Não Sei mais Viver sem Você escrita por Dumpling


Capítulo 5
Você do meu lado




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        … E agora menos motivos tinha para sorrir. Motoki chegava perto de mim – Lamento se não era para lhe dizer, mas como chegou aqui e perguntou por você…

        - Que faz você aqui?!

Capítulo 5 – Você do meu lado

        Allison. Teria sido por eu lembrar dela? Nunca mas nunca mesmo havia passado na minha cabeça que ela viesse atrás como dissera. Sabe o que é, pensamos que as pessoas não cumprem coisas assim ué, loucura demais vir de um lugar para outro sem conhecer nada e apenas me tendo como objetivo.

        Motoki não sabia de nada, e lhe tinha indicado meu paradeiro.

        - Mamoru, então, não está feliz por me ver? – Allison sorria inocente, sempre o fazia mesmo quando me dizia mais um copo não lhe fará mal nenhum, justo na hora que lhe dizia que não reagia bem com álcool, ficava sempre meio alegre demais para me orientar. – Pensou que eu não vinha? Darling, não sou de fugir a promessas.

        - Allison, não veio em boa hora. Cheguei faz tão pouco e…

        - Mamo-kun! – Me interrompia com um sorriso de sarcasmo incrível – Isso são maneiras de receber alguém? Lhe trouxe sua manteiga de amendoim preferida! E, como vê, aprendi japonês. Julgava meio complicado mas me enganei!

        Allison era a garota tipicamente americana. Sabe o que é chegar num lugar como a América com uma idéia “holliwodesca” e descobrir que tudo era diferente do que víamos nesses filmes? Foi o que aconteceu quando cheguei a Harvard e minha República… até encontrar Allison. Isso. Ela tinha realmente sido líder de claque na sua high school, e por todo o lado abanava seu médio cabelo castanho escuro e seus olhos cor de avelã alcançavam seu próximo alvo enquanto caminhava pelos longos corredores de Harvard com sua roupa sempre in. Foi o que me aconteceu. Jason, meu colega de quarto me avisara no início de uma fatídica manhã de estudo, enquanto ele regressava de uma festa acadêmica “Isso Mr. Nipônico, ela o mirou, apontou sua seta e tau! Você é seu próximo alvo. Nem quis crer, tal como eu, que você era japonês pelos seus olhos normais, mas… ora… isso ainda a maravilhou mais no novo aluno ein. Homem de sorte você! Eheh! Então, boa noite.” e adormeceu depois desse longo aviso. Depois disso, logo vi todos os sinais. Eu fugia a toda a festa por dedicação ao estudo o que a desiludiu até conseguir convencer Jason a me atirar, literalmente, os livros janela fora.

        E agora, vinha para o Japão, depois logo na nossa primeira conversa dar a sua opinião tão direta de que meu país não prestava e que tudo de bom estava ali e em certos cantos da Europa que ela já havia visitado, e que o Japão estava bem bem longe de seus destinos de sonho.

        - Eu lhe disse que não sou de desistir fácil, Mamoru. Nunca um homem me encantou tanto como você… talvez seja desses… hum… encantos orientais, - E se vinha aproximando de mim cada vez menos delicada e com um ar estranho – será?

        - Allison, eu lhe disse ter assuntos a resolver aqui em Tóquio. Não quero minhas atenções em nada mais que isso aí, por isso, me desculpe mas vai ter que voltar a Massachusetts ou mesmo sua família a deve estar esperando em Chicago, depois de tanto tempo em Harvard.

        - E que assuntos você tem para resolver aqui? – Sabia que ela ia tocar na ferida, tal como me arrependia de lhe ter mencionado minha vida. – Não tem família, sua ex-namoradinha-loira-otária-pouco-compreensiva não lhe responde… Eu o quero bem ao contrário dessa gentinha.

        Até que Motoki, que não se privara de ouvir todo esse bate papo retrucou para ela.

        - E aí, moçinha? Que sabe você da vida de Mamoru? Todos o queremos bem, não julgue que por termos certas regras aqui e acolá que não somos caras legais e cuidamos de nossos amigos. Por isso, seja ponto assente na sua cabecinha de gossip girl xoxo que tem formas de falar, principalmente de Usagi, viu?

        E uma louca discussão começou, até que perdi minha paciência e saí, ignorando se ela viria atrás, me tranquei no carro e saí cantando pneus.

         .Usagi.

        Lembrava as palavras de Rei no momento que mais precisava de apoio: Se tornou fria e odeio isso em você. Por muito que tentasse não pensar no assunto, sempre vinha na minha mente quando pensava se diria a verdade para Mamoru ou não. Mas sabia que não tinha opção, não tinha beco com tijolos por quebrar para fugir, não tinha fuga possível nem que medisse 2 centímetros de altura, nem uma luzinha do outro lado do muro. Eu sabia como era seu coração, mas também imaginava o que poderia ele fazer, e estava fora de cogitação perder Rini para ele.

        Seus cabelos se espalhavam no meu colo enquanto via o dinossauro roxo de voz irritante e andar estranho na tela, alegre, naquela mesma posição batia palmas ao ritmo do boneco. Juro que evitei rir quando ela trauteava a música seguinte junto de palmas e fez um sonoro rosnar de irritação quando o boneco não terminou toda a canção pois fora interrompido por um outro boneco amarelo.

        No mesmo instante pegou o controle e mudou, era um gênio e eu me surpreendia mais a cada dia. Não acertou no canal que queria, claro, mas não clicava nenhum botão que fosse dar a algum outro lado estranho, não, era inteligente e pegava em tudo o que fosse tecnologia, por vezes apanhava o celular cheio de teclas de Ryo e ele nem notava que tivesse sido remexido. Já eu, não grande apreciadora de tecnologia, poderia clicar em algo e avariar tudo no momento, já que aquele controle mais parecia o comando para uma nave espacial. Então, quando Rini me pediu que cumprisse a missão por ela, entrei em pânico ao olhar todo o número e botão possível e imaginário, até que Ryo entrou. Oh, salvação! Logo Rini entendeu o meu olhar torto olhando o controle e chamou Ryo que trazia duas caixas empilhadas sem esforço, o que logo me surpreendeu pelo peso de cada uma, vinha seguido de 3 homens com porte idêntico ou maior que o seu.

        Peguei na caixa e já me preparava para a transportar quando ele correu para me retirar a caixa dos braços.

        - Me desculpe Usako, mas hoje somos muitos, aproveite seu dia com Rini enquanto eu trato disso.

        - Mas…

        - Nada de mas, - gentilmente interrompeu – vou colocar as coisas de Rini no quarto que minha sobrinha costuma dormir e as suas no grande da frente, espero que não se importe com a porta de acesso para meu quarto, mas eu nunca prevera fazer uso do quarto.

        - Não, isso não, mas…

        - Mas Rini costuma dormir com você. É isso?

        Em cheio, na mouche, como quiserem. Me lia os pensamentos como se de telepatia se tratasse. Nesse momento, olhei seus olhos mais fundo, o sol batia no seu rosto enquanto ele curvava sua cabeça para mim e notei com mais detalhe seus olhos: eram verde esmeralda e tinha um pouco de azul junto das pupilas, eram diferentes, sem dúvida alguma.

        - É. E eu na outra casa tentei várias vezes que ela fosse para seu quarto, mas não tive grande sucesso não.

        - Mas vai ter.

        Aproveitei o resto do dia que nem uma princesa. Foi, como ele disse, meu último dia como oficialmente convidada pois partindo desse dia, eu viveria ali como se a casa fosse minha.

        Aos poucos me adaptei, e sua técnica com Rini fora infalível. Retiro da chucha e hábitos de sono lhe foram implacavelmente impostos no mesmo dia. Chorara durante três horas e ele se certificou que eu não a ia acalmar. Me custava como Deus sabe, mas ele sabia o que estava fazendo. Nessas três horas íamos falando, pode-se dizer que metade de trabalho e outra metade sobre ele, fui desvendando aquele mistério que o envolvia, descobrindo suas fraquezas e suas barreiras protetoras. E aquele olhar parecia que me ia invadir a qualquer momento… em 10 segundos tinha de desviar o olhar durante 5, senão certamente me perderia e eu sabia o que ele sentia. Nessa mesma conversa ele falava sério de um assunto que eu inevitavelmente não conseguia levar sério.

        - Estou jurando, pare de rir, - parecia fazer beicinho que nem criança – seu pai foi implacável. Me disse que se eu lhe fizesse algum mal ia conhecer um samurai Tsukino ou um caçador exímio. Eu estremeci com aquela voz no celular, em nada esperava que ele se fizesse passar por cliente a você para chegar a mim.

        - Oh, lamento Ryo – eu não agüentava mais de riso e aos poucos ouvia Rini deixar de soluçar. – Mas tem de admitir que se quis desmanchar de riso.

        - Não Usa, nem por um segundo. Eu realmente fiquei amedrontado. E o que ele me disse que se não fosse com você e Rini no sábado jantar? É mau demais para falar a você como lady que é.

        - Eu conheço bem meu pai, mas ele sabe que você me está ajudando e vai ver o quão gentil ele realmente é.

        - Não duvido, princesa. Mas… e desculpe tocar no assunto, que fará ele se o pai de Rini lhe aparece na frente?

        Certamente perdi expressão pelo que se seguiu.

        - Desculpe Usa, sei que não devia ter questionado, por quem é e tudo mais.

        - Não tem problema. Julgo que me tornei imune a ele depois de todo esse tempo. – Ele me mirou sério como se tivesse muita dúvida na sua mente. – Mas sim, o que quiser, pergunte.

        - Você ainda o ama?

        - Sabe a teoria de paixão e amor? – Ele acenou que sim com a cabeça, e eu suspirei longamente antes de começar - Eu julgo que, por tudo, apenas sinto paixão, amor deixei para alguém que realmente merece, como Rini. Certamente me poderá chamar fria, pois foi o único homem que tive na vida mas, é tudo o que consigo sentir. E saber que ele voltou, ainda trouxe à tona mais um sentimento, e é raiva, não amor.

        - Hum, entendo, mas não é fria. Não teve mais ninguém na sua vida, mas de certo o imaginou a seu lado com Rini.

        - Exato, nem minha mãe entendeu isso certo porque achou que eu tinha colocado na idéia que iria ser mãe solteira e ponto. Mas é por isso que minha depressão pós-parto está durando tanto, porque construí na minha mente, assim que tomei Rini nos braços, uma idéia de como seria uma família, digamos, completa e o medo de ficar só me assolou.

        - Afinal, mal recuperou dessa separação teve de enfrentar toda a crise de gravidez. Mas bem, deixando de parte tudo isso, agora você está aqui junto de mim e como amigo que sou e fã número um de sua pequena, vou fazer de tudo para que as duas se sintam bem.

        Aquele olhar e aquelas palavras me apertaram o coração, me imaginei em câmara lenta a beijá-lo ternamente e agradecendo tudo o que estava fazendo por nós, oxalá o tivesse conhecido antes, assim não teria de me sentir culpada por me estar apaixonando por ele.

        - Já está fazendo com que nos sintamos bem, nem eu sei como lhe agradecer.

        Todo o carinho durava, por mim, por Rini, éramos, como ele ternamente dizia ‘suas pequenas’ para ele, que deviam ser tratadas com todo o respeito. Eu ajudava nas tarefas de casa mas raro ele me deixava fazer algo mais intenso, ele próprio gostava de cuidar de tudo com o máximo cuidado. Como homem, por vezes com seus pequenos desalinhos ali e acolá, mas nada que me fizesse perder a paciência. E nesse sábado, no jantar com meus pais e irmão, todos se renderam a seus encantos, meu pai o respeitou como se tivesse sua idade, não o tratava como um garoto. Mamãe logo entendeu seus olhares sobre mim, e alguns meus sobre ele… o começava a olhar de modo diferente a pouco e pouco. Na mesma noite, Rini começou com febre alta e otite, chorava e mal falava, o que era raro numa criança tão tagarela, apenas balbuciava as dores que sentia, fomos às urgências e, após três horas, voltamos da mesma maneira que fomos, apenas com uma receita de xarope para baixar a febre.

        Assim, por 3 noites não dormi apenas para estar junto dela até adormecer, Ryo ajudava apesar de eu lhe dizer para ir dormir, em troca, ele me dispensava e, quando ela melhorou, fui eu que deixei de conseguir dormir. O médico falara algo do tipo esgotamento nervoso por Rini ter ficado doente e nesses dias eu não ter parado, e eu tentava, tentava, mas nada resultava para adormecer por fim. Agora era Ryo junto de mim, anulando casos ou passando novos para colegas, nesse tempo assistiu a apenas duas audiências matinais, dizia que com tudo o que eu já passara, era claro que um dia iria mais abaixo mas não esperava não conseguir dormir.

        Ryo tentava de tudo um pouco, esperava que o fato de me poder ajudar iria me acalmar, à noite, colocava música, aconchegava meus travesseiros, colocava panos quentes em minha testa, me fazia massagens de relaxe… tudo um pouco, ficava sempre ali e não ia dormir. Eu esquecia o que fazia no próprio dia, parecia mais um zombie e minhas palavras saíam deturpadas. E dia após dia, fui dormindo. Uma hora, duas… Até, por fim, um dia conseguir dormir 8 horas, no dia seguinte, ele voltou a ficar do meu lado após muita insistência, mas dormi as 8 horas na mesma, ele ficara até eu adormecer e saía de leve para não o notar.

        Aos poucos voltara ao normal, sem recorrer a calmantes os quais fui contra desde o início, sem recorrer a ervas medicinais e tudo mais. Apenas técnicas que ele ia usando, e tudo se foi recompondo, voltara ao trabalho com mais energia que o normal e já trabalhávamos muito em conjunto dadas as pilhas de documentos acumulados por todo o tempo.

        Eu não tinha como mais agradecer a Ryo, ele não tinha manias que o seu nível o podia fazer ter e humildade o definia por todos os poros.

        Uma noite, ele foi verificar como eu estava antes de se dirigir para o seu com os olhos vermelhos e notavelmente cansado.

        - Eu estou bem, já passou tudo, pode ir descansar.

        - Você é uma guerreira mesmo. Boa noite, Usako.

        Mas nada, nem a depressão nem o esgotamento poderiam prever minha atitude.

        - Ryo… - me levantei lentamente da cama aconchegada e me dirigi a ele de porte largo, naquele momento com apenas calça de pijama.

         Continua.


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