Fiamma escrita por Akahana


Capítulo 14
Especial P.2 - Passado da Chama Sem-Aroma




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  -Quando eles chegam? Hein? Onde eles estão? O QUE DIABOS ELES AINDA ESTÃO FAZENDO NAQUELE CAMPO DE BATALHA? – Eu estava aflita. Porque, verdade seja dita, eles tinham partido para uma negociação com o inimigo há uma semana e nem Giotto nem Cozart haviam voltado ainda. Eu estava realmente preocupada com o que aqueles imbecis inconseqüentes e impulsivos estavam fazendo ou como eles estavam. Obviamente eles estavam com toda a Simon (que não é muita gente, mas são bem fortes), com um destacamento inteiro da Vongola mais os Guardiões de Giotto e também meus Guardiões, todos disfarçados, é claro. Eu e Giotto ainda somos, oficialmente, inimigos.

  Eu nunca fui muito de ações diplomáticas, mesmo, e não estava nem um pouco a fim de contar para o mundo a minha relação com Giotto e tudo o mais. Era melhor que continuássemos do jeito que estávamos.

  Sabe, eu até gostaria de ter ido com eles, me disfarçar não seria problema algum. Mas simplesmente não me deixaram partir com os dois. Eles mesmos não me deixaram ir consigo. Eu estava simplesmente proibida de deixar àquele quarto, visto que eu não estava com um estado de saúde tão bom assim. Nada muito grave, apenas uma algumas escoriações, luxações, hematomas, cortes, cicatrizes queimaduras e outros tipos de ferimentos. Mas meu sistema imunológico estava realmente baixo. Eu disse para eles que não iria lutar lá, mas eles disseram que não. Que estar envolvida já é suficiente para me deixar pior.

  Foi nessa hora, quando eu já estava quase chorando histericamente e xingando Deus e o mundo          que um certo ruivo entrou no quarto. Cozart entrou com a cabeça baixa e coberto de sangue. Ele estava mancando bastante, mas quando finalmente levantou a cabeça, sorriu. Aquele sorriso conseguiu quase me acalmar. Quase. Não conseguiu, no entanto, aplacar a minha vontade de ver a coisa loira.

  Assim que Cozart saiu de meu quarto, Giotto entrou. Segurando o braço esquerdo, assim como Cozart, o direito. Ele veio até a cama mancando pouco menos do que o outro. Sentou-se na beirada do móvel e falou com uma voz dolorida, mas ainda assim irresistivelmente suave:

  - Tadaima. – O bastardo ainda teve a audácia de dizer isso com um sorriso afetadamente alegre no rosto. Então eu me aproximei e dei-lhe um soco. Um soco no qual empreguei toda a minha força restante. Ele caiu para fora da cama e me olhou como se não estivesse entendendo porcaria nenhuma.

  - VOCÊ SOME. NÃO ME DEIXA IR COM VOCÊ E LEVA O COZART JUNTO SEM DAR EXPLICAÇÕES SE ERA OU NÃO PERIGOSO! ÓBVIO QUE EU SABIA QUE ERA PERIGOSO. VOCÊ ACHA QUE EU SOU BURRA? EU VI ISSO NA SUA CARA! PODIA TER PELO DITO QUE TUDO IA FICAR BEM, MAS NEM ISSO VOCÊ CONSEGUIU FAZER, NÃO É, SEU BASTARDO FILHO DA MÃE! – Eu acho que Cozart ouviu esse ‘pequeno’ discurso, porque eu tenho quase certeza de que ouvi uma risada abafada do lado de fora do quarto. Talvez ele até tenha gravado. Mas, isso não importa, porque a cara de Giotto após ouvir tudo isso realmente não tem preço. – Cretino! Se você me deixar preocupada assim outra vez eu te castro, me ouviu? – Eu sentia que já estava quase chorando. Meus olhos estavam marejados e uma lágrima se formava no canto do olho esquerdo. – Aliás, Okaeri, coisa loira! – Me joguei em cima dele, que ainda me olhava estupefato do chão e o beijei. Depois de uma semana de abstinência dos lábios do loiro, eu finalmente consegui tomar de volta aquela doçura de sua boca rosada. Agora esse gosto estava misturado ao férreo sabor de sangue. Não que isso fosse ruim, pelo contrário, eu estava tão emocionada por ele ter voltado parcialmente inteiro que nem me preocupei com o fato.

  Ele entrelaçou seus braços em minha cintura e me puxou para mais perto dele. Mordi o lábio inferior dele com tanta força que quase começou a sangrar. Assim nos separamos. Eu já disse que odeio a necessidade que temos pelo oxigênio? Pois estou declarando guerra a isso agora mesmo.

  Levantei-me pouco depois disso, e, refeita do choro da noite inteira, puxei-o pela mão e taquei-o no banheiro, embaixo de uma ducha quente. Depois, abri a porta e encontrei Cozart adormecido. Acordei ele sem hesitar e joguei-o junto com Giotto. Mas eles estavam cansados demais para sequer tirar as roupas. Assim, como se fossem bêbados, tive que ajudá-los a tomar banho e se vestir. De doente à enfermeira em poucos segundos. Sinceramente, eu prefiro ser enfermeira de dois homens lindos e sarados a ficar um dia inteiro na cama. E você concorda comigo, não minta.

  Depois de ter largado-os na cama e tomado eu um banho, fui tratar de comer alguma coisa. Obviamente, eu tinha que pegar comida pra eles também. Desci as escadas, então, e dirigi-me à cozinha. Sozinha, porque eles dormiram abraçados na minha cama sem nem se dar conta do que estava acontecendo.

  Eu podia estar emburrada por ter que fazer tudo para aqueles pseudo-bêbados feridos, mas eu estava realmente aliviada por vê-los novamente. E inteiros. Qual era mesmo a Famiglia que eles haviam lutado contra? Anh... Alguma coisa com ‘Gra’... Deixa pra lá...

  Eu demorei uns dez minutos para arrumar tudo numa bandeja e começar a subir lentamente as escadas. Acho um saco preparar esse tipo de coisa, então não queria estragar por um simples (e idiota) descuido.

  Foi um alívio quando finalmente consegui chegar ao topo da escadaria. Ela nunca pareceu tão grande para mim.

  No quarto, a cena já mudara. Em vez de estarem dormindo abraçados, ressonando angelicalmente, estavam sentados na cama, um de frente para o outro, jogando canastra. 

  Ah, só para constar, Cozart estava vencendo.

  Eles me perceberam quase que no momento em que abri a porta, e vieram me ajudar a carregar a bandeja de prata e depositá-la em cima da cama.

  Comemos em silêncio, pela primeira vez na vida. Cozart de mãos dadas comigo e eu de mãos dadas com Giotto. Ao ter os dois ali, tão perto de mim, vivos e bem, me senti em paz. Como nunca imaginei que iria me sentir uma hora atrás, quando estava arrancando os cabelos de raiva/ansiedade.

  Cozart pareceu se lembrar de algo, porque engoliu rapidamente o pedaço de pão que estava mastigando e me fez uma pergunta enquanto olhava para mim sugestivamente.

  - É mesmo, Ayumi, você está agindo muito estranha ultimamente. Mais temperamental que o normal. – Oh, oh. Quando ele me chamava de Ayumi, alguma coisa ele estava tramando. Eu demorei alguns segundos com cara confusa antes de perceber o plano maligno do ruivo.

  - Que isso, Cozart. Você sabe que eu estou grávida. – Falei naturalmente e Giotto acabou cuspindo toda a comida em sua boca na cama. – Você vai limpar isso depois. – Falei, ainda olhando para a xícara enquanto bebericava um pouco de chocolate quente.

  - G-g-g-gr-grá-v-v-v-... – Dei um tapa em suas costas. – Grávida? Como assim? S-s-sério isso? Mio Dio, m-ma... Come fare per... Voi... Warai teishi, Cozart! – Sempre que estava nervoso, ansioso ou muito irritado, ele falava essa mistura de japonês e italiano. Nessa ocasião, ele estava tão confuso e desnorteado que parecia catatonizado. Foi realmente engraçado. E eu comecei a rir.

  - Acalme-se, a filha é sua, okay? – Cozart falou e começou a dar tapinhas nas costas de um Giotto que começava a chorar de confusão. Coitado, eu até posso entendê-lo um pouco.

  -Desde quando? – Giotto perguntou com cara de cachorro que caiu do caminhão em dia de chuva com a rua alagada.

  - O quê? – Perguntei à ele. –Que Cozart sabe ou que eu estou esperando uma filha sua?

  - Os dois. – Respondeu em tom de voz não muito diferente de sua pergunta anterior.

  - Eu estou com uma semana e metade de um dia e Cozart sabe desde o momento que eu soube, há dois dias atrás, quando eu encontrei com ele no jardim. Você deve ter tirado os olhos do ruivinho, coisa loira, daí ele veio, soube e foi embora. Simples, não é?

  - H-h-hai. – Gioto assentiu, ainda nervoso. Eu sabia que se não fosse eu estar tão calma, o que para ele deve ser assustador de tão estranho, ele já teria dado um chilique.

  - Bem... – Disse Cozart, terminando de comer e se levantando da cama. – Devem ser, mais ou menos, cinco da manhã e daqui a uns quinze minutos vai amanhecer. Quem quer ver a aurora na colina?

  - Eu topo. – Disse e me levantei, ignorando completamente o estado ainda nervoso da coisa loira. No final ele acabou vindo junto.

  Demoramos cinco minutos exatos para chegar até o topo da colina. Quando chegamos lá, o Sol ainda não tinha começado a subir, por isso, ficamos conversando no escuro por alguns minutos. Giotto deitou a cabeça no meu colo e ficou assim até o Sol aparecer.

  Ele me deu um rápido selinho e depois beijou minha barriga, até, enfim, cair no sono, com um sorriso no rosto. Logo eu e Cozart dormimos também, eu recostada em seu ombro e ele encostado em uma árvore, e a coisa loira, óbvio, ainda no meu colo. Foi uma noite estranah, admito. Mas não foi de todo ruim. Porque pela manhã, eu estava com meus dois anjos perto de mim e uma flor pequenina, aquela pequena voz de sempre, a me chamar de ‘Okaa-chama’. Eu finalmente entendi porquê.


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Notas finais do capítulo

O cap. veio rápido porque ele já estava quase pronto, não esperem isso sempre, minha preguiça manda em mim u,u /apanha
Enfim, espero que goste, porque eu acho esse capítulo muitofofo e me agradou muito escrevê-lo



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