Cuddy realmente não estava nada bem naquela manhã de sexta-feira, o melhor dia para todos irem descansar ou, em seu caso, irem trabalhar dobrado.

Estava em seu quarto, preparando-se para mais um dia de reuniões, entregas de papeladas, checagem de materiais entregues e... Lidar com ele. 

Ela ainda estava se olhando no espelho, tendo uma luta interna consigo mesma.

Não, Cuddy, não pensa nele. Não pensa no que quase aconteceu. Não lembre que ele foi embora. Esqueça, vai ser o melhor para você.

Ela tentou fechar os olhos com força e suspirar alto, tentando afastar esse problema e pensar em assuntos definitivamente mais sérios. Ok, ela ainda não sabiam quais eram. Mas, eles existiam.

- Vamos, acorda. Hoje é só mais um dia, nada de diferente ontem e nada melhor que o amanhã. - Ela reparou em seus olhos, e como eles, mesmo com o acontecimento no dia anterior, estavam mais brilhantes, mais alegres. - Merda. Pare de pensar nele! - Viu o modo como estava e percebeu o quão se sentia relaxada. - É, tá vendo o que você faz comigo?

Cuddy balançou a cabeça e foi em direção à cozinha, tomar um cappuccino recém feito pela máquina e sair correndo, em direção ao hospital mais conhecido no estado.

- É só mais um dia. - Ela sussurrava, convencendo-se que era isso que o dia representava. Nada além do comum. Repetira isso até chegar no estacionamento exclusivamente para os funcionários, onde tudo mudara a partir de então.

House, estava mais... Conformado? Não. Aliviado? Não. Ele não tinha conseguido fechar os olhos pela noite inteira, pensando em como seria sua vida se fosse pai. Se fosse pai E marido de Lisa Cuddy. Não negava, sempre sonhou com aquilo, mas era tão impossível igual as teorias fracassadas defendidas na medicina. Desgastante, entediante, cansativa.

Estava colocando sua roupa de dia normal (não passada, amarrotada, um pouco com poeira...), ele entendia. Sentiu-se como um pobre coitado, não tinha sua mulher e nem filhos. Só fama reconhecida e seu dinheiro, após muitos anos de trabalho duro para o conseguir.

Fitou seu reflexo ao passar na porta de seu quarto, e sentiu algo diferente em seu interior. É como se fosse certo, olhar para seu rosto e se lembrar de beijar aqueles lábios tão doces e sentir aquele perfume de lírio e de mulher, em seus braços. Com seu amor.

- Não, House. Ela é maior que tudo isso. Você sabe. Ela merece outro, muito melhor.

Encarou o chão após sentir o quanto verdadeiras as palavras dele, de fato eram. Suspirou resignado e impotente. Ele sabia que o dia não seria fácil. Olhar para ela, falar com ela, agir indiferente como se seus beijos de ontem não fossem nada.

É, simplesmente não vai dar. Pensou consigo mesmo.

Aos poucos passos que consegui dar, mesmo com muita dor e agoia a cada passo dado, se apoiou em sua bengala e foi em direção da porta. A fim de procurar onde estava sua moto.

Não demorou muito, e sem algum escrúpulo, saiu com tudo. Em velocidade máxima.

Que tal?? Deixar a velocidade ultrapassar, entrar em um cruzamento...

Mas, essas ideias pouco ficavam por muito tempo, já que eram substituídas pelas lembranças deliciosas de ontem.

Ele ansiava por mais. E ansiava por ela. Inteira e somente para ele.

Chegou no estacionamento do hospital.

Não deu em outra, seus olhos recaíram para nenhum outro carro. Além do carro dela.

Sem pensar muito em nada, passou direto.

Ela o vigiou por longe, agradecendo por ele não ter faltado...

Será que ele irá me ignorar hoje??

Cuddy, cala a boca, olha sua idade! Que contradição, uma mulher independente e bem-sucedida, fica falando frase adolescentica de caminhão!

Enquanto brigava com ela mesma, House a observou de longe. Sorrindo pelas palhaçadas de seu amor.

Ele ficou com vontade de fazer apenas uma única coisa.

Não sabia qual seria a inteção dela. Ou mesmo sua reação.

A verdade, meus caros leitores (as), é que quando se está apaixonado, nada fica.