Dormi o resto da manhã, lindamente. Não acordei vez nenhuma e não tive pesadelos, acho que era porque ainda estava extremamente cansada. Só voltei a acordar a meio da tarde, com fome. A minha barriga estava a roncar, ainda só tinha comido o que a Esme me tinha trazido de manhã. Remexi-me na cama e notei que estava sozinho. O quarto estava escuro e eu estava enrolada num lençol. Levantei-me calmamente muito mais descansada e fui até à casa de banho do quarto da Esme e do Carlisle. Da outra vez que estive aqui, não reparei mas a casa de banho era enorme e muito bonita. Fiz o que tinha a fazer e depois desci as escadas e dirigi-me à cozinha. A casa estava silenciosa, parecia que não estava ninguém em casa, mas à medida que eu me ia aproximando da cozinha, a voz da Esme a trautear uma música tornava-se mais perceptível.
– Olá. – Disse meio tímida assim que entrei na cozinha.
– Querida, já acordaste! – Exclamou ela. – Como te sentes? Mais descansada?
– Sim, estou mais descansada. – Respondi-lhe. – Estou com fome. – Comentei.
– Eu não te consegui acordar para almoçares, desculpa, mas estavas a dormir tão bem.
– Não faz mal. Eu precisava mesmo de dormir. – Disse sorrindo para ela.
– Queres que eu te prepare algo para comeres? – Perguntou ela atenciosamente.
– Pode ser. – Respondi. A Esme começou a preparar para mim um lanche avantajado e depois sentou-se à mesa comigo, também para comer. Conversámos o tempo todo. Eu sentia-me tão bem ao lado dela, era como se ela me fizesse sentir segura, como se ela estivesse lá para me proteger e amar e agora eu pretendia agarrar-me a isso. Eu não queria mais fugir, eu tinha que aceitar que eles me amavam, tal como eu os amava. – Onde estão todos? – Perguntei. Ainda não tinha visto ninguém sem ser a Esme e estava a achar isso muito estranho.
– O Carlisle teve que ficar no hospital, houve uma emergência e chamaram-no. A Rose, o Jasper e o Edward passaram a manhã a olhar uns para os outros sem dizer nada, nem fazer nada à espera que tu acordasses. Depois de almoço, mandei-os sair de casa. A Rose foi sair com o Emmet e o Jasper foi com o Edward a um salão de jogos ou ao cinema, não percebi muito bem. – Ri-me. – Não te rias, foi o cabo dos trabalhos para os fazer sair de casa. Eles não queriam mesmo. – Disse ela também rindo um pouco. – Mas eles já devem estar aí a chegar.
– Está bem. Queres ajuda para arrumar a loiça? – Perguntei-lhe. Já tínhamos acabado de comer.
– Não é preciso, querida. Faço isso num instante.
– Está bem. – Respondi, indo para a sala. Sentei-me no sofá e liguei a televisão. Estava a passar a minha série preferida na televisão, então fiquei no sofá a vê-la. Passado um bocado o Carlisle chegou a casa. Ele aparentava estar cansado, deve ter dormido pouco de noite e depois foi fazer dois turnos no hospital, não era para admirar. Assim que ele me viu na sala, sorriu para mim e veio ter comigo.
– Como estás, Alice? – Perguntou ele ternamente, dando-me de seguida um beijo terno na testa. Sorri com o gesto e respondi de seguida que estava bem. – Olha, a Esme já deve ter falado contigo sobre ires falar com o meu amigo psicólogo. – Afirmei com a cabeça. – Eu falei hoje com ele e ele não se importa em ver-te, mas eu só quero que tu vás, se quiseres. Não te quero obrigar a ir falar com ele. Se quiseres vais, e vais quando quiseres, está bem? – Perguntou ele.
– Está bem. Mas eu quero, eu percebo que vocês querem ajudar-me e eu acho que preciso de ajuda. Acho que vai ser bom, mas se eu achar que não está a resultar, posso deixar de o ir ver? – Perguntei. Eu não me queria sentir obrigada a continuar a falar com o amigo do Carlisle se não estivesse a adiantar de nada.
– Claro. Tu controlas tudo. Sais quando quiseres, vais se quiseres. Não te queremos obrigar a nada.
– Obrigada por tudo. – Agradeci abraçando-o.
– De nada, Alice. Só quero que saibas que te amamos. – Disse ele com emoção na voz. Nunca tinha ouvido o Carlisle a dizer isto. Sorri para ele e tentei conter as lágrimas de emoção nos olhos. – Agora, vou para cima tomar um banho e descansar um pouco até ao jantar.
– Está bem. – Disse sorrindo ainda para ele. Assim que ele subiu as escadas, voltei a prestar atenção à série que estava a passar na televisão. Não demorou muito tempo para que a Rose também chegasse a casa com o Emmet. O Emmet não entrou, apenas a veio trazer. Assim que ela me viu, correu para me abraçar. – Rose, estás a sufocar-me! – Disse rindo um pouco.
– Desculpa, Alice. – Disse ela um pouco envergonhada. – Como estás? – Perguntou seriamente preocupada.
– Estou bem. – Respondi-lhe. Ela olhou para mim com um olhar inquisidor. – A sério. Estou mesmo bem. Sei que o Edward está arrependido e eu já esclareci toda a confusão que ia dentro de mim.
– O Edward não devia ter dito aquilo que disse! – Resmungou ela ainda um pouco inconformada.
– Rose, eu não quero que fiques chateada com o Edward. Desculpa-o. Ele não sabia de nada.
– Mas Alice…
– Ele está arrependido, Rose. Perdoa-o, não quero que fiquem chateados por causa de mim.
– Está bem. – Respondeu ela. – A mãe e o pai? – Perguntou ela, estranhando não estar nenhum no piso debaixo.
– O Carlisle foi descansar, subiu mesmo à bocado e a Esme não sei. Deve ter ido trabalhar para o escritório.
– Ou finalizar o teu quarto! – Disse ela sorrindo matreiramente para mim.
– Já o viste? – Perguntei empolgada. Eu queria muito vê-lo mas a Esme não deixava, até ele estar acabado.
– Já. Está a ficar lindo. – Comentou ela.
– Conta qualquer coisa! – Pedi.
– Não. Vai ser surpresa. Já não deve demorar muito tempo para o veres. Da última vez que o vi, ele estava quase pronto, por isso, é só esperares mais um bocadinho.
– És má. – Disse olhando para ela. Ela apenas se riu e aconchegou-se a mim para continuarmos a ver televisão. Ela também gostava da série que estava a passar. – Sabes onde o Jasper e o Edward foram? – Perguntei. Estava com saudades do Jasper. Queria estar um pouco com ele.
– Foram ao cinema. Devem estar a chegar. – Disse ela olhando para o relógio.
Não demorou muito para que eles chegassem. Meia hora depois, ouvimos um carro a estacionar e depois entraram os dois dentro de casa. O Edward estava com um ar abatido e tristonho. Ele estava mesmo arrependido. Eu já o tinha desculpado. Ele não sabia da história, não sabia de nada. Não o posso culpar por me julgar. Todos o fazem e todos o irão fazer. Ele cometeu um erro e está arrependido. Todos merecemos uma segunda oportunidade.
– Alice! – Exclamou o Jasper vindo ter comigo. Levantei-me do sofá e fui até ele, abraçando-o. Ele beijou a minha testa e depois os meus lábios. – Vejo-te melhor. Ainda bem. – Comentou ele sorrindo. Sorri também para ele.
– Já estava com saudades. – Comentei.
– Eu também. Fiquei a manhã toda à espera que tu acordasses, mas depois de almoço a mãe mandou-me embora de casa. Eu não queria ir, mas ela obrigou-me. Quando quer, ela consegue ser bem persuasiva. – Ri-me com o que ele disse.
– Eu sei, a Esme disse-me. – Disse ainda rindo. Dirigimo-nos os dois para o sofá e eu recostei-me no peito dele como tanto gostava. Ele fazia carinho na minha mão e continuámos a conversar os dois e mais tarde com a Rose. O Edward é que se tinha sentado na poltrona da sala e ficou calado a olhar para as suas mãos. Eu não queria que ele se sentisse mal, por estar comigo. Queria que voltássemos a darmo-nos bem. Ele ficou assim mais um bocado e depois olhou para mim e perguntou:
– Alice, podemos falar? – Ele olhava para mim com o olhar triste.
– Claro. – Respondi, levantando-me do sofá. Fomos os dois até à cozinha, que estava vazia. Sentei-me numa cadeira e fiquei à espera que ele começasse a falar.