Red Trip escrita por bksbm


Capítulo 3
Caso encerrado




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Desta vez as batidas na porta não surtiram efeito. Havia muito barulho lá dentro, talvez isto impossibilitasse que os ouvissem. Ainda assim não desistem. Cho investiga ao redor da casa, observando todas as janelas. Tanto batem até que Lisbon resolve permitir que Jane use seus dotes para adentrar na casa. Encontra um pedaço de arame, e o utiliza para liberar a fechadura. Lisbon e Cho entram com as armas de pé, logo as abaixam. Uma festa? Muita gente, muito barulho. O pai do rapaz parecia se divertir com os colegas.

- Eu não diria que esse seja um bom momento para festas.

- Cadê a sua esposa? – Cho observa.

- Hum. Boa pergunta. Indícios de que, mais uma vez, eu estou certo.

- Cho, procura por ela. Vem Jane.

Os dois vãos atrás de Gyber que conversava animado com dois amigos.

- Hum hum. Boa noite.

- Ah... ér... Boa noite. – Gyber olhava para os amigos, ambos assustados.

- CBI. Não se preocupem.

- Bom, a não ser que tenham motivos. – Completa Jane, misterioso.

- Jane. Shi...

- Você não é agente, é?!

- Na verdade não. Sou consultor. Por que a pergunta?

- Se apresentou como Patrick, e agora ela te chamou de Jane. Teoricamente os agentes se apresentam pelo segundo nome.

- Como sabe disso? – Lisbon pergunta, começando a confiar na teoria de Jane.

- É o mesmo esquema para os militares. Nós somos chamados por um nome de guerra.

- Militares? – Pergunta, e olha presunçoso para Lisbon, que ignora.

- É... Acho que não mencionei.

- Não. Não mencionou. Quem são vocês? – Pergunta, direcionada para os amigos.

- Eu sou Jonh Kudre.

- Lujie Under.

- Conhece Pitty Under?

- Meu Filho. É claro que conheço, por... Por que?

- Ele está aqui?

- Sim sim...

- Chame-o e venha conosco.

Diante das suspeitas dos dois, o levam para o escritório para um interrogatório formal.

- Van Pelt. Interrogue o rapaz. Cho, o outro é seu. Bom Trabalho.

Enquanto isso observavam.

- Então. Você e Josh eram amigos?

- Sim. Muito amigos, fazíamos tudo juntos. – Responde o rapaz, de cabeça baixa.

- Estava com ele aquele dia?

- Não. Pode parecer estranho, mas ele resolveu ficar até mais tarde, meu pai me obrigou a voltar pra casa.

- Algum motivo especial para isso?

- Não. – Sem olhar pra ela, ela abaixa a cabeça ainda mais.

- Quer dizer que não estava lá?! Então como esse bilhete, com sua caligrafia, chegou as mãos dele?

- Bilhete? – Ele levanta a cabeça assustado.

- Não. Não... Isso não é possível!

- O que não é possível?

- Não fui eu... Quer dizer, fui eu quem escrevi, mas...

- Mas? – Van Pelt se remexe na cadeira.

- Eu não posso dizer.

- Pitty, você está fazendo parte de uma investigação. A morte do seu melhor amigo. Você precisa dizer, eu sei que dói, mas é preciso.

- Foi o meu pai. Ele me mandou escrever isso. – O garoto chorava, de desespero e medo.

- Por que ele faria isso?

- Não sei, ele parecia muito nervoso quando me ligou mandando-me ir embora. Não sei o que houve. Não está querendo dizer que...

- Não podemos afirmar nada. Apenas aguarde.

Van Pelt deixa a sala, indo a encontro de Jane e Lisbon, as duas surpresas. Jane talvez nem tanto. O que já é de se esperar.

- O que acham?

- Vamos ver como anda o interrogatório com o Cho.

Em outra sala, Jane e Lisbon interrompem Cho.

- Algum progresso?

- Nada. Diz que não vai falar nada. Nem pra defender o filho.

- Meh... Isso não é legal. – Jane brinca, Lisbon lhe lança um olhar, repreendendo-o.

- Pode deixar com a gente. Não dispensem Pitty ainda.

Van Pelt e Cho saem. Jane se senta na ponta da mesa, e Lisbon a frente. Encarando Lujie e observando Jane.

- Então. Quer dizer que não quer falar nada?

- Não.

- Nem se eu te disser que o seu filho acaba de te entregar?

- O que?

- Ele disse que você o obrigou a fazer aquilo. Que o obrigou a ir embora cedo, e que saiu de casa nervoso. – Jane interrompe Lisbon, mais uma vez.

- Idiota. Eu não mandei ele escrever aquele bilhete. Ele está sofrendo, não sabe o que diz.

- Voilá! Ele tem culpa nessa história.

- Por que? – Lisbon pergunta.

- Em algum momento mencionamos esse bilhete?

- Hum. Parece que se entregou!

- Não. Não, eu posso explicar...

- Pode ir começando.

- Aquele dia, Josh saiu de casa cedo com o meu filho. Passaram todo o dia fora, e Gyber recebeu várias ligações reclamando do filho. Quando Pitty me ligou, já era tarde. É importante comentar que Gyber não aceitava a rebeldia de seu filho. Queria que fosse disciplinado, como todo bom filho de militar. Eu estava chateado com o Pitty, Mas não foi por isso que o mandei de volta. Gyber colocou tudo em minhas mãos. Pediu que meu filho escrevesse esse bilhete, e que eu fizesse o trabalho sujo.

- Por que obedeceu a um pedido tão ridículo?

- Ele é meu chefe. Não posso desobedecê-lo de forma alguma. Além do que fui ameaçado de ser expulso do batalhão.

- Obrigada. Qualquer coisa entraremos em contato novamente. Precisamos confirmar com o Gyber. Avisamos.

E dispensam os dois. Lisbon chama Jane para irem novamente atrás de Gyber.

- Posso ir com a Van Pelt desta vez?

- Ah. Sim, mas... Por que ela e não eu?

- Nada. Posso?

- Vão logo.

Van Pelt também se surpreende, mas fica contente por estar encarregada. Os dois no carro, e como sempre, as damas no volante.

- Jane... O que foi que te deu?

- Nada, por que?

- Por que não quis ir com ela e sim comigo?! Eu tenho certeza que você percebeu a indignação dela.

- Ela detesta não estar no comando, já reparou?

- Ela é a chefe, tem de estar no comando sempre, e eu não discordo disso.

- É. Mas não é por isso que ela está indignada. Eu só quis provocar um pouco.

- Homens.

A conversa cessa ali. Jane com um belo sorriso no rosto, e contente com a provocação em Lisbon. Que por sua vez estava no escritório sobe os olhares dos outros dois, curiosos.

- Calma chefe. Não foi nada demais.

- Eu continuo desconfiada. Apesar de não ter que me meter nisso. – Completa, retirando-se em direção a sua sala.

Rigsby fica preocupado também, e Cho acha engraçado os fatos de os dois terem se incomodado. Pelo visto foi o único a entender o plano de Jane.

Já na casa, Van Pelt toma a frente e toca a campainha, educadamente. Catherine abre. Com a mesma cara péssima, olheiras fundas, pele manchada, roupas desleixadas. Van Pelt e Jane se olham.

- Desculpe incomodar. CBI. Precisamos levar o Gyber, ele está?

- Sim. Está lá em cima, no escritório dele.

Os dois entram. Jane estava empolgado, queria ver a reação do homem.


- Gyber? Vamos, venha conosco.

- Ei. Vocês não tem um mandado pra isso tem?!

- Não. Não temos, o senhor pode facilitar, ou teremos que algemá-lo. Estamos investigando a morte do seu filho, queremos apenas uma conversa formal, pode ser?

- Está tudo bem, tudo bem. Desculpa.

- Melhor assim.

Finalmente conseguem tira-lo de casa. Jane permanecia sorridente, e curioso para as explicações que seriam dadas a seguir. Com as mãos enterradas no bolso do paletó, segue Van Pelt até o carro, e calado até a CBI, observando às vezes as inquietações do homem no banco de trás, que também incomodava Van Pelt.

Logo que chegam, Lisbon se encarrega de interrogá-lo.

- Aqui estamos novamente...

- Pois é. O senhor pode me responder algumas perguntas?

Jane, Van Pelt, Cho e Rigsby observavam pelo vidro escuro do outro lado.

- Sim. Posso fazer o que quiser madame.

La atrás, Jane se irrita. Os outros olham.

- Por favor, me chame de agente Lisbon. Então... Na noite da morte de seu filho, onde você estava?

- Em casa claro. Minha mulher pode comprovar isso.

- Não duvido. Esteve em contato com o Lujie nas duas horas antes do assassinato?

- Sim.

- Sobre o que conversaram?

- Nada demais. Apenas coisas sobre o batalhão...

- Tivemos indícios de que o senhor está envolvido com isso.

- Como?

- Que foi o principal mandante para que matassem seu próprio filho.

- Isso é loucura!

- Pode ser. O que tem a dizer para se defender?

- Eu exijo um advogado.

- Terá, assim que confessar.

- ...

- Temos todo o tempo do mundo.

- Eu não queria fazer isso. Mas o Josh estava se comportando muito mal ultimamente. Passava horas e horas no computador, não estudava, só vinha com péssimas notas, mal passava em casa, ficava aprontando todo o tempo. Eu sempre recebia ligações reclamando, afinal todos sabiam que ele era meu filho. Ele estava me complicando. Então pedi que o Lujie fizesse por mim. Eu não teria coragem de fazer isso com meu próprio filho.

- Você está preso. Sua mulher será avisada. Creio que tem muito que se explicar.

E abandona a sala enquanto o rapaz se mordia de raiva e ainda assim parecia arrependido. Sua mulher chega, e os dois são deixados a sós. Muitos gritos, são ouvidos, mas nem assim são interrompidos.

- Mais um caso resolvido.

- E o nosso ritual de sempre?

- Já está a Caminho.

- Assim que chegar me chamem. Preciso dar uma geral naquela mesa ainda hoje.

Lisbon se retira e Jane a segue para sua sala. Van Pelt senta-se em sua mesa, e relaxa. Rigsby a segue com os olhos, e senta-se no sofá, cujo Jane tomou posse ultimamente, observando-a “discretamente”.

Jane põe a cabeça pra dentro da sala.

- Oi – E sorri.

- Oi Jane. Algum problema?

- Não nenhum. Posso me deitar ali?

- Por que não se deita no SEU sofá?

- Ele está ocupado. Não queria interromper os olhares do Rigsby para a Van Pelt. É divertido.

Lisbon Ri.

- Pode ficar ai.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Já fez...

- Outra.

- Fala. – Incentiva sem olhar nos seus olhos.

- Por que você está tão irritada?

- Eu não estou irritada.

- Está sim. Tem alguma coisa pra perguntar?

- N... Não.

- Por que não olha nos meus olhos? Você agindo assim se torna tão fácil descobrir...

- Qual o seu problema?

- Meu nenhum ué. Ficou chateada por que eu quis ir com a Van Pelt, não foi?

- Claro que não, por que eu ficaria?

- Essa você me responde, apesar de eu já saber o motivo.

- Acabei de mudar de idéia. Sai daqui, e procura outro lugar se não quiser interromper o Rigsby e a Van Pelt.

- Poxa. Desculpa. Deixa eu ficar. – Lisbon o olha, e ele sorri mais ainda. Impressionando-a.

- Só se ficar quieto como uma porta, se é que você consegue.

- Feito.

E Se deita, fechando os olhos. Só assim Lisbon se sente segura para sorrir. Mais uma coisa apenas passava por sua cabeça. Será que ele sabia mesmo? Ela era tão previsível assim? Tudo bem que ele tem uma capacidade maior que a dos outros, mas será que todos já tinham notado? Pior, será que ele estaria lendo sua mente naquele momento em que ela pensava tudo isso?

Jane ri um pouco mais alto. O que a deixa envergonhada, e ainda mais preocupada.

- A Pìzza chegou.

- Vamos. É a melhor parte de cada caso! – Responde Jane pondo-se de pé, e olhando para Lisbon.


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