You Have Me escrita por Nyh_Cah


Capítulo 59
Psychologist




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Por incrível que pareça, acordei cedo demais. Ainda faltava uma hora para a hora que eu me costumava levantar. Deixei-me ficar na cama. Eu sabia porque é que tinha acordado demasiado cedo. Eu estava nervosa para a consulta de hoje à tarde. Eu não sabia como iria reagir com as perguntas do psicólogo, mas eu queria tanto melhorar. Mas tanto! Acabei por me levantar de cama, andava só às voltas por causa dos nervos e fui tomar um banho. Vesti-me e depois de pentear o meu cabelo levemente molhado desci. Ainda continuava a ser cedo, pois quando desci não havia ninguém sem ser a Esme a preparar o pequeno-almoço.
– Bom dia. – Disse assim que entrei na cozinha indo beijar a bochecha da Esme.
– Bom dia, querida. – Disse ela beijando a minha bochecha. – Levantada, tão cedo? – Perguntou ela meio preocupada.
– Não consegui dormir mais. – Respondi sinceramente. – Acordei nervosa. – Expliquei.
– Por causa da consulta? – Perguntou ela parando o que estava a fazer e vindo ter comigo. Apenas assenti com a cabeça. – Querida, não precisas de ficar assim. Vais lá, hoje, e vês como te sentes. Depois decides o que fazer. Se queres continuar ou não. – Disse a Esme. – Mas deixa-me dizer-te uma coisa. Quando eu tinha dezasseis anos, a minha mãe morreu cancro, como eu já te tinha dito. E nessa altura eu fiquei muito mal, porque a minha mãe era o meu porto seguro. Eu comecei a isolar-me um pouco e a minha família ficou preocupada comigo, então levaram-me a um psicólogo. As primeiras sessões vão ser um pouco desconfortáveis, pois não conheces o psicólogo, até vais sentir um pouco de medo, mas com o tempo, vão deixar-te aliviada, vão livrar-te de certos momentos tristes que não consegues esquecer. Vais aprender a bloqueá-los. E vai ser bom para ti. – Explicou a Esme. Sorri um pouco para ela e abracei-a, escondendo a minha cara no vão do seu pescoço. – Vais ver que tudo irá correr bem e eu vou estar o tempo todo à tua espera. No momento em que quiseres sair da sala, é só saíres e vires ter comigo que vamos embora. Está bem? – Perguntou ele.
– Está bem. – Disse ainda com o rosto escondido. Fiquei mais um pouco assim e depois afastei-me um pouco dela. Ela deu-me um beijo na testa e continuou a preparar o pequeno-almoço. Já havia barulhos no piso de cima, o que queria dizer que já havia gente acordada. Ajudei a Esme em algumas coisas e depois comecei a tomar o pequeno-almoço. Não demorou muito para que os outros viessem se juntar a mim. Tomámos o pequeno-almoço todos juntos e quando acabámos, fomos para a escola.
– Querida, não te esqueças da consulta. Não te atrases. – Avisou a Esme, antes de sairmos de casa.
– Sim, eu não me atraso. – Respondi, indo para a garagem com os outros. Entrámos no carro e eles começaram logo a bombardear-me com perguntas. Tinha-me esquecido que eles ainda não sabiam que eu tinha consulta no psicólogo.
– Alice, que consulta é essa? – Perguntou o Jasper preocupado.
– Eu decidi ir ao psicólogo. – Disse simplesmente.
– Porquê Alice? – Perguntou o Jasper ainda preocupado e agora um pouco intrigado.
– Sabes muito bem porquê Jasper. – Respondi-lhe. – Ainda é difícil, para mim, viver com todas aquelas memórias. É difícil pensar nisso. Mata-me por dentro, Jasper. Eu preciso de aprender a lidar com isso, a dar-lhe menos importância. Eu só quero melhorar, Jasper. – Ele olhou para mim em silêncio. – Jasper, eu já estou nervosa o suficiente por causa desta consulta, só preciso que me apoies. Por favor, Jasper. – Supliquei-lhe. Ele ficou mais um pouco em silêncio mas depois aconchegou-me a ele e disse ao meu ouvido que me apoiava. Suspirei aliviada e fui o resto do caminho recostada a ele com ele a acariciar-me a mão. Assim que chegámos saímos os quatro do carro e fomos cada um para a sua sala, já estava quase na hora. Eu fui com o Edward visto que tínhamos aulas, um ao pé do outro. Ele estava um pouco calado demais.
– Ed, está tudo bem? – Perguntei. Ele parou no meu do corredor. Parei também para saber o que se passava.
– Alice, tens a certeza que essas consultas te vão fazer bem? – Perguntou ele preocupado.
– Não sei, Ed. Por isso, é que vou experimentar. Se eu não me sentir bem nas consultas, eu desisto. Eu só quero tentar algo para melhorar de vez. Quero ser plenamente feliz sem que haja sempre algo demasiado vívido na minha memória para estragar essa felicidade. Só isso. Eu acho que vou melhorar e é isso que eu quero.
– Eu só estou preocupado contigo, Alice. Eu também só quero que fiques bem e se achas que as consultas te irão fazer bem, não vou ser eu que não te vou apoiar. Gosto demasiado de ti para te ver sofrer, Ali. – Disse o Emmet com a voz extremamente verdadeira. O Edward nos últimos tempos tinha virado um irmão. Desde a morte do Sean que eu não me sentia como me sentia quando estava com o Edward. Entre nós havia um amor diferente, um amor carinhoso, um amor fraternal e eu sentia-me extremamente bem quando estava com ele. Como se soubesse que ele faria de tudo para eu não sofrer, que ele faria de tudo para não me voltar a sentir infeliz como antes me sentia. E eu acreditava imensamente nisso pois sempre sentia aquela segurança fraternal que ele emanava.
– Obrigada, Ed! – Disse abraçando-o ternamente. – Mas Ed, eu estou com certo medo. – Confessei. Eu sabia que poderia falar de tudo com ele.
– Porquê, Ali? – Perguntou ele com um tom preocupado.
– Não sei. – Disse encolhendo minimamente os ombros. – Eu tenho medo da minha reação quando ele começar a perguntar o meu passado. Tenho medo de não aguentar. E vai ser tão estranho ter que falar com uma pessoa com quem eu nunca falei anteriormente, uma pessoa que não conheço. Não sei se me vou sentir à vontade. – Expliquei-lhe o que sentir realmente.
– Ali, ao início não vai ser fácil, tens de estar preparada para isso, mas com o tempo vai melhorando. E com o tempo, também vais-te familiarizando com o psicólogo e vai começar a ser mais fácil falar com ele.
– Prometes? – Perguntei como uma menina indefesa. Às vezes era assim que me sentia.
– Claro que prometo, Alice. – Disse ele sorrindo para mim. – Vai tudo ficar bem. – Disse ele beijando a minha bochecha e indo para a sua sala de aula de seguida. Já tinha tocado e estávamos um pouco atrasados. Fui rapidamente para a minha aula. Como sempre era difícil concentrar-me e acabei por começar a desenhar nas páginas finais do meu caderno.
O resto do dia passou-se normalmente. As mesmas aulas de sempre, entediantes a meu ver. Só gostava do almoço, em qua estava com o Jasper e os outros. Mesmo nos intervalos normais, era difícil encontra-los. Tínhamos aulas, em salas diferentes e longe umas das outras. E eu sabia que eles tinham outros amigos e que precisam de estar um pouco com eles também. Por isso, também não andava exaustivamente à procura deles. Percebia que eles precisam desse tempo.
Quando deu o toque para a saída, arrumei as minhas o mais rápido que pude e depois fui até ao carro para voltarmos para casa. Quando cheguei, já lá estavam todos, então só entrámos no carro e partimos em direção a casa. Mal chegámos, tive que sair com a Esme em direção ao hospital. Estávamos mesmo em cima da hora. A viagem foi silenciosa. A Esme percebeu que eu ainda continuava um pouco nervosa e não me obrigou a falar. Depois da Esme estacionar o carro numa vaga do parque de estacionamento do hospital, fomos até à receção e demos o meu nome, como já tinha chegado. Mandaram-nos sentar na sala de espera das zonas das consultas e ficámos um tempo à espera. Acabei por encostar a minha cabeça ao ombro da Esme. Ainda nos encontrávamos em silêncio, mas era um silêncio confortável.
– Alice Brandon. – Chamou uma enfermeira. Peguei na mão da Esme mal chamaram o meu nome. Ela beijou a minha testa carinhosamente e disse:
– Vai correr tudo bem, amor. Vou estar aqui, quando saíres. Sê a menina corajosa que eu sei que és. – Sorri fraco para ela e fui até à enfermeira que se encontrava à minha espera. Ela indicou-me uma sala e eu bati à porta antes de entrar.
– Entre. – Ouvi a voz abafada do médico. – Boa tarde, Alice. – Disse assim que me viu. Sorri um pouco para ele e sentei-me numa poltrona de frente para ele. Ele aparentava ter a idade do Carlisle. Tinha os cabelos meio despenteados num castanho muito escuro e depois para contrariar tinha os olhos num castanho mel, muito bonita. Algumas rugas já marcavam a expressão dele mas o sorriso não deixava de ser bonito.
– Boa tarde. – Disse baixinho assim que me sentei.
– Bem, eu sei o teu nome mas tu não sabes o meu. – Disse ele descontraidamente. – Sou o doutor Victor Sammuels. – Apresentou-se ele. – E bem, vou ser o teu psicólogo mas acho que isso já sabes. – Disse ele com um sorriso divertido no rosto. Voltei a sorrir um pouco para ele. – Então, que tal começarmos por eu te perguntar coisas simples. Está bom para ti? – Perguntou.
– Sim. – Respondi ainda num tom de voz baixo.
– Que idade tens? – Perguntou. Aposto que ele sabia a minha idade mas acho que ele só queria começar de alguma maneira e nada mais simples do que perguntar a idade.
– Dezasseis, quase dezassete. – Respondi.
– Hum, então já deves ter alguma ideia do que queres fazer no futuro? – Perguntou.
– Não, não tenho.
– Mas deve haver alguma coisa que gostes realmente de fazer. Por exemplo, quando tinha a tua idade, gostava muito de ajudar os meus amigos nos seus momentos mais difíceis. Eu conseguia perceber que eles tinham passado por algo e gostava de ajuda-los a superar isso, por isso, decidi vir para psicólogo. O que gostas mais de fazer? – Perguntou sempre simpático.
– Desenhar.
– Desenhar? – Perguntou ele um pouco surpreso. – E porque gostas assim tanto de desenhar? O que é que esse ato te proporciona? – Eu percebi que ele queria que eu me abrisse mais um pouco, visto que até agora, as minhas respostas no máximo tinham três palavras.
– Gosto de desenhar porque é a única maneira que tenho de conseguir expressar inteiramente os meus sentimentos. Porque é o único momento que por mais que doa cá dentro, não sinto a dor. Como se desenhar fosse um remédio para a dor que sinto. É um escape da realidade e leva-me a um mundo completamente diferente, onde tudo funciona como eu quero, onde tudo está no seu devido lugar e onde consigo reorganizar os meus sentimentos sem me afogar em lágrimas deitadas pelos meus próprios olhos. – Expliquei-lhe calmamente ainda num tom baixo relativamente ao tom em que ele falava.
– Então quer dizer que os teus desenhos são um espelho do teu interior? Do que estás a sentir realmente? – Perguntou ele sinceramente interessado. Afirmei com a cabeça para responder à sua pergunta. – Então, pelo que percebo, os teus desenhos contam a história dos teus sentimentos. Não é verdade?
– Mais ou menos. – Respondi. Nunca tinha visto isso nessa perspetiva mas até tinha a sua verdade. Se fosse ver os meus desenhos desde que comecei a desenhar até agora, eles mudariam bastante o seu conteúdo. Disso, eu tenho a certeza.
– Então e o que achas de para a próxima consulta, trazeres os teus desenhos e falarmos um pouco sobre eles? – Perguntou o Dr. Sammuels. O silêncio reinou depois de ele falar. Eu não sabia o que responder. Eu não tinha mostrado o meu caderno com os desenhos, a ninguém. Era algo meio privado ou então eu só tinha mesmo vergonha que as outras pessoas vissem o que eu tinha desenhado.
– Sim, acho que pode ser. – Disse não muito convicta da decisão que tinha tomado. Ele sorriu para mim e apontou algo num papel que tinha consigo.
– Bem, acho que está na hora de terminar. – Disse ele olhando para o relógio. – A consulta acabou. – Avisou ele. Despedi-me dele e sai do consultório, indo ter com a Esme o mais rápido possível. Ela ainda estava sentada na mesma cadeira e estava um pouco distraída quando eu cheguei. Ela sentiu a minha presença e olhou para mim, levantando-se de seguida.
– Então, como correu, querida? – Perguntou ela preocupada.
– Bem. – Respondi simplesmente.
– Tens a certeza? Sabes que podes dizer-me a verdade, amor.
– Mas eu estou a dizer a verdade. Até correu bem. Ele esteve a perguntar-me o que eu gostava mais de fazer e eu respondi que gostava muito de desenhar. E aí ele começou a perguntar-me porque é que eu gostava de desenhar e o que os meus desenhos representavam para mim. Só isso.
– Mas… - Disse a Esme sempre perspicaz.
– Mas ele quer que eu traga os meus desenhos para a próxima consulta para falarmos um pouco sobre eles. – Respondi olhando para os meus pés. – Eu nunca mostrei aqueles desenhos a ninguém, Esme. E de certa forma tenho um pouco de medo de falar sobre eles.
– Eu sei o que os teus desenhos representam para ti, querida. Eles descrevem o que sentes no momento e o psicólogo só quer chegar ao teu problema de uma maneira que não te faça sentir pressionada a nada. Ele quer ir com calma e arranjou uma boa oportunidade nos teus desenhos para começar a falar sobre os teus problemas. Só isso. – Explicou a Esme.
– Sério? – Perguntei.
– Sim, a sério. Vais ver que é isso que vai acontecer na próxima consulta. – Garantiu-me ela sorrindo para mim e acariciando a minha bochecha. – Agora vamos para casa. Já chega de hospitais por hoje. – Disse ela.
Fomos as duas até ao carro e ela dirigiu até casa. A viagem foi rápida e outra vez silenciosa. Quando chegámos a casa, a Esme foi até ao escritório, acho que ela estava a trabalhar num projeto importante e eu sentei-me ao lado da Rose na sala. Deitei-me com a cabeça apoiada nas suas pernas.
– Então, como correu? – Perguntou ela tentando esconder a sua curiosidade. A Rose era o ser mais curioso que eu conhecia.
– Correu bem. Foi só a primeira consulta. Não falamos muito.
– Não falaram muito, ou tu não falaste muito, Alice? – Perguntou ela. Ela conhecia-me demasiado bem. Sorri como quem diz que o que ela disse era verdade e ela riu um pouco.
– Mas pronto, ele começou com umas perguntas simples para começar. E agora, quer falar sobre os meus desenhos. – Disse-lhe.
– Eu também quero ver esses desenhos, dona Alice! – Disse ela falsamente indignada. Ri-me e ela riu-se a seguir. Era por isto que eu adorava a Rose. Ela fazia-me descontrair, qualquer que fosse a situação. – Mas a falar a sério. Nunca me mostraste esses desenhos. Queria mesmo vê-los. – Pediu ela.
– Talvez, dona Rose. – Respondi-lhe mas eu já sabia que acabaria por lhe mostrar. Era sempre assim.
Passei o resto da tarde com ela ali no sofá a ver televisão e a falar. O Jasper e o Edward ainda não tinham descido, pelo que a Rose disse, estavam os dois a estudar. O Carlisle acabou por chegar e como os outros perguntou-me como tinha sido a minha consulta e eu voltei a responder que tinha corrido bem. Acabámos por ir jantar e depois de jantar, fiquei um pouco com o Jasper, no quarto dele. Acabei mesmo por adormecer lá, mas voltei a acordar nos seus braços quando ele me depositava na cama.
– Dorme, Alice. – Disse ele no meu ouvido. – Até manhã. Amo-te.
– Também de amo. – Sussurrei mas não sei se ele percebeu ou mesmo ouviu o que eu disse. Acabei por voltar a adormecer e só acordar na manhã seguinte.



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Notas finais do capítulo

Oláa! :$ Sei que estou muito atrasada com as postagens gente. Desculpem, mesmoo! A escola está a dar cabo de mim, acreditem. Vou tentar recomeçar a postar semanalmente, mas não prometo nada. Vou tentar.
Espero que tenham gostado realemente do capitulo, porque eu esforcei-me muito para que a consulta com o psicólogo parecesse normal! ahaha :p Fico à espera dos vossos comentários, espero não me terem abandonado *.*
Beijinhos
S2



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