Kamiori acordou já no clima frio da Rússia. Estava num carro qualquer deitada no banco de trás. Xanxus dirigia e pareceu nem notar quando a garota acordou. A de cabelos verdes se sentou no banco e olhou um pouco para a janela escura do automóvel.

  A paisagem era extremamente bonita, assim, toda coberta pelo branco da neve. Passou pelo meio dos bancos da frente e se sentou no lugar do carona, se encolhendo um pouco do frio inevitável do lugar.

  - Bom dia. – Disse ela, sorrindo para o homem ao lado. Em resposta, Xanxus grunhiu um ‘Bom Dia’ mal humorado para ela. Jogou-lhe um casaco qualquer que estava numa mala no banco de trás. – A casa dos gêmeos é por aqui, pelo que eu me lembre. Eles devem estar muito ansiosos. – E riu um pouquinho, avistando rapidamente o carvalho negro que marcava o início da rua onde moravam os Sayure.

  Chegaram na casa dos dois rapidamente. Algo que Xanxus realmente apreciou, pois não estava gostando muito do frio do interior da Rússia. Uma morena mais ou menos alta os atendeu com um enorme sorriso em seu rosto.

  - Kami-chan! Há quanto tempo! – Exclamou a garota pulando na chefe. Fazia tanto tempo que não se viam que era quase impossível para a menor conter a alegria.

  - Mika-chan! – Tentava se soltar do abraço de Mikaely, mas não conseguiu de jeito nenhum. – Esse é Xanxus. – Disse Kamiori, apontando para o homem. – Ele vai nos ajudar durante a primeira semana.

  - Depois ele vai embora? – Perguntou a garota.

  - Sim. Afinal, se ele deixar o QG da Varia sozinho, ou os que ficaram vão destruir o lugar, ou se matar. E Xanxus não quer nada disso, porque vai ser ele que vai ter que limpar tudo depois. – Disse Kamiori, conseguindo, finalmente, se soltar do abraço de Mikaely e conseguir conversar civilizadamente. Enquanto isso, Xanxus entrou na casa e se sentou no sofá com uma pequena pasta vermelha em mãos.

  - Que tal entrarem para esperarmos o Onii-tan? Ele só foi até a loja de conveniência e já volta. – Mikaely falou sorrindo. Havia uma certa quantidade de sarcasmo em sua voz, mas Xanxus pareceu não ligar para a indireta da Virtú.

  Mikael chegou pouco tempo depois, quando Kamiori e Xanxus já estavam tomando o chá servido pela irmã.

  - Kamiori. – Disse à ela, comprimentando-os dois visitantes rapidamente e se sentando para tomar chá. – Veio aqui para começarmos?

  - Hai. – A chefe ficou séria de repente. – Xanxus-chan, quer ler as fichas enquanto eu dou os anéis aos dois?

  O líder da Varia nem se preocupou em responder (o que deixou os gêmeos levemente irritados) e logo começou a ler as fichas.

  “Nome completo: Mikaely Sayure.

Aparência: Cabelos castanhos ondulados indo até metade das costas, olhos azuis esverdeados, pele meio morena. Altura mediano-baixa (1.60m). Magra, com seios e coxas medianas. Seu rosto é redondo, seus olhos grandes, seu nariz pequeno e sua boca pequena e rosada. Cicatriz de um corte nas costas.

Idade: 17 anos.

Personalidade: Esperta, criativa, gentil e cuidadosa. Ama seu irmão e nunca o deixa sozinho. Preocupa-se bastante com os outros e muitas vezes age como uma mãe. É animada e odeia ver seu irmão triste ou magoado, e fica muito depressiva quando ele fica decepcionado com ela ou com raiva dela. Às vezes parece que depende do seu irmão, mas na verdade ela é bem independente.

Habilidades: Rápida, criativa, inteligente, determinada e destemida.

Gosta de: Mikael (seu irmão gêmeo), ler, fazer táticas, cantar, gentileza.

Não gosta de: Que seu irmão fique triste ou magoado, que seu irmão fique com raiva dela ou decepcionado com ela, ser odiada, que falem mal de seu irmão.

Armas: Cartas de baralho com lâminas nas pontas.

Armas de Box: Tigreão branco com listras douradas.

Chama: Virtù (virtudes).”

  Enquanto Xanxus acabava a ficha da garota, Kamiori abria um pequeno saquinho bege que levava no bolso da calça. De lá, a chefe tirou dois anéis. Eles eram anéis parecidos com os Vongola, mas em vez do escudo, era a pedra simplesmente encrustada ali. Rústica e pura. Como se tivessem acabado de tirá-la de um pedaço da montanha. Por alguns segundos, a jóia continuou fria, mas logo que colocaram em seus dedos, os gêmeos sentiram o calor de suas chamas nascer no núcleo das pedras. O ônix de Mikael começou a brilhar e uma leve chama apreceu, assim como na opala branca de Mikaely. A garota ficou tão feliz que pulou no irmão, o abraçando.

 Xanxus já estava começando a segunda ficha.

“Nome completo: Mikael Sayure (Sayure é o sobrenome).

Idade: 17 anos.

Aparência: Traços um pouco femininos, mas não é fraco. Cabelos castanhos escuros ondulados indo até a nuca, olhos azuis esverdeados grandes, pele meio morena. Estatura médio-baixa (1,70m) e magro, porém musculoso (mas sem excesso). Tem uma cicatriz de corte no olho direito, pegando desde um pouco acima das pálpebras até o meio da bochecha. É quase cego do olho direito devido ao machucado.

Personalidade: Inteligente, sério, concentrado, frio e medroso (tem muito medo de garotas). Mas ele tem um pequeno “problema”... É homossexual... Ou seja, ele gosta de garotos. Ele normalmente fica sozinho, porque tem medo de garotas e os garotos ao descobrirem que ele é “gay” ficam longe.

Habilidades: Mira boa (quase sempre acerta suas agulhas onde quer – pontos vitais ou nervos), agilidade, força e inteligência.

Gosta de: Ficar com sua irmã gêmea, ficar sozinha, evitar multidões, motos, tigres, leões, tigreões, ouvir músicas, ter medo, nuvens, dias enevoados, dias nublados, neve e gelo.

Não gosta de: Multidões, pessoas que não conhece (a não ser que sejam garotos que ele acha que pode confiar), garotas (menos sua irmã e Kamiori... E aos poucos começa a aceitar Kyura), barulhos, calor, chuvas, tempestades, sol e cachorros.

Armas: Agulhas negras que ele esconde entre os dedos na hora de tacar.

Armas de Box: Um tigre branco com listras pretas.

Chama: Pecatti (pecados em italiano).”

  - Acho que é isso por hoje. – Kamiori falou, encerrando a pequena reunião e fazendo sinal para que Xanxus fosse buscar as malas. Mesmo com o frio, ele foi e colocou-as na sala. Como os gêmeos estavam na cozinha falando e cozinhando, Kamiori puxou Xanxus para conversar. – Xanxus, você teve notícias dos outros grupos?

  - Byakuran mandou uma mensagenzinha extremamente insolente dizendo que já localizou Vionna e Leo. Lixo. Perla disse que já está no Brasil, mas ainda não conseguiu achá-los. A unidade do Egito mandou uma carta dizendo que está tudo bem. A única coisa com que deveria se preocupar é o grupo maior. Eles ainda nem se encontraram embora a Itália seja a terra natal de quase todos. Um bando de lxos inúteis e imprestáveis. Já falou com aqueles merdas lá que tu disse que ia comunicar?

  - Ainda não. Talvez faça a conexão amanhã, mas é uma coisa demorada de se fazer. Teremos de achar uma distração para os dois. Mas se eu conseguir convencê-los, eles se materializam e é só falar com a Aria-san para ela trazer os outros. Me informaram de que os Arcobalenos já estão em seus postos.

  - Pelo menos as coisas não estão indo tão mal. Aqueles lixos poderiam estar fazendo mais merda.

  - Sabe, estou preocupada. Tenho a impressão de que Otou-sama e Okaa-sama mandaram-me chamar toda essa gente por outro motivo...