Acordei outra vez com o sol batendo no meu rosto, estava virando habito dormir naquela rede, toda torta, sonhar com Jacob e ouvir o som do mar logo cedo, acho que realmente me acostumaria a essa vida, com certeza, se tivesse ele por perto com seu cabelo longo, seu sorriso imenso, sua voz rouca que me arrepia, sim seria perfeito, a vida perfeita.
Mas há realmente uma vida perfeita?

Não, nós é que fazemos a nossa vida, com os momentos que nos são apresentados todos os dias, tem aquela história que minha avó sempre falava:

- Bella, minha querida, se a vida te der um limão, faça uma limonada. - sorri e fiquei em pé, esticando os braços e ouvi meus membros estalarem, minha mãe ficaria louca se soubesse da minha loucura, a melhor e mais feliz loucura da minha ensossa vida.

- Bom dia amiga! - era uma voz sonolenta atrás de mim, Leah, ela me esticava o telefone celular, e falava: - Seu amiguinho virtual já está ligando. Ele não dá descanso né? - comentou enquanto eu ria e pegava o telefone.

Sim, era ele, pensei enquanto observava a foto dele no visor, sorrindo para mim, não tinha modo melhor de acordar com certeza.

- Alô!

- Bells! - a voz era ansiosa.

- Oi Jake, o que foi?

- Você vai estar muito ocupada hoje? - não entendi a pergunta e apenas soltei um:

- Hã? 

O som da risada perfeita se fez ouvir do outro lado me contagiando e logo depois a explicação para a pergunta sem sentido:

- Tenho alguns convites para você.

- Estão todos aceitos. - falei imediatamente e ele riu outra vez.

- Você nem sabe do que se trata.

- Com você faço qualquer coisa. - afirmei e de repente tudo ficou em silencio, a voz rouca quando falou era profunda:

- Até casar comigo?

Meu coração disparou, e minhas pernas fraquejaram, um momento de loucura dele ou uma brincadeira? Não sabia, a voz era tão séria que até poderia ser verdade, mas ele não podia estar falando sério e então falei engasgada:

- Você está brincando comigo?

Ouvi um suspiro e ele falou:

- Não, eu queria mesmo casar com você...

- Também queria poder casar com você...- confessei baixinho mais para mim do que para ele mas Jake ouviu e falou:

- Então vamos fazer isso.

Opa, não eu não estava ouvindo direito, esse era mesmo o convite? Passei do pensamento a pergunta e assim que a ouviu ele falou num tom mais leve:

- Soube por Jared que muito educadamente me acordou hoje com algumas travesseiradas, que teremos um Luau hoje a noite na praia, bem perto da pousada, começa antes do sol cair, e vai até aguentarmos. - outra vez a risada alta e logo depois continuou: - E você vai comigo.

- Isso é um convite ou uma ordem? - perguntei ao ouvir sua ultima frase.

- Um convite e uma ordem. - falou por fim e eu aceitei, mas lembrando das roupas que trouxera, logo falei:

- Acho que não tenho roupa para esse tipo de coisa Jake.

- Sem problemas, vamos até Forks, eu sei onde minhas irmãs fazem compras, levo você até lá e aí compramos o que precisar.

- Ótimo! - concordei e marquei para que ele viesse pouco antes das onze horas, teria tempo de dar uma ajeitada no visual e me preparar para passar mais uma tarde perfeita ao lado dele, e depois ainda teria o tal luau, senti meu coração disparar novamente, o que esse luau me reservava? Fosse o que fosse seriam momentos perfeitos com certeza.

- Esta certo, passo aí no horário marcado...- ficou quieto por alguns instantes como se estivesse pensando e pouco depois com a voz mais baixa falou: - Eu amo você.

Fechei meus olhos travando um soluço de felicidade na garganta e respondi com a voz embargada:

- Também amo você. - outra vez o som do sorriso e logo depois falou:

- Até já, um beijo.

- Um beijo. - desliguei o celular e me deixei cair sobre a rede, fechei os olhos por alguns instantes ouvindo o som gostoso do mar e sentindo seu aroma, estava feliz, feliz e infeliz ao mesmo tempo, mas não abriria mão de nada, de nenhum momento por medo, estava decidido

Entrei no quarto e me deparei com minha amiga se preparando para um banho, reconheci nesse momento um olhar de pena no rosto dela, nós ainda não havíamos conversado abertamente sobre a situação depois de minha chegada, e naquele momento eu quis saber o que ela pensava.

- Você quer a verdade Bella?

- Sim. - tentei ser firme e ela me olhou duvidosa e falou:

- Pergunto isso, porque a maioria das pessoas quando faz esse tipo de pergunta, não quer a verdade, quer apenas ouvir que está certa e pronto, aliviar a consciência.

- Eu quero a verdade Leah! - afirmei sentando na cama e ela sentou perto de mim e falou:

- Acho que você e ele estão se machucando, se magoando. - fiz um movimento e ela estendeu a mão pedindo que eu esperasse e ouvisse - Sempre imaginei que você estava enganada, que ele estava passando a conversa em você.

Sorri diante da sinceridade dela que eu tanto gosto e Leah continuou:

- Mas agora vejo que não, ele gosta de você e você gosta dele, mas ao mesmo tempo, nós sabemos que não essa história não vai levar vocês a lugar algum exceto ao sofrimento.

Um aperto no peito me sufocou e ela pareceu perceber minha dor e continuou diretamente:

- E já começou não é? Percebo nele quando olha para você, como fosse a última vez que a vê, ou então em você, encantada nos mínimos detalhes dele...sinto muito minha amiga... - a voz era gentil apesar das palavras serem firmes - Mas seria melhor que fizéssemos as malas e fôssemos embora amanhã, sem que ele soubesse, quanto mais tempo isso se prolongar, pior será.

Sem me conter pulei de encontro ao corpo dela e pela primeira vez chorei, abraçada a minha amiga, molhando o ombro de Leah com minhas lágrimas e confessando:

- Você tem razão...eu sei de tudo...mas como você falou...eu não queria a verdade, porque eu sei a verdade, ela grita diante de mim todos os dias, mas não posso fugir...

Me afastei um pouco e encarando seus olhos escuros e inteligentes conclui:

- Esses momentos serão os únicos? Serão felizes, infelizes? Quem realmente sabe o que o futuro nos reserva?

Leah não entendeu e sequei meu rosto com as mãos antes de continuar:

- Eu acho que terei uma vida assim ou assado, que vou morar aqui ou ali, mas quem pode dizer se será assim? Posso morrer e não realizar nada, ou viver cem anos e ter uma vida pacata, posso virar monge ou ir morar num convento, - Leah riu ao ouvir meu comentário mas me mantive seria e conclui - seja como for, o que o futuro me reserva, ao menos isso terei realizado, terei sido feliz com o homem que eu amo, mesmo que seja por pouco tempo.

A mão delicada de minha amiga acariciou meu rosto e um leve sorriso surgiu antes de falar:

- Nunca imaginei que você fosse capaz disso, mas estou feliz por poder partilhar esse momento único com você. 

Respondi com um abraço apertado em agradecimento ao apoio dela, mesmo que muitas vezes ela tenha sido contra, nesse momento ela era minha ligação com o que eu era, e seria também a pessoa que poderia me ouvir, me ajudar e me acalentar nos momentos de muita saudade.

Ela ficou em pé e foi para o banheiro enquanto eu voltava para a sacada e para a rede, os surfistas já estavam lá, com suas pranchas, suas roupas especiais, seus cabelos longos balançando ao vento. 

Algumas pessoas caminhavam aproveitando o ar sossegado da manhã, e eu ainda tinha um tempo, tempo para um banho, tempo para comer alguma coisa, tempo para me arrumar e esperar meu amor, suspirei, abraçando uma almofada, meu amor, Jacob.

As horas passaram rapidamente e logo estávamos indo em direção a Forks, juntos, na moto dele, aproveitando a proximidade de nossos corpos, e a presença um do outro.

A cidade estava parada aquele dia, as lojas com poucas pessoas, Jake me mostrou o lugar onde suas irmãs costumavam fazer compras, era uma loja grande, tinha uma variedade muito grande, roupas para todos os estilos, ali com certeza eu encontraria algo.

Descemos de mãos dadas e ele passou a mão pela minha cintura e beijou o topo da minha cabeça me conduzindo para dentro da loja.

Vimos muitas coisas, vestidos leves, blusas, bermudas, mas acabei optando por um vestido, Jacob ficava perto do provador a espera e depois dava seu aval, eu estava experimentando a última peça que pegara quando abri a cortina vi um sorriso diferente nos lábios dele e as mãos escondidas para trás, a mulher que nos atendia sorria também, parecia saber o que ele estava planejando, olhei de um para o outro e perguntei já que nenhum parecia dar atenção a minha aparência:

- E então? Este ficou bom?

Eles me olharam e a mulher que se chamava Susan falou primeiro:

- Está lindo, é muito delicado assim como você.

Me virei então para Jacob, a espera de sua aprovação, aquele vestido fora meu favorito, por isso o deixara para o final, era leve e alegre mostrava bastante das minhas pernas, mas estranhamente, não estava me incomodando com isso no momento e então ele falou finalmente:

- Está muito bom, mas eu queria que você experimentasse este aqui.

Ele estendeu as mãos e soltou a sua frente, um vestido leve, num tom claro e muito delicado,
observei bem o tecido, o corte, o formato, lembrava um vestido de casamento, meu coração disparou e tenho certeza de que corei, ele repetiu a pergunta:

- Queria muito ver você neste vestido Bells.

Suspirei ouvindo a voz rouca me pedir com tanta gentileza que quando dei por mim, estava com o cabide na minha mão e indo em direção ao provador, Susan me olhou e sorriu de leve, tive certeza que Jacob pedira a ela o vestido, retirei com cuidado o outro que já estava decidida a comprar e vesti aquele, que caiu perfeitamente no meu corpo, era curto, leve, percebi então que o tecido era florido, levemente florido, era apertado sob os seios, e caia levemente até minhas coxas, a parte de cima se abria como um vestido de princesa com as mangas curtinhas, parecia ser uma escolha premeditada.

Suspirei e sai do provador, encarei os olhos dele, mas Jacob ficou serio, e lentamente se aproximou falando:

- Eu sabia que ficaria perfeito.

-  Jake! – comecei baixinho e ele fez um shiiii, e falou:

- Este está perfeito, mas não é para o Luau, quero que você use ele numa outra ocasião.

Me afastei um pouquinho encarando seu rosto forte e os olhos escuros e profundos que me observavam como Leah falara, com urgência e falei:

- Quando deverei usá-lo Jake?

Ele se aproximou mais e beijou meu lábios com carinho e depois cochichou no meu ouvido:

- No nosso casamento.

Pronto eu ia chorar, meu coração saltou no peito, no nosso casamento? Que loucura era essa de casamento que ele inventara agora? Mas então minha mão tocou no tecido do vestido e pensei, ele era bem real, o vestido estava ali, em mim, e os olhos dele me diziam que ele não estava brincando, nós iriamos mesmo nos casar. Como? Quando? De que maneira? E teríamos testemunhas para isso?

- Deixe tudo comigo. - ele falou depois de ouvir minhas indagações, as lágrimas que estavam presas nos meus olhos caíram e ele as segurou com as mãos falando:

- Não molhe seu vestido, não com lágrimas...

- Eu amo você! - cochichei e ele sorriu e falou:

- Também amo você! 

Me virei e vi que Susan nos olhava e tinha um leve sorriso nos lábios, parecia encantada sorri de volta e ela se mostrou encabulada por estar olhando, entrei no provador para retirar o vestido e Jacob foi a outra sessão ver uma roupa de mergulho que ele queria, assim que sai do provador segurando os dois vestidos, Susan falou:

- Vocês formam um casal lindo.

- Obrigada! - falei sorrindo e emendei: - Jacob é um garoto muito especial.

- E é apaixonado por você.

- Eu também o amo. - confessei e ela concluiu:

- Pude perceber. Desculpe se fui intrometida, mas é comum ver casais por aqui, mas como vocês ainda não tinha visto.

Sorri e agradeci mesmo sem saber se aquilo fora um elogio ou não.

Dali fomos direto para a pousada onde  Leah já me esperava, num estado que ia da euforia a irritação completa, promovendo assim uma confusão enorme nos nossos diálogos.

Apesar do diálogo confuso, pude perceber das nossas conversas entrecortadas por uma reclamação proferida entre dentes, que ela ainda não encontrara uma roupa descente para usar no luau, tive vontade de rir da expressão no rosto dela quando perguntei se o motivo de tanta agitação tinha nome.

Ela me encarou com aqueles lindíssimos olhos escuros e expressivos e falou:

- O que faz você pensar que estou me arrumando para alguém?

Me joguei na cama e falei:

- Talvez seja seu comportamento, agitado, nervoso, ansioso... talvez porque nunca tenha visto você assim... talvez porque minha melhor amiga esteja se comportando de maneira estranha...

Ela levantou a mão me obrigando a parar com a lista de motivos que me levavam a crer que ela conhecera alguém.

- Está bem. – falou por vim, parecendo vencida – O nome dele é Sam, é lindo, alto, forte, bronzeado, confesso, fiquei boba, caída, arrastada aos pés dele, e parece que ele vai ao luau, e eu não pretendo fazer feio...será que você entende agora?

Sorri abertamente e pulei da cama a abraçando com força e caímos na cama dela:

- Leah está apaixonada, Leah está apaixonada! – falei alto.

- A apaixonada aqui é você, eu estou aproveitando minha estada nesta linda praia.

Rimos juntas e depois fomos escolher o vestido que ela usaria na festa, o que devo confessar, não foi uma tarefa fácil, mas ajudou, assim evitei perguntas sobre o vestido que Jacob me dera. Assim que nos arrumarmos fomos para o saguão esperar por Jacob que viria nos buscar.

No horário marcado lá estava o meu ficante, como Leah falava, a nossa espera, ainda mais lindo que de costume, arrumado, perfumado, e sorridente. Coloquei o vestido que comprei a tarde e arrumei os cabelos deixando-os caírem sobre minhas costas, enquanto uma parte ficava presa nas laterais.

Ele me abraçou e cochichou:

- Você está maravilhosa!

- E você está ainda mais lindo! – um sorriso soou bem perto do meu ouvido enquanto ele me abraçava com força.

- E então? Nós vamos a esse tal luau ou vocês vão fazer a festinha aqui mesmo? – a voz de Leah soou reprovadora nos nossos ouvidos, me movi e encarei o rosto ansioso dele, tive vontade de contar a Jacob que ela conhecera um garoto, mas não tive coragem, se eu falasse algo era bem provável que minha amiga desistisse de ir.

Ao nos aproximarmos da praia, vi várias fogueiras em pontos estratégicos na areia e também muita gente, tive medo que a garota que um dia vai casar com Jacob estivesse por ali, mas como ele segurava minha mão, meio escondido é verdade, mas segurava, não foi tão difícil perceber que ela não estava no meio do grupo.

Uma música alta se ouvia e logo reconheci as irmãs de Jake, Jared, e um outro amigo que ele me apresentara, ficamos juntos com o grupo, conversando e rindo, Leah ficou conosco por um tempo, mas estava distraída, olhava em volta agitada. De repente vi um garoto alto se aproximar, ele usava uma camisa rosa aberta no peito, uma bermuda larga, os pés estavam descalços, sorriu encarando minha amiga e eu tive certeza, aquele era o Sam.

Para minha surpresa ele chegou e cumprimentou todos com muita intimidade, claro, ele só podia ser amigo deles, afinal ela o conhecera por ali e sem ser muito discreto ele se colocou perto del, passou o braço pela cintura de minha amiga tranquilamente e beijou seu rosto, os olhares correram para os dois e eu rezei que ninguém falasse nada, ou teríamos um festival de grosserias vindas de Leah, mas, surpreendentemente, todos permaneceram calados, apenas olharam e fingiram que não viram, comentei com Jacob que estava aliviada com o comportamento dos amigos dele e ele foi claro:

- Sam não perdoa ninguém Bella, ele ia dar uma lição em cada um dos que se atrevesse a fazer uma gracinha, todos sabem disso então não se metem com ele.

E me puxando para um lado falou:

- Vamos comer alguma coisa?

- Sim. -Concordei aceitando o mão e indo em direção a mesa, que estava cheia de guloseimas e salgadinhos, era quase um pecado aquilo ali.

Jake riu ao me ouvir falar dessa forma, e assim que fizemos nossos pratos ele me puxou pela mão para um lugar mais afastado, longe da maioria do grupo e sentamos juntos de frente um para o outro sobre a canga que ele pegara numa cadeira de praia.

A conversa entre nós continuou como sempre, fácil, regida desta vez pela música que vinha de longe. Quando terminamos Jake levou os pratos e voltou com dois copos grandes, com um liquido rosa dentro, era um suco diferente, mas muito saboroso.

Ficou me observando beber e depois carinhosamente me puxou para perto,  nos colocamos em pé, a mão grande segurou minha cintura e colou no corpo dele, e lentamente fomos nos movendo ao som da música misturada com vozes.

As horas passavam, tive vontade de perguntar sobre a história do casamento, mas deixei para depois, estava bom demais ali, encostada no peito dele, ouvindo seu coração bater, inalando o perfume que vinha de sua pele, sentindo suas mãos passearem carinhosa e sensualmente sobre minhas costas, ergui o rosto e nossos olhos se encontraram levemente escondidos e protegidos pela escuridão da noite, Jake sorriu, se aproximou colando nossos rostos, suspirei forte e o tempo parou, realmente parou, nada mais havia fora daquele instante de paz, estava tudo concentrado ali, e eu me perguntava se em outra época eu viveria tão intensamente como estava vivendo aquele momento.

As respostas não me interessavam.

- Seja feliz Bella... faça Jacob feliz Bella. - era tudo o que eu repetia para mim mesma enquanto ele me acariciava e aproximava os lábios dos meus.

Não percebi quando o pessoal começou a ir, só notei quando a música parou, e uma luz fraca surgiu no horizonte, prenuncio de mais um, ou menos um, dia que se aproximava, estávamos agora sentados juntos, encostados, olhando o mar bater contra as pedras, e o céu lentamente ir se modificando, o sol ia surgir, Jacob se esticou na areia e me puxou para perto, deitei a cabeça sobre o peito dele e senti uma leve sonolência, muita tranquilidade, sua mão circulou minha cintura me puxando ainda mais perto e ele suspirou profundamente, observei seu rosto, ele fechara os olhos, fiz o mesmo e me perdi nos meus pensamentos, mais especificamente num pedido de casamento.