A Melodia do Princípio escrita por Ton D


Capítulo 6
Capítulo 5 - Entreatos


Notas iniciais do capítulo

Sei que pode parecer chato toda vez que a coisa começa a esquentar eu pular pra outro assunto em outro lugar que parece ser meio non-sense, mas acreditem (ou não) que tento fazer capítulos interligados e que não parecem estarem em ordem, pois não estão. Cada capítulo foca em alguém de um jeito ou de outro, então tudo faz sentido quando se começa a juntar as peças que pareciam dispersas lembrando de coisas que ocorreram (Sorry, mau de LOST, Stephen King e minhas fontes de inspiração). Sozinho os capítulos parecem ser fracos, mas juntos, esperem e verão.
Só peço paciência e que acreditem, essa parte de ficar muito no escuro está com os dias contados.



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Lord Pennington retornará por volta das 23 horas do banquete que fora servido nas propriedades do Duque Hardigan com sua mulher Emmanuele. Havia sido um banquete divino com um grupo de trovadores que providenciaram as mais belas canções. Nada de incomum nos muitos banquetes que pernoitavam a Idade Média. A “divindade” da noite ocorrera quando Lord Pennington conseguiu em fim se livrar de sua mulher, para se encontrar com sua amante, a Duquesa Hardigan. Os dois tinham um caso secreto a cerca de três anos e havia a possibilidade de que a pequena Sophia Hardigan fosse na verdade, Sophia Pennington.

Apenas os cocheiros particulares do casal sabiam do caso, uma vez que os mesmos eram quem conduziam as carruagens para um pequeno casebre no extremo norte afastado da cidade. Claro, ambos recebiam uma gorda bonificação pelos seus serviços extras e uma maior ainda pelo silêncio.

Ao chegar em “sua” mansão, Pennington se dirigiu a seus aposentos sem esperar pela mulher. Desde o nascimento de Dave, Lord Pennington não mais se sentia atraído pelo corpo de sua donzela, motivo que levava Lady Emmanuele Pennington ao consumo de vinho em excesso. No momento em que Lord Pennington a deixou sozinha na carruagem, Emmanuele estava tentando se levantar de seu assento, coisa muito difícil de se fazer sóbrio, imagine então totalmente embriagado.

Lord Pennington acabara de entrar no hall quando percebeu a movimentação estranha que ocorria naquela noite em “sua” mansão. Criadas e servos corriam e cochichavam nos cantos ou enquanto andavam. Alguns, com claros sinais de preocupação. Curioso, Lord Pennington abordou o servo mais próximo de si, um homem baixo e franzino e lhe perguntou:

- Você! Servo! Responda-me, que burburinho todo é este que vejo em minha mansão?

- Milorde, é a Condessa Catherine. Não sei de todos os detalhes, mas parece que teve um ataque e desmaiou em seu quarto meu senhor. – Respondeu prontamente o servo.

- A Condessa? Desmaiou em seu quarto? – Perguntou atônito Pennington.

Seria possível? Teria mesmo a tão linda, superior e poderosa maldita Condessa Catherine Halford desmaiado em seu quarto como faziam seus tão simples e fracos servos mortais? Tal pensamento só fazia crescer mais ainda o ânimo que a noite de prazeres e luxuria com a Duquesa Hardigan já havia lhe provocado. Se controlando para não sorrir ou dar mostras de felicidade, fez sua melhor cara de seriedade e perguntou:

- E Sebastian? O que ele está fazendo sobre o caso da Condessa?

- O Senhor Sebastian mandou que se trancasse o quarto da Condessa e que somente Helena deveria permanecer no quarto. Alguns servos estão patrulhando os corredores neste exato momento para impedir que alguém a incomode.

- Claro, claro… Uma decisão muito sábia. – Respondeu o Lord enquanto sorria. Não conseguia mais segurar o riso, era muita felicidade para um dia só.

Sem dar maiores explicações ao servo, o Lord se retirou em direção a seus aposentos. Já estava quase chegando a seu quarto quando então avistou as costas de Sebastian. O mordomo-mor andava com um passo apressado por um dos corredores. Lembrando-se da humilhação que passará mais cedo na presença do mordomo, sentiu o ódio lhe tomar o controle. Sem pensar gritou:

- Sebastian! Sebastian! Por favor, tenho de falar urgentemente com o senhor.

O mordomo, ouvindo aquela tão amada voz, virou-se devagar nos calcanhares e encarou Lord Pennington. Seus olhos eram frios.

- Não tenho tempo no momento para relatórios Jonas Pennington. – Disse Sebastian gelidamente.

Sem esperar respostas, o mordomo deu as costas ao Lord e continuou seu caminho. Atordoado, Lord Pennington permaneceu no mesmo local até que finalmente percebeu o que ocorrerá. Mais uma vez, aquele maldito mordomo havia lhe humilhado. Contendo o ódio, Pennington esperou até os passos do mordomo deixarem de ecoar no piso de pedra do corredor e então se dirigiu novamente para seus aposentos, pisando forte.

Após checar se não havia ninguém no quarto e trancar a porta (Jonas não dividia o quarto com sua mulher já havia dois anos), o Lord começou a socar as paredes de pedra de seu quarto.

- MALDITO SEBASTIAN! Sempre tão superior e digno. Acha que é melhor do que eu? EU?! NÃO PASSA DE UM MORDOMO COVARDE QUE SE ESCONDE POR DETRÁS DE SUA CONDIÇÃO IMORTAL! – Urrou Lord Pennington enquanto sentia a dor em sua mão a cada nova pancada.

Após o acesso de fúria, Lord Pennington olhou sua mão. A dor lhe fizera se acalmar. A mão estava vermelha e em alguns pontos entre os nós dos dedos havia sangue brotando rapidamente de pequenas feridas. Se pelo menos ele fosse como aqueles que tanto desprezava, talvez pudesse socar a parede e o próprio Sebastian sem se preocupar com ferimentos.

- Aha! Mas deixe Sebastian. Um dia eu hei de me tornar muito superior a você e então você e sua arrogante senhora terão o que merecem... Um dia...

Enquanto Lord Pennington dizia essas palavras para o quarto vazio, um negro corvo o observava pela janela de seu quarto.

 

~~~

 

Ele acordará de um salto. Sentira alguma coisa se sentar em sua cama, ao lado de suas pernas. Lord Pennington olhou assustado para as cobertas a seus pés. Não havia nada lá, havia sido somente um sonho. Olhando para a janela via que já havia amanhecido e que uma fria brisa invadia o quarto. Era estranho... Ele não se lembrava de ter aberto a janela na noite passada.

Se levantando, foi em direção a janela. A vista de seus aposentos dava diretamente para o jardim que ficava atrás da mansão. Era possível ver o filho, Dave, se balançando em um balanço de madeira feito por Sebastian em uma nodosa macieira. Fora um presente dado no 10º aniversário do garoto. Assim como tudo que vinha de Sebastian, Lord Pennington odiava o balanço, odiava a estúpida macieira que servia de sombra em muitas noites abafadas para Sebastian e Dave enquanto estes observavam estrelas, e odiava acima de tudo, o amor que o filho parecia ter pelo mordomo-mor. Já não lhe bastava o humilhar a cada noite e ainda tinha de lhe roubar o filho? Porque as coisas tinham de ser assim? O que aquele monstro tinha que ele não tinha? Porque ele era tão superior, tão mais poderoso? Porque ele tinha de viver uma vida humana patética e morrer em vez de poder gozar de uma vida longa e imortal como a maldita meretriz que era a tão linda e perfeita Catherine Halford e seu maldito cachorrinho amante Sebastian?

- Porque, por que… POR QUÊ?! – Repetiu Lord Pennington enquanto se afastava da janela a passos rápidos e mantendo o corpo de costas para o aposento.

- Por quê? Ora, as coisas são assim porque você nada faz para mudá-las. – Disse uma voz esganiçada vinda de algum lugar atrás de Lord Pennington.

Sobressaltado, Pennington se virou a tempo de ver uma das criaturas mais feias que veria até o dia de sua morte. Estava sentado em sua cama. Era pequeno, cerca de 1,40 metros. Suas pequenas e finas pernas balançavam na beirada da cama sem encostarem no chão. Seus joelhos eram ossudos e tinham diversas marcas de machucados e cicatrizes. Suas mãos repousavam sobre os joelhos, eram pequenas e sujas, terminando em longos e finos dedos com unhas tão grandes e sujas que poderiam matar tanto por hemorragia como quanto por infecção. Seus braços eram finos e longos, não se encaixando nem um pouco com a estatura baixa da criatura. Tinha um tronco magro que terminava em uma barriga estufada muito parecida com aquelas das mulheres grávidas. Seu pescoço era quase inexistente, o que fazia pensar como era possível algo tão pequeno suportar uma cabeça tão grande e deformada. A pele era enrugada e flácida. Seus olhos eram negros e esbugalhados. No rosto, trazia um sorriso tão malévolo que só de olhar, congelava o sangue, pois seus dentes eram como o de muitas feras assassinas, afiados, pontudos e amarelados. Para completar o quadro de terror, não podemos nos esquecer de seu nariz… Que não existia. Salvo alguns longos e desgrenhados fios que se poderiam contar nos dedos, era careca. Vestia um calção sujo e rasgado em várias partes e mais nada.

- Haha! Não gosta de minha aparência Milorde? Isso me deixa muito feliz, muito mesmo. – Disse a criatura enquanto abria um sorriso ainda maior, ameaçando rasgar a carne de seu rosto.

- Me chamo Baixinho Jonas. Vim tratar de negócios com o senhor a mando de meu mestre. – Disse a criatura enquanto pulava da cama e caminhava em direção a Pennington. A cada novo passo, era possível ver o pênis da criatura balançando por um dos muitos buracos de seu calção e ouvir o barulho que as unhas de seus pés faziam ao arranhar a dura pedra.

Enquanto a criatura se aproximava, sem fazer cerimônia, Pennington recuava em direção a janela sem se atrever a tirar os olhos da criatura chamada Baixinho. Era impossível não olhar. Seu cérebro parecia ter congelado de terror e repulsa pela criatura. Para seu aliviou, sentiu a mão roçar a pedra da parede.

Reparando no que seu anfitrião pretendia, Baixinho ergueu a cabeça na direção dos olhos do Lord e disse enquanto levantava a mão:

- Eu não faria isso meu amigo. Odiaria ter de tornar nosso encontro único.

Enquanto a criatura dizia suas palavras, Lord Pennington tateava a procura do umbral da janela aberta quando então parou de imediato. A mão da criatura estava se transformando diante de seus olhos! Seus dedos já longos pareciam se estica cada vez mais e se tornarem maiores. Não havia dúvida, aquilo era uma garra, uma garra muito afiada.

- Assim está melhor. Muito melhor. Agora porque não se afasta da janela, me cumprimenta e não nos tornamos bons amigos? – Disse Baixinho enquanto estendia sua mão direita para o Lord sem abaixar ou esconder a garra que tomava o lugar de sua mão direita.

Lord Pennington não se mexeu. Estava paralisado. Não conseguia tirar os olhos daquela garra e ao mesmo tempo não conseguia vê-la. Aquilo era demais para ele, não conseguia respirar de tanto medo e pavor, estava enlouquecendo. Vendo a relutância de Lord Pennington em sequer respirar, a criatura tornou a falar:

- Vamos milorde, não seja covarde. Achei que quisesse se tornar imortal e dar uma lição naquele mordomo maldito. Ou o desabafo de ontem não passou de uma mentira? – Brincou a criatura fingindo uma falsa decepção na voz sem nunca tirar o sorriso do rosto.

- O que disse? – Respondeu de supetão Lord Pennington.

- Olha só… Parece que ainda está vivo. Já estava pensando que tinha pirado de vez.

- Repita o que disse! Vamos repita! – Disse Lord Pennington mais lembrando um louco do que um Lord inglês.

Esquecendo do medo e de como era terrível a aparência, Lord Pennington correu em direção da criatura e se ajoelhou enquanto a sacudia pelos ombros. A pele da criatura não parecia nem de perto humana. Era fria e gosmenta. O fedor que exalava lembrava algo entre merda, suor, sangue e carne podre. Olhando nos olhos de Pennington, a criatura ria baixinho.

- Hihihihihihihihi… Parece que agora estamos chegando a algum lugar…


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Notas finais do capítulo

Nossa! Um capítulo novo! Milagre? Não. Ele estava escrito a algum tempo mas estive sem tempo para escrever, revisar e coisas do gênero então preferi não postá-lo enquanto não tivesse outro pronto.

Sobre o capítulo,o capítulo focou em uma coisa que ando pensando... vampiros se esquecem o quanto ter emoções machuca (coisa EMO essa, mas é verdade), e por isso só vêm a merda que fazem quando ela está na face deles. Felizmente sempre há quem sabe explorar essas brechas =D.

Resumo do capítulo sentimental: Pessoas bêbadas por estarem vazias por dentro, traição(ões) amorosa(e quem sabe vingança pessoal), um cara muito feio e fedido e exploração da inveja. Complô agora? Não, somente um emo vingativo.

Nota: Os próximos dois capítulos estão prontos, só falta revisar e arrumar possíveis erros. Creio que até sábado eu os postos.
Até eles, e obrigado aqueles que andam lendo a minha história e muito mais obrigado aqueles que andam comentando, faz bem saber que as coisas agradam em alguns pontos e que desagradam em outros, pois assim eu tento melhorar '.



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