até Nascer o Sol escrita por TomSchwallier


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Capital Inicial - Cai a noite.



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- Conheci uma garota. – Falei, interrompendo Tom que contava sobre sua estadia na casa do Georg sobre as visitas de Gustav, com a pretensão de animá-lo.

- Como? – Perguntou debruçado sobre o balcão, enquanto me olhava. Deixei que as lembranças da manhã do dia anterior tomassem conta de minha mente e comecei a contar, sem muitos detalhes.

- Ontem quando amanheceu saí para dar uma volta e no trajeto de volta para casa vi um grupo de amigos, ela veio falar comigo... Fomos ao parque. – Contei devagar enquanto terminava de preparar os sanduíches. Olhei-o, notando sua expressão curiosa, a um passo da impaciência.

- Transaram no parque? – Exclamou eufórico, dando um tapa na mesa enquanto ria orgulhoso.

- Cala boca Tom, transamos na minha cama mesmo. – Disse rindo um pouco de sua dedução. – No parque usamos drogas. Mas você precisa vê-la, é linda, o sorrio dela... Você definitivamente precisa vê-la, Tom.

- O que? – Sua expressão mudou completamente, a seriedade estava estampada em seu rosto, juntamente com a indignação. – Fico alguns dias longe e você transa com uma garota que conheceu no mesmo dia e usa drogas? – Perguntou incrédulo. –Drogas Bill?- Fez cara de nojo e eu apenas o escutava calado, ciente de que a bronca era merecida. – Qual é cara! Se fizer isso de novo, eu te quebro, seu puto.

- Pensei que daria mais atenção à parte do ‘’transamos no meu quarto mesmo’’. – Falei disfarçando a bronca que havia acabado de levar e depois de um olhar de repreensão de Tom desisti. – Você esta certo, tá legal? – Bufei, voltando a atenção aos sanduíches. – Como se tivesse tanta moral, ô do viagra. – Murmurei baixinho, segurando o riso e senti seu olhar fixo em mim. Não precisava olhá-lo para saber que ele estava com a expressão carregada de raiva.

- Bill me faz um favor? – Perguntou tentando demonstrar calma e respirou fundo. – Cala a merda da boca porque você sabe que tenho razão. A questão aqui não são os meus erros e sim o erro que você cometeu, porque quando sou eu, também escuto sermões.

- Tudo bem, desculpe, não resisti e em relação ao que eu fiz; não se preocupe, não pretendo que se repita. – Falei sem graça e o olhei, coloquei um dos pratos com sanduiche em sua frente. Caminhei até a geladeira e depois de pegar uma garrafa de refrigerante voltei ao balcão, onde me sentei em um dos bancos enquanto Tom colocava a bebida em dois copos.

    O silencio reinou por pouco tempo, logo as risadas e as bobagens que costumamos falar acabaram com o clima tenso que havia se formado, era natural que isso acontecesse conosco, vivemos nos desentendendo, mas pouco tempo depois esquecemos e tudo volta ao normal. A tarde logo chegou ao fim e Tom foi para seu quarto, alegando estar com saudade de sua cama, encorajei-o a ir e então decidi me deitar também.  Afundei meu rosto no travesseiro , quando respirei fundo inalei o perfume de Bianca; sorri, pois não esperava que ela tivesse deixado sua presença marcada em meus lençóis assim como em minha mente. Passei horas ali deitado, saboreando cada memória, cada momento, por menores que fossem. Inúmeros sorrisos bobos surgiram e até algumas risadas abafadas, estava me sentindo um idiota, mas fazer tudo isso não era algo que eu pudesse evitar.
    Quando a madrugada chegou fui até a sala e notei que  estava chovendo, isso nunca pareceu tão confortante, é como se ela substituísse as lágrimas de agonia que poderiam surpreendentemente surgir por conta da saudade; senti-me agradecido, pois a idéia de chorar me fazia sentir fraco. Soltei o ar pesadamente, sentindo a irritação invadir-me, não podia enganar a mim mesmo, cada parte de mim me fazia lembrar a sensação de seu corpo nu contra o meu, suas mãos ágeis e beijos ardentes, seria impossível esquecê-la, por mais que eu tentasse afastar as lembranças dos seus olhares avaliativos sobre mim, tentando mais uma vez desvendar meus pensamentos. Tom surpreendentemente já dormia e a madrugada parecia não ter fim, enquanto eu ficava o teto da sala. Minhas costas e cabeça estavam recostadas no sofá, á baixo de mim havia o chão frio. Vez ou outra eu virava o rosto e olhava para o relógio de parede, reafirmando minha tese de que demoraria uma infinidade até que o Sol nascesse de novo.
   Milhares de pensamentos passaram por minha mente, fazendo o temor e a duvida se fazerem presentes, algo dentro de mim deixava claro de que eu devia sair assim que clareasse e então procurar por ela, mas o lado inseguro dizia que se ela quisesse teria voltado como havia dito que faria. Cansado de ficar ali sentado decidi me levantar, caminhei até o quarto do Tom e abri a porta devagar.

- Tom. – Chamei baixinho e ouvi ele se mexer na cama. – Tom. – Falei mais uma vez, com o tom de voz um pouco mais alto.

- Oi? – Perguntou com a voz rouca e eu me aproximo da cama, me sentei de costas para ele e refleti sobre a pergunta que eu estava prestes a fazer.

- Como consegue? – Franzi o cenho enquanto vagava meu olhar pelo o quarto escuro. – Como consegue ficar com alguém e depois não pensar ou procurar?

- Não da tempo de sentir falta, sempre há alguém no lugar. – Ouvi-o dizer e viro o rosto em sua direção, tendo certeza de que não conseguiria fazer o mesmo. – Mas você é diferente de mim, então porque não procura ela?

- Onde eu a encontraria? – Falei de forma irônica e em seguida respirei fundo. – As chances de encontrá-la no mesmo lugar são mínimas, Tom. – Digo derrotado, cansado de tentar imaginar possibilidades.

- Não perderá nada tentando. – Tom disse enquanto se levantava e caminhou em direção a porta do quarto, atravessando a mesma sem pressa e deixando-me sozinho com os questionamentos no quarto escuro. – A propósito, esta começando a clarear! – Gritou de algum cômodo da casa.

   Sem hesitar levantei-me e caminhei até meu quarto, onde troquei de roupa rapidamente e gritei por Tom, perguntando se ele me acompanharia; recebi um sorriso cumplice como resposta e alguns minutos depois estávamos caminhando pela rua, sentindo vento frio e torcendo para que ela estivesse lá. O silencio não parecia incomodar, a expectativa era grande demais e Tom respeitava isso. Nossos passos eram rápidos e dessa vez não havia tempo para analisar os carros que passavam pela rua.
    Viramos uma esquina e avistamos um grupo de amigos no mesmo lugar que eu tinha visto Bianca pela primeira vez, não havia como saber se ela estava lá, ainda estávamos consideravelmente distantes, mas de alguma forma, as chances agora eram enormes.
    Meu coração acelerou ao reconhecer aquele rosto, aqueles traços e principalmente aquele sorriso. Por uma parte da madrugada tentei entender como aquele sorriso poderia ser tão contagiante para mim e naquele momento, ali, parado, quase estático ainda não compreendia como era possível ser tão inevitável sorrir ao vê-la fazendo o mesmo.

- Nossa, que cara de idiota Bill. – Tom disse rindo e eu não perdi tempo olhando para ele, apenas continuei observando-a, começando a me questionar se havia feito certo tendo procurado por ela. – É ela? – Perguntou demonstrando certa animação e eu assenti. – Porra mano, já viu quantas garotas tem ali? Da para ao menos falar a cor da roupa dela? Ou você quer que eu adivinhe quem é a garota que te drogou e depois transou?

- A de blusa azul. – Consegui dizer e nesse momento percebi que os amigos dela nos olhavam e cochichavam entre eles. Não demorou muito até que ela virasse o rosto em nossa direção e mais uma vez sorrisse. Ergui a sobrancelha esquerda enquanto sorria e ela pareceu hesitar.

- Bill, ela vai vir aqui. – Riu divertido, notando meu nervosismo. – Quer um conselho? Haja como se a parte do sexo não tivesse acontecido, vai parecer menos apaixonado e mais descontraído. – Ironizou e eu olhei-o rapidamente, deixando uma risada rápida escapar e dando-lhe um leve soco no braço esquerdo.

   Quando voltei a olhar na direção do grupo de amigos vi Bianca correndo em minha direção, ainda com o sorriso nos lábios. Fui pego de surpresa quando a pequena me alcançou e após uma pequena troca de olhares juntou nossos lábios num beijo calmo. Sorri de forma desajeitada ainda com meus lábios juntos aos dela, a madrugada anterior, cheia de saudade, duvidas e agonia havia sumido. Talvez eu estivesse enganado, mas naquele momento aquele beijo significou que eu não era o único a sentir falta, seja lá do que fosse.

- Então é você quem drogou e a razão pela qual meu irmão passou essa noite acordado? - Ouvi Tom perguntar. Seu tom de voz era divertido e talvez tenha sido esse o motivo de Bianca se afastar sorrindo.

- Acho que você é o gêmeo mais velho e desnaturado que largou o irmão a mercê de alguém como eu. - Falou no mesmo tom de doz divertido e nós três sorrimos. Acho que todos nós estávamos constrangidos de alguma forma.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? rs



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