The Oc: Pecados no Paraíso escrita por The Escapist


Capítulo 30
Capítulo 30: A PERFECT SUMMER




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Os garotos estavam viajando quando Kirsten decidiu o que faria, mas eles foram avisados que quando voltassem para Newport nas primeiras férias da faculdade, algumas coisas estariam bem diferentes. O casamento com Trey estava adiado; ela o amava e tinha certeza que era correspondida, mas o rapaz tinha uma carreira promissora, e Kirsten não queria que ele abrisse mão disso; no final das contas entendia por que Trey não quis se mudar para aquela casa, se eles quisessem começar uma vida juntos, não fazia sentido viver ali, aliás, aquela casa não era mais o mesmo lugar, não era um lugar onde Kirsten se sentisse completa ou feliz, sempre teria boas lembranças, mas estava pronta para uma nova fase.
- Você tem certeza que quer fazer isso, Kirsten?
- Tenho.
- Não quer esperar, afinal, você não precisa do dinheiro.
- Eu não pretendo voltar para Newport, Sandy, prefiro deixar tudo resolvido antes de ir.
- Tudo bem, então, acho que não vai demorar muito até conseguir um comprador.
- Obrigada por fazer isso, Sandy.
- Não há de que; Kirsten, eu desejo que você seja feliz, de verdade.
     Kirsten levou a última mala para o carro; Sandy cuidaria da venda da casa, todo o resto estava encaixotado, incluindo as coisas dos garotos, que também ficaria a cargo de Sandy. Trey estava no carro esperando para levá-la ao aeroporto; voltariam a ser como antes, dependendo da ponte aérea para se verem até que ele conseguisse a transferência para o escritório de Nova Iorque; enquanto ela, terminaria algo que adiou há dezenove anos quando largou a faculdade de arquitetura para casar e ter filhos. Era estranho voltar a ser caloura depois de tanto tempo, mas vendo a animação dos filhos, e sentindo que precisava fazer alguma coisa por si mesma, Kirsten estava ansiosa para voltar a cruzar os portões da Universidade de Columbia; antes disso, teria uma romântica viagem para Miami com Trey.
***
Cal olhou impaciente para o relógio, ainda faltava mais de meia hora para poder encontrar Taylor na lanchonete do píer; agora que a pena dele tinha acabado, não estava mais trabalhando, mas Taylor continuava, e ele entendia que ela fosse altruísta e nobre, mas também queria ter a namorada por perto em algum momento, já que estava sozinho por que os únicos amigos que tinha estava em algum lugar no Novo México, e nem sequer conseguiam postar as fotos da viagem no Facebook por que Seth tinha deixado o modem cair em algum lugar. Taylor o encontrou com mais de quarenta e cinco minutos de atraso.
- Me desculpa, eu tive alguns contratempos.
- Você dedica a maior parte da sua vida com trabalho voluntário, Taylor. Eu não entendo.
- Cal, eu tenho feito isso nos últimos verões.
- Esse é o último antes da faculdade, você poderia querer fazer alguma coisa diferente. Olha, ajudar as pessoas é legal, de verdade, mas se divertir também é, e não mata.
- Ficar com você é diferente, e divertido.
- Você não tem ficado muito comigo, concorda?
- Que bonitinho, você poderia vir comigo amanhã para a entrega das roupas na igreja... – Cal deu um sorriso cínico. – depois a gente faria uma coisa ao seu estilo.
- Tudo bem, eu vou, se você prometer que janta comigo depois, e num restaurante caro, não quero comer cachorro quente na barraquinha, eu prometo pagar uma boa gorjeta ao garçom.
- Você é tão bobo, Cal. Eu preciso ir para casa agora.
- Taylor, não faz cinco minutos que você chegou.
- Eu preciso separar as roupas para a doação. Você pode vir comigo se quiser, meus pais não estão em casa.
- Que tentador. – Taylor riu da carranca de Cal, ele não conseguia, simplesmente não conseguia não agira feito um garotinho mimado que queria que as coisas fossem sempre do seu jeito. Mesmo chateado, Cal aceitou ir com Taylor para casa, como ela disse os pais não estavam em casa, mas isso não significava nada, Taylor era bastante difícil mesmo sozinha, mas o levou para conhecer o quarto, e isso era um avanço significativo. – Quantas pessoas tem o mapa-múndi na parede do quarto? – Cal brincou, e sentou na poltrona em frente à cama; ao lado estava a mesa com o computador, de onde certamente Miss Vixen passava todas aquelas horas conversando com ele. Taylor foi até o closet e tirou um monte roupas de lá, jogando-as em cima da cama. – Isso é realmente divertido, Taylor.
- Você poderia parar de reclamar o tempo todo?
- Eu não estou reclamando, só estou dizendo que é legal ficar vendo você fazer isso.
- Você me conheceu assim, Cal.
- E gostei de você assim, eu sei, por minha própria conta e risco. Eu amo você, Taylor Towsend, embora você seja esquisita e chata, eu te amo. – Taylor soltou a blusa que segurava e foi até Cal, colocou as mãos em volta do rosto dele e lhe beijou na boca.
- Eu também te amo.
- É a primeira vez que você diz isso. – Taylor riu e deu de ombros.
- Hum, não queria que você ficasse convencido demais. Mas você me aguenta com as minhas esquisitices...
- E chatices...
- É, e chatices, pode ficar um pouco convencido.
- Posso mesmo? – Cal mordeu levemente o lábio inferior de Taylor, e mais uma vez a imagem de Miss Vixen veio a sua mente, e ela estava bem ali, tão perto, tão maravilhosa.
- Cal! – Taylor se levantou, e Cal se deu conta que estava babando, quase literalmente, e desejou que Taylor não ficasse vermelha, afinal, era ele quem estava envergonhado, era ele quem estava excitado e nem sabia como disfarçar. – Desculpe.
- Tudo bem, tudo bem, Taylor, eu sei, você quer o seu tempo, eu entendo, me desculpe por não conseguir me controlar.
- Obrigada, Cal, por gostar de mim assim, e não querer que eu mude.
- Se você gosta de se vestir mal é problema seu. – Cal pegou uma das blusas de Taylor. – Você deveria ter vergonha de doar isso, Towsend. – disse rindo e fazendo voz de falsete.
- Eu não me visto mal. – Taylor fingiu estar ofendida e arrebatou a blusa das mãos de Cal. – Meu estilo é retro.
- Agora chamam cafona de retro?
- Cal!
- Brincadeira. Suas roupas são lindas, Taylor.
- Seu bobo. Eu não gosto de gastar dinheiro com roupas.
- Claro que não, você é uma garota normal.
- Eu estou economizando para uma viagem.
- Tudo bem que você tenha um gosto duvidoso para moda, amor, isso acontece, mas economizar para uma viagem, por favor, seus pais estão bem financeiramente, não é?
- É, mas será a minha viagem, graças as minhas economias. Eu compro minhas roupas na Sears, uma blusa por quinhentos dólares e quer saber do que mais, uma das suas camisas poderia sustentar uma família de cinco pessoas por um mês num país da África.
- Então talvez eu deva doar algumas, se você me ajudar a comprar novas, mas não na Sears, eu sou metido. Eu já disse como acho lindo o jeito como você se importa com as pessoas, Taylor? Eu estou falando sério. Com certeza o seu Deus tem muito orgulho de você, e eu também.
    Quanto mais se aproximava o fim do verão, mais o tempo com Taylor parecia passar mais rápido, como se aquela história de que o que é bom dura pouco se fizesse verdade para eles; eles aproveitaram o máximo que puderam, mesmo com os programas chatos de Taylor, Cal não queria perder nenhum minuto que poderia ficar com ela, e a simples presença da garota era o bastante para fazê-lo feliz. Mas a última semana de férias chegou.
 Marissa voltou da viagem, e quando chegou não encontrou mais uma “casa”, Julie tinha se mudado da mansão dos Nichol, e mesmo esperando por aquilo, a garota ficou surpresa e chateada, imaginando como a mãe poderia estar ao descobrir que ela não tinha nenhuma direito a nenhum dos bens de Caleb, embora muita gente tenha dito que ela tinha se casado por causa do dinheiro dele, pelo menos agora Marissa sabia que não era verdade. Mas Julie continuava trabalhando no Newport Group, e parecia mais envolvida do que nunca com a construção do shopping. Na casa de Jimmy descobriu que as coisas entre ele e Matt não andavam muito bem, era estranho que isso acontecesse logo quando ela estava se acostumando com a relação deles, mas pelo que pôde perceber, Jimmy não estava sendo cem por cento fiel a Matt, era um defeito do seu pai, infelizmente, isso não o ajudava.
Seth e Summer não voltaram para Newport, viajaram direto para Cambridge, na verdade, os dois passaram o verão inteiro falando de Harvard o tempo todo, que mesmo fosse sentir saudade da amiga, Marissa agradeceu por eles terem ido uma semana antes. Ryan estava aproveitando os últimos momentos com os amigos, depois das férias, Luke iria para a UCLA onde entrou graças a sua aptidão para os esportes, Oliver iria para a Universidade de Nova Iorque, e apenas Zach estaria em Berkeley. Portanto, aquela última semana estava sendo um pouco solitária para Marissa; ela estava andando pelo píer quando viu Cal sentado num dos bancos.
- Hey.
- Hey, Marissa.
- Tudo bem? Cadê a Taylor?
- Salvando o mundo, ou se preparando para a viagem.
- Quando ela vai?
- Amanhã à noite. – isso explicava muito bem por que ele estava tão triste. – Foi o melhor verão da minha vida, eu sou muito egoísta por não querer que isso acabe?
- É normal resistir às mudanças.
- E quando você vai?
- Depois de amanhã.
- Summer e Seth já foram, depois a Taylor e você, e eu vou ficar sozinho de novo.
- Nós ainda vamos ser amigos, Cal, é para isso que existe o Facebook. Ei, tem uma festa na casa do Luke para comemorar o fim das férias, por que você não vai com a Taylor, acho que vocês podem deixar aquela rixa no colegial não é?
- É uma proposta tentadora, Marissa, mas não, eu quero aproveitar melhor a última noite da Taylor em Newport.
    Cal sabia que sentiria falta dos amigos que tinha feito em Newport, quando se mudou para aquela cidade há dois anos não poderia imaginar que algum dia sentiria saudade; se tivesse falado sobre isso com o psicólogo ele certamente balançaria a cabeça e diria que ele estava passando por um momento de transição. A namorada ia embora e ele ficaria sozinho, sem amigos numa cidade que detestava, era mesmo uma transição, e estava de saco cheio de ouvir seu pai falar sobre faculdade e favores que poderiam ser cobrados e etc.; queria encontrar alguma coisa pra fazer, por si mesmo, por sua própria competência ou talento, mas cada vez que buscava algo que soubesse ou gostasse, Cal percebia que não havia nada. Estava esperando Taylor se arrumar para saírem, ficou olhando o mapa na parede do quarto dela.
- Estou pronta. – Taylor disse, mas Cal não parecia prestar atenção, estava mais concentrado olhando para o mapa.
- O que são todos esses pontos vermelhos no mapa? – perguntou ele.
- Ahm? Ah, sim, são os lugares que eu quero ir, onde vão os “Médicos sem fronteiras”.
- Sei. Taylor, tem alguma dessas ONGs que você curte que uma pessoa possa ajudar, quer dizer, viajando pelo mundo, essas coisas?
- Claro, por exemplo, a Cruz Vermelha, enfim, muitas outras. Eu tenho um tio que trabalha para as Nações Unidas. Por que, Cal, você está pensando em virar ativista de alguma ONG?
- O que você acha?
- Eu ficaria orgulhosa. Estão precisando de muita ajuda no Haiti.
- Nós ficaríamos meses sem nos ver, Taylor.
- Eu ficaria orgulhosa de você, Cal. Vamos, ou então a gente perde a reserva no Arches não é?
- Você pode falar mais sobre o que o seu tio faz durante o jantar.
***
Uma despedida era sempre uma despedida, e dizer adeus a Taylor não foi nada agradável; Cal acordou sentindo como se tivesse sido atropelado por um trator; saiu do quarto depois do meio dia, vestiu um calção de banho e foi para a piscina. A casa estava vazia, mais solitária do que nunca e ele sabia que enlouqueceria se continuasse daquele jeito, mas uma semana já tinha passado e nada mudara, apenas falava com Taylor, mas como até o fuso horário em Baltimore era diferente, isso ficava complicado quando, por exemplo, ele telefonava e era madrugada lá. Sua vontade era pegar o primeiro avião para ver a namorada, mas tinham tido tantas conversas sobre isso e Taylor não queria que ele fizesse isso, não que não sentisse sua falta também, mas queria que ele encontrasse o próprio caminho. Precisava fazer alguma coisa. Decidiu ir falar com o pai e pedir um daqueles favores.
- Cal, eu nem acredito que você está aqui! – Caleb falou quando viu o filho no Newport Group, era a primeira vez que isso acontecia.
- Nem eu; espero não estar te atrapalhando em nada.
- Claro que não, sente-se. O que aconteceu? A que devo a honra da sua visita no escritório?
- Eu, queria te pedir uma coisa, muito importante.
- Tudo bem, pode falar. – a expectativa de Caleb era tão grande que até pensou que seria fácil, mas à medida que falava pôde ver a expressão no rosto do pai mudar gradualmente, ele com certeza achava um absurdo o que ele estava pedido. – Isso não é possível, Cal.
- Eu estou te pedindo por que com a sua ajuda será mais fácil, mas eu vou de qualquer maneira, eu já tomei a minha decisão.
- Eu entendo que você queira impressionar sua namorada, meu filho, mas você não sabe do que está falando.
- Pai, não se trata de impressionar minha namorada.
- Cal, você não está pronto para isso, você deveria ir para a faculdade.
- Pai! Que saco, eu já falei que não vou para a universidade, não agora, eu não estou pronto para a universidade.
- E acha que está pronto para trabalhar como voluntário em outro continente? Você não sabe o que acontece nesses lugares, Cal, você não está pronto para abrir mão da sua vida.
- Acho que eu posso fazer alguma coisa útil. Eu não quero abrir mão da minha vida, só quero encontrar um caminho, será que é tão difícil para você entender isso?
- Não, eu não posso permitir que você faça isso, Cal. – Cal respirou fundo e passou as mãos pelo cabelo, não estava ali para brigar com o pai.
- Olha, eu sei que eu não tenho sido um bom filho, ok, mas, vamos combinar, você também não foi um bom pai.
- Eu sinto muito, Cal.
- Estamos empatados, não é? Pai, eu não sei o que eu quero fazer exatamente da minha vida, mas eu sei o que eu não quero.
- Você não quer ser igual a mim. Eu sei.
- Eu não sou, eu sinto muito, eu não posso usar terno e gravata e sentar num escritório e ser um homem de negócios, eu ainda nem sei quem eu sou direito, eu preciso me encontrar.
- Você acha que vai se encontrar na África?
- Eu acho que posso fazer alguma diferença.
- Bem, eu vou dar uns telefonemas, espero que você salve o mundo.
- Obrigado, pai. – no fim foi uma conversa proveitosa, afinal, pela primeira vez eles não terminaram aos gritos.
    Cal arrumou as malas, levando apenas o estritamente necessário; colocou o notebook e o Iphone na mochila, e por último pegou o livro de poemas que Taylor lhe deu; era o diário de Mix Vixen, e ela tinha razão quando disse que nada naquele livro revelava sua identidade, mas com o disfarce desfeito, quis que ele ficasse com o livro; Cal ia gostar de tê-lo ao lado dali para frente; guardou o livro, fechou o zíper, e colocou a mochila nas costas; apanhou a outra bolsa e saiu, fechando a porta do quarto atrás de si. Se ia se encontrar ou não na África, não sabia, a única certeza, se é que poderia chamar assim, era que faria algo útil em sua vida, pela primeira vez não ficaria reclamando e pensando que a vida era injusta com ele e remoendo problemas criados por sua própria cabeça. No avião, vendo a bela Newport ficar para trás, sentiu alívio, e quando voltasse talvez pudesse chamar aquela cidade de casa.


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