# Você não parece muito bem. # Jacob constatou enquanto atravessávamos a fronteira entre Forks e La Push.

# Eu não estava. # Fui sincera, mesmo parecendo algum tipo de cantada.

# Assim eu acredito, Bella. # Disse brincalhão e eu dei risada junto com ele.

Jacob parou o carro no meio da estrada e me convidou para sair. Não conhecia bem aquele lugar e confesso que estava morrendo de curiosidade em saber para onde ele me levaria.

# Só não morre por antecipação! # Brincou novamente e dessa vez eu lhe dei um leve tapa no braço. Jacob me olhou divertido e eu tive que rir. Era tão bom estar com ele...

Comecei a ouvir uma música ao longe e minha curiosidade foi só aumentando ao ponto em que nos aproximávamos. Mas quando chegamos ao local...

# Uma festa, Jake? # Perguntei meio decepcionada.

# Eu sei que parece isso, mas é uma reunião. # Tentou se explicar.

 Mas,  quando definitivamente chegamos ao local tudo indicava ser uma festa. Bebidas em um canto, uma pista de dança improvisada e música muito alta.

# Você não vai me convencer do contrário. # Disse em tom de brincadeira, porém Jacob pareceu não entender já que sua expressão não foi muito boa.

# Quer ir embora? # Perguntou visivelmente contrariado por ter de ir embora. Dei risada e me aproximei-me dele, pegando em suas mãos atraindo sua atenção.

# É lógico que não. # Se tinha uma coisa que eu gostava no Jacob, era o fato dele sempre me olhar nos olhos. E ele fazia isso sempre, sem exceções. # Eu só não garanto que eu vá me sentir bem aqui. # E isso me fazia ser completamente sincera ao seu lado.

# Podemos te apresentar aos meus amigos, dançar um pouco e depois eu te levo em um lugar especial, que tal? # Fiz careta, fingindo estar pensando em sua proposta.

# Pode cortar a segunda parte? # Sugeri.

# O que eu disse em segundo? # Arqueou as sobrancelhas tentando se lembrar e acabou me fazendo dar risada.

# Dançar. # Respondi ainda rindo.

# Talvez só um pouquinho? # Pediu. Na verdade quase implorou, mas fiz que não com a cabeça e dei de ombros. # Tá certo, desisto. #

# Obrigada. # Agradeci do fundo do meu coração mesmo. Jacob não fazia idéia de como eu dançava mal e eu não queria mostrar isso a ele.

Confesso que não foi tão ruim assim passar a noite naquela festa. Jacob acabou me surpreendendo com todos aqueles seus amigos (que pareciam ser de outro planeta tamanha beleza) e o modo como eles se divertiam com tanta facilidade. Tudo aquilo me fez ficar encantada e a noite passou mais depressa do que eu poderia imaginar.

E a melhor parte é que eu não precisei dançar. O pessoal aqui da reserva se mostrou muito gentil e entendeu a minha lastimável situação. Quer dizer, eles nunca tinham me visto dançando, mas era de se imaginar diante da minha capacidade de derrubar a mesa de bebida duas vezes em uma noite só.

# Os garotos gostaram de você. # Entramos em seu Rabbit e fiquei feliz pela sua afirmação.

# Também gostei deles. # Jacob sorriu e começou a dirigir em direção a Forks, mais precisamente para a minha casa. # E o lugar especial? # Perguntei tentando esconder minha curiosidade. Ele riu.

# Vou usá-lo para fazer você sair comigo outra vez. # Desviei nossos olhares, encarei a rua lá fora e temia o que exatamente estava acontecendo. Minhas bochechas estavam queimando.

# Jacob eu preciso te falar uma coisa. # Eu precisava contar para ele sobre Edward. Só agora tinha notado que não havia contado para o Jacob sobre meu namoro! E de maneira alguma queria que Jake criasse expectativas em relação a nós dois.

# Você não precisa me contar nada Bella. # Contornou meu pescoço com seu braço. # Apenas amigos. #

Eu podia jurar que Jacob queria muito mais que isso, porém, não podia negar o quanto aquela última frase tinha me deixado aliviada. Sorri e abracei-o, apertando forte contra meu corpo.

# Você não faz idéia de como está sendo importante. # Comentei assim que Jake parou o carro.

# Fico feliz Bella, mas eu acho que seu pai está na porta e nada feliz. # Apontou para a direção onde Charlie estava e constatei que realmente ele não estava nem um pouco alegre com meu atraso de duas horas.

# Tenho que ir. # Beijei seu rosto e sai do carro correndo na direção onde Charlie estava de braços cruzados. # Me desculpa? # Perguntei ao mesmo tempo em que entrava em casa e trancava a porta da frente.

# Não estou bravo com você. # Respondeu meio desinteressado. Aposto que era só fingimento. # Só tenho medo que algo lhe aconteça. # Sorri ao ver sua preocupação. Pousei minhas mãos sobre seu ombro e beijei seu rosto em forma de agradecimento.

# Vou ficar bem, Charlie. # Eu esperava que assim fosse. Uma lágrima escorreu sem querer pelo meu rosto e não consegui esconder a tempo.

# Quer conversar? # Indagou completamente envergonhado.

Dava pra ver que ele era um peixe completamente fora do aquário. Charlie e eu nunca fomos muito próximos, então ele realmente não sabia como era ser pai. Ainda mais com uma bomba dessas em mãos.

# Vai ficar tudo bem. # Sussurrei mais para mim do que para ele.

# Vai sim. # Tentei sorrir para ele, mas foi quase que impossível. Dei tchau acenando com as mãos e me retirei para o meu quarto. Assim que entrei no quarto me joguei na cama e sabia que ia demorar muito até sair de lá novamente.

...

# Bella? # Charlie bateu na porta me fazendo revirar e bagunçar todo meu lençol. Não respondi. # Bella?! Não vai sair daí de dentro? # Resolvi fingir que ainda estava dormindo. Apertei mais ainda o lençol contra mim e esperei Charlie ir embora.

...

Abri a porta do quarto e espiei para os dois lados. Esperei alguns minutos e não escutei nenhum som. Fechei a porta atrás de mim e desci as escadas em direção a cozinha. Revirei algumas gavetas em busca de um pano em boas condições. Peguei o primeiro assim que vi.

Fiz o caminho de volta para sala, olhei na agenda e me certifiquei de que Charlie voltaria só mais tarde hoje.

Peguei o pano novamente e coloquei por cima do meu rosto, tampando minha visão. Amarrei-o em volta da minha cabeça tomando cuidado para não apertar muito e não segurar meu cabelo. Quando minha visão ficou totalmente bloqueada soltei o nó e comecei a andar tateando canto por canto.

Derrubei algumas coisas no começo, normal já que era meu primeiro teste aqui em Forks. Ninguém sabia que eu fazia isso, apenas Carlisle, que dizia para eu fazer o contrário, não aceitar o fato de que logo logo estaria cega. Mas era impossível mentir para mim mesma.

O telefone tocou e eu andei a passos pequenos até ele, batendo várias vezes meus dedos do pé em móveis como os sofás. Atendi e escutei a voz de Edward do outro lado do aparelho. Meus olhos marejaram ao lembrar o quanto eu sentia sua falta.

# Você não me parece bem... # Disse depois de algumas palavras trocadas. Por mais que Edward aparentasse ser ausente, ele me entendia como ninguém. Sabia exatamente, só com algum olhar ou algumas palavras, como eu estava.

# É difícil sem você. # Confessei segurando as lágrimas.

Logo a imagem de Jacob apareceu em minha mente. Como eu tinha me divertido na noite passada e sequer pensado em Edward. Afastei os pensamentos e voltei a me concentrar na conversa no telefone. Todos esses pensamentos eram ridículos e dignos de uma boboca.

# Estou pretendendo passar uma semana aí com você, mas só se você prometer que vai ficar feliz enquanto eu estiver longe! # Abri um sorriso e tive que me conter para não dar gritinhos. Não via a hora de poder abraçá-lo e me apertar contra seu corpo.

# Eu prometo. #

# Bom, liguei só para saber como você estava. Tenho uma cirurgia para observar agora. # Eu sabia que a conversa seria pequena, mas ao menos valeu à pena.

# Tá... # Senti que ele já ia desligar o telefone. # Ei. Espera. Obrigada, ok? Por estar comigo. #

# Obrigado você. # E desligou.

Coloquei o telefone novamente no gancho e decidi voltar para meu quarto ainda às escuras. Tateei o sofá primeiro, depois o móvel da televisão. Ouvi algum barulho estranho, mas continuei caminhando onde eu julgava estar a escada.

# Bells?! # Bati de frente com alguma coisa e tirei rapidamente o pano do meu rosto. Jacob estava parado a minha frente, me encarando como se eu fosse alguma louca. # Me diga que isso é uma brincadeira típica da sua região. # Dei risada da sua brincadeira e fui tentar falar, mas acabei gaguejando. # Não sabia que eu viria? #

# Não. #

# Seu pai me chamou pra tirar você do quarto. # Ele deu de ombros e aquela história me pareceu bem real. Era bem típico de Charlie pedir ajuda a outro. # Mas acho que você saiu antes. # Disse fingindo espanto me fazendo rir outra vez.

# Mas o que você estava mesmo fazendo com isso? # Apontou para o pano novamente.

# Nada não. # E joguei-o de volta na gaveta da cozinha. Foi por pouco!