Não Sei mais Viver sem Você escrita por Dumpling


Capítulo 4
Mudança


Notas iniciais do capítulo

Oh obrigada a sério pelas tão calorosas mensagens. Feliz Natal e muitos beijinhos nessas boxexas



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- Bem… não lhe vou mentir, como advogado, sei que isso pode muito bem acontecer. Sobretudo sendo um médico, como disse. Não lhe quero pôr medos, mas é real. Lhe ocultou de qualquer maneira…

        - Sei. E descobriu onde vivo. Não sei que fazer… Por momentos só queria um refúgio bem longe.

        Ryo olhou para Rini, se levantou e foi ajeitar suas cobertas. Se sentou do seu lado e me olhou.

        - Usa… e porque não fica aqui?

Capítulo 4 – Mudança

        Não era boa idéia, sabia que não. No entanto, passava-me pela mente aceitar pois a imagem de Mamoru em fúria pelo que lhe escondia, me dava arrepios na espinha, me atacava com uma dor de cabeça incrível e Ryo, como sempre calmo, sorria confiante para que eu desse o braço a torcer pelo menos dessa vez.

        - Ryo, eu não posso… sei que me quero esconder dele, esconder Rini, - suspirei um longo segundo – mas não o posso fazer. Me ter aqui, por muito que me diga, Rini é uma criança e ela faz disparate… E lhe ia causar mais custos.

        - Oh Usa, por favor, eu sei bem que Rini se sabe comportar apesar da hiperatividade, e mesmo que faça disparate, não é mesmo essa a essência da infância? – Olhamos os dois na mesma hora para ela que dormia calma agarrada ao seu ursinho de pelúcia que sua vovó lhe havia oferecido – E veja só, trabalhamos no mesmo lugar, apenas tem de marcar a troca com a babá para aqui e feito! Não complique sua vida se há facilidade bem na sua frente.

        - É…Mas…

        - Não, nada de mas. Chega de mas. Se quiser pensar nisso, tudo bem, eu entendo mas pondere. – sorriu terno e se aproximou de mim – Vai considerar como chance? E, nem pense, pagar o que seja, eu que convidei, sequer ponha isso em causa.

        Acenei que sim, sabia que não tinha alternativa e podia até ser uma maneira de ficar com menos peso financeiro por um tempo. Apesar de seus sentimentos por mim… Era a minha melhor solução, talvez mesmo única. Acabamos falando até tarde entre um copo e outro e quando novamente me dei conta, estava deitada numa confortável cama. Ele sabia mesmo me espantar, me devia ter levado para a cama sem mesmo eu sentir. E dormi como há muito não dormia, nunca conseguia…

        Ouvi risos e desci uma longa escada rumo à cozinha onde estavam eles conversando, ela no colo dele, ele lhe dando o café da manhã. Olharam os dois para mim e sorriram, me dando um gostoso ‘bom dia’.

        - Céus Usa, Rini é a criança mais inteligente que já vi na minha vida! Certeza que ela tem apenas 2 anos?

        -Sei. Lhe daria mais como eu não é mesmo? Que outra menina dessa idade consegue encontrar presentes bem escondidos senão ela e com uma grande risada diz que só viu um pouquinho? Ou ceder em brincadeiras de minha mãe? Ou pedir vinte coisas no supermercado em 10 segundos? Apenas Rini. – Na mesma hora que Ryo fez cara de susto, de seguida riu e eu o acompanhei. – Ainda tem certeza que quer uma peste dessa aqui em sua casa?

        - Maior certeza era impossível.

.Mamoru.

        Caminhava pela rua, mas apesar dos sons, do movimento… apenas uma coisa martelava na minha cabeça: que era feito dela e como tinha ela havia mudado tanto… Certo que apenas a vi de relance no carro mas deu logo logo para ver aquele olhar, o cabelo preso em coque largando o seu estilo habitual… Que havia feito eu afinal? Tinha viajado e largado ela justo na hora que tudo se encontrava bem, eu deitava tudo por água abaixo com ela, seguindo o meu sonho a nível profissional.

        Agora estava perdido e meio que sem saber o que havia de fazer, sem conseguir enxergar uma solução. Que cordel mexer para saber a que hora ela estaria em casa... Dirigi feito louco para o Acrobe e, apesar de ser um Sábado de manhã, lá estavam eles.

        E logo quando a campainha da minha presença deu sinal, apenas ouvi o som de vidro partindo no chão. O autor? Motoki e bem no seu lado, Makoto, Rei e Mina boquiabertas. Nem sinal de minha coelhinha. Logo todo o mundo da lanchonete me olhava como se fosse uma estrela de cinema.

        - Mamoru?! – Motoki largava a expressão de espanto para um grande sorriso e vinha ao meu encontro me abraçando – Quando você voltou?!

        - E aí Motoki, voltei faz 3 dias!

        - E não dizia nada não? – E se foi apercebendo que as três não saíram do lugar, confuso – Ei! Mamoru chegou, poderão vocês reagir? Dar um oi? Algum sinal?

        Elas se aproximavam, mais parecia que eu era um monstro e comecei logo pensando porquê aquela reação ou falta dela. Seria por eu ter deixado Usagi? Ou mesmo Usagi lhes havia dito para não me passarem palavra?

        - Oi Mamoru, - Mina se aproximou e me cumprimentou, logo todas as outras faziam o mesmo – como foi lá nos states?

        - Ótimo. E vocês como vão?

        - Ora! – Motoki replicou – Parece que não se vêm faz 10 anos ein! E então, já viu a peq…

        - Motoki! – Makoto interrompeu - Olha Mamoru vou só ali com meu fofinho pequerruxinho e já venho ein.

        Algo me soou estranho mas preferi ignorar. Estava cansado, não dormira na volta da viagem e de imediato fui até casa arrumar a bagagem e logo a procurei. E desde aí que não a via. Desde aquele telefonema ficara incontatável. E em Tókio seria quase impossível haver sinal dela. Decidi deixar o Acrobe para uma visita mais tardia e tentar, por fim, descansar um pouco.

        Pior, era pensar em tudo na mesma hora, me deixava mais exausto. Pensar no porquê, no telefonema, em como voltar a vê-la… Não tinha terminado bem e ela havia dito que não me queria mais ver, mas depois de todo esse tempo ainda pensei na ínfima possibilidade de ela ter esquecido o que havia dito. Doía como ninguém imaginava, esses 3 anos haviam sido de uma imensa solidão. Certo que tinha amigos na residência e que muitas garotas tentavam conversa além de assuntos da faculdade, mas eu ignorava. Sim, tivera umas duas relações ocasionais, mas fora depois de noites que bebera descontroladamente e me arrependera na hora. A última, Allison, jurou que viria atrás de mim para Tókio.

        Ignorei tudo e coloquei para trás das costas, larguei bons amigos de 3 anos mas aqui era onde eu pertencia, ainda mais, ao seu lado.

.Usagi.

        Então assim seria. Impossível recusar quando se tratava de alguém que tanto carinho sentia por Rini e porque tinha medo, muito medo, só de pensar que Mamoru poderia revirar o que era e seu mundo e meu mundo, ao descobrir. Ryo se oferecera para buscar minhas coisas junto com amigos enquanto eu tomava conta de Rini que estava particularmente quieta. Raro. Mas sabia que não ia durar muito.

        - Usa, seu celular está tocando.

        - Oh obrigada Ryo. Alô.

        - Usa, - Ryo sussurrava – vou indo ok? Deixa que trato de tudo. – E se despediu com uma adorável ternura de Rini que já queria ir atrás dele.

        - Usagi! – Makoto do outro lado gritava enquanto eu me desculpava. – Você nem sabe, quase morri de coração agora. Se eu não amasse tanto Motoki, eu a deixaria cortá-lo em pedaçinhos bem pequenininhos que nem migalhinhas!

        Previ de imediato ao que ela se podia estar referindo. - Mamoru?

        - Sim! E Motoki já lhe ia perguntar se tinha visto Rini. Bem, ele não sabia, como você só nos ligou a nós mas foi por muito pouco, eu consegui dar a volta!

        Um arrepio correu pela minha espinha ao imaginá-lo descobrindo e suspirei aliviada - Obrigada Makoto, lhe fico devendo viu!

        - Nada Usa, temos de ser uns para os outros.

        - Bem eu vou indo que Rini já está escalando paredes por não achar o controle da tela.

        Então a ouvi murmurando hesitante. - Usagi… - Makoto interrompia o ‘quase’ final de chamada.

        - Sim…

        - Quando você lhe vai contar?

        - Um dia… - suspirei brevemente. – Um dia…

        Eu tinha medo. E me sentia inútil. Eu pensava simplesmente que a vida não tinha classificação, e a minha já parecia mais um drama. Mas… Rini! Apenas ela importava durante tanto tempo. Continuei a amá-lo durante todo esse tempo e procurava razões inexistentes para o esquecer, chegando até a inventar uma briga imaginária para o término de nossa relação. Mas mentira… mesmo depois de tudo, quando partiu, em silêncio ouvi suas mensagens que me deixara na caixa de voice mail. Lá ele cantava com sua voz doce e rouca, sempre canções de amor ou mesmo apenas falava de sentimentos.

        Era puro, sim. Mas eu me sentira tão só durante todo o tempo que o julgara na América que era escusado tentar mais um ano e então após saber da gravidez… naquele tempo, apenas as meninas e Seiya eram incansáveis comigo mas sei, sei sim, que as meninas era por amizade… Seiya por procurar algo mais. E eu lhe partira o coração... Mas sabe como é, para ser feliz nem sempre outro no mundo estará igual a nós.

        Infundamente eu continuava minha busca de motivos para odiar Mamoru mas depois sua voz vinha a minha mente como geada durante a noite. Repentinamente e linda, mas caindo gelada na minha pele, com gotas a curto prazo.

        Aprendera que amar não era fácil, dar amor talvez sim, mas no que toca ao ato de dar e receber não era um caso justo. Procurei razões para mudar a menina que era e não era fácil, mas encontrei aos poucos a única razão: Rini. Me forçara a crescer e a jogar lágrimas fora e me sentia melancólica maioria do tempo. Ah não. Era tarde para ele voltar… demasiado tarde.

        

.Mamoru.

        Voltara a tentar procurá-la em casa mas apenas me surpreendi quando bati na sua porta. Alguém abrira e meu coração quase pulara, até ver uma senhora de meia idade ao celular.

        - Diga. Se esqueceram de algo?

        Esquecer o quê? E quem? – Não. Eu estava procurando Usagi Tsukino, mas peço desculpa, devo ter errado o andar.

        - Não errou meu filho. – A senhora desligara o celular e olhava sorridente para mim – Mesmo agora vieram buscar tudo da menina Tsukino. Ela se mudou.

        - Como é? – Meu coração entrara em choque. – Não pode ser, mesmo há tão pouco ela estava aqui… Para onde ela foi?

        - É verdade, mas certeza que não foi mais apanhado de surpresa que eu. E sinto muito meu jovem, mas não sei para onde ela foi morar. Ela sequer compareceu para as mudanças, que ora foi mesmo minutos atrás que terminaram. Penso que era seu companheiro tratando de tudo por ela pois me pagou a última renda ele mesmo.

        Seria da minha chegada que ela saíra? Como podia ser possível… E… companheiro?

        - Bem meu filho, lamento imenso. Licença.

        Tentei buscá-la então na casa dos seus pais apesar de saber que podia novamente quase ser chutado por Shingo. Isso! Podia ser Shingo quem falou por Usagi. O tal “companheiro”. Afinal ele não era mais uma criança.

        Guiei como louco e quando finalmente cheguei, sua mãe, Ikuko, me abria a porta com um sorriso.

        Mas rapidamente seu sorriso desapareceu. – Que faz aqui?

        - Lamento incomodar Sra. Tsukino, procuro Usagi. Ela está?

        - Mesmo que tivesse eu não lhe iria dizer. – Tsukino-sama me falava da maneira mais arrogante, quase gritando. - Mas Usagi não está, agora dê o fora. – E quase me fechou a porta na cara, mas coloquei logo a mão para a abrir. – Já lhe disse! Vá embora seu… seu crápula! Mau caráter! E nem se atreva a voltar aqui!

        Não consegui entender aquele tratamento mas desviei a mão. Estaria sua família tão chateada assim? Ou recebera ordens para me afastar?

        Eu só conseguia pensar nela… E doía tanto. Doera todo esse tempo e continuava doendo, ainda mais sabendo que estaria tão perto e não a conseguia alcançar. Em como ela era dócil e pura, e no que ela se podia ter tornado agora depois desse tempo… Só de pensar me causava imensa mágoa, mágoa essa que não desaparecia nem se pensasse muito no assunto, nem se o tentasse esquecer.

        Meus pensamentos então se desviavam com o som do celular tocando. No visor aparecia o nome: Motoki.

        - Alô Mamoru. E aí como vai?

        - Bem, - sorri levemente, afinal ainda me restava Motoki – pensando na confusão que foi voltar e que está sendo como uma re-integração.

        Motoki riu, mas nervoso. Podia notar por seu tom que algo se passava, algo que não me poderia dizer como nessa tarde. – Mamoru, será pode passar aqui no Acrobe?

        E arranquei no carro para a lanchonete que agora também já não era a mesma, já não havia mais a alegria e esperança de puder ouvir minha querida Usako.

        … E agora menos motivos tinha para sorrir. Motoki chegava perto de mim – Lamento se não era para lhe dizer, mas como chegou aqui e perguntou por você…

        - Que faz você aqui?!

Continua.


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