Crônicas de Sieghart escrita por xGabrielx


Capítulo 12
Colônia de Gosmas 12 — Fogo


Notas iniciais do capítulo

Com sorte termino "Colônia de Gosmas" no próximo capítulo.
Estou em dúvida se continuo aqui mesmo ou faço outra história separada e junto as duas como série...
O que acha, Sieghart, já que não tenho leitores a quem perguntar?

...

Ah, sim... Sieghart também não existe.
Oh, bem...



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– Como... você sabe meu nome? perguntou o mago.

Naturalmente, posso ler seus pensamentos.

...hah; eu minto. – disse, ao receber os olhares ainda sério dos quatro debaixo da barreira. – Cazeaje. ...Sim... essa é a reação. Ela o convida.

– ...Cazeaje está morta. respondeu.

Cazeaje vive.

Mesmo Mer Ellot não acreditava no que havia dito, mas foram as palavras que lhe vieram à boca.

E sabe que seu talento será desperdiçado entre... eles. – seu capuz movimentou-se, indicando um aceno de cabeça para as pessoas ao lado do jovem.

– O quê ela saberia sobre o meu talento?! Do modo como ela vive se escondendo, dormindo em algum buraco, poderia já apodrecer nele que não faria diferença alguma!

– Ellot...? – perguntou Linea. – A última coisa que ouvira foi o ser encapuzado dizer que mentia, mas o mago ainda parecia conseguir ouvi-lo.

Como se engana. Lady Cazeaje nunca dormiu... E em breve sentirão seu poder. A você foi concedida a possibilidade de estar ao lado e não contra ela.

– ...como assim sentirão seu poder? – precisava ganhar tempo. Ali em baixo, não poderiam fazer nada, mas eles não eram os únicos no local. – É uma ameaça isso? Se eu não for para o seu lado, vai me matar?

– Isso é ridículo! – sussurrou o homem baixo com as mãos apoiadas na lança que Eral segurava. – Flechas pegam fogo na hora!

Laethel também apoiava sua mão na arma:

– Se tem tempo para falar, não tá se concentrando o suficiente.

Mas estava mesmo demorando muito. Bem que aquela maldita salamandra poderia ter colocado seu fogo na lança em vez de logo sumir com a espada que recebeu.

– Mas não custava ter mandado a salamandra ajudar com a lança também. – comentou Laethel.

– Se tem tempo p... – o homem ia retornar as palavras, mas o invólucro vermelho da lança tornou-se em fogo. – Finalmente!

– O espírito já tinha sumido. Queria que eu o chamasse de novo? – Eral deu a desculpa, antes de tomar posição. Levou a perna direita bem para trás da esquerda, agora arqueada, levantou o braço esquerdo à frente, levemente dobrado à sua frente, com os dedos abertos e na altura de sua visão para mirar o alvo. Seu braço direito, dobrado para trás das costas levava a lança em chamas perto de sua cabeça. As línguas do fogo envolviam a mão e roçavam o braço, mas reconheciam seu criador e não o queimavam. Então atirou a lança em direção àquilo com asas no ar.

Em breve, todos aqueles que não estiverem ao lado de Cazeaje perecerão... – Linea novamente conseguia escutar a voz Não digo isso como ameaça, mas como um aviso. Sofrerão, e não há nada que podem fazer contra a maior arquimaga que já viveu.

"Mas que puxa-saquismo." pensou a arqueira. Ia retrucar algo comentando esse aspecto, mas percebeu da esquerda a lança avançando em direção ao inimigo.

O alvo da arma, embora de costas, desviou dela como se a observasse desde o lançamento. Logo em sequência, também da direção da lança, um homem saltou alto o suficiente para alcançar o ser alado. Em sua mão esquerda levantada à altura de sua cabeça levava a espada que preparava para dar o golpe, mas errou o inimigo deslocou-se com uma tremida de suas asas, desviando, e deslizou sua lâmina azul-claro pela barriga do homem, que atravessou a barreira de Mer Ellot de encontro ao chão. Linea foi para seu lado cuidar da ferida.

Venha comigo, mago, e deixarei que o resto viva.

– ...quê? Acabou de dizer que todo mundo vai sofrer e agora diz que vai deixá-los viver?

Exatamente.

A resposta não demorou tanto, mas foi o suficiente para Ellot imaginar se que aquilo no alto, o que quer que fosse, embora competente no combate, atingia um nível bem mais baixo na retórica.

Pouparei suas vidas para que sofram depois.

O mago levantou uma das sobrancelhas Eu não tinha perguntado mais nada.... A clarificação desnecessária confirmava o que concluiu. Talvez não esperassem que se protegesse com uma barreira por tanto tempo e mandaram alguém não tão habilidoso com as palavras.

– Ele não é muito esperto... – sussurrou Dominus para alguém. O mago não estava sozinho em sua opinião.

– Por que eu iria se sei que o resultado vai ser o mesmo?

Levando as mãos para o capuz, a figura negra coçou as costas da cabeça. Ellot ficou estupefato. O quê era aquilo?! Era esse o nível do arauto de Caz... Não... Ele poderia estar apenas usando seu nome. Nada provava que algo que ele dissera era verdade.

O gemido do homem golpeado na barriga alertou sua mente. Do modo como as coisas seguiam, nem todas as pedras no mundo os protegeria. Esperto ou não, aquilo era mais do que capaz de matá-los nada mais importava a não ser escapar. Finalmente tirando o olhar do inimigo, rezou para que não fossem os únicos ainda ali.

Laethel e outro se aproximavam. Laethel, à direita, segurava a espada que pegou de Sieghart. O da direita, Laros, tinha um escudo de madeira e espada. Atrás, Eral carregava o martelo de Trilel com as duas mãos.

Vocês são os últimos, né?

Não esperou pela resposta e voou em direção aos três.

O primeiro foi Laethel: ele levantou o braço direito, protegendo-se da lâmina com as camadas de armadura em seu membro. Ao receber o golpe, moveu a espada na mão esquerda em um corte horizontal. Cortou algo, e viu o corpo do inimigo levando o golpe, mas ao terminar o movimento do braço, não conseguia ver dano algum. Somente quando a lâmina azul-claro foi retirada de seu braço que percebeu a armadura cortada e o braço sangrando. O próximo alvo era Laros.

– Desvia! – gritou Laethel. Se não fosse a armadura, não teria seu braço agora. Um escudo de madeira não faria diferença alguma entre a vida e a morte. – Não defende!

Laros ouviu, e enquanto Laethel ainda gritava, desviou-se da lâmina brilhante rolando para o lado. Sem dar tempo para o ser alado se recompor, Eral atacou com o martelo gigante na horizontal. Dessa vez, a figura negra foi lançada pelo ar para perto da parede de árvores que formava o círculo na clareira.

O triunfo, no entanto, não pareceu ter nenhum significado maior, pois logo o inimigo já tinha tomado o ar como se nada houvesse acontecido.

– Ele tá se cansando! – gritou Laethel. Trilel também estava protegido com sua armadura quando teve o braço cortado. Olhando para a direção de Ellot, chamou – Arqueira, nos ajude também.

Não foi necessário. Os vultos que passou por seu campo de visão estavam borrados graças à velocidade, mas conseguiu discernir o inimigo avançando graças a outra força que não suas asas. Nem tempo para se perguntar sobre a causa precisou. Atrás, vinha Sieghart, também avançado pelo ar, mas diferente do primeiro, ele mantinha equilíbrio do corpo.

O Kriewalt não tinha sua espada, então teve de se contentar com os braços e mãos. Quando finalmente se levantou, nem percebeu Trilel ao lado. O único alvo era o anjo, agora tão perto das árvores onde os dois estavam escondidos. Com um único salto, surgiu das árvores para a clareira, pousou com o pé direito no chão logo ao lado do alvo e golpeou as o inimigo com as costas de sua mão direita, mandando-o em uma trajetória quase paralela ao chão. Para segui-lo, usou o próximo passo para empurrar-se contra o chão, já se preparando para o próximo golpe.

Ao alcançá-lo, ainda no ar, agarrou as asas do inimigo ainda de contas com as mãos e com ambos os pés atrás do capuz, colocou a cabeça entre os pés e o chão e seguiu assim até que a velocidade diminuísse o suficiente e foi lançado mais à frente com o corpo negro parando mais atrás, de cabeça quase enterrada na terra. Caíram perto das gosmas, e o chão da clareira perfeitamente esverdeado pela grama agora tinha um risco de terra. Os seres verdes começaram a se afastar desesperadamente dos dois intrusos.

Sieghart levantou-se com uma adaga que encontrara junto ao corpo de um dos arqueiros, agora com parte do crânio já visível e o resto da carne do corpo exposta. Os tecidos da roupa eram agora inexistentes, tendo subsistido somente as partes feitas de couro e proteções de metal. O arco, feito de madeira comum, fora devorado pelas gosmas junto parte das flechas, que sobreviveram dentro da aljava até onde o líquido corrosivo não alcançou.

Insolente. o inimigo levantou-se, novamente, como se não tivesse recebido golpe algum.

– ...insolente? – perguntou Sieghart – Insolente?! Chama a mim de insolente?! a cada palavra falava mais forte, com mais raiva EU sou o insolente?! – e começou a falar consigo mesmo, agora olhando para baixo e murmurando – Ele diz que eu sou o insolente... ... Insolente... Insolente! Insolente... ... Não sou insolente... Eu só... – finalmente, levantou os olhos para o inimigo de capuz e asas – Eu só vou limpar você.

Seu rosto, antes com as sobrancelhas boca e todos os outros músculos possíveis contraídos de raiva, agora só trazia a emoção nos olhos. Uma névoa roxa começou a surgir à sua volta.

Este não era como os outros, percebeu aquilo debaixo do capuz. Da outra manga que escondia seu braço fez surgir outra lâmina, esta brilhando vermelho.

O que foi aquilo?! – perguntou Mer Ellot. – Desde quando ele é tão forte assim? Por que ele não fez aquilo antes? Hein?

Ele e Laethel carregavam o corpo da mulher desmaiada para dentro da floresta. Linea estava observando Sieghart e o inimigo enquanto Laros e Eral carregavam a outra pessoa inconsciente.

– Merda! – gritou Laethel para si mesmo, entre diversos outros xingamentos e repreensões direcionados a ninguém mais que ele. Tinha acontecido. Ele deixara acontecer de novo.

– Vamos ajudar ele! – exclamou Ellot. Tinham colocado as pessoas machucadas atrás de algumas árvores. Laethel!

Ao olhar para o mago, conseguiu sentir seu cansaço. Além de sua postura pesada, o cabelo azulado se prendia à testa, molhado de suor, e a roupa não fazia diferente com o resto do corpo. Sua respiração já pesada graças ao esforço de carregar alguém parecia dizer que o corpo dele mesmo teria de ser carregado em breve.

– ...Sim... Vamos ajudar.

A arma vermelha atravessou o ar e a névoa roxa a seguiu em seu caminho.

Sieghart, que desviara com um salto para trás, diminuiu a distância entre os dois com um impulso de suas duas pernas. Ambas as mãos seguravam o cabo da adaga, preparando-se para perfurar o inimigo. A lâmina de sua arma queimava em uma cor roxa visivelmente mais sólida que o ar. A princípio, o que envolvia o metal era uma fina película, mas, com o tempo, mais e mais do combustível fluíra do ar em volta depositando-se na arma, para então as chamas escaparem e se dissolverem, reiniciando o ciclo cada vez mais intensamente.

O inimigo negro foi perfurado na barriga. Suas asas levantaram, prestes a bater contra o ar e levá-lo para longe, mas não sem antes balançar à frente o braço direito com a lâmina azul. Sieghart ajoelhou-se, evitando ter seu pescoço cortado e a cabeça separada do corpo.

O buraco feito pela adaga não se fechara. De algum modo a parte perfurada era discernível como um risco ainda mais escuro na figura negra desprovida de qualquer claridade. A ferida não estava coberta, mas também nada fluía de dentro. Era simplesmente um buraco seu interior poderia muito bem estar oco.

O Kriewalt avançou na direção do inimigo, novamente tentando perfurá-lo embora agora somente com o impulso do braço direito. A figura alada balançou seus dois braços esticados em um movimento horizontal de fora para dentro, de modo a levar os membros que seguravam as lâminas à sua frente e cruzá-los, um mais baixo que o outro, golpeando o atacante. A velocidade que resultou de seu impulso fora tal que quando finalmente encostou seu pé no chão, estava prestes a ser cortado pela direita e esquerda.

Em vez de tentar saltar, agachar ou rolar, Sieghart plantou firmemente a outra perna no chão, levou a adaga, levantada para cima, para frente da lâmina vermelha, que vinha mais alto, e agarrou o braço da arma azul. Seus dedos, no entanto, falharam, e a roupa do inimigo escapou de sua mão, conseguindo tocar levemente o lado de sua perna antes que, agora com a mão livre, o jovem desse um pequeno salto e agarrasse a cabeça encapuzada abaixando-a em direção ao chão.

Um golpe desajeitado de suas asas fez com que a trajetória da queda mudasse, mas a cabeça do ser alado novamente encontrou o chão. A adaga, como Sieghart descobriu ao tentar usar, fizera seu trabalho desviando a arma do inimigo, mas estava agora torta; inutilizada. Atirando-a para o lado, socou duas vezes e então agarrou onde estaria o pescoço. Todo seu corpo estava envolvido por uma aura da mesma cor que aquilo que até pouco se depositava na adaga. Assim como a adaga, embora queimando mais lentamente, o volume aumentava mais e mais.

A situação, no entanto, não se prolongou o jovem logo teve que largar o pescoço para desviar de outro golpe, que por pouco não cortou inteiramente seu braço esquerdo.

Dessa fez, fazendo uso das asas o ser encapuzado levantou-se mais alto no ar. Então, um e mais outro salto desviado distanciando-se cada vez mais do chão, e um pouco mais, chegando perto da altura das árvores da floresta. Sieghart agora meramente observava. O sangue escorria pelo corte no braço e era possível notar que quase toda a clareira agora apresentava diferentes tons de púrpura que enfraquecia à medida que se distanciasse do Kriewalt.

Ao olhar em volta, aquilo debaixo do capuz encontrou Mer Ellot fora da clareira, atrás de algumas árvores.

Quando estiver farto dos limites junto a esses outros humanos disse somente para o mago ouvir , Cazeaje o estará esperando.

Então, perdeu seu capuz.

Seu erro esteve em não continuar a observar Sieghart em face de tamanha altura para transpor, o jovem aprendeu em segundos o que muitos outros levam anos para conseguir realizar e fez uso da magia para impulsionar seu salto. De frente para o inimigo desatento, o jovem, que já girava no ar, golpeou com sua mão a cabeça debaixo da roupa com o máximo de força que consegui aplicar.

O tecido que encobria a cabeça estava agarrado na mão do Kriewalt, mas não havia nada sangue, pele, osso; o interior era realmente oco. Em um suspiro, como se sua tampa tivesse sido arrancado e todo ar saído, o volume no interior da roupa esvaziou e o robe começou a cair como qualquer outra peça de roupa faria.

Sieghart, também, voltava ao chão, e o confrontou com seus joelhos e cotovelos. Caído de quatro, ficou alguns segundos na posição antes de começar a se levantar, deixando marcados na grama e terra os riscos afundados no chão que seus braços e pernas fizeram.

À sua volta, via Laethel, mais dois homens e uma arqueira. Os três homens com suas espadas armadas e todos com escudos – estavam prontos para lutar.

Até mesmo Ellot, ao fundo, protegido pela floresta, embora não pudesse descrever seu rosto em detalhes, conseguia saber a satisfação da vitoria, o triunfo na batalha apostando sua vida transbordava em seu corpo tal como a estranha névoa roxa. Tinha vencido, matado o inimigo, e aquele sorriso sanguinário gritava:

“Quero mais!”.


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Notas finais do capítulo

Mas, falando sério, se tiver alguma alma aí que está lendo isso, tenho a impressão de que outras fics têm bem mais comentários (e provavelmente views).

Talvez o tema não pareça muito interessante para as pessoas - da GC mesmo só aparece o Sieghart, afinal. Se for este o caso, bem, azar: não há nada que eu possa fazer.

Ou talvez só leve tempo, mesmo.

Mas talvez tenha algo mais que eu esteja (ou não esteja) fazendo que está espantando potenciais leitores. Você, cara alma, saberia que coisa é essa? Se souber, adoraria que compartilhasse comigo sua sabedoria.



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