JACOB

Ao longe eu sentia algo vibrando perto de mim, aquele
zunido chato sabe? Mesmo contra vontade abri meus olhos, queria continuar
dormindo, ainda mais com Bells nos meus braços. Mas o zum zum não parava, olhei pro lado e vi meu celular dançando no chão, desejando mentalmente que parasse desviei o olhar, mas ele não queria, continuava naquela dança maluca, fazendo aquele barulho chato. 

Com todo cuidado peguei ele, virei meu rosto para verificar se Bella dormia, pelo jeito sim, voltei a minha atenção aquele chato do meu celular. Quando o peguei ele parou de tocar, fui ver quem era me assustei com cinco chamadas perdidas do celular do meu pai. Antes que eu pudesse praguejar o celular voltou a vibrar. Droga, era ele novamente.

Conheço o velho Billy, não ia me deixar em paz enquanto
não o atendesse. Preciso atender para saber o que ele tem de tão importante
para falar comigo. Contrariado resolvi atender, assim fui saindo devagar do
colchão para não acordar Bells, porém fui falho, pois quando me afastei ela
abriu os olhos sonolenta, avisei que voltaria para ela, que sorriu e resmungou
um volta logo.

Levantei já apertando o botão verde indo pra outro cômodo:

-Fala Pai! -  pedi contrariado, algo me dizia que ia me aborrecer.

-Onde você esta? - ouvi os dentes dele rangendo de raiva.

-O que foi? 

-Eu quero conversar com você imediatamente. - como sempre
ordenando.

-Hoje eu não posso. - Talvez nunca mais, completei
mentalmente.

Na Madrugada propus a Bella fugirmos, pois nos amamos
muito para deixar o destino nos separar. Não me soa justo essa separação
imposta.

Ela  mordeu os lábios em duvida, todavia
seus olhos chocolates brilharam com esperança diante da proposta.  

-Então é verdade. - se fosse possível ele rosnaria.
- Você esta com uma forasteira não é?

-Não fale assim dela. - Ouvi ele bufar do outro lado da
linha diante do meu comentário. - Ela é o amor da minha vida.

-O que você disso meu filho? 

-Acho que mais do que você. - Respondi com raiva.

-Isso é só seus hormônios e rebeldia
de adolescência. - Percebi que ele tentava apresentar argumentos, e para
mim, argumentos errados.

-É algo além de tudo que já senti. Acho que você nem sabe
o que é amar não é? 

-Cuidado com o que fala Jacob! - Agora ele elevou o tom
da voz. - Não vou deixar você manchar as nossas tradições por uma mulher
qualquer. Não quero essa vergonha.

-Então você não me quer! - também sei ser irracional.

-Nunca diga isso! Eu lhe amo muito e por isso quero lhe
abrir os olhos. 

-Estou com eles bem abertos. Por isso pai, começo a
questionar o meu futuro, essa coisa de ter o destino traçado
por tradições...

-Você consegue perceber que essa sua fala toda veio
depois que essa garota entrou na sua vida? - ele já gritava. - Ela vai destruir
a nossa família, a nossa relação meu filho. Porque se você escolher a ela,
deixará de pertencer a está família, e meu filho você não será mais. 

-Como você pode jogar baixo assim? - tentei controlar a
minha voz, mas ela já estava mais que alterada. 

-Está avisado. - ele sentenciou e desligou.

A mudez do celular me irritou, olhei pra tela e vi uma
foto minha de Bells que tinha colocado no dia anterior, me senti confuso com as
palavras dele, com a certeza do meu amor por ela. 

-Maldição! 

BELLA

Dormir nos braços de quem se ama é uma sensação das mais
maravilhosas que eu tenho conhecimento. O calor que emanava do corpo de Jake
tem dois efeitos em mim: relaxa e excita. Agora, me relaxava e protegia. Mas
quando ele levantou para atender o telefone senti falta, resmunguei e tentei
voltar a dormir, porém o sono me abandonou.

Estiquei meu corpo, senti alguns pontos doloridos, mesmo
assim não ia reclamar, na verdade estava amando, afinal comecei a lembrar o
motivo deles, a noite perfeita que tivemos. Um suspiro escapa da minha boca,
todavia meu momento contemplativo passa ao ouvir Jake discutindo no celular.

A curiosidade me fez ir até lá na ponta do pé. 

Fiquei encostada no batente da porta ouvindo-o discutir,
como havia silêncio absoluto a nossa volta, mais o meu interesse no assunto e o
volume alto da ligação, conseguia escutar com clareza a discussão dele com pai.
A raiva o fazia se agitar, as palavras eram duras de ambos os lados, aquilo me
afetou, ainda mais quando ele me acusou de ser responsável por Jake estar
deixando a família. 

O final da conversa foi desastrosa com o pai dele
sentenciando que se me escolhesse não seria mais seu filho, aquilo fez um choro
vir até meus olhos. Aquilo era demais, muito pesado, era
o único empecilho de eu não aceitar fugir com Jake,
a família dele e todas as tradições. Por mais arcaicas que possam
parecer para nós esses costumes, mesmo assim era parte fundamental
da família dele, da vida dele, eu não poderia mudar isso.

Ao ouvi-lo praguejar alto, as lágrimas por mim
contidas rolaram pelo meu rosto, sem querer um soluço escapou, o som fez ele se
virar assustado para mim.      

-Bells. - ele me chamou.

A única coisa que pensei em fazer foi correr, mas como
sou desastrada quando virei quase cai, todavia como era de esperar as mãos
quentes e grandes me ampararam.

- Não foge de mim. – ele pediu.

-Jake. - Falei chorando quando ele me abraçou forte. -
Esta vendo porque não podemos simplesmente sumir?

-Shiii. - ele me apertou e eu afundei meu rosto no seu
peitoral, minhas mãos apertaram as costas largas dele. – Podemos, se estivermos
juntos.

-Não Jake! - levantei meus olhos e o encarei. - Temos só
17 anos, não podemos fingir que a vida é um conto de fadas... ou que será um
conto de fadas.

Me calei quando a boca dele colou na minha, num beijo
cheio de paixão. Aquilo me desarmou por completo, acreditei que sim poderíamos viver
o nosso felizes para sempre.

O ar nos faltou, com pequenos selinhos ele foi separando
os nossos lábios e com eles ainda bem próximos sussurrou apaixonado e com
a voz embargada pela emoção:  

-Eu não quero te perder. - os polegares acarinhavam as
minhas bochechas      

-Nunca vai me perder Jake. - eu não controlava meu choro.
- Sempre serei sua, sempre estarei aqui. 

Minhas mãos pousaram no seu coração, que eu conseguia
sentir o pulsar sobre a minha palma. 

-Quero acordar todos os dias ao seu lado, quero sentir
seus beijos sempre que me der vontade... - Mais um beijo.

-Mas só o nosso amor hoje não é suficiente. Não agora. -
Falei entre lagrimas, ele me olhou contrariado e eu continuei. - Se fugirmos
sempre terá em nós a nuvem em nossa cabeça. Nossas famílias, tudo deixado
para trás. Sei que você sabe disso.

-Eu não posso viver longe de você. - Agora o choro era
dele.     

Cada lagrima caída dos olhos negros uma ferida se abria no meu coração, se possível fosse a dor da nossa separação seria só minha. Mas era uma ilusão nós dois sofreríamos, seria um ferimento que demoraria pra cicatrizar, com tempo talvez a gente se acostumasse com aquela dor. 

Eu o amava além da razão, sei que ele também me amava tanto quanto eu, porém temos que pensar racionalmente, um relacionamento não é fácil, o amor as vezes não é suficiente para manter as pessoas juntas. Eu sempre soube disso, nunca fui de me iludir com sonhos. Aqui estava a realidade mostrando que nossos mundo não podiam se relacionar, não pertenciam um ao outro. 

Por mais que dizem que amor é tudo, há muito mais no mundo, somos jovens e existe muitas coisas no mundo. Porém isso tudo é razão falando, que esta sendo tentada pelo sentimento profundo que tenho por Jake, logico que a proposta dele fica como um diabinho no meu ouvido sussurrando: Fuja.      

Passei os meus dedos pelas marcas das lagrimas, as minhas também caíam sem cerimonia nenhuma. Haveria dor, todavia seria melhor assim. Então não havia palavras capazes de definir o que eu sentia, assim resolvi mostrar que sempre seria dele, que meu coração a minha alma seriam só dele, mesmo com a distancia e o tempo ninguém poderia ocupar o espaço imenso dele. 

Meus lábios famintos e viciados por ele beijaram sua boca com intensidade, os nossos gostos se misturavam com salgado de nossa dor. Minhas mãos correram para os ombros dele o trazendo para colar seu corpo com meu, se eu pudesse fundia ele em mim. A resposta dele foi me apertar com seus braços fortes, ele tinha a mesma necessidade minha. Era o nosso sonho, era o nosso viver tudo.

O ar nos faltou devido ânsia de possuir tudo sem limite, a boca carnuda dele correu pelo meu pescoço e juras de amor eram ditas entre cada beijo, fazendo meu coração encher de amor e ao mesmo tempo sofrer por ser a nossa despedida. Nossas mãos corriam livres pelos nossos corpos, queríamos nos tocar, nos amar. 

Minhas unhas passavam nas costas dele para ter certeza que era real, deixei a sensação de ser tocada por ele com tanta intimidade penetrasse na minha mente, seria uma das minha melhores recordações a capacidade dele de me entregar.

Não demorou para eu sentir minhas costas tocarem o colchão, que estava inundado com nosso cheiro misturado, aquilo seria guardado com paixão por mim. Os nossos corpos já estavam se ligando, como sempre foi perfeito, como as peças fossem feitas para aquele encaixe, era sublime. Nossos olhos se encontraram entre os nossos movimentos lentos, mas profundos, estávamos nos amando. Nos olhos negros havia tudo ali refletido um no outro, amor, desejo e dor, sei que meu olhar esta da mesma maneira.

-Serei sempre sua. - Sussurrei próximo a boca dele enquanto ele me preenche. - Nunca se esqueça disso.

-Eu serei seu até depois que meu coração parar de bater. - como sempre havia veracidade na sua declaração. 

-Eu te amo. 

-Eu te amo pra sempre. - em seguida o beijo dele foi maravilhosamente intenso como a onda de prazer que nos afogou.

Aquilo seria para sempre, nós seriamos um do outro, não seria apenas uma sonho.