Era domingo de manhã, e não tinha aula. Era quase o final do sexto ano, e James Potter caminhava tranquilamente sozinho pelos corredores de Hogwarts. Apesar de ter treino de Quadribol e dele ser o apanhador da Grifinória, não estava apressado. Ele aproveitava um momento só dele, e apenas dele.

Um momento para pensar em Lily Evans.

Dava passadas largas, que ressonavam no chão. A maioria dos estudantes estava em Hogosmeade, e a escola mais conceituada de magia e bruxaria do mundo parecia deserta.

De repente, James ouviu uns murmúrios de reclamação, e sentiu que alguém estava batendo com força na porta a sua frente, como se quisesse escapar. Curioso como qualquer outro Maroto, ele encostou um dos ouvidos na porta e ficou em silêncio, esperando ouvir alguma coisa.

–... e você me entendeu, minha querida. Afinal de contas, é apenas para isso que vocês, mulheres, servem. Ainda mais sangues ruins imundas como você. Deveria estar honrada por um homem da minha estripe ter lhe pedido isso.- ele reconheceu a voz masculina sendo a de Rastaban Lestrange.

Foi aí que a única voz que James não queria ouvir, ressonou. Assustada, desesperada, mas ainda sim, ferina:

–Primeiro: você me enoja. Segundo: eu não sou tão barata quanto as meninas da sua casa, e terceiro: eu prefiro morrer a ter qualquer tipo de contato com você!Socorro!- Lily Evans gritava. - Me solte, e devolva a minha varinha!

–Tsc, tsc, tsc Evans. Esperava que você me concedesse seu corpo de boa vontade, afinal, sou bem atraente... Mas já que não vai, vou ter de forçá-la a isso.- e uma batida forte foi ouvida.

–Você é um monstro desprezível Rastaban! Eu nunca vou me deitar com você, eu prefiro morrer.

Naquele momento, a porta foi derrubada com um feitiço e um chute.

...

Lily estava jogada no chão, e Rasataban forçava seu braço esquerdo. O sonserino já tinha lhe dado vários tapas no rosto e retirado a sua blusa. Lá estava ela, quase sendo estuprada. As lágrimas escorriam no seu rosto como cascatas. Eram lágrimas de nojo, vergonha e humilhação.

Ela era casta e pura, agora alguém ia tirar isso dela. A força.

Mas quando a porta foi derrubada, eis que surge o seu salvador! A ruiva jamais ficara tão feliz em ver o apanhador do time grifinório de Quadribol na vida!

–James!- ela exclamou, aliviada, se esquecendo por um minuto de chamá-lo de Potter. Mas ele não notou. Estava vermelho, bufando de raiva, praticamente pronto para matar alguém.

E eu arrisco a dizer que esse alguém tem nome e sobrenome: Rastaban Lestrange.

–Ora, ora, ora... - o sonserino murmurou, cínico. - Se não é Potter, o grande herói da história! Não se preocupe, eu sei o quanto você gosta dessa sangue ruim. Quando eu acabar, pode ficar com ela pra você, se é isso que você quer.- o garoto se abaixou e pegou rosto da garota pelo queixo, apertando-o com suas unhas e o levantou, mostrando ao outro.- Ela não é uma gracinha? Ruiva, bonitinha, monitora, olhos brilhantes e verdes, inteligente, virgem...Pena que a gente vai ter que riscar um item da lista, não é? - e gargalhou, fechando os olhos. E Rastaban levou um soco na cara, sendo obrigado a soltar Lily, pois foi arremessado para outro canto da pequena sala.

Agora James estava na frente de Lily, como punho enrijecido. Ele estava louco. Louco de raiva.

–Se você tocar nela mais uma vez... Considere-se um homem morto Lestrange. - ele cuspia as palavras com ódio.

Imediatamente, o sonserino se levantou e os dois começaram uma troca de azarações. A ruiva se escondeu atrás de James, ainda tremendo.

Foi um combate acirrado: os dois eram bons lutadores, mas a raiva que Potter sentia foi mais forte, e o oponente acabou nocauteado.

Mas isso não bastou para o vencedor. Ele se precipitou sobre o perdedor e começou a dar-lhe chutes e pontapés no corpo desmaiado.

–Eu vou te matar! - grunhia, irritado. E ia mesmo, se Lily Evans não tivesse o tocada nas costas e gritado "chega".

–É uma covardia agredir um oponente desfalecido. - James parou, mas continuou bufando e arfando.A garota abotoou a blusa e pegou sua varinha do bolso do sonserino.

–Obrigada, muito obrigada mesmo. Se você não tivesse chegado naquela hora, já seria tarde demais.- Lily disse corada e olhando para baixo. O outro pegou o rosto dela com as mãos e disse olhando para o fundo dos seus olhos:

–Se alguma coisa acontecesse com você, eu juro que lançaria um Avadra no Lestrange. Por você, meu lírio, eu vou até para Azkaban. Achei que você já soubesse disso.

Um silêncio constrangedor pairou entre os dois, até que, sem jeito, ele perguntou:

–Então você é virgem mesmo? - Lily ficou mais vermelha do que seus cabelos.

–Que tipo de garota você pensa que eu sou Potter? Mais uma daquelas com quem você costumava sair? Eu vou permanecer virgem até eu me casar, se é que eu vou me casar. Eu fiz um voto de castidade, sabia?

–Foi exatamente por isso que eu parei de sair com elas. Porque você é diferente.

Lily Evans então olhou bem no fundo dos olhos do garoto que ela já odiara tanto, mas que agora tinha seu agradecimento eterno. James Potter já não era mais aquele garotinho que ela conhecera na cabine do trem, muito menos o idiota arrogante do ano passado que ficava azarando Severus Snape.

James Potter, que era tão devotado a ela, merecia saber seu segredo mais obscuro, que muitas das suas melhores amigas desconheciam.

–Você consegue guardar um segredo? É a única coisa que eu posso te dar como agradecimento.- ele assentiu e ela prosseguiu. - Eu totalmente virgem. Até mesmo de boca. - Lily, abaixou a cabeça, envergonada.

James olhava para ela perplexo. Parecia que ele não tinha entendido direito:

–Isso quer dizer que...

–Eu nunca fui beijada.

Para Potter, isso era uma coisa quase impossível. Ela era alta, magra e bonita. Ruiva, com os olhos verdes mais intensos que já tinha visto na vida. Era inteligente, virtuosa,educada, monitora e cheirava a lírios do campo. Como ela nunca fora beijada?

Não que ele não tivesse tentado. No quinto ano ele a arremessava na parede quando ela estava distraída e tentava sem muito sucesso, alcançar-lhe os lábios. Era óbvio. Lily Evans ainda esperava por um romântico primeiro beijo, e ele não poderia ser dado de qualquer jeito, ou na frente de todo mundo.

–Você confia em mim? - ela fez uma careta, e ele riu.- Ah, vamos lá! Eu salvei sua virtude não foi? Vamos Evans, feche os olhinhos.

Ela continuou de olhos abertos, fitando-o se entender nada. James Potter se aproximou mais dela:

–Feche os olhos, Lily. - e ela obedeceu.

E em outro segundo, lá estavam os lábios de James Potter suavemente pousados sobre os dela. Macios, firmes e experientes sobre outros carnudos, quentes e virgens.Os dedos do garoto estavam em seus cabelos. Lily colocou seus mãos nas costas dele, e cedeu.

Bons e rápidos três minutos.

Três minutos que ela jamais poderia esquecer.

James se afastou dela devagar, abriu a porta da sala e deu uma piscadela marota:

–A gente pode tentar com a língua depois se você quiser.

A ruiva começou a rir, mas depois parou.

–Se você contar isso para alguém, pra qualquer pessoa, você é um homem morto Potter.

Ele riu e fez um sinal com as mãos:

–Palavra de escoteiro.

–Você nunca foi escoteiro.

–Palavra de maroto?

Ela suspirou:

–Serve.- e ele saiu correndo para o treino de quadribol, enquanto ela voltava para o salão comunal.

James Potter era mesmo uma pessoa impressionante. Não contou do beijo e do quase-estupro para ninguém. Ele subiu, e muito, nos quesitos de Lily.

Porque só mesmo James Potter para tirar parte da castidade existente dentro de Lily Evans.