todo, teria que lidar com ela. Só faltava agora ele perder a posição no exército enquanto Cazeaje declarava ter voltado de qualquer que fosse o buraco onde se escondia.

Estavam a metros de distância da entrada. As pessoas se distanciavam para abrir caminho, todos em silêncio. Até mesmo Artel fechara a boca e a única coisa que se ouvia eram os passos. Tendo desistido de pensar em algo, Sieghart só acompanhava Gavara. O problema do kwaeli teria de esperar. Se fosse mesmo confiável, não ficaria mais de uma semana ali. E agora que ela já sabia que ele estava ali, teria de enfrentar também esta outra questão. Falaria agora com ela? Sim... era o melhor a fazer. Começou a andar em sua direção, mas não chegou a ultrapassar Gavara: a mulher ao fundo da multidão começou a empurrar todos à frente e quando teve o caminho aberto, saltou em Sieghart, gritando seu nome. Alguns em volta deram gritos, surpreendidos com a aparição.

— O que você ia fazer? — ouviu ela perguntar, quase sussurrando, enquanto o abraçava, ambos caídos no chão.

Sieghart não respondeu, e, no primeiro momento, nem entendeu a pergunta, mas logo percebeu que mesmo caído ainda segurava fortemente a espada em sua cintura. Ainda? Desde quando? Da perspectiva dela, ele estava andando em direção à tia, pronto para desembainhar sua arma...

O que ia fazer?

Ouviu então gritos logo atrás. Sieghart se virou, tirando-a de cima e viu o kwaeli já com seu grande objeto em mãos. Uma luz emanava daquilo. Algo estava para acontecer.

— Sieghart! — gritou Ellot, estendendo a mão. — Vem!

— Vai. — falou a mulher, ao lado.

Com um salto, agarrou a mão do amigo. Mal encostara, toda a sua volta pareceu se transformar em luz branca. Imaginou-se dessa vez dentro do pilar, e ouviria os sinos a qualquer momento, mas então a iluminação sumiu. Olhando em volta, não encontrou mais ninguém além de Ellot e o kwaeli. Soube que não estavam mais no território de seu clã, pois não via as casas, nem o muro de Canaban. Ainda era noite, e via, a certa distância, uma parede de escuridão que parecia ser uma floresta, mas para o lado oposto a paisagem era somente grama, com o céu expondo as estrelas que não fossem ocultadas por nuvens.

— Onde estamos?! — perguntou ao kwaeli. Sieghart tinha as duas espadas em mãos, uma voltada para o pescoço e a outra para o braço direito do homem, onde ele segurava o objeto.

— Ao sul de Canaban.

— Sieghart, o que está fazendo? — perguntou Ellot com uma voz cansada.

— O que estou fazendo?! —perguntou Sieghart, pasmo. — O que você está fazendo?! Faz ideia do inferno de... Não se mexa. — interrompeu, pressionando a lâmina no pescoço do homem.

— Não me mexi.

— Largue esse negócio.

A reação foi momentânea, com um som abafado do objeto caindo na grama.

— Satisfeito? — perguntou o feiticeiro.

— Não. Me ajude a...

— Estou do lado dele, Sieghart. — interrompeu Ellot. — E você precisa relaxar.

Sieghart olhou surpreso para o amigo, como se tivesse ouvido algo inesperado. Alguns segundos se passaram, mas, por fim, guardou ambas as espadas e sentou-se no chão.

— Maldição, Ellot! Faz ideia do quê... — ...do quê? Não queria mais pensar. Estava tudo complicado demais, e ele não pedira por isso. Deitou-se e mirou o céu e suas estrelas.

— Quem era a mulher? — ouviu o kwaeli perguntar.

—Vívia. — respondeu o amigo.

O homem provavelmente esperava uma maior explicação, mas Mer Ellot não responderia pelo amigo, e Sieghart não iria responder a um estranho.

O céu estrelado era de um preto profundo, e por algum maldito motivo, acabou pensando nos olhos dela. “Os olhos dela são castanhos, idiota.” Ainda assim, olhos de um marrom tão escuro que pareciam pretos.


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Notas finais do capítulo

O último parágrafo pode ter ficado meio "meh". Infelizmente não consegui dar um jeito de enfiar o contexto na história até agora, então você(s) vai(ão) ter que esperar os próximos capítulos.

Não é nada extraordinário, então não crie expectativas.

É mais do tipo que você vai ler e pensar "hmm" e continuar a ler normalmente.

E eu até que poderia escrever aqui, mas, olha só... já estamos no final das notas finais do capítulo...

Agora que penso, todo o capítulo ficou meio "meh"...

Até o próximo.



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