Cinco meses depois, a barriga de Elena já estava enorme. Os exames indicaram que seria uma menina. Ela foi aos exames sozinha todas às vezes. Ia á escola, mas chorava toda vez que chegava porque todos riam dela. Agora, ela não iria mais. O médico havia recomendado que ela descansasse. Era perigoso continuar assim. Ela e Stefan estavam juntos, mas ela sabia que ele não gostava do bebê. Ela encontrava Damon muito pouco, só quando ia até a casa de Stefan, e sempre o encontrava com uma mulher diferente. Depois de ir lá umas três vezes, ela parou de ir. Sempre dava desculpas para não aparecer. Era sempre doloroso ver aquilo e também ver a cara de Stefan quando via a barriga enorme de Elena. Uma espécie e ódio e pena. Ela não sabia bem o porquê dela ainda continuar com Stefan, mas quando todos te viram as costas... Você se agarra a qualquer coisa ou pessoa. Mesmo que o amor por ela esteja prejudicado.

Elena agora seguia até o consultório do médico. Sozinha.

__Como você está?—perguntou docemente ele

__Estou melhor doutor, os enjôos e as tonturas estão rareando.

__Mas e você?—insistiu ele

__Eu perdi tudo. Não tenho mais amigo, família, namorado... Estou sozinha.

__Está tomando o antidepressivo direitinho?

__Sim.

Ele suspirou.

__Você precisa se cuidar. Se não quiser fazer isto por você faça por sua filha.

Ela assentiu.

Depois dos exames, foi diagnosticado que o bebê era muito frágil. Se ela não ficasse quietinha e tentasse controlar as emoções dela, ela poderia perdê-lo. Isto doeu muito no coração de Elena.  Saindo de lá, ela ligou para Stefan.  Uma mulher atendeu. Ela nem perguntou quem era e já foi desligando. Ela já estava certa que Stefan estava traindo-a. Ela não podia aceitar. (mesmo que, ironicamente, ela também o tivesse traído)

Pegou o carro e foi até a casa dos Salvatore. Queria tirar esta história a limpo. Chegando lá, ela tocou a campainha e Damon atendeu.

__Elena. –disse ele com certa nostalgia

__Preciso falar com Stefan.

__Ele não está.

Elena não suportava a raiva contida em seu peito. Ela estava perdendo tudo. De repente sentiu um ódio por aquele bebê.

__Entre.

__O que?

__Entre e espere por ele. Não posso deixar você aqui. –Ele então se afastou um pouco da porta abrindo espaço para ela passar.

__Estou acompanhado, então se importa de ficar aqui sozinha?

Ela apenas balançou a cabeça.

Acompanhado... Como uma simples palavra podia doer tanto? Mas ela permaneceu calada. Quando ele saiu, ela olhou para a cozinha. Sem pensar muito correu até lá. Abriu a gaveta e pegou uma tesoura... Pegou uma mecha de cabelo e cortou. E depois mais uma. Até que todo o cabelo estava na altura dos ombros. Olhou uma faca em cima da pia. Fez um corte no pulso e o sangue escorreu. A dor era terrível...

__Sua idiota! O que você fez?!—gritava Damon segurando sua mão. Da onde ele tinha saído? Ele apertava o pulso dela e a levantou no colo. Correu até o carro enquanto gritava com ela coisas que ela não entendia mais.

__Porque você fez isso Elena? –berrava ele pisando no freio.

Chegaram ao hospital e ela logo foi encaminhada para a sala de emergência. Depois de algumas horas, Damon foi chamado para falar com o médico.

__O senhor é o responsável por ela?—disse um senhor idoso

__Parece que sim, não é?

__Bem, esta garota não esta nada bem. Não digo dos pulsos, mas sim da alma. Ela está grávida e não esta tendo o apoio preciso. Ela está frágil e se sente muito só. Precisa de ajuda.

Damon sabia que o velho dizia era verdade. Mas como vencer seu orgulho e ficar com Elena? E onde estava Stefan? Ligou para a casa de Alaric, onde Stefan estava.

__Alaric, pode chamar Stefan para mim? -- Como quem é? É o Damon!

__Stefan!

__Damon? Onde você está?

__No hospital. Elena tentou se matar.

__ O que? Ah, meu Deus! Estou indo para aí já!

Damon foi autorizado a entrar para conversar com Elena. Ele foi chegando de mansinho e quase não reconheceu aquele espectro de gente branca que nem neve e com uma barriga quase maior que ela. Ela não podia encará-lo. Estava esperando o momento em que ele chegaria do seu lado e lhe daria uma imensa bronca quando tudo o que ele fez foi perguntar:

__Já escolheu um nome para ela?

Elena conteve um sorriso.

__Sim. Melinda.

__É um belo nome. –ele permanecia calmo. Todas as feições de seu rosto estavam doces.

Elena acariciou a barriga.

__Me desculpe. Fiz pouco da sua dor. Mas Elena, você precisa saber que não está sozinha!

__Como não estou? Todos me viraram as costas! Até Stefan... TODOS!

__Elena, ninguém nunca saiu do seu lado. Você está doente.

__Não estão não! Bonnie nunca mais me ligou... Tia Judith só fica de namoricos com Alaric, Stefan está me traindo e você... –ela não conseguia completar.

__Pode estar certa sobre mim, mas sobre os outros não! Bonnie está com a avó doente em casa, não pode ficar do seu lado 24 horas por dia, sua tia tenta se aproximar de você, mas não consegue porque você se fecha. Stefan nunca te traiu Elena. Ele gosta muito de você.

Ele parou e olhou para o pulso enfaixado de Elena.

__Você não pode mais fazer isto com você mesma! Elena, por favor! Por mim... –implorou ele.

__Me desculpe... Eu sei que não estou muito bem, mas este bebê mudou radicalmente minha vida! Não quero tirá-lo, mas dói muito. Sabe o que é você levantar e quase morrer de tanta dor que você sente?

__Vai ficar tudo bem agora! Você tem que ficar de cama...

__Damon... Posso pedir uma coisa?

__Sim Elena. O que é?

__Fica comigo mais um pouco aqui?

__Claro que sim.

Ele então beijou a testa dela e ficou lá apenas, sem falar nada.

Algum tempo depois, Stefan chegou e Damon teve que sair.

__Ah Elena! O que você fez?—ele já chegou julgando-a.

__Stefan... Desculpe-me. Eu só pensei me livrar da dor. Não pensei nas outras pessoas... Mas por favor, me responda: Quem era aquela mulher que atendeu seu telefone?

__Não se lembra que eu contei que havia perdido meu celular?

__Ah, então é isso...-disse Elena sem graça.

__Pensou que eu estava te traindo?Ah, meu Deus Elena! Eu te amo. Como posso te trair?

Estas palavras foram como navalha em seu coração.

Ele a beijou.

__Agora descanse, amanhã você terá alta segundo os médicos.

Quando Elena saiu do hospital com os pulsos enfaixados, todos a julgavam, menos Damon. Ele entendia o que se passava na cabeça dela, ele entendia de solidão. Ou pelo menos, de achar que está só.

__Elena! Estou pensando na idéia de contratar uma babá e não é para Margaret!—dizia Tia Judith.

__Tia! Eu já disse que estou bem... Foi apenas uma recaída.

__Sabe que tem médico hoje não é?

__Sim.

__Quer que eu vá com você?

__Não precisa. Damon vai me acompanhar.

__Damon? Damon não é seu namorado!

__Stefan tem aversão a médicos e, além disso, ele está meio estranho...

__Estranho? Eu prefiro a palavra ciúmes.

__Ciúmes pelo que?

Ela revirou os olhos.

__Elena. Todos perceberam sua aproximação com Damon. Até um cego percebe!

__Somos amigos. Só isso!—disse Elena sem graça.

__Mas que amizade colorida não é mesmo!?—ironizou tia Judith.

__Não diga bobagens! Preciso me trocar, Damon vai passar aqui daqui a pouco.

Tia Judith riu enquanto Elena subia as escadas em direção ao seu quarto.

__Ah Elena! Que você seja sábia quando fizer sua escolha. —murmurou Tia Judith sozinha.