Fiamma escrita por Akahana


Capítulo 13
Especial P.1 - Passado da Chama Sem-Cor




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/124538/chapter/13

Okaa-chama*!” A voz era suave e gentil. Infantil, mas, ao mesmo tempo, tinha um quê da veludez, até mesmo da rouquidão dele. Uma voz meio minha meio dele. Uma voz de uma garotinha, com cinco anos no máximo. Era constante e inoportuna, sempre vinha nas piores horas e falava assim, com aquela vozinha ‘inocente’ coisas que nada tinham haver com assunto nenhum. Aquela criançinha ainda tinha a audácia de me chamar de mãe. Mãe. Qual é, precisava ser ‘mãe’? Não podia ser, sei lá, ‘titia’? Ou ‘Onee-san’? E o fato dela ter a voz parecida com a do Vongola me dava nos nervos. Acredite, você não quer ser acordada às quatro da manhã por uma voz meio sua meio de alguém-que-você-não-quer-ver-nem-pintado-de-ouro pra falar algo tipo “Eu gosto de tartarugas, sabia, Okaa-chama?”. Eu juro que se eu pudesse ver essa criança naquela hora eu teria estrangulado a infeliz.

Enfim, vocês devem entender a minha situação, não é? Sendo chefe de uma Famiglia Mafiosa, com a voz de uma criança sádica em sua cabeça nas horas mais inoportunas e um inimigo morando na mesma casa que você. Porque, ah sim, o Vongola está morando a um quarto de distância do meu. E você não sabe como aquele ser pode ser sádico, irritante e idiota quando quer. O grande e nobilíssimo chefe do Grupo de Vigilantes/Famiglia mais famoso e altruísta da Itália é um tremendo cafajeste e canalha com as mulheres. Ele se faz de galante e cavalheiro só para deixá-las depois e isso me irrita profundamente. Talvez ele faça questão de fazer isso na minha frente só para me irritar. Talvez fizesse por diversão, mas não sei como alguém pode se divertir fazendo isso.

Acho que vou ver o babo¹. Ele deve estar se sentindo sozinho. Afinal, está frio e choveu mais cedo. Sabe, não deve ser interessante ficar dentro de uma cova por eras e eras se decompondo. Deve ser chato. De qualquer forma, pus meu roupão e saí furtivamente do quarto.

Pé ante pé, tentando não acordar nenhum dos criados e nem os dois hóspedes. Principalmente Cozart, que tem o sono realmente leve. E ele era legal e gentil comigo, não que nem seu amigo loiro. Desci as escadas silenciosamente, abraçada à Ichimo-chan. Que foi? Uma adulta não pode ter uns doze bichinhos de pelúcia mais? Bom, assim que consegui abrir a pesada porta dos fundos da mansão sem acordar uma única alma viva, saí à rua e senti não só uma leve brisa, mas um vento gelado que me fez querer voltar para a minha cama quentinha lá em cima. Estando tapada até o pescoço, com três cobertores e as janelas fechadas, não senti o frio que estava fazendo lá fora.

Alisei com as mãos a pedra fria do túmulo do pai, tirando a poeira e sujeira dos escritos do epitáfio de papai. Fechei os olhos para sentir as palavras gentilmente esculpidas na pedra, alguns desenhos envolta das duas curtas frases, eu mesma tinha esculpido. A maioria eram corações e estrelinhas. Dêem um desconto, eu só tinha cinco anos.

“Um querido amigo, marido fiel e pai gentil.

Guilhermo Rafael Fiamma”

Um vento mais forte bateu em minhas costas e uma voz irritantemente quente e confortável falou comigo.

- Vittoria Ayumi Fiamma. O que leva uma doce e gentil dama italiana a vir para a rua à essa hora da noite? – Sarcasmo imbecil. Rouquidão idiota. A voz dele definitivamente foi feita para seduzir pessoas, sendo homens ou mulheres. E você não sabe como isso me deixa com raiva.

- Isso não interessa a você, Vongola. – Permaneci impassível e tentei manter a calma. Ainda não tinha sequer aberto os olhos para olhá-lo.

- Veio visitar seu pai, não é? – A voz dele era gentil dessa vez, mas tinha uma coisa diferente no jeito que ele falava. Uma coisa mais arrastada, como se ele sentisse dor ao falar. Isso foi o bastante para eu virar a cabeça e fitá-lo.

Não, ele não havia saído da cama por insônia ou algo assim. Ele estava lá fora, lutando provavelmente, visto que suas roupas estavam cobertas em sangue. Usava seu terno. Calça, sapatos e colete pretos. Os adereços de sempre no colete e uma blusa social laranja com linhas pretas por baixo do mesmo. Além de tudo usava a sua amada capa negra, indicando que tinha tentado negociar com alguém ou que foi para o combate pronto para morrer. No entanto, havia apenas um único ferimento de chama em seu tórax, nada muito grave, mas parecia que a batalha havia sido mental também.

O loiro mal se agüentava em pé. Estava cansado, com dor e inevitavelmente com sono. Ele dormia muito, por isso eu não me surpreenderia se ele caísse na minha frente naquele exato momento, ressonando com um gatinho indefeso. Eu estava agachada até agora, por isso, tive que levantar a cabeça para fitar-lhe os olhos. Aqueles olhos alaranjados. Cristalinos e brilhantes, agora, sonolentos.

Um novo vento frio passou por nós dois. Estremeci. Meu pijama era fino demais para reter o calor que eu precisava para não tremer. Senti, logo depois disso, um tecido grosso por cima de meus ombros, fazendo, instantaneamente, com que eu parasse de sentir os arrepios de frio. A capa de Giotto. O falso cavalheirismo do Vongola era invejável. Porém, naquela hora, realmente veio a calhar.

Ele se agachou ao meu lado e passou um braço pelos meus ombros. Ele devia esperar que eu estapeasse seu braço para longe, mas eu não estava com energia suficiente para fazê-lo. Encostou a cabeça no meu ombro e dormiu em menos de três segundos, largando o corpo no chão, usando-me como suporte e me obrigando a sentar no chão molhado também. O braço dele caiu de minhas costas e eu pus seu braço sobre o colo do mesmo.

Aí me veio a questão, levá-lo para sua cama ou deixá-lo ali, sob o perigo de chover e ele pegar uma pneumonia e morrer. A segunda opção me pareceu adorável por um momento, mas assim como esse pensamento, o rosto dele estava tão adorável e vulnerável como o de uma criança. Eu não era tão malvada a ponto de deixá-lo ali, mesmo que, oficialmente, ele fosse meu inimigo.

Mio Dio, como ele era pesado! Ele não estava em condições para me ajudar a carregá-lo. Ele tem um sono extremamente pesado. Para distribuir o peso, então fui obrigada a carregá-lo como uma princesa. Não que isso não fosse legal pra mim, afinal, qualquer situação humilhante envolvendo o Giotto como vítima era extremamente gratificante e engraçada pra mim. Por isso, seu peso não importava muito, mesmo que o esforço para levantá-lo fosse muito maior do que eu estava disposta a usar naquele momento. A capa dele não caía enquanto eu andava até a porta dos fundos da mansão.

Quando, enfim, larguei o corpo inconsciente de Giotto no chão para poder abrir a porta, não me lembrei de não fazer barulho. Em dois segundos (menos até), Cozart chegou à porta, com um bom humor e simpatia surpreendentes, e passou as mãos no cabelo ruivo quando viu o estado do loiro. Parecia um pouco envergonhado, até mesmo conformado com a provável luta e a súbita sonolência do amigo. Quando ele chegou mais perto, fazendo menção de levá-lo no colo e me poupar de seu peso, fiz sinal para ele pegar a câmera e tirar uma foto para posteridade. Ele pareceu concordar com a minha idéia porque rapidamente pegou a máquina e tirou a bendita foto. O ruivo tinha uma velocidade sobre-humana. Algum dia eu peço para ele me ensinar isso.

Depois da fotografia, larguei o Vongola no chão e Cozart se aproximou de nós dois. Ele acariciou meus cabelos negros e enrolou uma mecha no dedo. Quando largou os meus fios, abaixou-se para pegar seu amigo no colo. Passei o braço direito pelos seus ombros e subimos a escada meio abraçados.

- Ele falou algo sobre onde estava? – Cozart perguntou a mim, já na metade da escada circular.

- Não. Você queria o que? Que ele falasse isso para mim? – Eu quase ri. Afinal, quando, no mundo, Giotto contaria algo para mim e não para ele? Ele, o melhor amigo daquela coisa loira?

- Ele parece gostar de falar com você, mesmo que seja uma discussão ou luta.

- Vou fingir que acredito em você. – Dessa vez eu realmente ri, embora não muito alto, pois já tínhamos chegado ao fim da escada e eu não queria acordar mais pessoas.

Acabamos por colocar a “Bela Adormecida” na cama e fomos para meu quarto, porque já era quase de manhã e eu não estava com nem um pingo de sono. Ficamos, então, jogando paciência durante o resto de madrugada e conversando baixinho para não acordar os outros, mesmo que, além do quarto de Giotto e o do próprio Cozart, os quartos mais próximos ficavam do outro lado da enorme mansão Fiamma.

Vimos, entre nossas silenciosas risadas e assuntos, todas as fases do alvorecer. Ele me fez uma confissão aquele dia. Não, não foi uma declaração de amor. Apenas um segredo. Muito importante para ele, mesmo que o que ele me contou não fizesse muita diferença para mim, afinal, minha posição sobre ele como sendo meu amigo não mudaria por nada desse mundo. Cozart Simon não é uma pessoa que eu quero perder.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Essa é a primeira parte de um especial do passado deles, são várias partes do Passado da Prima Fiamma *---*É tudo na visão e narrativa dela dos acontecimentos, vai passar por vários momentos marcantes e vocês vão descobrir coisas importantes para a história aqui ^^MWAHAHAHHAHAHA, eu provavelmente vou deixar vocês meio confusos u,u E, desculpem o final desse cap., mas é que essa parte tem que ser resumida assim, e depois eu, na história, vou exlicando e tals. ^^Não, enquanto eu faço o especial, não vão ter caps. De apresentação dos Guardiões /fogedaspedradas,tirosetudoqueestãojogandonela,sóquecainumbarrancoemorreKami-chan Não vai morrer, não senhora. Se você morrer eles não võ saber o final do especial *ressuscita a autora*Arigatou ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fiamma" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.