Eu havia dormido muito bem essa noite, fazia tempo que eu não dormia tão bem assim. O barulho das águas do mar me deixava mais relaxada ainda. Apesar de ter despertado, não tive coragem de abrir os olhos, pois sentia os braços dele me envolvendo. Só de pensar nele, senti o sangue subindo no meu rosto, com certeza eu estava totalmente rubra.

...

...

Para tudo!!!

Eu estava DORMINDO com o ED???

- AAAAAH – Gritei, levantei na hora e logo em seguida o empurrei com toda força. Ele caiu pra fora da cama, tinha certeza que a perna com automail havia encostado o chão primeiro, devido o barulho.  

Ainda sentia meu rosto totalmente quente, mas agora tinha um traço a mais: meus olhos estavam totalmente esbugalhados. Olhei pro Ed, ele nem havia acordado direito, na verdade ele estava parcialmente acordado, dava pra ver confusão nos seus olhos semi abertos.

- Hein? O que aconteceu?  - Ele perguntou com uma voz mole, dominada pelo sono.

Eu iria responder, mas fui interrompida pela brusca abertura da porta do quarto. Eram Al e May, totalmente confusos e assustados. Fiquei em duvida se eles haviam acordado pelo meu grito, ou pela queda do Ed.

- O que aconteceu? – Al perguntou, olhando para o Ed caído no chão.

- N-nada – respondi antes que ele falasse algo, mas não foi uma resposta totalmente convincente, pois meu rosto vermelho me denunciava.

- EU NÃO SEI DE NADA!! – Falou Ed, ainda no chão. Agora sim ele estava acordado. – Eu estava dormindo... Com... – Ele não continuou, apenas corou violentamente.

- Hmm... – Al só maliciou as coisas, dirigindo o olhar para mim. Só pra piorar, fiquei mais vermelha ainda.

A May continuava confusa, mas sorria pra mim, sabia que ela era observadora, sabia que ela já havia desvendado a “cena do crime”:

1º O cobertor da cama do Ed não estava desarrumado;

2º O Ed estava caído do lado oposto da cama dele;

3º Meu cobertor estava envolvendo ele;

4º E o pior de tudo: Ed e eu, ambos corados.

- O-o Ed estava dormindo na minha cama porque trocamos de cama essa noite, e-eu não queria dormir na minha cama... Eu tive um p-pesadelo e gritei, ele acordou tão assustado que caiu da cama, hahaha.  – Falei atropelando as palavras, sem os encarar, mas quando os olhei, percebi que aviam notado meu desespero e minha risada forçada, estava escrito na testa deles.

- Hahaha – Ed riu forçado também, tentando disfarçar seu constrangimento.

- Sei... – Al falou num fio de voz, mas seu tom continuava auditivo e detalhe: totalmente desconfiado, é lógico que ele também já desvendou a “cena do crime”. Ele também não era nem um pouquinho burro.

Eu tinha que quebrar aquele clima de desconfiança. Não pensei duas vezes: peguei minha chave e acertei bem no meio da testa do Ed, em seguida gritei:

- ED! TRATE DE CATAR MEU COBERTOR A-G-O-R-A – Na verdade, achei uma péssima justificativa para gritar com ele, mas foi o meu melhor, pois minhas idéias não estavam bem coordenadas.

- AAAGHT!! WINRY, NÃO É CULPA MINHA QUE VOCÊ...

- CATA LOGO!!

Ed resmungou algo e jogou o meu cobertor em cima da minha cama, mas não me importei, porque nos dois não estávamos mais corados. Bem nessa cena do crime, uma pista já foi descartada.  Logo percebi que Al e May já não estavam mais no quarto, deviam ter descido para cozinha.

- Vou tomar banho – Ele anunciou, senti uma pontada de desapontamento comigo mesma, não queria magoar ele, mas isso passou quando ele sorriu pra mim. Por um breve momento perguntei a mim mesma: “Por que ele sorriu pra mim?”

Depois da saída do Ed, observei melhor o quarto, ontem quando fui dormir nem reparei nos detalhes. O lugar onde dormi era espaçoso, havia duas janelas que eram enfeitadas com cortinas floridas, bem femininas, as camas tinham estampas mais discretas, contudo não deixavam de ser bonitas. Havia outras coisas também, mas nada superava em beleza a penteadeira: era antiga, feita de madeira, o espelho estava meio sujinho, mas nunca havia visto penteadeira mais linda, os detalhes perfeitos feitos por muitas oscilações e relevos me deixavam encantada. Realmente, a May tinha um ótimo gosto.

Desviei minha atenção da penteadeira e fui pra cozinha. Somente agora, eu estava reparando nos detalhes da casa... Como eu não reparei antes? A casa de praia da May era linda! O corredor do quarto que eu e Ed estávamos levava a outros quartos, fiquei tentada a entrar no quarto em que Al e May estavam dormindo, pensando se era tão bonito como o resto da casa.

Desci as escadas, que desviavam numa leve curva, dando entrada direta pra cozinha. Quando entrei nela, olhei que ela maoir do que os outros quartos, as paredes eram ladrilhadas, com detalhes azuis, o piso também, mas sem os detalhes, havia um balcão feito de mármore cinzento, porém muito bonito, ao lado tinha um fogão, e a pia tinha a mesma estrutura do balcão.

Depois de observar a cosinha, vi que a May estava sozinha lá, preparando algo, meio atrapalhada. Não pude deixar de rir com aquela cena: ela era rica, mas não deixava de ser simples, humilde e gentil.

- Quer ajuda ai? – Perguntei sorrindo

- Por favor – Respondeu sorrindo também, só esperei ela perguntar alguma coisa sobre o lance do Ed dormir na minha cama, mas me surpreendi quando ela perguntou:

- Win... Eu fiquei sabendo de uma festa que vai ter nesta praia, se não me engano... Só 2 km daqui, vamos? Da pra ir andando pela praia. – Ela me perguntou tão entusiasmada que não pude dizer não.

- Eu tenho certeza que vamos nos divertir! – Ela falava como uma criança que acabara de receber um presente que tanto quis – Vamos levar os meninos também!-

Seu entusiasmo me contagiava, a May era tão agradável, adorava ela, ela era realmente uma ótima amiga. Repeti as palavras dela na minha cabeça, sorri satisfeita