Love Is Waiting escrita por Gabriela Rodrigues


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

para aqueles que provavelmente vão achar que o capítulo está pequeno aqui vai uma explicação: ele é a continuação do anterior e os dois juntos fazem parte do que, no original é um só capítulo. espero que gostem. boa leitura.



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Oferecida! Meu queixo só faltou despencar quando a ouvi dizer isso. Jake se manteve impassível.

- Ok. Agora eu quero minha pizza. Troco pra cinqüenta. – e desligou.

Uma da tarde e nada. Mas claro que, sendo o Brasil, a pizza só fosse chegar à noite.

- Eu não agüento mais! – Jake rosnou – se eu morrer de inanição a culpa é da Duda!

- Já sei! – uma idéia começou a se formar – Vamos fuçar a casa!

- Como? – provavelmente ele estava questionando minha sanidade, que, confesso, não estava das melhores.

- Não tem ninguém em casa! Qual é, Jake? Vai ficar sentado aí resmungando até a comida chegar? Pelo menos assim a gente se distrai. Vamos ver o que a doida esconde pela casa! Do jeito que ela acha que todo mundo é ladrão, não duvido muito que esconda uma arma em algum lugar, mesmo que quem tivesse que atirar fosse a coitada da dona Teresa.

Ele me fitou, pensativo. Certa de que ele reprovaria o plano, fiquei surpresa quando Jake se levantou rápido demais para quem estava todo quebrado e rumou direto para o quarto de nossa tia-avó.

- Como será o guarda-roupa dela? – ele perguntou rumando pelo corredor e parando na frente da primeira porta.

- Imagino que cheio de roupas do século retrasado. Girei a maçaneta, mas a porta estava trancada.

- Acho que a paranóica anda com a chave pendurada no pescoço. – ele riu.

- Ela pode andar como quiser, até com uma penca de bananas amarrada na cabeça que eu não ligo. Mas agora não saio dessa casa sem ver o quarto dela por dentro!

Fui até a cozinha a passos largos e só parei porque ouvi Jake mancando e xingando por trás de mim.

- E como você pretende fazer isso?

- Pela janela.

Cruzei o quintal decidida rumo à janela mais distante. Abri o vidro sem esforço e sentei no parapeito baixo passando as pernas para o outro lado.

- Você vem?

Ele hesitou, mas como sempre acabou por me surpreender ao entrar no quarto imenso junto comigo. Fechei a janela atrás de nós e por um segundo parei para pensar no que tia Duda diria se nos visse (dois “desconhecidos”) entrando furtivamente pela janela de seu quarto. Ri ao imaginar a cara da mulher e meu primo me olhou confuso. Fiz um sinal para que ele ficasse À vontade, como se aquela fosse minha casa.

Havia uma escrivaninha no quarto. Era pequena e de madeira. O único puxador presente era da porta inteiriça que abri sem cerimônias. Com o rosto ardendo de vergonha, constatei que tia Duda usava fraldas. Jake estava olhando o guarda-roupas. Caí na gargalhada quando o vi colocar um chapéu e um xale repleto de traças.

Nas gavetas do guarda-roupas era tudo muito bem separado. Roupas íntimas em uma meias em outra, roupas de banho na terceira (eu que não ia querer ser vista em público com tia Duda usando aquele maiô rosa rendado) , mas foi o conteúdo da última que me chamou a atenção.

Álbuns de fotos. Vários deles. Abri o primeiro e mais antigo. Logo na capa uma imagem em preto-e-branco estava colada. Quatro meninas muito parecidas sorriam serenas e a mais jovem e mais baixa lembrava muito minha mãe.

- São as irmãs dela. – Jake sentou na cama ao meu lado – Ela é a mais velha e a mais nova é nossa avó.

- Elas eram bonitas. – minha voz não passava de um murmúrio.

O álbum inteiro era dedicado às irmãs, desde a infância ao casamento de cada uma. A última foto datava de antes de minha mãe nascer. Era parecida com a primeira mas as quatro já estavam adultas.

Os outros álbuns eram dedicados cada um a um sobrinho. Peguei o que tinha fotos da minha mãe. Ela era tão magrinha! Esbelta, brincalhona e muito parecida comigo de rosto. Havia fotos de vários momentos diferentes. Ela andando de bicicleta, chupando cana de açúcar, subindo em árvores... a infância perfeita de qualquer garota.

Quase não percebi quando Jake voltou à gaveta para reorganizar os álbuns e voltou com uma carta. Ele me estendeu o papel e analisei a letra reconhecendo-a como da minha mãe.

“Querida tia Duda,

Tenho escrito a todos os meus irmãos e a alguns tios então pensei em escrever também à senhora. Espero que esteja tudo nos conformes. Lembro que faz hoje um ano desde a morte de mãezinha, mas não poderei ir à São Paulo. Meu casamento está às mil maravilhas. E antes que eu esqueça o motivo principal dessa carta, semana passada recebi uma notícia incrível: estou grávida!

Queremos que seja uma menina. Talvez coloque nela o mesmo nome de mãezinha: Carolina. Não será ótimo? Assim nunca nos esqueceremos dela. E comecei a trabalhar. Estou animada com o novo emprego. Dou aula perto de casa e o que ganho ajuda bastante na hora de pagar as contas. Estou economizando desde já e talvez eu lhe faça uma visita durante as férias de Julho.

Abraços, beijos e muitas saudades,

Rosa.”

- Bem... – falei quando consegui me recuperar – Está explicado. Ela pensa que minha mãe cumpriu a promessa.

- E quem era essa mãezinha?

- A avó dela. Nossa bisavó.

Saímos do quarto meio envergonhados. Por uma lado achamos que seria legal bisbilhotar a privacidade de nossa tia-avó que não lembrava de nada, mas nunca pensamos que fossemos descobrir tanto a seu respeito.

Bem quando voltamos à sala, a pizza chegou, só que a fome de repente já não era tanta. Fiquei pensando em como seria a voz de nossa avó quando viva. Sua altura, seu jeito... comi pouco e bem devagar, assim como meu primo que de repente não tinha mais tanto a comentar. Alguns minutos depois de guardarmos tudo e eu ter lavado a louça que sujamos, ouvi o ônibus com a família chegando.

A multidão entrou na casa surpresa por nos ver ali. Tia Marge apareceu entre as cabeças divertidas.

- Por que vocês não foram? Não sabem como eu fiquei preocupada quando chegaram os dois ônibus e eu não vi vocês descendo. O que fizeram?

- Ninguém avisou a gente. Eu tava no quintal com ele sem fazer nada, aí começou a dar fome e quando entrei não tinha ninguém em casa. Pedimos uma pizza.

- Por que vocês nunca avisam a gente? Sempre que vocês saiam e o Jake podia dirigir, vocês passavam o dia todo fora e não se importavam com ninguém – Fred estava indignado – Aí quando todos saem e vocês ficam eu penso “Bem feito! Vão ficar sem fazer nada!” vocês pedem uma pizza? Não é justo! Tia Duda levou a gente pra comer peixe cru e sem tempero!

- Era um restaurante japonês – Ashley gritou de perto da porta – É o que eles comem.

- Não deixa de ser horrível – Luke comentou. – Onde tu arranjas tanto dinheiro, Jake? Toda vez vocês saiam e hoje pediram pizza... Quem é o ricaço?

- Não sou rico. – Jake respondeu revirando os olhos – Só que eu trabalho e faço umas economias.

- Bem, meninos, não vamos brigar agora,né? Tia Duda está cansada, então nós já vamos embora e eu não vou querer discussão no ônibus que só está esperando o pessoal que precisa ir ao banheiro.

Dessa vez a divisão foi diferente: os adultos foram num ônibus com Chris e os primos mais velhos que couberam e o resto (o que incluía Jake e eu) foi no outro. A única coisa ruim é que o ônibus deixava cada um na sua casa e a de tia Margareth foi uma das últimas.

Não passava das cinco quando eu sentei em frente ao computador para checar meus e-mails. Juliet havia escrito, assim como Sidney, que mandara um novo capítulo de uma das histórias que ela também escrevia e que em geral falava de um grupo de adolescentes que viviam altas aventuras. Eu adorava ler as criações dela. A que ela mandara era sobre um casal que se conhecera na infância, mas a menina se mudara para outra cidade e, anos depois, quando ela volta, eles já não se reconhecem e, mudaram tanto que nem se dão bem.

Lá pelas tantas, o casal acaba relembrando a infância e são chamados para fazerem uma peça (ou musical, não lembro direito) sobre Romeu e Julieta e logo eles são o casal principal. Mas são tantas as histórias que eu simplesmente me perco nos nomes de personagens e enredos. Para ter uma noção são mais de trinta histórias, todas incompletas que ela me manda. Um novo capítulo de cada uma a cada dia do mês.

Porém minhas preferidas são sempre aquelas em que eu apareço, é claro, e a visão distorcida dela me descreve como um gênio e ao mesmo tempo uma excelente melhor amiga que faço o possível para imitar na vida real.

Jake apareceu cerca de uma hora depois com o violão e recém-saído do banho.

- Não tenho mais tocado com tanta freqüência. – ele sentou numa cadeira ao meu lado. Desliguei o computador enquanto ele tocava a marcha fúnebre como de costume e peguei o teclado. Ficamos tocando em duetos até a noite cair e minha tia nos chamar para o jantar. Comi em silêncio e rápido, indo lavar a louça antes que qualquer um deles se pusesse de pé.

- Vou tomar um banho. – anunciei quando não havia mais nada na pia. – E depois vou dormir.

- Mas ainda são nove horas. – Ed soou espantado.

- Eu sei. Só to cansada.

- Tudo bem, minha filha. Amanhã eu vou te chamar um pouco cedo mesmo. Nós temos que ir ao comércio. As malas que trouxemos não vão ser suficientes pra guardar tudo.

- Mas são cinco malas! Fora as de Ed! – eu não queria admitir que sair para comprar malas seria só mais uma prova de que minha viagem estava chegando ao fim.

- Eu sei. Mas ganhamos muita coisa. Não vai caber. E vamos começar a arrumar nossas coisas também. – ela avisou. Engolindo o remorso crescente, assenti e me dirigi ao banheiro, indo deitar pouco depois. O sono não veio fácil, mas era melhor que estar lá com os outros. Quando finalmente dormi, sonhei que estava em casa.


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Notas finais do capítulo

Que tal? unam esse e o anterior e digam: ficou bom? mereço reviews? sei que estou sem tempo, mas não deixarei de escrever. o próximo capítulo pode demorar (muito), mas vai sair. tenham paciência. não demora muito a história chegará ao fim.
Bjs



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