Nessie’s POV

    Era Setembro, final do verão e início das aulas em Forks. E também em todos os Estados Unidos da América, mas enfim. O sol se esgueirava por dentre as frestas nas densas nuvens a fim de tentar iluminar uma ou outra feição de desgosto naquele dia. Depois de três meses de férias, voltar à rotina não era lá o que eu – e muitos outros - desejavam para tão logo. Era meu último ano na Forks High School, mas nem por isso meu bico era de prazer. Ser veterana tinha lá suas vantagens, mas... Eu tinha em mente que aquele ano seria atípico.

     Estacionei o Chevy antigo de minha mãe na minha vaga de costume e permaneci dentro do veículo por alguns instantes. Apenas me limitei a observar os estudantes que chegavam aos poucos, cada um com seu feitio particular. Eu, recentemente, tinha adquirido essa estranha e indiscreta mania. Gostava de observar cada indivíduo minuciosamente, mas raras as vezes eu conseguia passar despercebida. Há vezes que meus olhos se prendiam em atitudes curiosas. Era prazeroso ver alguns rostos conhecidos, outros novatos receosos e tímidos. Era difícil mostrar a todos que estava em minha mente, mas nunca saber o que passava na cabeça de cada um deles. Eu conseguia ser vulnerável apenas quando queria ser, mas expressões delatam mais sentimentos do que abrir a mente.

     Ouvi o sinal tocar ao fundo. Alguns poucos atrasados passaram correndo por mim, mas eu não tinha pressa. Passei pela secretaria calmamente, peguei meus horários daquele ano e me direcionei à primeira aula do dia, Cálculo. O burburinho no corredor era enlouquecedor. Professores desesperados tentavam fechar a porta da sala com todos os alunos lá dentro, quase acabando por arrancar alguns poucos fios de cabelo que restaram do ano anterior. Caminhei calmamente enquanto via o corredor esvaziar-se aos poucos, abraçando cada vez mais forte meus livros e fichário contra o peito. Alguns diziam que eu fazia daquilo o meu escudo particular quando eu, simplesmente, queria manter meus pensamentos confidencialmente, e somente, para mim.

     - 300... 301... 307... - dizia enquanto corria os olhos pelos numerais em letras garrafais, em tom de verde-vômito, que se estendiam por todo o local, brilhando nada convidativas sobre as sobreiras das portas.

     - 312. Achei, infelizmente. - murmurei para mim mesma – Com licença. - dizia enquanto adentrava a sala e era encarada por uma dúzia de pares de olhos curiosos. Como se nunca tivessem me visto antes. Idiotas.

     - Atrasada já no primeiro dia, Srtª Cullen?

     Sr. Fletcher era um senhor gordinho, baixinho e careca. Típico professor de Cálculo que tem aquele olhar psicótico de quem vai matar quem passar primeiro – ou por último – na sua frente.

     - Desculpe-me Sr. Posso me sentar?

     O olhar desdenhoso do rechonchudo fazia qualquer um deduzir uma possível recuperação em Cálculo no meio do semestre. O que, provavelmente, era o meu caso. Com olhares cretinos, ou não.

    Segui calmamente, excitando uma possível interrupção nas derivadas, para a única carteira vazia da sala. Não posso reclamar, sobrara um dos melhores lugares para mim. Perto da janela, longe do professor, mas, infelizmente, rodeada de indivíduos que pareciam ter ímã nos olhos quando eu chegava. Atrás de mim um ser em especial não notou minha presença. Percebi que dormia feliz e tranqüilo com o rosto escondido entre os braços, ressonando alto e calmamente. Maldita inveja. Se eu não soubesse meu histórico de D's e que Cálculo era meu carma, eu até o acompanharia em sua idéia brilhante. Sentei-me cuidadosamente a fim de não acordá-lo e me pus a copiar os Logaritmos Neperianos, os Cossenos e aqueles inferninhos que eu mal conhecia.

     O sinal soou relativamente rápido para um primeiro dia. Acho que fiquei tão absorta em tomar nota de tudo que Sr. Fletcher falava que mal percebi o tempo passar. Recolhi meu material em uma velocidade impressionante e saí o mais rápido que conseguia, empurrando minha cadeira para trás e despertando, sem querer, meu colega de seu sonho profundo e gostoso. “Desculpe”, pensei, mas no momento em que ele tinha caído em si e percebido que a aula havia terminado, eu já estava bem longe, tentando fugir daquela aula e me direcionar rapidamente à que eu mais gostava: Biologia.

Jacob’s POV

     O sinal que acusava o fim da aula soou ao fundo. Um aroma adocicado invadiu minhas narinas e me fez despertar enquanto um sopetão balançou minha carteira. A única coisa que pude distinguir depois daquele susto e de uma simultânea invasão de prazer, foram cachos dourados indo na direção oposta à minha. Meus olhos pareciam grudados àquela imagem e os acompanhava a cada movimento delicado que faziam, pendidos sobre as costas de sua dona em um rabo de cavalo perfeito, exalando o cheiro de mel e flores a cada brisa que se forçava contra eles. Era hipnotizante.

     Eu precisava seguir aquele cheiro que me convidava a apreciá-lo mais de perto. Aquilo parecia instigar-me a entrelaçá-los entre meus dedos e tê-los ali durante todo o tempo, aspirando e deliciando-me com um sentimento que eu ainda não conhecia.

     Levantei-me em um súbito, atropelando um ou outro colega que molengava na minha frente. Fui tomado por um objetivo obsessivo e assustador. Todos os meus músculos se contraíam com a mesma intenção. Tinha de achá-la, vê-la. Meu corpo gritava por aquilo loucamente. Disparei pelo corredor afora, atrás daquilo que me fizera vibrar.

[N/A] E aí, meninas!

O que acharam?

Tá aí o primeiro capítulo como prometido! Espero que tenha agradado.

Ficou um pouco curtinho, mas os outros eu prometo que serão maiores.

Gostaria de agradecer aos lindos reviews que recebi até agora! Muuito obrigada mesmo quem leu e vai acompanhar, e também às novas leitoras!

Enfim, espero que tenham gostado.

Gostaram? Que tal aqueles reviews fofos que eu amo?

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Beijocas, fofas!

Angie x3