POV JAKE;

Nunca pensei que doeria tanto, que tantas
lagrimas sairiam dos meus olhos, quanto tempo
doeria ausência dela, da nossa historia inacabada. Não, não tivemos o
famoso feliz. Depois do dia mais perfeito já vivido por mim, o seguinte foi
o mais doloroso da minha existência.

Por mais que Bella e eu desejarmos e até consideramos ficar
juntos, sempre soubemos que a realidade não seria essa. Meu pai descobriu que
estava na casa do meu tio, foi uma confusão enorme, uma batalha de gritos e
acusações de irresponsabilidade.

Bella foi escoltada de volta para a pousada pelos meus pais,
eu, fiquei trancado como um prisioneiro em meu quarto para pensar em meus atos
inconsequentes. No meu pequeno espaço, 
já não havia computador ou qualquer papel onde algum número que me pusesse
em contato ela novamente estivesse escrito. No inicio a raiva me dominou e os
objetos que sobraram sofreram as consequências, era irracional demais que eles
acreditassem que apenas fazendo isso, conseguiriam me separar dela, se Bella e
eu não ficássemos juntos, seria porque nossas consciências não permitiriam e
não porque nossos pais assim decidiram.  

O que mais me doía, com uma ardência absurda, era saber
que não poderia beija-la pela última vez, sentir os doces lábios dela.
Principalmente, dizer que a amava e que sempre a amaria, estivéssemos juntos ou
separados. Soltei um grito furioso, quebrando um-porta retrato onde uma foto
familiar repousava, nunca senti tanto ódio por não poder comandar minha
própria vida.

Após algumas horas, não sei quantas, escutei o motor do carro
do Billy parar na frente de casa, bufei como um animal ferido que só pensava em
atacar quem havia lhe magoado. Esgueirei-me até um canto do quarto, pela
pele do meu pé sentia os pedaços de tudo quebrado pelo chão, nada aquilo
importava precisava ouvir o que diziam.

Do lado de fora da porta fechada, escutava as falas
sussurradas dos meus pais, minha mãe parecia chorosa, preocupada. Não que
aquilo me tocasse, na verdade me inervava, pois ela não confiava em mim, ela
não sentia a dor que havia em meu peito, ela não compreendia a Bella e a mim.

Fiquei encarando a porta por longos minutos, em silêncio
absoluto, só conseguia ouvir meus pensamentos, havia feito um belo estrago ali
dentro, a raiva por me sentir incompreendido ainda me dominava e vontade de
fugir ainda não sumira. Desviei o olhar e encarei a janela que estava travada
por fora, sair dali seria impossível, eles me conheciam bem, sabiam que
tentaria escapar.  

Depois de alguns segundos, ou sei lá quanto tempo, meu pai
entrou no quarto e avisou que o problema tinha ido embora, aquilo foi a gota
para eu derramar minha ira na direção dele. Gritei que Bella e eu eram as
pessoas que deveriam decidir sobre nossos destinos, que eu a amava e que ela me
amava. Que ele não poderia me trancar para sempre, especialmente que não
haveria como me afastar dela se essa não fosse a nossa vontade.

Billy não compreendeu, esclareci com todas as letras que ele
não confiava em mim e nela, que nos considerava irresponsáveis, acreditando que
nossas cabeças não pensavam mais porque estávamos apaixonados um pelo outro.

Então, ele fez algo que nunca esperei, ele estendeu o
telefone para mim e disse encarando meus olhos:

- Ligue para ela... decidam... vou esperar a decisão
responsável.

Meus olhos correram para Sarah parada na porta,
silenciosamente perguntei se Billy estava brincando comigo, mas logo percebi
que não, meu pai estava realmente me dando a chance de decidir meu futuro com
Bella.

-Ela já está a caminho de casa e acredite você ou não, não
foi difícil convencê-la de que deveria voltar para o seu mundo.

Mostrei a ele um sorriso, o mais sarcástico sorriso que
consegui. Convencê-la? Aquela palavra para mim queria dizer: obriga-la! Billy
mandava e queria ser obedecido, era assim, sempre foi assim. Por que com Bella
seria diferente?

O telefone continuava diante de mim, era minha chance de finalmente
falar com Bella e tirar todas essas dúvidas do meu coração. Esclarecer o que
acontecera entre meus pais e ela e decidir finalmente o que faríamos sobre nós
dois.

Encarei o celular, o número já estava ali na tela, apenas
apertei uma tecla e a chamada foi realizada, dois toques, três toques, nada,
ela só atendeu depois do quinto.

- Alô! – percebi de imediato que ela havia chorado, e tenho
certeza que o olhar dirigido a Billy foi de ódio, ele era o responsável pelas
lágrimas dela.

- Bells! – falei mais baixo do que esperava, de certa forma
era irritante ter de falar com ela debaixo das vistas de meus pais.

- Jake! Eu estou... estou dentro de um ônibus, voltando para
a escola... depois... – ela falava confusamente, como se quisesse falar tudo ao
mesmo tempo - Me desculpe... nós não pudemos conversar, decidir nada... eu só
queria que você compreendesse que nunca foi minha intenção atrapalhar a sua
vida...

- Você não atrapalha minha vida Bella, você sabe que eu te
amo... na verdade fui eu quem interferiu e atrapalhei a sua... nunca imaginei
que meus pais seriam capazes de tantas grosserias...

- Eles não foram grossos comigo Jake, nós apenas
conversamos... conversamos sobre o seu futuro, sobre o meu futuro... e eu amo
você... eu vou amar você sempre... mas não posso fazer isso... – ouvi um
soluço, mesmo longe sabia que ela se sentia como eu.

Fiquei calado sentindo um gosto amargo e dolorido, ela
estava repetindo nossas antigas conversas, tudo aquilo que sempre soubemos que
nos atrapalharia.

- Não posso ser a responsável por uma divisão familiar como
a que aconteceria com você... todo esse tempo que estive aí eu percebi o quanto
vocês são unidos... ligados... uma hora ou outra isso pesaria entre nós...

Respirei profundamente descobrindo em mim mais força do que
acreditei que havia.

- Esperei, sonhei e desejei que as coisas pudessem ser
diferentes Bells... você sabe disso... você sabe que nunca haverá para mim
alguém que seja como você...

Ela sorriu e o som do seu sorriso me aqueceu.

- Estava triste Jake porque não pude falar com você...
porque não pude dizer mais uma vez que te amava, que nada importa mais para mim do que saber que você está bem... 

-Não estou bem Bells. - ouvi um soluço escapar do outro lado da linha. - Mas vou ficar.

-Vamos ficar não é? - ela queria a minha confirmação, meus olhos encheram de lagrimas, que nem me importei segurar na frente do meu pai. 

-Vamos. - sussurrei. - eu sempre vou te amar, você sempre será a melhor lembrança que eu terei Bells.

-Também te amarei sempre. - um silencio incomodo pairou sobre nós. - Beijo seja feliz e te amo.

-Você também! Beijo. 

No momento seguinte escutei o aparelho ficar mudo, ela havia desligado, Um vazio assolou dentro de mim, as coisas meio que perderam o sentido. Então senti os braços de minha mãe a minha volta, tentando me consolar falando que tudo ia ficar bem, naquele momento não queria ouvir aquilo, na verdade queria ficar sozinho com a minha dor. 

Mesmo contrariados meus pais se foram, atendendo meu pedido, mas antes meu pai decretou uma verdade ao fechar a porta:

-O mundo de vocês são diferentes e ponto.

Meus pais me deram uma semana de luto, fiquei no meu quarto com sentimentos conflitantes: uma parte minha entendia que assim foi melhor para todos, outra se debatia pedindo para ir atras de Bella, que eu não era o tipo de pessoa que desiste do que deseja. Mas sei que a vida não é o que queremos as vezes. 

Depois de sete dias minha mãe avisou que adiantou meu casamento com Emily, aconteceria em menos de um mês, pediu para eu me esforçar em conhece-la e ama-la. O primeiro pedido eu faria sem problema, já o segundo acho difícil.

Bem, o casamento ocorreu, foi uma festa muito bonita, Emily ficou linda vestida de noiva, mas confesso que na hora que ela veio andando até mim imaginei Bella. Aquilo me entristecia, pois minha esposa era uma  mulher encantadora, não merecia a minha metade. 

Os anos passaram até rápido demais, fiquei tendo uma vida simples na oficina montada pelo meu pai. Consegui com trabalho árduo ampliar o negocio a mais duas oficinas nas redondezas. Segui com as minhas obrigações nas tradições da família Black, para felicidade geral eu e Emily tivemos um menino: Dan, um ano depois de casados. O moleque era o centro da minha vida, meu orgulho.

Minha relação com a minha esposa é calmo, tranquilo, sereno. Nos amávamos como amigos, era triste isso, mas era a nossa verdade. Ela nunca foi burra percebeu que eu não era de coração livre, ela tentou lutar para ocupar o lugar, porém ela se estabeleceu em outro canto, isso gerou briga entre nós, com tempo ela entendeu que eu era assim, pela metade.

Eu não era infeliz, era feliz de uma maneira diferente. De tempo e tempos lembrava de Bella, da nossa aventura, que teve o seu proposito, mostrar que podemos sim amar muito uma pessoa e não ficar com ela, mesmo assim não foi em vão, foi perfeito.  Não foi pra sempre, mas foi único, foram as melhores lembranças que tive e terei.