Muse escrita por AloeGreen


Capítulo 9
Capítulo IX - A Volta da Aversão e O Sopro Denunciante


Notas iniciais do capítulo

Gente gente!
Não sei que rolo que deu que acabei postando o capítulo 10 sem ter enviado este, o 9. Espero que vocês não fiquem confuso. Quanto ao capítulo 10, que eu postei ontem, agradeço á todos pelos comentários! Bom, aqui o 9°... sério,não sei como fui fazer uma burrada dessa,rs --_--
PS: Esse capítulo acredito ser o mais importante para entender o rumo que a história irá seguir. Portanto,peço a atenção de vocês e desculpem pelo erro desgraçado da autora :v



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Muse

Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua filosofia

William Shakespeare

Capítulo IX:

Retorno da Aversão e O Sopro Denunciante

Turno: Hinata Hyuuga

Tamancos pesados tipicamente holandeses. Era Irmã Haku, com seu jeito apoquento e exagerado de acordar o pessoal do orfanato.

– É melhor você se levantar logo, Hinata.- Sinto um cutucão no ombro, logo sabendo ser Tenten; minha única e melhor amiga.- Irmã Haku está um furacão hoje. Escutei ela perambulando pelos corredores de madrugada toda foguenta.

– Certo, já vou.- Disse prontamente, estendo os cobertores até o pescoço. Fiquei um tempo sozinha no quarto onde eu, Tenten e mais treze garotas dormíamos. O dia resplendia lá fora em seus primeiros raios de sol. Era gostoso este curto instante onde, todas as meninas iam banhar-se e eu ficava uns minutos a mais descansando.

E esses minutos poderiam durar mais, se não fosse Irmã Haku adentrando o quarto com seus tamancos de madeira. Eu iria levantar da cama por esse motivo, no entanto, percebo ela parar os seus resmungos e alguém a parando. Pelo voz doce e singela, era Irmã Yuugao. Permaneci na cama, escutando elas cochicharem.

– Deixe ela dormir um pouco mais, Irmã.- Disse Yuugao.

– Mas assim ela irá se atrasar para a aula, Irmã Yuugao!- Insistia Haku.

– Imagine, Hinata deve ter passado muito tempo de sua vida com sono, sem encontrar um lugar confortável para descansar. Deixe ela aproveitar o tempo que perdeu.

– Compreendo, Irmã Yuugao.- Desistiu Haku, abaixando seu tom de voz.- Eu ainda não servia para a casa quando receberam esta jovem, mas diga-me, quem são os pais da garota?

– Não sabemos.

– Como não?- Indagou Haku.

– Ela simplesmente apareceu na nossa porta no ano passado. Sem documentos, nem nada. Apenas seu próprio nome.

– Entendo. Bem, ela é uma boa menina; apesar de ser quieta e não interagir muito com as outras colegas. Se me der licença Irmã Yuugao, preciso voltar para baixo.

– Certo, eu vou junto. Logo logo, ela acorda.- Após o barulho do trinco da porta, retiro os lençóis olhando ao redor. Passo as mãos pelos cabelos, abaixando os braços ás pernas dobradas e a abraçando. Desde aquela ordem final, sinto-me tão sensível; tão anômala. Esta não é mais a pele que habito.

[...]

– Você não pode continuar vivendo naquele orfanato, Hinata.- Protestava Neji, meu primo e amigo do qual carrego desde muitos e muitos anos. Ele tateia sua mão, tentando encontrar a minha. Neji não podia ver; era deficiente visual. Nem um resquício de visão, nada. Apenas um ouvido e olfato deveras apurado.- Mais cedo ou mais tarde irão descobrir o que você é, e logo irão me descobrir também.

– Eu não tenho para onde ir, Neji.- Pego em sua mão, a apertando sentimentalmente.

– Já te falei, venha morar comigo. Não iria ser problema.- Insiste.

– Desculpe Neji, preciso permanecer no orfanato.- Por pouco pensei em relutar, mas logo mordo minha língua.- Acho que me sinto segura com aquelas pessoas...- Me curvo naquele simples banco de praça, apreciando o céu azulado.

– Humanos são nojentos.- Rosna Neji.

– Não foram eles que fizeram isso com você.- O censuro tocando-lhe o rosto e acariciando com o polegar.- Tirar um dos sentidos mais importantes de você... Nos derrubarem de lá cima...- Novamente, volto meus olhos ao céu profundo.- Tudo isso por conta de nossa raça, Neji.

– Algum dia eu irei retornar e irei me vingar deles. Bastardos...

– Enquanto isso esperamos.

– Pelo o quê?

– Um sinal.

[...]

Turno: Sakura Haruno

Programei o despertador para soar ás 5h30min da manhã desta vez. Eu queria ficar um pouco longe das pessoas; principalmente de Naruto. Sinto repulsa de mim pelo ocorrido de ontem. O que foi aquilo? Carência? Medo? Eu prometi a mim mesma que nunca iria esquecer o Sasori, traindo ele com qualquer cara. Mas agora eu vejo; nunca, jamais irá existir um homem como o Sasori fora para mim. Nunca.

– Chegou mais cedo hoje, Sakura?- A sala ainda estava vazia quando eu me apoderei de algumas mesas, deitando sobre elas. Mas foi questão de minutos a chegada de algum professor.

– Desculpe Kakashi-sensei.- Torno a minha postura mais educada, arrumando as carteiras em seus devidos lugares. Provavelmente meu rosto está todo marcado por conta do cochilo.

– Não tem problema. Cheguei mais cedo também para escrever a solução dos problemas de matemática que eu passei como lição de casa.- Sorriu de forma gentil, mas aquela curva estava mais para sádica por que estava na cara de que ele sabia que eu não tinha feito a tarefa.

– C-Certo.- Me endireitei na carteira, abrindo o material e acrescentando as respostas dos exercícios no caderno. Alguns minutos depois, Kakashi jogou o pequeno toco de giz no lixo finalizando os exercícios. E eu também.

Depois do trabalho feito na lousa, Kakashi se acomoda em sua mesa; bebericando o café e lendo um livro do qual eu não captei o gênero. A sala estava silenciosa e o meu tédio já estava numa escala bem alta; assim numa rodada de olhares, percebo Kakashi me encarando. Mordo meus lábios discretamente, até que ele fala:

– O pessoal dessa escola não bate muito bem da cabeça.- Kakashi-sensei abaixa a revista sobre a mesa, soltando um bocejo com o copo de café na mão.- Mas você não parece louca. Diga-me, se não lhe parecer inoportuno; como veio parar aqui, Sra. Haruno?

– Acham que eu matei o meu namorado.- Pela minha resposta enunciada naturalmente e de forma rápida, talvez Kakashi tenha levado uma impressão estranha minha. Então, decidi acrescentar.- Mas eu não fiz isso. Eu o amava muito...- Logo tomei os lábios á boca, os marcando contra os dentes e deslizando minhas esqueléticas mãos pelas canelas.

– Entendo.- Kakashi ficou um bom tempo maneando a cabeça positivamente e olhando para o chão com as mãos entrelaçadas.- Que a justiça seja feita, certo?- O grisalha me lançou um olhar e sorriso deveras confiante. Esbocei o mesmo sorriso, o alcançando.

– Sim!- Exclamei toda feliz. Parece que estou arranjando novos ombros amigos do qual eu posso certamente confiar.

As aulas se iniciaram. Tivemos as três primeiras com o Kakashi, que lesionava a tão odiada matemática. Em seguida, descemos para o laboratório do Orochimaru assistir a duas aulas de Física. Permanecemos no subsolo para ir ao salão de artes. Anko que lesionava artes, uma professora muito brincalhona e sacana. Assim, o almoço já estava aí com todos correndo ansiosos á fila da cantina. Eu conversava coisas triviais com Hinata, tentando uma vez ou outra puxar algo de sua vida pessoal, mas ela não comentava nada, parecia querer desviar de assunto. Mas não é o meu motivo incomodá-la. E nesses instantes na fila para pegar comida, as grandes portas duplas do refeitório interno se abriram revelando uma loira. Loira não. Estava mais para um caramelo ou doce de leite. Mas tenho que admitir, a garota tinha estilo. Com sua jaqueta de couro marrom desgastada, trajando por baixo uma regata verde escura com algumas expressões bestas e um jeans azul escuro, a menina deixava o queixo dos garotos em volta caindo até o chão. Até parecia que o tempo parava, com uma música tocando ao fundo; What The Hell da Avril Lavigne, foi o que me veio na cabeça. Ela tinha cara de encrenca com aquela curvatura confiante demais nos lábios.

Com a badeja de comida pronta e ao meu lado Hinata, passamos por algumas mesas tentando encontrar alguma vazia. E meu ouvido conseguiu captar algumas futricas por aí: “Putz, é a Temari”; “Não acredito! Como ela voltou pra cá depois daquelas encrencas?” “Ela vai arranjar problema de novo, tenho certeza”. Conclusões certíssimas as minhas. Lembro-me quando estava na enfermaria e Naruto comentara a conversa dos novos amigos dele. Citaram essa tal Temari. Melhor não me envolver com essa garota. Problema é uma coisa que quero o mais longe de mim possível no momento.

[...]

Outlet Étapes à Roses, 18h

Turno: Sakura Haruno

Como no dia anterior, peguei o mesmo ônibus que seguia ao outlet, logo depois que saí da sala de aula. O dia tornara-se noite no momento em que cheguei no ponto que eu desejava.

O outlet estava mais agitado hoje; e descubro o por quê pela grande placa escrito: “80% de desconto em todas as lojas”.

– Então você veio mesmo.- Estava distraída quando percebo uma voz próxima a mim. Como o esperado, era a loira dos cabelos amarrados e uma cintura que toda mulher almeja ter.

– Curiosidade e necessidade, talvez.- Em meus lábios, brota um sorriso amarelo que instantaneamente se fecha. Pelo jeito em que a mulher espremia as sobrancelhas e curvava de leve a boca, concluo que ela tenha se interessado por mim. Isso nitidamente me intimidara.

– Vamos entrando.- A mulher tocara meu ombro amistosamente, me dando passagem para adentrar na loja. Havia uma outra funcionária sentada numa espécie de banco almofadado, aqueles puffs. Ela lixava as unhas despercebidamente, notando a minha presença ali só depois de um tempo.

– Ó, você deve ser a nova funcionária!- Exclamou a funcionária. Ela tinha cabelos castanhos curtinhos e repicados, igual o meu que caia uns dois dedos depois do ombro.- Qual o seu nome, hm?

– Sakura.- Respondi risonha.

– Eu sou a Matsuri e essa loira aqui do lado é a Ino, minha irmã. Mas acho que ela já foi apresentada.- Divertia-se a morena e a loira só revirava os olhos com a mão na cintura.

– Na verdade não...- Contrariei de certo envergonhada.

– Bom, chega de apresentações. Vamos ao caso, Sakura...- Ino me olhou seriamente nesse instante, os revirando em direção á Matsuri que pareceu entender um recado. As portas foram fechadas e a loira, junto da morena, me empurravam para o armazém da loja. Lá existia uma salinha de refeição cheia de puffs coloridos, do qual me confortei adequadamente.- Você sabe que viu demais.- Ino sentou-se frente á mim e Matsuri preparava um café atrás da loira. Obviamente tive um grande medo de adentrar este outlet novamente e pisar na loja, só que talvez minha curiosidade tenha mascarado um pouco a minha covardia. No entanto, essa frase repentina dela me assustou um pouco.

– Deve estar sendo tudo muito estranho, sim?- Matsuri entrou no círculo da conversa, trazendo consigo xícaras de café.

– Com certeza...- Respondi num manear de cabeça, mastigando meus beiços um pouco apreensiva.

– Foi a primeira vez que você viu algo do tipo?- Ino perguntou.

– Sim...

– Bom, Sakura... Aquilo era uma Ziz.- Franzi o cenho, estreitando os olhos curiosa.- Uma ave monstruosa que não deveria estar aqui. E nós, eu e Matsuri, caçamos essas criaturas e as aniquilamos.

– Espera, criaturas? Com “s”? Existem mais dessas por aí?!- Perguntei espantada.

– Sim, tanto outras Ziz quanto outras criaturas.

– Que outras criaturas?

– Lobisomens, vampiros, leviatãs, basiliscos...- A censurei, levantando-me bruscamente.

– O que?! Vocês são loucas?! Isso tudo é apenas conto de fadas. Não existe!- Estava tudo embaralhado antes com a aparição daquela maldita galinha, agora, sabendo que existem monstros do qual eu sempre ouvia falar na infância, minha cabeça está perdida de vez.

– Então o que foi que você viu, Sakura?- Ino levantou-se repentinamente também, se aproximando de forma brusca do meu corpo. Agora, seus olhos eram semelhantes da criatura monstruosa do outro dia. Me amedrontavam completamente.

– Nada...- Respondi, virando o rosto, orgulhosa.

– Não se preocupe, Sakura.- Matsuri pousou cuidadosamente a xícara de café na mesinha de centro, intervindo eu e Ino. A morena era uma pessoa mais doce.- Eu sei que é difícil no começo. Na verdade, faço a mínima ideia do que você está passando pois...- Ino tampou rapidamente a boca da companheira.

– Vocês estão me escondendo algo?- Cruzei os braços desconfiada.

– Não.- A loira respondeu de prontidão, o que só me desconfiara mais ainda.

– Olha, eu não poderei trabalhar ao lado de pessoas que me escondem segredos.- Ingressei os dedos em meus cabelos, arrumando-os impaciente. Já estava saindo do armazém, pensando mesmo em nunca mais voltar, quando Ino volta a me chamar.

– Sakura, fique.- Ino abaixou a mão que tampava a boca de Matsuri, rondando os olhos por aquele mini refeitório.- Não podemos deixar você ir sabendo de tudo isso. Sente-se.- Um suspiro saiu da boca da loira e novamente, todas nós estávamos sentadas.

– Conte.- Matsuri murmurou para Ino, dando um belisco no braço dela.

– O grupo de caçadores do qual nós pertencemos é bem rígido. Eles não tem dó dos que não são iguais a eles, se é que você me entende.- Iniciou, Ino.- Mas existem alguns seres especiais entre os caçadores. Que estão no grupo, disfarçados, para conseguir algo. Algo muito importante.

– E se algum caçador não-especial ficar sabendo deste caçador especial, logo é comunicado ao superior dos caçadores. E então, esse integrante especial...

– Morre.- Completou Matsuri, com seus olhos baixos ao café.

– O que vocês são?- Respirei fundo, prendendo os lábios entre o sopro.

– Feiticeiras.- A resposta fora em uníssono, o que só intensificara minha surpresa. Surpresa em dobro.

– E por que vocês são caçadoras? Vampiros, lobisomens e etc, não são como vocês?- Continuei na discussão, tentando amenizar o abalo.

– Nós procuramos uma pessoa e iremos passar por cima de tudo para encontrá-la.- Respondeu Ino determinada.

– Nosso irmão que se perdeu. Eu, Ino e Konohamaru, nosso irmão, estávamos nos mudando. Somos da Carolina do Norte. Paramos em uma cidadezinha pequena aqui por perto do Maine mesmo, quando nos demos conta de que ele havia sumido. Ele é como a gente.- A voz de Matsuri estava chorosa. Parecia se remoer, recordando-se do irmão.

– Então entramos no grupo de caçadores em busca dele.- Ino finalizou as explicações com um fungar de nariz, levantando do puff com sua xícara de café nas mãos. Ela colocou a xícara na pia, recostando-se na mesma.

– Sinto muito.

– Ele vai aparecer alguma hora.- Sorria confiante Matsuri. Eu gostava de sua confiança afetiva.- Ou nós acabaremos por encontrar ele. Sabe, sempre foi um menino cheio de coragem, força e muito doce.- Por um momento, a imagem de Naruto passou pela minha cabeça; por causa das características semelhantes. Sorri discretamente pensando nele. Estava com saudades.

– Bom Sakura...- Ino entrou na conversa novamente, voltando ao seu timbre sério.- Tudo o que foi dito aqui, será esquecido, certo? Não podemos deixar que isso lhe escape os lábios. É a nossa vida em risco.

– Vocês tem minha confiança.- Firmei a cabeça.

– Acho que é melhor reabrirmos a loja, sim?- Matsuri pulou do sofá como uma criança feliz.

As portas foram reabertas e num piscar de olhos, a loja já estava cheia de clientes. Parecia que ela era uma das mais famosas pelo Outlet. Mesmo para mim parecendo muito igual as outras que eu vi pelos corredores. Será que existe um pouco de mágica nisso tudo?

Pouco para as 20h da noite, o clima na loja já estava um pouco mais manso. Sentei-me num banco ao pé da porta, cruzando os pés e esperando novos clientes. A televisão estava ligada, então meu divertimento e descanso era o noticiário noturno.

O número de desaparecidos em Sanford, Maine subiu neste último final de semana. Há indícios de que esta onda de desaparecimentos esteja se arrastando por todo o país; tendo alguns casos na mesma semana em Westbrook e Bridgton.– O telejornal se encerra, me deixando com a dúvida na cabeça de que as meninas tenham algo a ver com isso. Elas estavam quietas em seus lugares. Ino lendo algumas revistas de moda e Matsuri brincando com alguns fios de cabelos. Talvez esses desaparecimentos sejam por conta das outras criaturas ou existe algo a mais nesta história.

* * *

I won't question why so many have died

My prayers have made it through yeah

Avenged Sevenfold – Trecho de Gunslinger


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