Enemies do Not Kiss escrita por Yuuki_Cereja, Milky_Potter


Capítulo 9
Mismatched Eyes


Notas iniciais do capítulo

Eu não demorei tanto tempo assim não foi?

Enjoy~



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                                *~ Capítulo IX – Mismatched Eyes~*

- Gina! Gina! – Hermione tentava chamara atenção dela, que conversava com algumas amigas da mesma Casa.

Hermione se encontrava sentada almoçando, perto de Harry e Rony, mas recusava-se a responder uma pergunta sequer que eles lançassem a ela a respeito do acontecido que a fizera chorar. E por muitas tentativas, Gina pareceu ouvir e foi se juntar a ela.

- O que foi? – sussurrou a ruiva.

- Aqui não. – disse a Granger e as duas foram para a outra extremidade da mesa onde estava um pouco mais silencioso, e com menos pessoas ao redor.

- Eu acho que tenho uma explicação plausível para o que aconteceu com o Malfoy. – disse Hermione. Gina também notara que ela estava um pouco mais sorridente. – Não era ele.

Gina ficou confusa.

- Como poderia não ser ele? Você o viu, Hermione.

- Simples: não era ele, era só uma pessoa que sabia tanto quanto ele, e por alguma razão queria me ver fora do caminho. E então, roubou ou fez, não importa, tomou Poção Polissuco, e me tratou daquela forma. Foi a Pansy, por isso ela sabia do que tinha acontecido ontem a noite.

- E como você pode saber se não foi mesmo o Malfoy? Ele ainda nem falou com você. – Disse Gina, achando Hermione monótona.

- Ah, esqueci de contar. Hoje de manhã, ele me arrastou para o terceiro andar e pediu explicações para eu estar evitando ele. Dizendo ele, ele não fez nada, apenas ficou comigo na noite, mas acho que era algo bom, na visão dele, e não o que realmente aconteceu.

- Certo, Poção Polissuco. Mas isso só funcionaria se ela alterasse a memória dele. Então, - Gina agora parecia trabalhar a mente junto com Hermione. – ele pensaria que estava com você, quando na verdade estava desmaiado, e a Pansy faria o trabalhinho sujo. Você já contou pra ele?

- Não. E nem quero. Porque, senão, ele terá de me levar ao Baile. E eu tinha esperanças de que o Ron me convidasse. Então, vou fingir que estou com raiva dele, e ele se afastará de mim. Todos ficam felizes.

- Mas ontem mesmo você não disse que gostava dele? – Perguntou Gina, confusa.

- É, um pouco. Acho que na verdade é só uma atração pelo perigo. E eu não quero gostar dele, e é por isso que eu espero que o Ron me convide. – Disse baixinho.

- Olha só Hermione, eu não sei mais o que acontece com você, mas eu quero que você decida o que realmente quer. Se você não quer o Malfoy, então diga isso a ele. – Gina estava séria e manteve a voz firme. – Não fique fazendo joguinhos, você não era assim. E se você era, então eu acho que não conheço mais a Hermione Granger. 

. . .

. . .

- Eu não entendo, eu juro que não entendo essa garota! – esbravejava um certo louro enquanto caminhava para a sua aula de Poções.

- Acho que você devia tentar falar com ela. – disse Goyle, mas como sempre, Malfoy ignorou o comentário idiota.

- Quer saber de uma coisa? Eu desisto. Se a sujeitinha de sangue-ruim quer parar a brincadeira, ótimo. Ela que... – e de repente, algo lhe veio à mente.

Por que ela estava com raiva dele mesmo? Essa era a questão. Ele não sabia. Ele não entendia. Na noite anterior, ela aparecera de surpresa na Sala Precisa, eles discutiram ‘’amigavelmente’’ como sempre, e ela o beijou, e disse que realmente gostava dele, que ela o amava. Ele ficou até feliz e...

Espere um pouco, amava? Então, aí estava o erro. Granger jamais falaria algo do tipo, ela amava o ruivo, o Weasleyzinho chorão. E isso foi o que ele achou que aconteceu. Mas o que ela disse? Ela estava magoada com ele, até chorou. Então tinha realmente algo no meio disso tudo que não se encaixava.

Mas o que...?

- Pansy. – Disse ele ao ver a garota surgir da porta da sala de Poções e vir ao seu encontro lhe dando um abraço. Ela parecia estranhamente feliz para um dia comum como o que fazia, na verdade, o frio só aumentava com a aproximação do Natal.

- Olá Draco. – disse a morena com um grande sorriso. Ele rapidamente se desvencilhou dela e adentrou a sala a procura de um lugar vazio para se sentar.

O professor ainda não chegara e os estudantes faziam bagunça entre si, por isso custou um pouco até Malfoy chegar a outra extremidade da sala e avistar dois lugares vazios. Uma, na mesa onde estava Pansy, Nott e Zabini. E a outra, onde estava Potter, Weasley, e a Granger... Granger? Como ele podia não tê-la notado?

Por dois longos segundos ele parou a frente das mesas – que eram vizinhas – para contemplá-la. Hermione estava sentada entre os dois, eles conversavam e riam, e até o ruivo parecia muito mais feliz. Perdera o ar cansado, e provavelmente o mau-humor também. Ela continuava como sempre fora, mas agora parecia muito mais feliz ao lado deles.

Draco, sem hesitar, foi se sentar a mesa onde estava Nott e os outros. O que ele estava pensando? Em se sentar ao lado deles e tentar participar da conversa? Ele não era um deles. Não era, muito menos, bem-vindo ali. E pararia de tentar falar com ela. O acordo entre os dois foi somente que ela lhe ensinaria as matérias para ele passar nos exames de fim de ano, e ele já sabia uma porção de coisas graças a ela. Enquanto ele seria o seu ‘’namoradinho’’ pra fazer o Weasley voltar pra ela.

Então, agora eles estavam quites. Podiam voltar a se odiar novamente. Mas por que ele sentia que ainda não tinha acabado? Mesmo com ela, visivelmente, ignorando-o, ele sabia que não acabava simplesmente nisso.

O professor Horácio entrou na sala. Rapidamente, todos foram se sentar nas mesas em frente a seus caldeirões e fizeram silencio. Draco estava sentado, praticamente, com as costas grudadas nas costas de Hermione. Ela parecia indiferente, e ele também estava.

- Muito bem classe - começou o professor -, hoje vocês irão preparar a Poção Multi-Cor, que tem esse nome porquê... – ele olhou para Hermione, esperando que ela continuasse do ponto em que parou. Ela sorriu e se apressou a explicar.

- Porque troca de cor rapidamente o que quer que entre em contato com ela. Também é chamada de Poção Metamorfa, porque causa um efeito parecido com o dos metamorfomagos, que são pessoas com a capacidade de mutar certas partes do corpo.

- Obrigado senhorita Granger, dez pontos para a Grifinória! – Exclamou ele, mas ninguém presente ficou surpreso. – Pois bem, essa é uma poção muito delicada, e se alguma coisa sair errada, ela pode causar sérios danos a pele e perda de cabelos se em contato com eles. Sem falar que, é um dos requisitos para o seu N.I.E.M em Poções.

O professor sorriu e deu uma volta pela sala olhando a todos no olho, enquanto viam a banha em baixo do pescoço, que julgavam não existir mais, balançar.

- Mas o que estão esperando? – perguntou o Slughorn, vendo todos o fitarem. – Comecem. Encontrarão as instruções na página 143 do livro. A sua poção terá que adquirir uma coloração alaranjada, e passada uma hora, coloquem a mistura em um frasco e deixem na minha mesa com etiquetas do seu nome e série. Podem começar agora – e ele viu os alunos abrirem os livros e começar a procurar os ingredientes. – e quem sabe depois nós possamos experimentar alguns. – Ele piscou, e depois se retirou para a sua mesa onde começou a fazer algumas anotações em silencio.

Os caldeirões começaram a borbulhar. Diferentes fragrâncias enchiam a sala agora. Draco pegou a adaga e começou a cortar suas raízes. Seus movimentos na verdade, eram mecânicos, pois seus ouvidos se concentravam na conversa da mesa ao lado.

- Tá fazendo errado, Ron... não, não... é apenas uma volta no sentido anti-horário. – ele ouviu a voz de Hermione.  – Harry, passe estas sementes pra cá... 

- Não Mione, tá dizendo que é pra colocar o sulco primeiro. – Harry disse. ‘’Duas voltas em sentido horário no caldeirão e uma volta em sentido anti-horário para adquirir a coloração vermelha.’’ – Ele leu. – Que cor ficou a sua?

- Rosa. – Disse o ruivo.

- Vermelha. – disse a castanha com orgulho.

Draco nem sabia mais o que estava fazendo, sua mente vagava longe dali. Somente ao ouvir a voz de Pansy (Draco, cuidado!) que ele pareceu despertar. Deu três mexidas no caldeirão, e ela adquiriu uma coloração arroxeada. Será que estava fazendo algo errado?

- Então, você acabou tudo mesmo com ele? – Malfoy ouviu Rony sussurrar, e precisou se esforçar muito para ouvir, porque Zabini e Nott acrescentaram muito de algo que lhe lembrava pernas de aranha fazendo a poção virar uma gosma verde que sujou a toda a mesa.

- Eu já te disse. Agora isso é passado. – ouviu-a sussurrar. 

- O que vocês estão cochichando? – Harry perguntou. Não havia ouvido a conversa.

- Nada. – Rony e Hermione disseram ao mesmo tempo. Ela voltou a se concentrar em seu caldeirão e tudo o que Malfoy ouviu foi o barulho do fogo embaixo de cada caldeirão.

- Ei Draco, com quem você vai ao Baile? –perguntou-o Zabini. Ele piscou duas vezes para voltar a sua realidade. Viu Pansy se endireitar em sua cadeira e lhe lançar olhares de esguelha tentando parecer desinteressada, mas sem sucesso. 

- Ah, eu... – ele notou que o cotovelo de Hermione já estava roçando em seu braço, e imaginou que ela estaria tentando ouvir o que ele dizia ao se aproximar mais e ficar silenciosa de repente. Mas acabou que não disse nada, pois ao abrir os lábios o professor já se levantara da mesa.

- E acabou o tempo! Por favor, afastem-se todos dos caldeirões e deixem-me vê-los! – disse Slughorn com um grande sorriso. Todos se afastaram como ele pediu.

Horácio Slughorn parou primeiramente na mesa onde estava Potter e os outros. Examinou a poção de Harry e lhe deu uma palmada amigável nos ombros. Passou pela de Hermione com um grande sorriso como se já esperasse que ela fosse bem, e depois pela de Rony, balançando a cabeça e avançando a mesa dos sonserinos.

Draco, pela primeira vez reparou realmente em sua poção. Quando baixou os olhos, viu que ela estava amarela e não alaranjada como foi pedido. Enquanto o professor dava uma olhada na poção de Pansy com desagrado, ele tentou fazer algo para que a cor mudasse para laranja. Deu mais uma mexida, jogou ainda alguma coisa que sobrara de seus ingredientes, mas ficou pior.

O louro quase não percebeu, mas um pouco antes do professor parar a sua frente, uma mão conhecida jogou alguma coisa dentro do seu caldeirão fazendo a cor mudar para um laranja bem fraco. Ele fingiu não ver.

- Senhor Malfoy. – começou Slugue – é, não ficou exatamente bom, mas com certeza ficou muito melhor do que a de seus amigos.

O professor baixo e gordo foi então para a mesa onde estava Ernesto Macmillan da Lufa-Lufa e uns alunos da Corvinal, examinando um a um até parar no centro da sala.

- Bem, peguem aqui os frascos, e coloquem a sua amostra dentro dele. Eu esperava que houvesse tempo para dar uns exemplos práticos dos efeitos da poção, mas não sobrou mais nenhum. – ele riu, uma risadinha que lembrava tosse. - Quando acabarem, podem sair. E lembrem-se de esvaziar os caldeirões! – Gritou para os estudantes que começavam a sair da sala em fila indiana.

Rony deixou cair um pouco da sua poção esverdeada no chão quando se atrapalhou com os frascos, e Hermione se ofereceu para ajudá-lo. Draco ouviu Harry dizer que ia aproveitar o tempo livre depois da aula para ver Gina por isso tinha que correr. Por fim, só restaram Rony Hermione, Malfoy e o professor. Draco se ofereceu para guardar uns caldeirões só para ouvir o que os dois conversavam.

- Então, Mione, você ainda não tem um par para o Baile?

- Eu recebi alguns convites – as orelhas de Rony ficaram vermelhas e Draco quebrou um frasco vazio que estava segurando, fazendo um pequeno corte no dedo.

- Filho, você está bem? – Perguntou-lhe Horácio. Ele disse que sim, e sentiu o olhar da Granger e do Weasley em sua mão. Ele murmurou alguma coisa para a varinha e fez o corte se fechar, limpando o chão em seguida.

- Como eu estava dizendo – recomeçou a garota – eu recebi alguns convites. Mas um foi de um garoto do quarto ano, outro do terceiro, e outro do sexto.

- Hum, então você... eu queria saber se... se... se você... você quer... – as orelhas de Rony ficaram ainda mais vermelhas e o louro entendeu o que ele queria dizer. Seu rosto ficou impassível.

- Se eu quero ir ao baile com você? – completou ela. Rony assentiu. – achei que não fosse pedir. Eu adoraria. – ela disse esse último um pouco mais alto para o Malfoy ouvir.

- Certo.

Os dois saíram da sala juntos e Draco fechou a mão em punho. O que não daria para poder azarar o Weasley... poder fazer o rosto dele se encher de furúnculos ou os dentes dele crescerem descontroladamente.

- Senhor Malfoy? O que ainda está fazendo aqui? Vai acabar perdendo sua outra aula...

. . .

. . .

O Salão Principal estava lotado novamente para o jantar. Todos absortos em suas próprias conversas enquanto comiam sem mais preocupações com a exceção dos exames de fim de ano. Os alunos do quinto e sétimo ano andavam um pouco mais atarefados do que o normal, porque no final de maio teriam que prestar os seus N.O.M.s e os N.I.E.M.s.

Hermione repreendia-se mentalmente por ter ficado tanto tempo com Malfoy que esquecera-se de estudar. Sua vida dependia totalmente dela ir bem naquela prova, e se ela não fosse boa o suficiente? Ficaria com um emprego medíocre, em uma carreira medíocre. E já era bem comum ver alunos do sétimo ano carregando panfletos sobre cargos a ingressar no Ministério.

E naquela tarde, uma enorme lista fora anexada em cada Sala Comunal. Continha todos os empregos possíveis e o número suficiente de N.I.E.M.s para consegui-lo. E agora no jantar, já se viam alunos trocando uma boa refeição por livros e mais livros.

Na verdade, todos os alunos já pareciam saber do fim de Hermione e Draco. E todos tinham no rosto a expressão de já saber desde o início que não ia durar, e que o mundo voltara finalmente a girar como deveria. 

Hermione sentara-se novamente com Harry e Rony. Estava exatamente ao lado de Ron, e Harry e Gina a sua frente. Na verdade, ela nem sabia o que estava comendo, pois quando chegara, só colocou a primeira coisa que viu no prato, e mantinha uma mão encarregada de levar a comida a sua boca, e a outra segurava um livro no colo.

À mesa da Sonserina, Malfoy comia lentamente. Estava com dificuldade de concentração, não sabia se prestava atenção em Hermione, em o que ela estava fazendo, se ele comia, ou se ia correndo até a Biblioteca estudar mais um pouco. O que o fez ficar mau-humorado.

- Goyle, o que você está lendo? – perguntou-o Draco. Notou que o amigo folheava algo no colo.

- Ah, é uma revista em quadrinhos. – respondeu envergonhado.

Draco puxou a revista com certa violência das mãos do gordinho, e constatou que era mesmo uma revista em quadrinhos. Na capa tinha um super-herói voando até o fundo do mar com os dizeres: O super Ernesto contra os grindylows.

- Que porcaria é essa? Super Ernesto, isso lá é nome de super-herói? – debochou o louro. Os que estavam perto e ouviram, riram. Goyle se encolheu. Draco estava pronto para começar a ridicularizar Goyle, para descontar sua raiva em alguém, mas algo despertou sua atenção.

Rony estava chegando mais perto de Hermione. Ela parecia não perceber, já que lia seu livro sobre alguma coisa e não parecia ver nada além do livro. Malfoy fechou novamente a mão em punho ao ver o braço do ruivo se estender até tocar o ombro dela. Ele estava quase a abraçando e ela não percebia! O louro olhou para os lados para ver se alguém estava reparando no que ele estava vendo.

Ninguém. Todos comiam e conversavam normalmente. Exceto Pansy Parkinson. Ela estava anormalmente quieta e parecia prestar atenção em Rony e Hermione tanto quanto ele. Mas ao contrário dele, aquela cena não provocava nela a repulsa, ela parecia estar até gostando. Tinha no rosto uma expressão de enorme satisfação.

O jantar terminou. Os primeiros a se levantar foram, claro, os monitores de cada Casa. Draco e Pansy se levantaram, assim como Hermione e Rony, e os outros monitores da Corvinal e Lufa-Lufa. O restante dos alunos foram seguindo-os, mas Draco estava muito mais a frente de Pansy. Deixou-a sozinha para controlar os alunos do primeiro ano, o que era a sua tarefa como monitor-chefe.

Mas ela não ia se importar. Ela nunca se importava, desde que ele estivesse feliz. E Hermione pareceu ter a mesma ideia que ele. Os dois estavam mais a frente, e seguiram ‘’juntos’’ pelo corredor sem dirigir uma palavra ao outro. Até que ela subiu a escada que a levaria para a Torre da Grifinória e ele ter que dobrar no outro corredor para chegar às masmorras da Sonserina.

. . .

. . .

O outro dia foi anormalmente calmo e frio. Todos no castelo já usavam agasalhos e cachecóis, e os campos de Quadribol já estavam cobertos de neve. Às 9h, Malfoy tinha História da Magia. Ele seguiu pelos corredores até chegar a sala do professor Binns, onde sentou-se com Blásio. Mais a frente, Harry e Rony, e ao lado, Hermione e uma garota qualquer que ele não conhecia e não dava a mínima.

O professor entrou e começou o falatório de sempre. O louro deitou-se sobre o braço na mesa, mas apurou os ouvidos para qualquer coisa. Na verdade, ele estava um pouco sonolento. Se ele dormisse ali, o professor não iria nem perceber. Então ele foi fechando lentamente os olhos, mas uma voz um pouco alta o despertou. Ele se virou para xingar a garota ao lado de Hermione, mas acabou parando para ouvir.

- Com quem você vai ao baile? – perguntou a garota.

‘’De novo não.’’ Ele pensou. Não aguentava mais ouvir falarem desse tal baile. Era o tempo todo e em todos os lugares. Não podiam falar de outra coisa?

- Rony. – respondeu ela. Parecia ainda pior quando ela falava. A garota morena deu uma risadinha. Draco se sentiu enfurecido. Parecia agora que todos achavam que a Granger havia trocado o Weasley por ele, o que não era verdade. Em parte.

- Ei, Pansy! – Chamou ele propositalmente alto para que ela ouvisse. Pansy se virou. – Baile. Comigo. Te pego as oito.

A Parkinson apenas sorriu. Hermione quebrou a pena que estava segurando, e acabou derrubando o tinteiro aberto em cima de seu pergaminho. Na pressa de limpar tudo, puxou a varinha, mas a tinta em cima da mesa acabou caindo em seu colo. Malfoy se divertiu.

- Aff. – Hermione estava com as mãos, o uniforme, o pergaminho e a mesa sujos. Bufou irritada. A garota ao lado ajudou-a limpando o que pôde com a varinha. O dano estava quase todo recuperado, mas o professor se virou para a classe no momento em que Hermione limpava as vestes e Pansy dava uma risadinha.

- Senhorita Granger, minha aula não é o momento para brincar com a varinha. Eu esperava mais da senhorita. – disse o Binns com severidade. Todos se viraram para a castanha.

- Mas... mas...

- Mas nada. Retire-se imediatamente. – e ela recolheu o material sob todos os olhares indagadores, mas antes de ir virou-se para Draco e disse:

- Muito obrigada. – seu tom de voz estava claro que ela estava culpando-o pelo acontecido. O que não deixava de ser verdade, e o fez dar uma risadinha desdenhosa.

Hermione se retirou, e uns sete minutos depois a sineta tocou.

- Ei, o que aconteceu? – Malfoy ouviu Harry perguntar a Hermione enquanto todos estavam saindo. Ela estava chorando, e puxou Harry para o canto para ninguém ouvir-los. Draco se escondeu atrás de uma coluna.

Mas porque ele estava fazendo isso nem ele mesmo sabia. Devia largar de mão, e não se importar nenhum pouco com isso. Devia dizer a ela as coisas mais horríveis que se passassem na sua cabeça e não ligar. Devia esnobá-la, humilhá-la, e rejeitá-la. Porque Draco Malfoy agia assim. Mas por que ele não conseguia mais fazer as coisas desse modo?

Por que não poderia simplesmente ignorá-la, como fizera em todos esses anos, e seguir para outro lugar? Qualquer outro lugar. Mas não, e agora ele estava ali, escondido atrás de uma coluna só para ouvir por que ela chorava. E ele era um idiota porque tinha quase certeza de que era sua culpa.

O tráfego de pessoas foi diminuindo aos poucos e Harry tornou a perguntar:

- O que houve, Mione?

- É só que... eu não sei se eu vou aguentar toda essa pressão.- começou a garota enxugando os olhos - Eu tenho que estudar, tenho que me concentrar, tenho que me sair ótima nos N.I.E.M.s. Mas e se eu não conseguir? 

Harry relaxou. Teria pensado que era algo mais sério.

- Não se preocupe, você vai se sair muito bem. É a aluna mais brilhante que Hogwarts já teve, e se você não passar em alguma matéria, eu juro que mudo o meu nome. – comentou sorrindo para ela.

- Mudar o nome para qual? – perguntou a Granger sorrindo também.

- Hum... que tal para... - os olhos verdes dele acabaram por perder o ar brincalhão e ele disse um tanto sério – Remo Lupin?

- Seria uma bela homenagem, isto é, se você fosse mesmo mudar o seu nome. – ela sorriu e ele também, até o olhar se perder no horizonte. – mas não é só isso que me preocupa.

- Eu sei. Ou você acha que eu não percebo o jeito que você olha pro Malfoy? – Hermione ficou desconcertada.

- O que? Não. Você deve estar vendo coisas. – mas ele notou o jeito como ela virava para o outro lado para tentar esconder o rosto corado.

- Não, eu não estou. E se quer saber a minha opinião, um namoro falso não faria ninguém chorar daquele jeito por ele ter supostamente acabado. A não ser, que você gostasse dele.

- Como você...?

- Gina. Na verdade, - acrescentou ao ver o olhar de fúria que se formava nos olhos castanhos – ela meio que deixou escapar acidentalmente. Não brigue com ela, foi minha culpa.

- Certo então, eu vou para a aula.

- Estou logo atrás de você. – e Harry se aproximou da amiga colocando o braço por cima de seu ombro, e rindo. Mas ela parou abruptamente.

- Ah, Harry, a menos que queira fazer agora Runas antigas, é melhor você...

- Certo. Até a sala comunal!

. . .

. . .

- Estou dizendo Goyle, tem alguma coisa errada, algo que não se encaixa. Eu preciso saber... – cochichava ele durante o jantar para Goyle.

Mas então, algo que muito raramente acontecia, ele viu acontecer. Lá do alto, surgia uma coruja familiar. A coruja de casa, que em geral só vinha algumas vezes por semana, e sempre de manhã. Estar vindo à noite, então era porque a mãe tinha algo muito sério a lhe falar.

Ele se precipitou para o lado enquanto a coruja despejava um envelope vermelho em suas mãos. Todos no salão se viraram para olhar, e rapidamente ele percebeu o por quê.

- É um berrador. – comentavam os outros.

- Malfoy recebeu um berrador... o que aconteceu?

- Silencio, vamos ouvir.

Era o que comentavam, e no segundo seguinte, o salão mergulhou num silencio profundo, incluindo alguns professores. Malfoy, receando, abriu o envelope. No segundo seguinte, desejou que pudesse tê-lo rasgado quando tivera a chance.

- DRACO BLACK MALFOY! – uma voz feminina e familiar guinchou do papel. Involuntariamente, Draco recuou um pouco a cabeça para trás.

- Como ousa – a voz continuou – desonrar a sua família?! Seu próprio sangue! ANDAR PELO CASTELO EXIBINDO UMA SANGUE-RUIM COMO SE FOSSE UMA... UMA... – ela não parecia capaz de completar a frase. Mesmo assim, todos entenderam. ‘’Uma de nós’’. – Estou muito decepcionada! Pensei que seu pai e eu tivéssemos lhe dado alguma educação em casa!

E houve uma breve pausa. Um momento de silencio e olhares surpresos lançados a Malfoy. Hermione olhou, pela primeira vez, nos olhos do louro e os dois baixaram as cabeças, quase ao mesmo tempo, constrangidos. E a voz, que a essa altura todos parecia já saber de quem se tratava, recomeçou:

- Mas pelo visto, eu me enganei com você. Seu pai saberá, fique avisado. – ela disse em tom baixo, e visivelmente ameaçador. – Eu nunca, nunca fiquei, em toda a minha vida, tão envergonhada! – e com um silvo baixo, ela se consumiu nas chamas.

Cochichos irromperam o salão. Tal atitude vinda de Narcisa Malfoy, acusando o próprio filho, o filho que ela sempre pareceu proteger com unhas e dentes, pareceu chocar a todos. Mas ninguém, não vendo a expressão de Draco, se atreveu a dar uma palavra sequer a ele.

Minerva, a diretora, tinha a testa ligeiramente enrugada e os olhos estreitos fixos no garoto. Ele murmurou um ‘’perdi a fome’’ e saiu sem comer a sobremesa que acabava de preencher a mesa. Ninguém tentou impedi-lo. Pansy Parkinson pareceu que queria se enterrar no banco, de tanto que se encolhia e lançava olhares nervosos a garota do outro lado da mesa.

Pelo resto do jantar, Draco Malfoy foi o único assunto. Mas ao contrário do que todos pensavam, que ele havia se retirado para escrever uma carta à mãe explicando que não estava mais com a ‘’sangue-ruim’’, ele saiu para o alto da Torre de Astronomia para pensar.

. . .

. . .

Sem fazer barulho algum, ele se debruçou no parapeito da enorme ‘’janela’’ do alto da Torre. O vento cortante da noite que se iniciava, acariciou seus cabelos. Ele fechou os olhos para pensar, e quando os abriu só teve a linda visão dos jardins cobertos de neve lá em baixo.

‘’Como ela soube?’’ ele se perguntava. Ele não se lembrava de ter mencionado nada em relação a isso em suas cartas. E mais ninguém dentro da escola tinha contato com ela, além dos professores em geral. Mas eles não teriam contado a ela... teriam?

- Pode pegar um resfriado aqui em cima. – disse uma voz feminina atrás dele bem conhecida. Ele se virou mas não conseguiu sorrir.

- Um resfriado seria só o menor dos meus problemas.

Em resposta, a garota sorriu. Caminhou até ele hesitante, como se estivesse com medo de que ele fosse atacá-la. Mas não era isso. Quando ela procurou manter uma boa distancia entre o parapeito e ela mesma, ele entendeu que ela só tinha medo de altura.

Pansy realinhou seu cachecol no pescoço, e estava encolhida de frio. Quando falou, sua voz saiu embargada:

- Como você se sente? – e os fios negros caíram sobre os ombros, empurrados pelo vento. Os olhos cinzentos de Malfoy focalizaram o rosto da Parkinson.

- Como você se sentiria? – disse com certa grosseria na voz. – desculpe. É só que eu não aguento mais todos me criticando, tentando me dizer como devo agir e pensar. Eu já sou maior de idade, e posso tomar minhas próprias decisões, sozinho.

- Mas a única coisa que você precisaria fazer é escrever uma carta a sua mãe e explicar... – ele lançou-lhe um olhar de censura. – desculpe.

Por algum tempo, os dois mantiveram o rosto fixo no horizonte, em silencio, como se esperassem que algo anormal acontecesse. Mas nada fugiu na normalidade lá em baixo, pois tudo continuava exatamente no seu devido lugar, e no lago, era possível ver o polvo gigante brincando na superfície.

- Tá ficando tarde... você vai ficar bem sem mim? – perguntou ela, cheia de esperanças.

- Acho que posso viver com isso. – e pela primeira vez desde que recebera o berrador, ele sorriu.

Mas mais adiante, perto da porta, escondida atrás de uma grande coluna estava Hermione. Ela estava triste e manteve a cabeça baixa, enquanto via Pansy passar sem poder vê-la. Ela esperou mais uns cinco minutos vendo Draco contemplar o céu, e saiu deixando, sem perceber, seu relógio fino de prata escorregar de seu pulso, enquanto ela agitava nervosamente as mãos, e cair no início da escadaria de mármore.

Dali, interrompendo o silencio, Malfoy ouviu o tilintar de algo batendo contra o chão. Ao procurar pelo responsável, viu apenas um brilho prateado no chão e não muito longe dali.        


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Notas finais do capítulo

Oiiê~ Não faz muito tempo desde que etivemos aqui pela última vez, faz? Pois bem, falando da fic, vocês notaram a mudança no comportamento dos dois? E notaram também que a capa mudou? Já é a quarta vez que isso acontece. Gostaram?

Pois é, ali não é exatamente a Hermione, é a Emma, mas eu achei fofo do mesmo jeito. E falando da Emma, vocês sabiam que ela tinha um leve tombo pelo Tom (Draco)lá na época Câmara/Prisioneiro? Só ñ entendi por que eles não ficaram juntos se ele mesmo chegou a dizer que o cara que ficasse com ela seria um homem de sorte.

Estranho não é? E já viram o trailer do novo filme do Tom ''From the Rough''? Gaatoo~ Kisses