A Melodia do Princípio escrita por Ton D


Capítulo 9
Capítulo 8 - En Passant


Notas iniciais do capítulo

Bem, mais um capítulo nessa "pequena" curta. Dessa vez o foco cai em Dave, o garoto que herdará a dinastia Pennington e de certo modo, os cuidados vampíricos de Catherine e Sebastian. Este capítulo era pra ser bem menor e bem menos focado em Dave, mas não consegui me refrear ao descrevê-lo, pois creio que ele tem lá sua importância na história e não gosto de personagens que não têm nenhuma história por trás de seus atos, parecem que surgiram do nada para apertar a mão do herói, morrer em uma explosão ou até mesmo comprar um sanduíche na lanchonete que se vê pela vitrine enquanto os personagens principais conversam na calçada.
Anyway, o alemão foi algo que me veio a cabeça e se alguém entende alemão e achar que ficou tosco mesmo pela tradução a lá Google Tradutor, ai vai o que pretendia dizer:

—EU O EXPULSO DESTA CASA DEMÔNIO.
—Seu Deus não tem mais poderes nesta casa meu velho.

Ah, uma informação dispensável sobre o capítulo, En Passant é o nome de um movimento especial no xadrex (não é necessário acumular barras de especial ou fazer uma hiper sequência de botões para realizá-lo, basta ter dois peões) onde o peão da 5ª casa captura o peão adversário quando este anda as duas casas iniciais que todo peão tem direito. Fica dica .



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Aquilo não podia estar acontecendo. Tudo havia sido um sonho. Não existia monstro negro em baixo de sua cama, muito menos no corredor! Mas lá estava ele, igual ao sonho, alto, negro e hostil. Não era uma sombra como no sonho, era mais parecido com uma névoa negra que parecia sair do próprio homem e envolvê-lo, como se o estivesse abraçando e o protegendo, igual a seu pai e sua mãe ficavam abraçados, ou  as vezes como o pai bêbado e a Duquesa Hardigan ficavam escondidos, aquela mulher pavorosa que sempre pedia que ele brinca-se com sua filha, uma menininha chata de três anos chamada Sophia e que teimava em lhe mandar fazer as mais diversas coisas com uma vozinha fina e irritante.

Mas o que mais assustava não era essa névoa protetora que agora parecia rodear e rodopiar em volta do homem, como se tivesse percebido a presença de Dave, mas sim o homem. Ele não podia ser um homem, não um homem normal. Dave conseguia sentir o ar pavoroso que parecida irradiar dele. Por mais que sua pele fosse bronzeada, era possível reparar na estranha textura que sua pele parecia ter, tão fina e suave que era possível se contar o número de vasos que corriam por de baixo daquela imitação de pele. Era como observar um cadáver que se movia, falava e sorria. Ele era como o Senhor Sebastian, uma criatura mística a qual Dave não atribuía nome ou limites de habilidades, mas ao mesmo tempo ele era diferente. Não havia tranquilidade e hospitalidade por detrás daquela face que demonstrava surpresa e uma falsa inocência mesclada com desinteresse enquanto encarava Dave, somente uma maldade sem precedentes que fazia o sangue de Dave gelar e suas mãos soarem frias.

Dave não era uma criança como as outras de sua idade. Aos dez anos ele já sabia ler e escrever razoavelmente bem em latim, francês e inglês. Sabia fazer cálculos que só pioravam a calvície do pai de tão complexas de cabeça e faziam o Senhor Sebastian sorrir de orgulho. Conhecia filosofia como ninguém, desde os filósofos mais conhecidos como Aristóteles, Pitágoras e Platão até os menos conhecidos como Ptolomeu, Eratóstenes  e Hiparco, tudo obra do seu sempre amado e admirado tutor. Mas não era essa incrível sede de conhecimento e facilidade de aprender que faziam de Dave um garoto especial. Ele via as luzes em tudo. Desde muito pequeno, ele fora capaz de ver as luzes em suas mais diversas formas e cores. A primeira vez foi com três anos de idade, quando tentara agarrar uma leve fumaça verde clara que irrompia dos cabelos da mãe. Ninguém nunca havia acreditado nele quando contava sobre as luzes, achavam que era mais uma brincadeira de criança. E como isso doía em Dave, ele não gostava de mentir e odiava quando mentiam para ele. Ele também sempre sabia quando mentiam para ele, ele não sabia como explicar… Era como se quando alguém mentia para ele uma força explodi-se em sua cabeça, incomodando, martelando e irritando-o. Ele sabia que quando sua mãe dizia estar com dores de cabeça a causa era o vinho que ela não conseguia mais parar de beber e que quando seu pai dizia sair para caçar ele realmente estava indo ver a asquerosa Duquesa. Somente o Senhor Sebastian acreditava nele, assim como a Senhorita Catherine.

Fora há quase cinco anos atrás que eles lhe ajudaram a entender seus dons. Seu avô o estava levando para conhecer os aposentos da famosa Senhorita Catherine, uma importante e reclusa nobre que vivia na mansão da família. Seu pai havia lhe explicado que ela era uma espécie de conselheira da família desde tempos remotos e que como Dave era o futuro herdeiro da dinastia Pennington, estava mais do que na hora de conhecê-la. Neste tempo seu avô já estava velho e se movendo com dificuldade, faltava pouco para sua morte. Seus olhos estavam quase sempre vermelhos e injetados, seus joelhos tremiam e viviam fraquejando, seu corpo era de uma magreza preocupante e sua pele era tão enrugada que Dave sempre imaginara quando criança como ela não rasgava quando ele andava. Além disso, ele vivia perambulando e murmurando sozinho pelos corredores da mansão como um velho louco. Sua mãe havia lhe arrumado com esmero naquela noite. Escovara com muita dificuldade os sempre tão rebeldes cabelos de Dave e o vestira como a um nobre, com roupas formosas e cheias de babados e enchimentos que incomodavam Dave. Ela lhe advertira para não olhar e nem falar com a Condessa a não ser que ela lhe pergunta-se algo. Quando ele finalmente estava pronto, seu avô viera lhe buscar nos aposentos de sua mãe, e no corredor, um pouco afastado das portas duplas que davam nos aposentos da Condessa fez algo que jamais havia feito, prensou o neto contra a parede com uma força terrível que desmentia sua aparência decrépita. Colocando o rosto sobre o do neto enquanto se agachava, ele havia murmurado as palavras que jamais fizeram sentido para Dave:

- Sinto muito meu filho. Sinto muito. Tentei adiar esse encontro o máximo que pude, mas não consigo mais. Eles não são normais, aquelas pessoas. São bruxas, demônios ou outro tipo de criatura maligna. Tem encantos para nos prender e fascinar, estão me levando a loucura! Algumas noites acordo andando por corredores antigos durante sonhos onde ouço uma flauta e uma voz que me chama para receber o dom, para receber a recompensa pelos anos, e posso jurar que ouço a risada da Condessa enquanto corro de volta pelos corredores. Ouça o que lhe falo meu filho, eles são demônios! Não seja como seu pai, seu pai já está preso a eles! – Sussurrara loucamente seu avô enquanto forçava mais o braço de encontro ao peito do neto com os olhos esbugalhados e fixos. Ele conseguia ver a saliva que escorria pelo queixo do avô enquanto ele falava, ficara assustado como nunca antes com aquela imagem de seu avô e até hoje se assustava quando recordava dele, totalmente louco.

- Vovô… O senhor esta me machucando… - Ele dissera entre doloridas arfadas de ar e com lágrimas nos olhos.

- Você entende o que eu estou dizendo não entende? Eles pegaram seu pai! Seu pai quer ser como eles! Ele não vê que eles são demônios e que Deus está nos amaldiçoando por os servimos Dave! Não vá com eles meu filho, não se deixe seduzir pela beleza e pela força deles ou você perderá sua alma assim como seu bisavô, seu pai e como eu quase perdi. Eles não são humanos Dave, eles são…

O que eles eram ele nunca ficou sabendo, pois naquele momento um homem alto, bem vestido e de cabelos longos havia posto a mão sobre o ombro de seu avô.

- Ora vamos meu caro Lord Pennington, assim o senhor assusta e machuca o jovem mestre Dave.

Ao sentir o toque do homem, o avô pareceu congelar, suas costas enrijeceram, seu braço fraquejou,aliviando a pressão que exercia sobre o peito de Dave. Suas pernas ficaram bambas e os olhos se arregalaram mais e mais, arriscando pular das órbitas, enquanto a boca se abria em uma expressão patética de loucura e medo.

- VOCÊ! - Dissera seu avô ao se virar para o estranho.

- Sim, eu. É uma pena que o senhor tenha se tornado tão hostil e senil após tantos anos, com certeza a idade deve ter-lhe alterado o juízo. É uma pena que tenha de presenciar cenas como essa jovem mestre, deveria ter conhecido seu avô no auge da juventude, um homem de mente e atos notáveis. – Dissera o homem se dirigindo a Dave e afastando o avô para o canto do corredor com uma das mãos.

O estranho havia afastado o avô delicadamente com uma facilidade de quem espanta uma mosca e estava oferecendo a mão estendida para Dave que estava tão colado a parede que poderia atravessá-la se isso fosse possível.

- Me chamo Sebastian jovem mestre. Sou o mordomo particular da Condessa e vim lhe conduzir até os aposentos onde ela o espera. Vamos deixe-me ajudá-lo… - Dissera o homem enquanto sorria de uma maneira afável. Dave não pode deixar de corar, tudo, desde os cabelos elegantemente presos em um rabo de cabelo, o jeito de se encurvar, a postura reta, o rosto de feições finas e belas… Ele devia ser um nobre e não um mordomo!

- NÃO OUSE SEGURAR A MÃO DESTE DEMONIO DAVE! EU O PROIBO! DEVIA TER LHES ENTREGADO Há MUITO TEMPO PARA A IGREJA SEUS…

Seu avô viera sacudindo o braço direito no ar e berrando a plenos pulmões. Seus olhos estavam semicerrados e hostis, enquanto apontava a enrugada e manchada mão esquerda para o homem elegante. Dave se encolhera ao observar o ódio, a saliva que voava da boca do velho homem ao gritar e sua veias saltando pela pele enrugada, enquanto a longa unha do indicador apontava para o homem, como se a rogar uma praga. Á ultima coisa que Dave viu antes do homem se interpor entre sua visão e a figura de seu louco avô foi um crucifixo que seu avô retirará do pescoço com a mão direita e que ele apontava na direção do homem enquanto gritava.

- ICH TRAT AUS DEM HAUSE TEUFEL!

- Ihr Gott hat keine Macht mehr in diesem Haus meine alte. – Disse o homem enquanto caminhava na direção do velho.

Sem poder ver a expressão de seu avô ou a do homem, Dave entrara em pânico e começara a chorar silenciosamente. Ele era uma criança forte, nunca chorava, mas aquilo era demais para ele. Com as mãos sobre o rosto, encostou-se na parede e ficou agachado com os ombros apoiados nos joelhos. Tudo a partir daquele ponto era branco. Nunca havia tocado naquele assunto com o Senhor Sebastian ou com a Condessa Catherine, mas sabia que ali havia acontecido algo, algo místico e confuso.

Sua próxima lembrança era a de o Senhor Sebastian abrindo a porta dos aposentos da Condessa e de lhe indicar o caminho com a mão. Era um quarto muito bem iluminado por velas em candelabros finamente trabalhados. A mobília se constituía por uma única e enorme cama de dossel roxo, uma estante com livros e uma flauta, uma pequena escrivaninha e um cadeira que tinham vista para uma linda janela de vitral que apontava pra o mar. Sentada na cadeira e observando a noite, estava a criatura mais bela que Dave já virá. Era um anjo vestido em uma longa camisola branca. Seus cabelos loiros e ondulados caindo por sobre os ombros cacheavam levemente nas pontas enquanto a franja brincava em sua testa. E os olhos, meu Deus que olhos! E ela estava sorrindo para ele!

- Olá meu jovem mestre Dave. – Ela lhe dissera com uma voz melodiosa e suave.

Então tudo explodiu ao seu redor, havia um tom violeta quase transparente de tão opaco em todos os objetos daquele quarto, e todos pareciam de algum modo saírem diretamente dela, formando uma espécie de teia violeta com ela em seu centro. Olhando em volta com a boca aberta em sinal de surpresa, ele olhou para o homem, Sebastian, que o trouxera. Ele podia ver uma fina luz azul-clara de mesma claridade o contornando!

- Vocês... Vocês as vêm não vêm? Vocês conseguem ver as luzes não é? É... É por isso que eu estou aqui… Porque vocês sabem que eu consigo vê-las não é?

A Condessa ergueu uma sobrancelha levemente enquanto se levantava. Seus movimentos eram tão suaves! Parecia uma bailarina até no ato de se levantar. Caminhou vagarosamente até Dave e colocou as mãos sobre seus ombros. Como eram geladas aquelas mãos, tão geladas como a de um…

- Sim Dave, nós as vemos porque somos especiais e você as vê porque é muito especial e fascinante. Você me intriga meu pequeno Dave e por isso eu lhe desejo tanto, meu Dave. – Disse ela enquanto se agachava e seu rosto ficava no mesmo nível que o de Dave. A última coisa que Dave lembrou quando acordou em seu quarto deitado em sua cama, feliz e relaxado, foi de uma pequena dor no lado esquerdo do pescoço e do cabelo loiro brilhando em seu ombro, enquanto aqueles finos e lindos braços brancos lhe abraçavam.

Desde aquela noite, Dave começara a ter aulas com o Senhor Sebastian, onde estudava tudo que o Senhor Sebastian julgava necessário e útil para um nobre da estirpe de Dave, o que não era pouco. Além disso, recentemente Dave vinha treinando o corpo a pedido do Senhor Sebastian, motivo pelo qual seu corpo parecia cada vez mais cansado e dolorido. Ele duvidava que uma criança de 12 anos além dele tivesse tal treinamento. Duas vezes por semana ele passava as noites nos aposentos da Condessa treinando sua mente e suas habilidades especiais. Ela havia lhe ensinado a distinguir padrões e interpretar as auras que ele via e agora conhecia como utilizá-las. Com o tempo, começou a demonstrar habilidades jamais vistas antes, e que ele se esforçava para não demonstrar a Condessa, por medo de lhe assustar.

Um dia, enquanto treinava algo que a Condessa chamava fechar a mente e Dave chamava perda de tempo, um treinamento onde a Condessa apenas ficava olhando para os olhos de Dave, ele se concentrará para não cair no encanto da Condessa, o que ele sabia ser inútil. Ele jamais resistiria a ela, ele a amava, não como amava sua mãe e seu pai, ele a amava no sentido correto da palavra de um modo que somente um garoto pode amar uma mulher mais velha e fascinante do que as garotinhas mimadas, choronas e mandonas da mesma idade que a dele.

- Meu amado Dave, você tem de se concentrar mais. Já deve ser a quinta vez que lhe pego deslumbrado por mim em menos de dez minutos! Se soubesse que seria uma perda de tempo, não promoveria mais nossos encontros. – Dissera a Condessa enquanto lhe dava as costas e caminhava em direção a janela com seus lindos cabelo balançando lindamente em suas costas.

- Não Condessa! Peço que em perdoe, mas não entendo porque devemos ter estes treinos. Eu não temo a senhorita e sei que não me faria mal.

- Eu não Dave, mas a outros lá fora muito mais perigosos do que eu e que não lhe querem o bem, assim como eu tanto quero. – Dissera ela antes de voltar a posição inicial.

- Vamos, mais uma vez, e agora não me decepcione.

Dave mal tivera tempo de se preparar e já começara a sentir a sensação da Condessa lhe dominando, sua presença cobrindo a dele, como se ela fosse tudo e nada, o ômega e o alfa do mundo. Ele não queria perder novamente e deixá-la nervosa ou desapontada, mas ela era tão linda! Se forçando a pensar em outra coisa ele se concentrou.

“Tenho que afastá-la, fazer com que ela recue… Vamos, saia dai… Volte… Volte… VOLTE!”.

Foi como se uma chave ativa-se um mecanismo em sua cabeça. Ele sentira os olhos tremerem dentro das órbitas e como se uma força o envolve-se por alguns segundos, antes de sair em disparada em direção a Condessa.

-ARGH! – Gritara a Condessa antes de ser arremessada alguns centímetros no ar, perdendo o equilíbrio e batendo as costas no estrado da cama.

Dave sentira as pernas fraquejarem e os joelhos fazerem contato com a dura pedra. Por pouco não perdeu dois dentes quando seu corpo pendeu para frente e ele ameaçou cair. Teve tempo de apoiar as mãos no chão de pedra, onde ficou de cócoras sem ar e sentindo a cabeça doer enquanto seus olhos pareciam estar se desfazendo de tanto vibrar.

- Dave, você está bem? – Lhe dissera a Condessa enquanto ele via seu corpo se levantar e avançar em sua direção. Ela se ajoelhou ao seu lado e o colocou no colo como aquela célebre escultura que só seria esculpida dali a anos.

Ele tentará em vão falar algo, mas não sentia força alguma vindo de seu corpo. Só conseguia ver o rosto da Condessa e o teto enquanto sua visão ia embaçando. O que era aquilo, a Condessa estava chorando?

- Ah meu amado Dave, se soubesse o quanto eu te amo! Porque faz este tipo de coisa? E se você morrer, não sei se teria forças para lhe trazer para este lado amaldiçoado tão cedo, tão jovem e poderoso…

Mas que lado era esse? Como ela conseguia falar sem mover os lábios?

Nunca mais Dave ousou usar suas habilidades… Não na frente da Condessa. Tentou recrear a situação às escondidas, pois facinava-o tudo aquilo. Ele sabia que a Condessa e o Senhor Sebastian não eram pessoas comuns. O Senhor Sebastian era mais forte do que vários homens juntos e mais rápido do que um cavalo em disparada, a Condessa conseguia tudo o que queria sem nenhum esforço, ela podia convencer as pessoas a fazer coisas e era capaz de ouvir e saber coisas que ninguém mais sábia sobre uma pessoa, era quase como se ela pudesse ouvir os pensamentos alheios! E ele, ele queria estar junto deles, sempre. Eles não envelheciam e tinham dons especiais, ele tinha dons especiais também! Será que não podiam lhe contar como não haviam envelhecido nem mesmo um ano desde o dia em que os conhecerá para que pudessem ser iguais? Ele treinava e tentava controlar seus dons, para um dia mostrar-lhes e como os dominava e o quanto era forte, será que assim ele poderia ficar junto deles? Aqueles cinco anos que haviam passado desde quando ele lhes conhecera com oito anos haviam sido sem iguais. Ele não queria se separar da Condessa, queria correr pelos campos estrelados com o Senhor Sebastian a velocidades avassaladoras e dançar em bailes com a Condessa enquanto todos os olhavam fascinados. Será que era isso que seu avô lhe tentará disser? Ele estaria perdendo sua alma? Será que Deus lhe tomaria a alma e o mandaria para o inferno por sua cobiça e seria a Condessa a Succubus que viera lhe buscar? Não era possível, ela o amava e ele sabia disso.

Ele aprenderá a dominar parte de suas habilidades. Descobriu que além de ver as auras, ele podia mover pequenos objetos caso se concentra-se muito neles e estivessem a menos de dois metros dele, mas somente objetos pequenos. Uma vez tentara erguer sua cama, e antes mesmo de ela subir mais do que cinco centímetros ele perdera a consciência e acordara com a camisa branca manchada de sangue que não parecia querer parar de escorrer de seu nariz. Além disso, caso foca-se muito em uma pessoa, conseguia captar frases, imagens e sentimentos. Ele era como uma antena mal sintonizada que aos poucos ia melhorando o sinal a medida que se muda a posição.

Já haviam passado dois anos desde que ele começara a aprender sobre suas habilidades por conta própria e cinco desde quando entrará no quarto da Condessa pela primeira vez. Nunca contará a ninguém a extensão de suas habilidades e jamais as usará para tentar ferir alguém como fizera naquela noite com a Condessa. Mas esta noite, com doze anos de vida, ele iria tentar novamente, mas dessa vez, com seus novos e inexplorados poderes.

Ele respirou fundo e concentrou o olhar na direção da curva do corredor. O homem estava lá. Ele não conseguia captar nada dele além daquela fumaça que o envolvia. Ele sentia medo, mas tinha de seguir em frente se pretendia continuar forte o suficiente para proteger a Condessa. Começou a andar na direção do homem. Cada passo lhe custava quilos de coragem, e o homem continuava parado a olhá-lo com os olhos arregalados, as sobrancelhas erguidas, como se estivesse com medo e surpreso por vê-lo. Dave estava feliz, estava funcionando, o homem estava paralisado! Podia ser tão forte como um deles! Havia apenas mais um metro, mais um metro e Dave poderia arremessar aquele homem, não, homem não, criatura, com força total, mesmo que isso lhe fizesse sangrar ou perder os sentidos. Foi então que o homem sorriu para Dave.


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Notas finais do capítulo

Olha só, não é que eu não morri 'o'.
E eu que pensei que a vida de universitário/trabalhador não era tão complexa em termos de assalto de tempo... Engano meu u.u
Enfim, mais um capítulo fresquinho após um enorme hiato sem previsão para o próximo capítulo.
Estou pensando em pegar o texto todo e dividi-lo sendo cada capítulo uma história, pois percebi que o tamanho total é meio assustador, mas me perdoem, não consigo fazer as coisas de um modo diferente, quando penso que já sei como as coisas vão terminar e o quão grande tudo vai ficar, meus dedos digitam outra coisa ¬¬.
Enfim, ninguém ainda conseguiu chegar até aqui (também, que caminho mais longo), então deixo essas divagações para mim mesmo e finjo ser efeito do sono =P.



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