34 – Adivinha quem vem para o jantar?

Quando eu já estava exausta, e eu e minha mãe estávamos aos farrapos e suor – nada atraente, colega – ela me pediu para tomar banho.

Quando sua mãe é uma deusa grega – ela muito provavelmente – mora em uma casa, estilo Olimpiana. Das quais, tem banheiros com... hãn... banheiras escaldantes.

Tomar banho em uma tina como aquela, dá uma sensação meio que... eu-estou-tomando-banho-no-meio-da-praia.

Eu quase tive um treco, companheiro. Minha astúcia estava acelerada. Eu não parada de olhar pata todos os lados. Tinha que verificar minha retaguarda... mas minha frente estava livre... eles poderia me atacar de lado... AAAAAH!

Preferi tomar banho com minha espada. A água era quente e... bem, era bem quente. Logo vesti roupas novas...

Em nome de Athena! Eu tenho com toda a minha astuta e malévola mente, certeza de onde herdei o estilo. MAMÃE ÉPHIRA, ME DEU UM PAR DE JIMMY CHOOS NOVOS E UMA CALÇA JEANS EDIÇÃO LIMITADA DIOR.

Amarrei meu cabelo molhados – e completamente seduzentes – e segui até o corredor. Tudo bem, essa era a casa de uma deusa, mesmo que ela fosse minha mãe, eu não tinha toda certeza onde eram os cômodos. Li em uma parede onde meu pai tinha rabiscado alguma coisa.

- “Dar á Claire uma lhama cuspidora”... – li.

Okay, eu não queria uma lhama cuspidora. Mas tentei me guiar para a cozinha.

- Ah! Está aí. – chamou Éphira atrás de mim. – Vamos, vamos jantar!

Segui-a sem dizer nada. Era inevitável dizer que: WTH? EU ERA FILHA DE DEUSES? WTF? EU ERA A GAROTA DA PROFECIA MESMO? E vamos ignorar o resto: mas eu, mesmo assim, estava me sentindo um mutante.A sala de jantar era grande e tinha uma mesa enorme – a mesma que os calouros comeram no dia da excursão... Excursão... Interrupção.. Joe.

Senti um aperto dentro de mim. E lembrei da conversa isolada entre minha mãe e meu pai. Guardião. Era isso que ele era. Meu guardião. Pensar assim, me fez sentir mais segura. Apesar de estar incrivelmente longe dele. Quase em outra realidade.

- Temos visitas. – disse Éphira. – São os consortes, meu anjo, e a filha deles.

Tipo assim... hã?

- Eu posso comer no salão de batalha? – perguntei batendo pestanas, irresistivelmente doce. Apollo me ensinou coisas sem nem mesmo tentar... Genética é tudo, manolo!

- Sei que você e Sharon não são muito amigas. Mas, você está se apresentando como a filha Olimpiana. Não pode comer na sala de batalhas.

- Mãe... – olhei para ela com douçura. AAAAh, eu sempre fazia isso com minha mãe Lílian, e sempre dava certo...

- Sinto muito, Gallatea.

Revirei os olhos e fiquei emburrada, atrás dela resmungando algo sobre: mães Olimpianas não são como as mães mortais.

Logo meu papito adorável chegou ao recinto.

- QUERIDA, CHEGUEI! – grunhiu ele, como Fred Flinstone.

- Vá se limpar, você parece um churrasco! – gritou Éphira resmungona – E, eu ainda não estou de bem com você.

- Paçoquinha, pode me ajudar com essa deusa-cabeça-dura-elemental? – ele me olhou como eu  sempre olhava para as pessoas: inegavelmente adorável e apaixonante.

- Claro, pai.

E ele saltitou e dançou, tocando uma harpa minúscula.

- Nem tente. – minha mãe retrucou sem paciência. – Dê um nó nesse lenço. Você parece que está em seu dormitório com dor de estômago.

Minha mãe era parecida demais, comigo. Até dava críticas de moda... E o pior: criticar á mim. Minha moda.

- Obrigada mãe. – resmunguei, amarando o lenço em meu decote.

Esperei - quase dormindo em uma das cadeiras – até que eu pudesse jantar. Era obvio, que depois de um dia de plena batalha com uma deusa, e depois um banho que deixa você com o sexto sentido enlouquecido, você quer uma refeição decente, concorda companheiro?

Logo Apollo estava na sala de jantar e minha mãe também, quando entraram os três figuras por ela, fazendo reverencia.

Pude entender pouco, mas o que eu entendi, já foi mais do que o suficiente: ver Sharon se curvando para mim é melhor do que ganhar uma espada que vira um anel super descolado.

- Éphira, Apollo. É sempre um prazer. – disse a mulher morena de pele morena clara. – Estamos felizes por terem escolhido a nossa pequena benção para Protetora da jovem Profética.

Nossa pequena benção?! Blééééh! Claire vomitando.

- É um grande prazer recebê-los, Hãmaran e Trepio. – Hãma... o que? Estrepe? Que diabos de nomes são esses?! Não me surpreende chamarem uma criança de Sharon.

Apollo cantou:

Sua menina tem cara de panqueca

Não é muito mais que uma moleca

Dane-se meu clichê ou se vou á biblioteca

Dança como uma mocréia

A piada não tem sentido

É apenas um locundido

Se você for repreendido?

Cante num jantar

E arrume confusão

Minha mãe corou. Eu bati palmas para o poeminha do papaizito! E me levantei e fiz a dancinha da vitória junto com ele. Os dois energúminos-mais-poderosos-da-América apenas nos olharam agirmos como doidos. Dane-se á razão: Apollo e Claire seduzem!