Enemies do Not Kiss escrita por Yuuki_Cereja, Milky_Potter


Capítulo 8
Who Understands The Malfoy?




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                                    *~ Capítulo VIII – Who Understands the Malfoy?~*

Deu oito e meia da noite. Hermione estava na sala comunal, mas deu uma desculpa qualquer e saiu. Enquanto percorria os corredores, subia escadas, e via quadros estranhos que falavam com ela quando passava, repassou mais uma vez a conversa que tivera de manhã.

‘’- Ei, Granger! Eu quero ter uma conversinha com você. Tem um minuto?

- Pa... Parvati? Ahn, claro.

- Não é nada, é só que você conhece a Cho? – Hermione assentiu. – Pois é, ela quer falar com você, não sei o que é, mas ela quer falar na hora do almoço. Tudo bem pra você?

- Claro. Mas você não tem nem ideia do que seja?

- Deixa que ela fala com você. Até mais.’’

E depois disso, nas aulas que se passaram ela não conseguia parar de pensar no que Cho queria com ela. Teria algo a ver com Draco? Ou teria algo a ver com Ron? Era claro que não seria para falar sobre Harry. O que eles tiveram no quinto ano já foi totalmente superado pelos dois. Então o que seria?

E ela esperou. Era evidente sua felicidade. Ela havia falado com Ronald civilizadamente, e isso já era um avanço. Embora ele tenha saído com raiva por ela ter de ir se encontrar com Malfoy, e não dito nem uma palavra a mais, ela estava feliz. Mas a todos que viam, era por causa de seu novo namorado.

Draco Malfoy. Tudo sempre voltava para ele. Era como um ciclo, poderia haver o que quer que houvesse, tudo sempre voltava diretamente a ele. E nas aulas antes do almoço, ela sentou-se novamente na mesinha quadrada com dois lugares, com o louro. Na verdade, hoje ela tinha pretendido sentar-se ao lado de uma garota da Corvinal com um alto conhecimento sobre artefatos mágicos, e ela poderia tirar algumas dúvidas que tinha sobre alguns artefatos pertencentes a sua Casa.

Mas não, Draco chamou-a para sentar-se com ele diretamente, deixando-a sem escolha alguma. O que provocou cochichos entre alguns garotos, risinhos abafados entre algumas garotas da Lufa-Lufa, suspiros tediosos de alguns da Grifinória e da Corvinal, e olhares reprovadores e invejosos da maioria das garotas da Sonserina.

Mesmo assim, ela ignorou a todos, e sentou-se com ele. Alguns minutos depois o professor Binns entrou para lecionar a respeito da História da Magia, e Hermione prontamente pegou seu caderno para fazer suas anotações.

Draco puxou uma folha de caderno amassada e começou a rabiscar alguma coisa, para depois passar para o colega de trás, que riu com o que leu. Hermione sabia que ele não queria que ela visse, porque senão teria mostrado a ela. E ficou atenta a conversa entre eles, deixando que pensassem que ela estava prestando atenção na aula.

- Muito engraçado, Draco. – Sussurrou entre risos abafados o sonserino atrás dele. - Fez direitinho o nariz torto, e sabe de uma coisa? Esse aqui tá é mais bonito que o verdadeiro.

Malfoy fez sinal para ele se calar, e prontamente foi atendido. Ela então, agora sabia do que se tratava. Bem ele havia desenhado Harry sendo enforcado, ou caindo da vassoura, ou qualquer outra coisa envolvendo Harry. Aliás, sempre envolvia Harry. Draco parecia uma criança de cinco anos as vezes.

Mas em nenhum momento ele tocou no assunto no bilhete. Claro, isso era totalmente típico dele. Queria fazer suspense, para na hora ser uma surpresa. Mas o que ele estaria tramando?

Ele ficou o tempo todo sorrindo enigmaticamente como se soubesse de algo que ela não sabia. E isso a instigou. E olhando repetidas vezes para aquele mesmo sorriso, ela só teve certeza de uma coisa: Não poderia mais viver sem ele. Draco se tornara importante pra ela a seu próprio modo, mesmo que só como um amigo com quem ela pudesse contar.

E desse novo Draco Malfoy ela gostava. Estava se tornando um verdadeiro amigo, um amigo melhor até mesmo de Rony. E sem que pudesse evitar, sorria pra ele de volta, um sorriso sincero e meigo.

E algum tempo depois, chegou o almoço. Ele sentou-se com seus amigos na mesa da Sonserina, e ela sentou-se entre os seus da Grifinória. Estava um pouco afastada da maioria, e sendo assim, Cho saiu disfarçadamente de sua mesa e sentou-se ao lado de Hermione.

- Você recebeu meu recado? – Sussurrou ela. Hermione assentiu. – Vamos falar ali fora, as pessoas vão estranhar eu estar aqui, e estar falando com você, já que não somos chegadas.

Depois da Granger assentir mais uma vez, as duas saíram sem muitas explicações para o lado e fora do Salão Principal. Estava completamente vazio, visto que todos ainda almoçavam.

- O que você quer, Cho? – Perguntou Hermione indo direto ao ponto. Sem querer, acabara criando uma certa intolerância à Chang. Talvez pela forma de como tenha acabado a relação de Cho e Harry.

- Eu quero falar sobre o Harry. – Hermione suspirou, e a Chang se apressou a explicar. – Eu só queria saber... ele está mesmo namorando a Weasley?

- Está. – Respondeu sem demora, já percebendo as intenções de Cho.

- Ele gosta dela? – Perguntou novamente com os olhos esperançosos torcendo para Hermione dizer que não. A Granger, por sua vez, respondeu a pergunta com outra pergunta:

- Cho, por que duas pessoas namorariam sem se gostarem? Isso não existe, não é lógico, não é... – Mas calou-se ao perceber o que havia dito. Acabou de lembrar-se de que essa era a sua situação atual. Ela estava com o Malfoy sem gostar dele e vice-versa, não é?

- Bom, é só que... eu ainda gosto dele. E tinha certas esperanças. A questão é que eu, de certa forma, esperava que eles terminassem logo. – Admitiu. Hermione a olhou, perplexa. Mais uma vez, pôs-se a explicar:

- Me desculpe, eu sei que ela é sua amiga. E eu queria me desculpar também... – Ela fez uma pausa e encarou o chão, como se não conseguisse dizer isso olhando-a nos olhos. – por ter ciúmes de você. Quando eu namorei o Harry... – Hermione sentiu uma ponta de orgulho na voz da Corvinal – eu tinha ciúmes porque vocês passavam muito tempo juntos, e até imaginei que depois que nós terminássemos...

‘’Vocês assumiriam o namoro. Mas eu errei. Ao invés de você foi a Weasley quem ficou com ele. E só agora eu vejo o quanto eu pensei mal de você. Entendo agora que de quem você realmente gostou todo esse tempo foi do Malfoy. Mesmo tendo namorado Rony por um tempo. E vocês formam um lindo casal, verdade.’’

Hermione se sentiu embaraçada.

- Obrigada, Cho. Mas não acho que tenha sido exatamente assim. Draco e eu não foi uma coisa planejada. – Disse, escolhendo minuciosamente as palavras.

- Não precisa mentir pra mim. Eu vi como ele olha pra você. – Cho adquiriu um ar sonhador.

- E como ele olha pra mim? – Perguntou Hermione, receosa. Cho riu.

- Não se faça de boba, Hermione. Uma garota sempre sabe. Mas eu vim aqui pra falar do Harry. E como você já me disse tudo o que eu queria saber... até mais. – A morena adquiriu uma expressão triste e se virou, caminhando de cabeça baixa para voltar.

E ela viu a sombra de Cho desaparecer ao ver ela cruzar os portões para o Grande Salão.

E agora, Hermione refletiu novamente sobre isso. Ao passar pelo quadro de Barnabás, O Amalucado tentando ensinar balé aos trasgos, uma porta grande e lustrosa apareceu na parede. Ela já estava ansiosa com o que Draco poderia estar planejando, e entrou sem demora.

Ela estranhou um pouco, e parou hesitante na entrada, depois da porta ser fechada. Não havia nenhum archote aceso, e a Sala estava num breu total. Hermione pegou no bolso da calça jeans e tirou a varinha, sussurrando uma azaração e fazendo-a  se iluminar. O pouco que a luz vinda da ponta da varinha mostrava, significava que a Sala permanecia exatamente como a deixara da última vez.

Mas então, por que...?

E como se fosse uma resposta a sua pergunta interna, todos os archotes bruxuleantes acenderam-se de uma só vez. Ela fez a luz da varinha se apagar e ficou atenta a todos os lados, com a varinha a postos, como se alguém fosse atacá-la a qualquer instante, coisa que ela sabia que não iria acontecer.

E de dentro do armário Semidouro saiu uma figura loura e pálida, em vestes pretas, com a varinha apertada na mão direita e a mão esquerda em punho. Seus olhos tempestuosos indicavam determinação, enquanto seu sorriso era desafiador. Hermione sentiu um arrepio.

- Errr... Draco, você... – Por mais que tentasse ela não encontrava palavras para aquilo. Eram tantas perguntas a serem feitas! – você está me assustando, sabia?

Ela perguntou com uma pontada de medo aparente na voz. Jamais vira tal expressão tão bem desenhada sem eu rosto. Ele parecia prestes a atacá-la. Hermione não baixou a varinha.

- Estou? Hum. – E de repente, ele guardou a varinha no bolso interno das vestes e adquiriu a expressão calma e tranquila. Agora ele parecia o Draco Malfoy de sempre, apenas com a aparência de rebelde que ele possuía.

Hermione sentiu um alívio inexplicável e também guardou a varinha se sentindo mais a vontade.

- Então, - perguntou mais descontraída. – por que me chamou aqui, exatamente?

- E por que não chamar? Você é minha namorada, e eu gosto muito de você não gosto? – Perguntou o louro, divertido e com um pouco de ironia na voz. Hermione estranhou um  pouco, mais como ele estava apenas sendo irônico...

- Tudo bem, o que está acontecendo com você?

- Nada com que deva se preocupar. – e ao dizer isso, ele se aproximou cada vez mais da garota. Hermione o deixou se aproximar, ficando apenas a meio metro de distancia.

Mas apesar dessa mesma distancia, era possível sentir o hálito dele quando falou:

- Não quer se sentar? Temos que conversar. – e imediatamente apareceram duas cadeiras bem trabalhadas apenas separadas por uma mesa redonda e pequena coberta por uma toalha de mesa branca.

Hermione hesitou. O hálito dele, ao invés do habitual cheiro de menta, agora cheirava, assim como todo o resto de seu corpo, a Lavanda, cheiro que ela se recordava ter sentido em uma outra garota sonserina. Seu rosto se contorceu se raiva.

- Você estava com a Pansy. – não foi uma pergunta, era uma afirmação. Ela encarou o chão e sentiu uma tristeza fora do comum tomar conta dela. Ela se sentiu... traída.

- E se estivesse? – ele devolveu com arrogância e desafio. – O que você poderia fazer?

- Nada. E-eu vou embora. – Hermione sentiu os olhos marejarem e se virou para sair, mas não sem antes dar mais uma olhada em Draco.

O Malfoy continuava a encará-la, como se sentisse raiva dela e quisesse que ela se fosse o mais rápido possível embora.

- Ótimo. E só para esclarecer uma coisa, se é que o seu cérebro de sangue-ruim ainda não percebeu, está tudo terminado. E eu não quero mais ter o desprazer de olhar pra você. Saia daqui agora se sabe o que é bom pra você.

Hermione obedeceu. Não por que tinha medo do que ele poderia fazer, mas por estar triste demais com a situação. Saiu de lá quase correndo, não queria que ele a visse chorando. Mas ela não percebia naquele momento, que essa era a questão. Por que estava chorando?

E um momento depois ela conseguiu responder. Porque ela estava magoada demais com o fato de ele não gostar dela, porque queria que eles continuassem a fingir o namoro... porque... porque... ela gostava dele.

E nesse momento em que acabara de admitir esse fato para si mesma, parou de correr imediatamente e paralisou-se em frente ao quadro da Mulher-Gorda. Arregalou os olhos como se esse fosse o fim do mundo. As lágrimas ainda escorriam-lhe pelo seu rosto alvo e corado as bochechas, ficaram um segundo depois totalmente pálida.

Ela estava gostando de Malfoy, repetia mentalmente sem realmente acreditar a si mesma, por Merlin, ela estava gostando de Malfoy!

Mas ela não podia gostar. Mas por que então não conseguia parar de pensar no quanto ele pareceria muito mais bonito se desarrumasse mais os cabelos, como estava na noite em que o estuporou?

Hermione sacudiu a cabeça tentando clarear as ideias. Mas tudo que vinha a mente, tudo o que conseguia pensar no momento era no quanto aqueles olhos cinzentos eram misteriosos e pareciam sempre tentar ocultar algo. E que os lábios dele nunca lhe pareceram tão atrativos... levemente rosados, a maior parte do tempo formando um sorriso debochado aos outros.

E admitir o óbvio a si mesma, a fez querer chorar mais e mais. Porque sabia que mesmo que ela se dispusesse a ficar com ele, jamais viria a ser correspondida, a julgar pelo que presenciara mais cedo. E que o ódio e a repulsa dele por ela, por ser uma sangue-ruim e grifinória, era evidente, e não havia esperança alguma.

Ainda chorando silenciosamente, murmurou com certa dificuldade a senha para entrar, e quando o retrato girou e ela adentrou o buraco na parede saindo para a sala comunal, acabou encontrando uma Gina, sentada no chão, deixando o cabelo em uma cortina espessa e vermelha cobrindo o rosto, provavelmente fazendo um dever de casa qualquer, visto que segurava uma pena e Harry logo a seu lado mostrando algo a ela no livro, aparentemente a ajudando.

Rony estava sentado em uma poltrona próxima, mal-humorado, e de pijama. Torcia os lábios e encarava o nada, como se estivesse com raiva de algo invisível. Nada parecia desconcentrá-lo, mas ao ouvir o barulho que fazia ao girar o quadro, ele virou-se quase imediatamente na direção da entrada.

Encontrou uma Hermione desajeitada, ofegante pela corrida, e chorosa. Os cabelos castanhos volumosos emolduravam seu rosto, fazendo-a parecer quase fantasmagórica, visto que seu rosto parecia cada vez mais pálido ao ser iluminado pela luz que o fogo emanava da lareira. As chamas crepitantes continuavam a dançar e Hermione ficou parada por dois longos segundos ali.

A visão dela ali, sofrendo por algo, pareceu despertar Rony, que a expressão amoleceu. Ele imediatamente ficou de pé, chamando atenção do amigo e da irmã, que até agora pouco estavam concentrados demais para notar qualquer tipo de movimento, e os dois encararam Hermione de olhos arregalados, querendo ajudar mais sem saber exatamente como.

Hermione queria sair dali correndo. Mas por algum motivo, quase involuntariamente, ela se jogou nos braços de Ronald e o abraçou com força, encaixando seu rosto no pescoço do ex-namorado, e molhando seu pijama listrado com suas lágrimas. Ron não pareceu se importar. Tudo o que fez foi abraçá-la com tal intensidade, esquecendo-se totalmente de que eles estavam brigados.

Harry e Gina, que não conseguiam desgrudar os olhos dos dois a sua frente, por mais constrangedor que fosse, se levantaram e se entreolharam. Hermione pareceu finalmente cair em si, e largou Rony com a mesma rapidez com que o abraçara.

Ainda tentando enxugar os olhos com a costa das mãos e até a manga da blusa que usava, ela se recompôs.

- Desculpem, me desculpe... – acrescentou a Rony, porque o abraçara. – eu não devia... ah!

E numa explosão súbita, Hermione saiu o mais rápido possível às escadas e entrou no dormitório feminino. Rony correu atrás, mas parou ao chegar à escada, pois não podia subi-la. Da última vez que tentara, ela ficara totalmente lisa, fazendo-o escorregar na metade do caminho.

Gina, porém, era uma das exceções à regra, já que era uma garota. E abandonando tanto seu dever, quanto o namorado e o irmão, subiu as pressas a escada, abrindo a porta do dormitório que correspondia como seu. 

O quarto estava silencioso, visto que as outras garotas dormiam profundamente sem fazer barulho, exceto por pequenos soluços vindos de um beliche perto à janela. Ela caminhou lentamente, incerta se realmente deveria dizer alguma coisa para animá-la, mas pensou que sim, já que se fosse ela no lugar de Hermione, ela provavelmente iria querer pelo menos um abraço.

- Hermione... – sussurrou a ruiva. – O que aconteceu?

Ginny passou os braços em volta de Hermione, a abraçando. A Granger apenas retribuiu o abraço, e continuou a chorar baixinho. Não estava em condições de falar, tampouco de mencionar o fato. A ruiva, então, esperou por longos minutos de silêncios da amiga, enquanto ela se acalmava.

- Não... – Tentava dizer Hermione. As lágrimas ainda escorriam de seu rosto, e ela sacudia a cabeça para dizer a Weasley que não queria falar disso.

- Tudo bem. Só me diga uma coisa, consegue? – Hermione assentiu. – Tem algo a ver com Draco Malfoy?

Hermione soluçou um pouco mais alto ao ouvir aquele nome. Apertou ainda mais as unhas no ombro de Gina, que lamentou baixinho, e aquilo para ela já era uma confirmação.

- Tudo bem, se acalme. Olhe, se não quiser me contar, eu vou entender. – Disse em um tom compreensivo totalmente fraternal, que lhe lembrou sua mãe. Mas a castanha novamente balançou a cabeça. Gina entendeu que aquilo era um ‘’não, eu vou contar’’.

E tirando com um pouco de dificuldade, devido à posição que estava, Gina tirou a varinha de dentro das vestes e conseguiu conjurar um copo d’água e dá-lo a amiga.

Hermione pegou-o com as mãos trêmulas, e bebeu todo o conteúdo. Depois se sentiu mais calma, a respiração voltando a ficar estável. As lágrimas cessando momentaneamente.

- Foi hoje de manhã. – Disse a castanha, a voz um pouco falha, que a ruiva fez força para entender perfeitamente. – Recebi um bilhete... dizia para encontrá-lo... eu não entendo...

Mas quem realmente não entendia nada era a Weasley. Tinha a expressão confusa, e Hermione não se preocupou em esclarecê-la.

- Na Sala Precisa. – continuou. – hoje à noite, e eu fui. M-mas... mas então... – e as lágrimas voltaram a riscar seu rosto.

Gina levantou a varinha e realizou um feitiço mudo. Alguns segundos de espera, um frasco pequeno, cheio de um líquido transparente, voou de dento de um armário para as suas mãos. Ela afastou Hermione, mostrou o frasco e o destampou.

- Poção do Sono? – Indagou Hermione, enxugando os olhos.

- Poção do Sono. – confirmou a ruiva. – por incrível que pareça, ajuda a acalmar. E quando acordar amanhã, poderá me contar tudo o que houve, bem mais tranquila.

A Granger então pegou o frasco sem hesitar, e aproximo-o aos lábios, mas a ruiva a parou com a mão.

- Se não fosse pedir demais, quer se deitar primeiro? – e Hermione forçou um sorriso fraco, e se sentou na cama, virando o frasco inteiro na boca, e segundos depois caiu em sono profundo. Gina apenas a ajeitou na cama, jogando um cobertor em cima dela. Saiu do dormitório no minuto seguinte.

Quando chegou à sala comunal, ela estava exatamente como havia deixado. Harry e Rony estavam de pé, se encarando e falando sobre algo. Mas a presença de Gina os encheram de expectativas.

- Como ela está? – perguntou Rony.

- Bem mal. Ela não falou muito mas acho que ela e Malfoy brigaram. – Disse simplesmente. Harry exclamou um ‘’ah!’’ como se fosse perfeitamente natural. Rony, baixou um pouco a cabeça.

- Ela ainda está chorando? Parece que foi sério. – Disse Harry. Gina balançou a cabeça e se sentou novamente no chão sendo acompanhada pelo namorado.

- Dei a ela uma Poção do Sono. Foi o melhor a se fazer.

Ronald sentou-se calado na poltrona onde estivera antes, passando a mão pela cabeleira ruiva e pondo os cabelos para trás. Não sabia se estava feliz por Hermione e Draco tivessem aparentemente terminado, ou infeliz, porque ela estava realmente triste e aquilo só comprovava o quanto a relação deles era verdadeira, e não somente para causar ciúmes nele como pensara na primeira vez.

E assim, os três começaram a conversar sobre Hermione e Draco, Gina contando apenas uma parte do que sabia – para continuarem pensando que eles realmente namoraram. – e Harry e Rony expondo suas opiniões e dizendo que nunca confiaram em Malfoy.

. . .

. . .

O sol ainda não tinha aparecido, ainda era muito cedo. Mesmo assim, Hermione se espreguiçava na cama, acordando de um sono profundo. Claro que não foi o efeito da poção que a fizera dormir a noite toda perfeitamente bem, a poção só durara uma hora. Mas sim o cansaço, o estresse dela, e agora acordara melhor do que nunca.

Por um momento esqueceu-se o ocorrido de noite passada, e se levantou para estudar um pouco umas traduções do livro de Runas Antigas. Mas lembrar-se de estudar, a lembrou que costumava dar aulas de reforço a Malfoy, e lembrar dele a fez lembrar de tudo da noite passada.

Mas ela não chorou mais. Ficou um pouco triste, mas decidiu seguir em frente. E então, tomou um longo banho, e lavou os cabelos. Vestiu o uniforme devidamente, arrumando-se ainda mais que o normal e encurtando um pouco a saia, ficando um pouco mais acima do joelho, como meninas como Lilá Brown e Pansy Parkinson usavam.

Repreendeu-se mentalmente. Mas ela só queria ter um pouco mais de ousadia e isso não era crime. Então, deixou a saia um pouco mais curta, e trocou os habituais sapatos baixos – que ela julgava serem muito mais confortáveis – por duas sapatilhas pretas com um salto baixo, que todas as garotas de Hogwarts praticamente, usavam.

Fora isso, ela estava excepcionalmente como sempre. Os cabelos crespos com a mesma presilha no lado, a gravata vermelha com listras douradas para dentro da blusa, e não colocou a bata por cima, que Lilá e Parvati chamavam de ‘’capa’’. Aliás, não se lembrava de já ter visto Lilá usar uma.

A janela do quarto entreaberta trouxe uma corrente de vento frio, e quando Hermione se posicionou a fechá-la, viu os primeiros flocos de neve caírem.

E saiu do dormitório carregando o livro na mão, sem fazer barulho que pudesse acordar as outras. Gina não estava na sua cama no beliche, então presumiu que tivesse ficado no salão comunal até tarde e acabara dormindo.

Quando chegou em baixo, viu que estava certa e comoveu-se ainda mais com a cena que presenciou. Rony não estava mais ali, provavelmente já tinha ido dormir, mas tinha duas almofadas no chão perto a lareira, a essa hora já apagada, e Harry e Gina se encontravam debruçados sobre elas. Abraçados, com as mãos entrelaçadas, imóveis.

Hermione achou que era a coisa mais linda que já vira. Mostrava o quanto eles se gostavam, e sabia que um dia os dois iam acabar se casando. Mas a cena era igualmente triste, pois a lembrava como ela não tinha mais namorado, mesmo que fosse de mentira.

Ela saiu pelo buraco no retrato da Mulher-Gorda, e caminhou pelo castelo em direção ao Corujal. Quando chegou lá, já era possível ver os primeiros raios de sol iluminarem o céu, o frio ficar mais intenso, e o alvoroço de algumas corujas começaram assim que ela se aproximou.

Hermione sabia que isso se devia ao fato de ter pelo menos uma semana, que elas não eram usadas para o correio. Estavam felizes por ter uma nova carta e, queriam chamar a atenção da garota para que a escolhesse. E quando olhou ao redor, viu algumas corujas pomposas que continuavam impassíveis a ela. Embora tivessem o olhar superior, continuavam a encará-la esperando que ela escolhesse.

Mas ela se sentou. Achou um banco pequeno por ali, tirou um pedaço de pergaminho do bolso junto com uma pena e começou a rabiscar. As corujas se aquietaram, e o único som era o da pena arranhando o pergaminho. Estava escrevendo para seus pais, só porque ainda não tinha mandado nenhuma carta dizendo se estava bem, desde o início do ano letivo.

Quando terminou de escrever, tinha falado sobre as matérias que estavam um pouco mais difíceis, sobre algumas reformas na escola, e sobre seu término com Rony, que os pais ainda não sabiam. Não mencionou nada sobre Draco.

Em seguida, enrolou o pergaminho e prendeu com uma fita vermelha, endereçado ao Sr. E Sra. Granger, e pôs-se a escolher uma coruja. Não viu com muita dificuldade, quase no final, estava Edwirges, a coruja extremamente branca, que olhava-a com indagação nos seus olhos cor de âmbar. Queria escolhê-la, mas não tinha falado com Harry, e então pegou uma das corujas afoitas, que era de um marrom quase preto, e prendeu o pergaminho na perna da coruja, dizendo-lhe para quem era e imediatamente a coruja bateu as asas e voou o mais rápido que pode.

. . .

. . .  

O café da manhã foi bem agitado. Hermione sentara-se um pouco mais afastada dos demais com Gina, contando-lhe tudo o que acontecera, enquanto comia um ovo frito com seu suco de abóbora. Gina não ficou muito surpresa ao ouvir a declaração da amiga sobre gostar de quem menos poderia, e que também, ela ainda gostava de Rony. E algo que raramente acontecia, aconteceu. Pansy passou discretamente pela mesa da Grifinória, exatamente perto de Hermione, e formou as seguintes palavras com os lábios: Ele é meu. Tomara que tenha gostado de ontem à noite.

E a Pankinson saiu, cínica.

- Não liga pra ela. A vaca é uma invejosa. – disse Gina.

- Eu sei. – comentou tristemente.

McGonagall se levantara de seu lugar de diretora e imediatamente fez-se silencio. Todos a olhavam sem entender nada, até ela se pronunciar:

- Bem, há muitos anos, tínhamos em Hogwarts a antiga tradição, e quando digo antiga, quero dizer a aproximadamente quinhentos anos, de comemorar com os alunos o Natal com um requintado Baile de Inverno. – Ela viu os alunos cochichando e pediu silencio. – Como eu estava dizendo, essa era uma das mais antigas tradições da escola que acabaram por se perder com o tempo.

Novamente, todos os alunos se entreolharam e sussurravam uns para os outros. Gina aproximou-se de Hermione comentando que, desta vez, não teria que ir com Neville por falta de convite. As duas riram um pouco, e a ruiva ficou mais aliviada ao perceber que Hermione nem se lembrava mais de Malfoy.

Mas enganou-se. Hermione sentiu um olhar penetrante em sua nuca e virou-se, encontrando Malfoy a observando sem nem disfarçar. Ele sorriu desafiador, e Hermione fechou a cara para ele, virando-se bruscamente para frente e assumindo uma expressão triste, quase chorosa.

McGonagall mais uma vez fez todos se calarem.

- Bem, da última vez que tivemos um Baile nesta escola foi à quase quatro anos, para o Torneio Tribruxo. Fico feliz em dizer que, este que se aproxima não virá com mais desafios e riscos de morte, e é de meu desejo que ele faça parte do ano letivo em Hogwarts, daqui por diante. Alguma objeção?

Ela encarou-os firme durante alguns segundos, até corajosamente aparecerem duas mãos erguidas no ar. E desta vez, não era Hermione quem levantara. A diretora olhou discretamente a primeira garota que levantara a mão, uma que nem Hermione nem Gina conheciam e sabiam seu nome, e deu oportunidade para ela falar.

- Me desculpe, – disse a garota, que tinha cabelos castanhos presos por um rabo de cavalo. - professora, mas eu acho que com a guerra contra Você-Sabe-Quem ainda tão recente, e com as perdas que sofremos, eu não vejo motivo para...

- Obrigada, Ella. Entendo os seus receios. – Disse a professora, prontamente e interrompendo a opinião da garota no meio, já entendendo do que se tratava.

E essa garota, a tal de Ella, Gina observou, tinha mesmo cara de quem perdeu alguém. Debaixo dos olhos ainda apareciam pequenas olheiras. E uma aparência um tanto desgastada, como se ela não se cuidasse. O que não era natural, porque a guerra não foi tão recente assim, havia acontecido à muitos meses, no início do ano.  

McGonagall deu oportunidade para outro garoto falar, um da Corvinal.

- Eu concordo, professora, ainda não estamos em clima para isso.

- Muito bem, - Começou a diretora – alguém mais? – Ninguém mais ergueu a mão, embora se ouvissem sussurros de concordância. – ótimo. Pois bem, foi exatamente por isso que eu concordei, junto com os professores, em fazer o Baile. Achei que mereciam um pouco de diversão, depois de todos esses tristes acontecimentos.

‘’Mas como vejo que ainda tem quem se oponha, bem, não vou obrigá-los. Aqueles que querem o Baile, levantem a mão. E aqueles que não querem... continuem como estão.’’

Muitas mãos se levantaram, inclusive a de Harry e Gina, Neville, Parvati, Lilá, Padma, Cho, Pansy, Simas, e muitos outros, o que os tornava maioria. Hermione não levantou a mão, não estava em clima de Bailes, e muito menos teria com quem ir. Quem também não levantou foi Rony, e quando Gina olhou discretamente para a mesa da Sonserina, descobriu que Malfoy tinha a mão levantada.

- Acho que a resposta mais adequada a dar é que teremos o Baile. – Concluiu a professora, sorridente, um pouco antes de o horário do café da manhã acabar, e todos terem de ir correndo para as salas de aula.

Hermione se levantou e seguiu na frente, sendo acompanhada atrás por Gina, e do lado dela estava Harry, que não quis comentar nada com a amiga. O alvoroço dos alunos saindo, e de repente Hermione estava muito mais a frente perdendo de vista os dois amigos e se perdendo entre a multidão.

Ela já caminhava para sua aula de Aritmancia, quando foi bruscamente puxada pelo braço. Tentou ver o rosto de quem a puxara, mas nada conseguia ver, exceto que estava sendo levada para o outro corredor no terceiro andar, onde não havia alunos e tampouco salas de aula.

- Mas o que...? – E ao virar-se encontrou um rosto pálido e fino, os cabelos louros sedosos e arrumados, e um olhar confuso.

- O que está havendo com você? – perguntou ele, largando o braço dela e estando visivelmente muito confuso.

- Comigo? – repetiu sem entender, ironicamente. – com você, Draco. Você é louco?

- Eu é que pergunto. Por que você de uma hora para outra começou a me tratar desse jeito?! Pensei que nos entendêssemos. – Ele se descontrolara aumentando o tom de voz e passando as mãos nervosamente no cabelo, e os quadros ao redor não despregavam os olhos.    

- Você é maluco. – respondeu simplesmente, virando-se para ir embora com uma expressão enraivada, e ele a puxou de volta. – Me solta! O que você quer? Por que fica fazendo isso?

Ele a soltou, e viu os olhos dela marejarem. Logo uma lágrima escorreu de seus olhos. Ele estava surpreso, e ao mesmo tempo nada entendia.

- Por que gosta de me ver sofrer? – murmurou Hermione como um sussurro, ao mesmo tempo em que mais lágrimas cortavam seu rosto.

- Eu não gosto de te ver sofrer. – sussurrou Draco quase inaudível, mas ela ouviu. Ele levou uma das mãos ao rosto dela e enxugou uma lágrima. – não mais.

- Mas então, por que ontem...? – ela começou, e parou ao perceber que já sabia da resposta.

As lágrimas cessaram por um instante, seus olhos focando no nada enquanto pensava em tudo, suas sobrancelhas levantadas, e um Draco Malfoy a encarava ainda mais confuso do que estava a princípio. De repente, o rosto dela adquiriu uma coloração vermelha e ela estreitou os olhos pra ele. O louro agarrou o pulso dela, tentando entender, e ela puxou de volta bruscamente.

- Onde você estava ontem à noite? – perguntou a ele, ríspida.

- Eu estava com você, claro. – respondeu-a prontamente. Ela detectou um sorriso cínico em seu rosto e percebeu que ele tinha por alguns segundos que fossem, corado. Ela se enraiveceu.

- Eu sabia que você não prestava. Se divertiu muito com a Pansy depois que eu saí? – ela foi irônica. Estava tentando bancar a forte, mas os olhos já estavam marejados novamente.

- Do que você está falando?

- Você é inacreditável! – berrou Hermione. - Idiota, filhinho da mamãe, galinha! – e a cada insulto, era uma lágrima a mais que marcava seu rosto.

Mas Malfoy apenas sorriu debochado, e a puxou pelo pulso forçando-a a ficar mais perto dele, achando que a aproximação ia fazê-la esquecer tudo por um instante que fosse, como normalmente acontecia.

- Não me toque. – Ela disse sombria. Sua voz ameaçando-o.

Mas ele não a obedeceu e a puxou para mais perto, podendo sentir o aroma doce que ela exalava. Mas isso não a amoleceu, só a fez ficar pior e ela ficar realmente com raiva. Hermione puxou rapidamente com a mão livre a varinha de dentro das vestes, e apontou para o peito dele, que não se intimidou.

- O que você vai fazer?

- Estou avisando, me solte. – Ela mantinha a voz firme.

- Não. – Draco insistia.

E foi então que ela quis deixar de ser boazinha e tolerante, mentalizando ‘’Levicorpus’’, que foi o primeiro feitiço que lhe veio à mente, e fazendo Malfoy flutuar de cabeça para baixo segurado por uma corda invisível no tornozelo. Ele gritou, tentou agarrá-la, mas ela se assegurou de estar a uma boa distancia dele antes de soltá-lo.

Rindo, ela se dirigiu à aula. Mas não conseguia entender. Draco parecia não se lembrar de nada da noite passada, mas lembrava-se de ter estado com ela, muito embora tivesse ficado vermelho, e não havia motivos para ter estado vermelho pois não tinha acontecido nada demais. Além dele ter terminado com ela...

Mas eles não namoravam de verdade. Mas naquela hora ele pareceu se esquecer disso. E agora ele vinha buscar uma explicação quando era ele quem deveria dar uma. E só há uma resposta para isso tudo. Mas é claro! Por que não pensara nisto antes? Aproveitaria a hora do almoço para falar o que Gina achava disso tudo.

Ela mal podia esperar.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora! Fiquei sem net! Mas eu já estou a terminar o próximo capítulo, 'don't worry'*

Espero que tenham gostado, foi do fundo do meu heart*! xoxo'



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