No dia seguinte, acordei com a Esme no meu quarto. Tinha a sensação que já era tarde. Remexi-me na cama e abri os olhos. Voltei a fechá-los devido ao excesso de claridade que havia no quarto. A Esme tinha aberto os estores do quarto, deixando a claridade passar. 
- Dorminhoca, tens de te levantar. Está na hora do almoço, está tudo à tua espera para começar a comer. – Disse a Esme rindo, enquanto puxava o lençol para trás, com a intenção de me destapar.
- Estou cheia de sono, Esme. – Resmunguei, voltando a puxar o lençol de novo para cima.
- Querida, são quase duas da tarde. Precisas de ir almoçar. Vai tomar um duche rápido e vem para baixo. – Disse ela afastando-se da cama. – E não quero voltar cá a cima e ver-te dentro dessa cama, está bem? – Disse ela um pouco autoritária mas carinhosamente ao mesmo tempo.
- Está bem, Esme. – Disse. Assim que eu acabei de responder, ela saiu do quarto. Levantei-me antes que voltasse a adormecer e fui até à casa de banho para tomar um duche rápido. Fiquei um pouco mais desperta depois do duche. Vesti algo confortável para andar por casa e depois desci rapidamente para a sala, onde estavam todos.
- Boa tarde. – Disse sentando-me ao pé do Jasper, aconchegando-me imediatamente nele. Ele beijou a minha testa carinhosamente.
- Boa tarde. – Disseram eles.
- Com sono, dorminhoca? – Perguntou o Jasper divertido ao meu ouvido, fazendo-me arrepiar.
- Sabes que sim. – Disse aconchegando-me melhor e fechando os olhos. – Tu sabes da minha necessidade de dormir, Jasper. Não te rias. – Disse ouvindo a risada dele. Continuei aconchegada nele com os olhos fechados, enquanto a Esme não chamava para irmos almoçar. Estava quase a voltar a adormecer quando oiço a voz da Esme a chamar-nos para irmos comer. Levantei-me com os restantes e fomos todos comer. Como sempre a comida estava maravilhosa e a conversa animada durante o almoço fez-me despertar do meu estado de sonolência. Depois do almoço, já estava bem desperta. De tarde, eu, o Jasper, a Rose e o Edward decidimos ir ao cinema. O nosso objetivo era deixar um pouco a Esme e o Carlisle a sós. Eles mal têm tempo para eles porque o Carlisle está sempre a trabalhar e quando têm estamos nós em casa. Para não falar que o Carlisle ia trabalhar mais tarde e não jantava em casa. Eu via que a Esme ficava um pouco triste com isso, não só a Esme. O Carlisle também não gostava muito de não vir jantar a casa, ele gostava muito de estar connosco e de jantar connosco. Mas como o Carlisle compreendia que tinha que ir trabalhar, a Esme compreendia que ele não podia ficar em casa para jantar algumas noites. Eram poucas, o Carlisle tentava evitar essas noites ao máximo, porque sabia que deixava a Esme triste. Nessas noites, nós mimávamos a Esme para ela não se sentir triste. 
Saímos de casa por volta das três e meia e estávamos a pensar ir à sessão das quatro e meia. Ainda dava tempo para ir ver umas lojas. Quando chegámos ao centro comercial, fomos logo comprar os bilhetes para apanharmos os melhores lugares. Depois fomos dar uma volta pelo centro comercial enquanto o filme não começava. Por acaso, passámos por uma loja que vendia objetos de arte e na montra estava um cavalete mais uma maleta equipada com vários materiais de desenho. Eu fiquei parada na montra a olhar deslumbrada para as duas coisas. Eu sonhava em ter algo assim, mas era muito caro, mesmo muito caro, por isso contentava-me em olhar.
- Alice? – Ouvi alguém chamar. Reparei que eles não tinham dado conta que eu tinha parado para olhar uma montra e já estavam um pouco avançados em relação a mim. – O que estás a ver? – Perguntou o Ed.
- Nada de especial, podemos continuar. – Disse. Não valia a pena ficar mais tempo ali a olhar deslumbrada para o cavalete e para a maleta.
- Não queres entrar? – Perguntou o Jasper percebendo o meu interesse na loja. Ele conhecia-me demasiado bem.
- Não é preciso. Já vi o que queria. – Respondi sorrindo para ele. Ele sorriu para mim e pegou na minha mão para irmos embora. Já estava quase na hora da sessão de cinema. Fomos calmamente até ao cinema e sentámo-nos à espera que o filme começasse.
- Alguém quer pipocas? – Perguntou o Edward. Negámos todos e passado um pouco começou o filme. Tínhamos escolhido uma comédia e por isso não parávamos de ir durante o filme. No final, doía-me a barriga de tanto rir. Quando as luzes voltaram a acender, saímos da sala de cinema e fomos para casa. Já estava a ficar tarde. O caminho até casa, não demorou muito. Quando chegámos a Esme já estava sozinha em casa. Estava na sala a ler um livro.
- Boa noite, mãe! – Dissemos todos, quando entrámos em casa. Ela levantou a cabeça e encarou-nos sorrindo.
- Como foi o cinema, queridos? – Perguntou ela, fechando o livro e colocando-o na mesinha de centro.
- Foi ótimo. – Respondeu a Rose. – O filme foi muito cómico. – Explicitou ela.
- Bem, vou começar a fazer o jantar. Devem estar com fome.
- Não, mãe! Hoje, nós fazemos os jantar, tu ficas aqui a descansar. – Disse o Ed. Nós os três concordámos com ele.
- Mas vocês vão destruir-me a cozinha. – Disse ela fingindo-se de séria. Nós começámos a rir.
- Que confiança, que tens em nós, mãe! – Comentou o Jasper ainda rindo. – Nós prometemos que não destruímos a tua cozinha, mas hoje, tu vais ficar aqui sossegadinha enquanto nós preparamos o jantar. – Disse ele. Ela voltou a sentar-se no sofá e abriu o seu livro de novo e nós fomos os quatro para a cozinha. Decidimos o que fazer e depois começámos. Não iria ser algo difícil para, depois, não termos muito trabalho a arrumar a cozinha. Quando acabámos, chamámos a Esme e comemos os cinco. Comemos entre uma conversa agradável e a meio do jantar, o Carlisle chegou.
- Consegui sair mais cedo. – Disse ele sorrindo abertamente para nós. A Esme ficou radiante assim que viu o Carlisle a entrar em casa. – Que cheirinho, estou com fome! – Comentou ele.
- Aproveita que foram os teus filhos que fizeram o jantar. – Disse a Esme. O Carlisle olhou para nós, surpreendido e depois tirou um pouco para provar.
- Está bom! – Admirou ele.
- Ainda bem que gostas, pai! Deu muito trabalho a fazer. – Disse a Rose rindo. Continuámos a comer numa conversa animada e depois de termos arrumado a cozinha, eu subi para o meu quarto, para descansar um pouco. Amanhã, teria que acordar bem cedo para ir para a escola. Vesti o meu pijama e deitei-me na cama mas fiquei a desenhar um pouco antes de dormir. Enquanto estava a desenhar, ouvi três batidas na porta.
- Entre. – Disse parando de desenhar. A Esme entrou calmamente no meu quarto e sentou-se ao meu lado. – O que se passa, Esme? – Perguntei-lhe assim que percebi que ela estava um pouco nervosa.
- Querida, amanhã tens consulta no psicólogo. – Informou-me a Esme pondo uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. – Confirmaram, hoje, ao Carlisle a consulta. Acho que houve uma desistência, por isso é que foi tão em cima da hora. – Explicou ela. – Achas que estás preparada para ir? – Perguntou a Esme olhando para mim cautelosamente, visto que eu não respondia.
- Acho que sim. – Disse um pouco trémula. Eu queria muito melhorar. E só tinha aceitado ir a um psicólogo porque queria melhorar pela Esme e pelo Carlisle, porque achava que lhes devia isso. Mas agora, estando tão perto desse acontecimento, até sentia um pouco de medo e tinha vontade de desistir.
- Querida, sabes que se quiseres desistir, ou não quiseres ir amanhã, está tudo bem. Eu e o Carlisle não queremos que vás obrigada, só queremos que vás porque sentes que deves ir.
- Mas eu quero ir, Esme. Eu quero melhorar. Quero melhorar por vocês os dois. – Disse-lhe.
- Eu sei que queres melhorar, amor. – Disse ela sorrindo acariciando a minha bochecha. – Ainda muitos pesadelos? – Perguntou a Esme. Ela preocupava-se sempre se eu dormia bem ou não.
- Não muitos. Só de vez em quando. Ando a dormir muito melhor. – Respondi sinceramente. A quantidade de pesadelos que eu tinha por noite, tinha diminuído muito, desde que eu vim morar para casa da Esme e do Carlisle. Eu acho que se devia ao facto de eu me sentir mais protegida, mais amada. 
- Ainda bem, querida. Só te quero ver bem. – Disse a Esme. – Vá, agora dorme que amanhã tens de acordar cedo para ires para as aulas e eu sei como te custa levantar. – Disse ela beijando carinhosamente a minha testa. Fechei o meu bloco de desenho e coloquei-o junto ao lápis na mesa-de-cabeceira. Aconcheguei-me nos lençóis e tapei-me. – Boa noite, querida. Dorme bem. – Disse dirigindo-se para a porta do meu quarto.
- Esme! – Chamei antes que ela saísse.
- Sim, querida? – Perguntou ela.
- Amanhã… podes ir comigo? – Perguntei um pouco envergonhada. Ela sorriu ternamente para mim.
- Claro que posso, querida. – Respondeu ela ternamente. – Mas, vá, dorme, não te preocupes com isso agora.
- Está bem. – Respondi sorrindo. – Até manhã, Esme.
- Até manhã, querida.
Fechei os olhos à espera que o sono viesse. Demorou um pouco porque fiquei a pensar na consulta de amanhã. Estava um pouco ansiosa em relação a isso. Não é que eu não quisesse. Apenas era algo novo que eu tinha medo de enfrentar. Passado um pouco, acabei por adormecer.