Fiamma escrita por Akahana


Capítulo 7
Três - Dois mais um


Notas iniciais do capítulo

capítulozinho meio bobo, em todo o caso...



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  A noite era de Lua cheia. A Lua estava bem brilhante, quase comparada ao Sol vista do telhado da casa. E como já passam das três da madrugada vocês deve estar se perguntando quem diabos estão acordados há essa hora. Bom, nossa querida chefinha estava. Mais precisamente esperando uma Guardiã, pois ela sabia que a garota só chegaria de noite.

  Mesmo que até agora a mais velha não tenha dado sinal de vida, Kamiori não iria conseguir pregar o olho até que a outra aparecesse. Estava extremamente frio ao contrário do clima há algumas horas atrás, e, concentrada completamente em observar o breu, não percebeu alguém sentar ao seu lado.

  - Insônia? – Perguntou uma voz masculina. A maior assustou-se por um momento até perceber quem era o dono da voz suave e um tanto preocupada.

  - Não. Estou só esperando a Kyun. – Disse ela com a voz um tanto tremida pelo frio.

  Então os dois calaram-se por um tempo apenas aproveitando a brisa da noite. Victor parecia, assim como a garota, não sentir o frio que congelaria qualquer outra pessoa. Ajeitou a franja que caía sobre seus olhos amarelados e olhou para o lado somente para confirmar suas suspeitas de que o cansaço vencera Kamiori. Pensou então em ficar ali, velando o sono da chefa, mas achou melhor ir para o seu quarto, pois uma grande pantera agora olhava com raiva para este e, com certeza, brigar àquela hora da noite não era opção. Assim que o rapaz foi embora, uma garota de fios negros se aproximou, algumas mechas prateadas de seus cabelos estavam violentamente manchadas de sangue. Nada fora do comum. Ou, pelo menos, não para elas. Talvez, de todos os seus Guardiões, a que mais manteve contato seria Kyura. Ou Kyun, como gostava de chamar a mais velha.  

  Não sabia por que, mas até hoje, sempre a achara um exemplo. Isso não era normal e Kamiori parecia estar ciente disso. Entretanto, normal não era uma palavra adequada para aquela Famiglia. Porque, afinal, eles passaram três gerações sem um chefe. E sobreviveram. Mas, há essa altura, nada mais parecia impressionar a Boss da Fiamma. Ou pelo menos até a chegada da manhã, quando um de seus Guardiões chegou carregando outro rapaz a tiracolo. Em todo caso, Kamiori foi gentil em simplesmente perguntar ao garoto de cabelos castanho-claros:

  - Ciaossu, Bran-chan. Ciaossu,... – Bem, isso não seria classificado como uma pergunta normalmente, mas acho que eu já falei sobre o “normal” deles, não? E embora a pergunta não tenha sido com um tom raivoso ou qualquer coisa assim, o clima pesava um pouco, pois havia três garotas prontas para desmembrar os dois indivíduos recém-chegados. E provavelmente fariam isso se o tal estranho não tivesse se apresentado formalmente à Kamiori.

  - Jakes Val’Martine, Kamiori-sama.

  - Sem o “-sama”, onegai. Bom, se você é amigo de Bran-chan, considere-se meu amigo também. Bem vindo a Fiamma, Jakes-kun. – Disse a chefe sem desfazer o sorriso do rosto. Parecia que Victor se sentira inclinado a perguntar “por que diabos ela aceitou esse cara sem nem conhecê-lo?”, mas, tal qual a inclinação para perguntar, havia a inclinação para calar-se e simplesmente ficar de olho no novo integrante. Como todo bom Guardião da Névoa ele preferiu não armar um barraco daqueles e ficar com a segunda opção.

  Além do que, a casa estava ficando cheia e isso não era de todo ruim (há não ser pelo barulho, mas suas paredes eram à prova de som, então...). Seu sorriso cínico de sempre se abriu mais do que o habitual e ele se retirou calmamente.

  Já sua irmã não parava quieta, querendo saber tudo sobre Jakes. E se o irmão não tivesse arrastado a mesma pelo colarinho, ela ainda estaria observando cada detalhe do rapaz. Assim que o irmão, satisfeito por tê-la tirado de lá, se trancou no quarto, ela desatou a descer as escadas para fazer perguntas. E parece que seu desejo já estava concedido. O único olhar que a chefe lhe lançara demonstrou que ela agora poderia tagarelar o quanto quisesse desde que não mandasse nosso visitante permanente embora. E ela (assim como todos) não sabiam como Kamiori conseguia falar tudo sem dizer uma palavra. Dom tão incompreensível quanto a Hiper Intuição Vongola. Não que isso interessasse mais do que descobrir tudo sobre o loiro apenas para poder fofoquiar depois. Afinal de contas, era uma das únicas coisas a se fazer por hora.

  Kamiori sentara-se ao lado de Bran com o intuito inicial de perguntá-lo sobre a viagem e coisas assim. Mas preferiu saber de onde ele arranjara alguém com quem parecia tão à vontade, tendo em vista a timidez constante do guardião.

  - Cemitérios? – Kamiori perguntou para o moreno.

  Os olhos acinzentados se contraíram um pouco confusos, até chegar à linha de pensamento de Kami.

  - Provavelmente sim, Kami-chan. – Disse ele tentando se lembrar de alguma coisa que Kamiori achou melhor perguntar outra hora.

  - Quer descansar ou algo assim, Bran-chan? – Questionou ele e depois repetiu a pergunta à Jakes, que já estava um pouco envergonhado com tudo aquilo. Os dois assentiram e então Kamiori tratou de levá-los ao quarto de Bran, pois a chegada de Jakes não era esperada. Kamiori teve certeza de que os dois, afinal, não se incomodavam nem um pouco em dividir o quarto.

  Depois de levar Yorokobi e Danielle aos seus respectivos quartos, ela puxou Kyura para fora da casa e se encostou com ela na parede externa, assim, não teria ninguém para interromper-lhes.

  - Kyun? – Perguntou a mais nova.

  - O que? – A outra perguntou suspirando levemente. Como se já soubesse a pergunta que lhe seria feita.

  - O que você acha?

  - Eu acho que tem caroço nesse fubá. Exatamente como você acha. Mas só o tempo nos dirá o resto. – A de cabelos negros respondeu mexendo em uma das mechas prateadas de seu longo cabelo.

  - Não vi maldade em Jakes e Bran parecia feliz. – A outra comentou. A preocupação lhe deixando aos poucos quando a outra começou a desferir golpes. Kyura sempre soube distrair Kamiori. E sempre soube que lutar com ela era uma das coisas mais divertidas do mundo. Kamiori refletiu que um pouco de diversão viria bem antes do que sabia que teriam que enfrentar.


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