You Have Me escrita por Nyh_Cah


Capítulo 52
I Don't Blame You




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Ele parecia que estava a ganhar coragem para dizer alguma coisa, mas simplesmente não sabia como fazer isso. Ele estava muito arrependido, isso, qualquer um percebia. Eu não queria vê-lo assim. Eu gostava muito dele, eu agora era da família dele e vê-lo assim, fazia-me ficar triste. Eu queria-o feliz como sempre esteve. Ele não olhava para mim, olhava para um ponto imaginário na bancada da cozinha. Decidi falar eu com ele.
- Edward. – Chamei-o. Ele olhou hesitantemente para mim. – Sabes que eu não estou chateada contigo. Não posso dizer que não fiquei magoada, porque fiquei, também deves ter percebido isso. Mas eu não estou chateada contigo, não gosto menos de ti do que gostava. Continuas a ser o mesmo para mim. Eu quero que tu saibas disso. Eu não te culpo de nada.
- Mas Alice, o que eu fiz… - Começou ele por dizer.
- Foi o que toda a gente acaba por fazer, Edward. É compreensível, tu não sabias o que as cicatrizes significaram, não sabia o que me levou a fazer aquilo. Não sabias de nada da minha história. É normal teres pensado em algo assim. Magoou, mas é normal. – Disse-lhe para o acalmar. Ele estava a torturar-se por dentro, eu conseguia perceber isso. 
- Mas eu não queria que isso fosse o normal, eu não queria ter-te julgado, ter-te magoado. Tu não mereces isso, Alice. Eu fui um completo idiota. Poderia ter-te perguntado o que te levou a fazer isso, mas não. Simplesmente, julguei-te e assumi logo que fizeste isso para chamar a atenção das pessoas. – Eu sabia que ele estava a ser sincero. Que o que ele estava a dizer, era verdade. Ele era uma boa pessoa e era por isso que eu não estava chateado com ele.
- O que está feito, está feito, Edward. Não quero que te prendas a isso. Eu não me vou prender, eu só quero esquecer o passado e agora aproveitar o que tenho. Eu estou feliz neste momento e é o que interessa. Eu não quero que te tortures por isso, eu mesma não vou dar mais importância a isso. Passou, e não precisa que voltemos a lembrar-nos. – Disse-lhe. O que eu estava a dizer era verdadeiro. Eu não ia ligar para o que aconteceu. Eu só queria que ele esquecesse também e ficasse feliz como eu estou agora.
- Está bem, eu vou tentar, mas eu sempre vou sentir-me culpado pelo que te fiz. Fui cruel contigo, Alice.
- Não te sintas pois eu também não te culpo, Edward. – Respondi-lhe. – Eu não te culpo de maneira nenhuma. Por isso, eu não quero que passes o resto da tua vida a culpar-te.
- Vai ser difícil, Alice.
- Tenta, está bem? Eu sei que irás conseguir.
- Está bem, eu prometo que irei tentar. – Disse ele sorrindo fraco. – Alice, podes-me dizer o porquê de teres feito isso? Já me disseram superficialmente o porquê, mas eu quero ouvir de ti, eu quero perceber realmente. – Disse ele. – Mas eu só quero que mo digas, se estiveres pronta para isso e claro, se quiseres. – Acrescentou ele.
- Sabes, Edward, nem todos têm a sorte de ter a Esme e o Carlisle como pais. Vocês têm tanta sorte nisso. Nunca os magoes, Edward, eles não o merecem. São os melhores pais que qualquer pessoa poderia ter. – Comecei. Ele apenas confirmou com a cabeça. Ele sabia que tinha uns óptimos pais e adorava-os. – Eu antes de ir para a instituição, eu morava com os meus pais e com os meus irmãos. Não é que eu os considerasse realmente meus pais. Eu desde pequena percebi que era um estorvo na vida deles e que eles não me amavam. Eu fui uma filha não planeada e quando nasci fui apenas vista como mais uma boca para comer onde já não havia praticamente comida nenhuma. O meu irmão Ethan nunca gostou de mim também. Tal como os meus pais, ele sempre me viu como um estorvo, já o Sean adorava-me. Foi ele que cuidou de mim, desde pequena. Se eu estava doente, era ele que estava lá, se eu tinha algum problema na escola, era ele que estava lá, se eu caía e me aleijava, era ele que estava lá. E eu adorava-o. Ele era a única pessoa que realmente se importava comigo, que me via tal como eu sou. – Continuei a explicar a história. Ele tinha-se sentado de frente para mim. – As coisas lá em casa começaram a ficar muito más. Os meus pais não conseguiam arranjar emprego, o Sean também não. O dinheiro começou a faltar e o pouco que tínhamos, os meus pais gastavam e bebida. A comida começou a faltar também, havia dias que durante um dia eu só comia metade de um prato de sopa. – O Edward olhou surpreso para mim. Eu sabia que ele nunca teve que passar por aquilo e que isso era um mundo distante para ele. – Era horrível, mas eu tinha que aguentar. Eu não podia reclamar, pelo menos tinha um pouco de sopa. O Sean continuava à procura de emprego, ele não desistia, sempre foi muito optimista. Mas as coisas começaram a desabar quando o meu pai arranjou um emprego em Boston. Ele e a minha mãe foram para Boston e deixaram os seus três filhos aqui. Foi duro, aceitar isso, mas tinha que ser. Na manhã seguinte, aos meus pais terem ido para Boston, o Ethan também saiu de casa e nunca mais o vi. Fiquei apenas eu e o Sean. Ele acalmou-me e dizia-me que tudo iria ficar bem. Que ele ia arranjar um emprego e que as coisas iriam melhorar. – Disse. O Edward continuava a ouvir a minha história atenta e silenciosamente. – Ele de facto arranjou um emprego e eu cheguei mesmo a pensar que tudo se iria recompor. Mas não. Numa noite, assaltaram-nos a casa. Eu nunca cheguei a perceber o que eles queriam. Só sei que o Sean enfrentou-os, que eu supliquei para não lhe fazerem mal, mas eles continuavam e também acabaram por bater-me. Quando se fartaram, mataram-no à minha frente e tentaram-me matar também. Mas a policia veio rápido e conseguiram-me salvar no hospital. Fui baleada no ombro. – Disse tocado levemente na cicatriz. Algumas lágrimas tinham caído mas eu tratei logo de as limpar. O Edward pegou na minha mãe e apertou-a levemente. Sorri um pouco para ele e tratei de continuar a história. – Acabei por ir para a instituição. Ao inicio, até não desgostava de estar lá, mas com o passar dos meses, passei a odiar. Eu sentia a falta de ter alguém a preocupar-se comigo, a Ellen só se zangava e gritava comigo. Eu sentia-me sozinha, sentia que não tinha ninguém. Todas as noites, eu tinha pesadelos, todas as noites, eu mal dormia. Eu perdi a vontade de viver Edward. Para mim a vida não tinha qualquer sentido. Eu só desejava não existir. – Expliquei-lhe. Eu só queria que ele compreendesse mesmo como eu me sentia. Ele olhava para mim com compaixão e continuava a pegar na minha mão. – Um dia, que a Ellen zangou-se realmente comigo, eu fartei-me. Aquilo veio-me à cabeça e eu pensei que era o mais acertado a fazer. E fiz, eu não pensei em mais nada, eu só queria desaparecer, só queria parar de sofrer. Quando percebi que realmente não queria morrer era tarde demais. O erro já estava feito e eu apenas deixei-me levar. – Disse. – Sabes, Edward, nós nunca queremos realmente morrer. Quando chega a hora, ficamos com medo e arrependemo-nos. – Expliquei-lhe. – O Jasper acabou por chegar e salvou-se da borrada que eu tinha feito. – Sorri ao dizer a última parte. O Jasper era como um anjo na minha vida. Ele salvou-me de mim, mesma. Ele fez com que eu voltasse a viver. 
- Anda cá! – Disse ele abraçando-me. – Espero que nunca mais te sintas assim Alice. Tu não mereces isso. Mereces ser feliz. – Disse ele sorrindo para mim.
- Eu sei Edward, por isso é que estou a tentar. Eu estou mais feliz do que nunca agora. – Disse – lhe.
- Ainda bem, Alice. – Disse ele sorrindo para mim. Sorri também para ele. Estava feliz por tudo estar resolvido. O brilho dos olhos do Edward voltou um pouco, o que era bom. Nesse momento, o telemóvel dele começou a tocar. – Desculpa, é a Bella. – Disse ele sorrindo abertamente.
- Não faz mal, atende. Vou para a sala. – Disse-lhe. Saí da cozinha e fui-me sentar aconchegada ao Jasper. Ele e a Rose ainda estavam no sofá a ver televisão, mas já não estavam a ver a série, estavam a ver um filme. 
- Como correu a conversa? – Perguntou o Jasper curioso. Sabia que a Rose também estava curiosa, mas não quis perguntar nada.
- Correu bem. – Respondi sorrindo. – Resolvemos tudo.
Ficámos o resto da tarde, a ver televisão e a conversar no sofá. Por mais que eu tenha dormido imenso, eu estava cheia de preguiça e não me apetecia fazer mesmo nada. Quando a Esme acabou de fazer o jantar, fomos todos comer. Como sempre a comida da Esme estava divinal. Eu adorava mesmo tudo o que ela fazia.
- Mãe, quando é que o quarto da Alice está pronto para ela o poder ver? – Perguntou a Rose. – É que a Alice está mesmo ansiosa! – Comentou ela rindo. Senti as minhas bochechas a esquentar, quase de certeza que estava vermelha.
- Está mesmo, quase pronto! Faltam uns retoques finais, apenas. Quando menos esperares, vais poder ver o teu quarto, querida. – Respondeu a Esme rindo um pouco. O resto do jantar foi descontraído e divertido. Acabei, depois por ir dormir cedo. Amanhã, infelizmente era dia de escola e eu queria descansar para não acordar cansada.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu sei que estou atrasada uma semana mas a semana passada foi horrivel. Tive três teste e dois deles foram a disciplinas especificas. Precisava de estudar. Depois disso deu-me uma preguiça enorme e decidi descansar e só depois escrever. Espero que compreendam mesmo.
Aqui está mais um capitulo. Espero que tenham gostado e claro que espero pelos vossos comentários!
Beijinhos
S2