Desligamento escrita por Lena Rico, Ana Valentina


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Boa noite queridos leitores!
Obrigada por todo o carinho que vocês têm nos dado, esperamos que continuem gostando de Desligamento e postando seus reviews.
Lembrando que caso não resistam em esperar até segunda para ler o capítulo 9 podem entrar no nosso blog que já postamos lá:
http://lenaeanapouch.wordpress.com
Beiijinhos da
♥ Lena Rico e Ana Valentina ♥



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Fomos andando no meio daquele cenário maravilhoso até chegarmos à beira de um rio com águas cristalinas, pude ver as pedras pontudas e os peixinhos nadando de um lado para o outro.

 Paramos e Ál me virou para que eu ficasse de frente para ele e de costas para o rio. Seus olhos queimaram os meus novamente e tive a impressão que aqueles olhos guardavam um segredo profundo, o qual nunca havia percebido antes, eles continham também uma insistente ponta de dor, meu coração disparou novamente e deixou um rastro de dor em meu interior.

Odiaria ver aquele rosto perfeito sofrendo, odiava o fato de não saber de nada que estava acontecendo e de me sentir tão frágil e incompetente.

Ele apoiou suas mãos em meus ombros e tive a sensação de que ia me puxar para seus braços novamente e meu corpo congelou, mas antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa ou fazer algo, Ál estava me jogando no rio.

Aquela água gelada atravessou minha pele como milhares de agulhas e uma dor estridente penetrou minha pele. Uma correnteza se formou e foi me levando cada vez para mais longe de Álvaro, enquanto ele apenas assistia a cena, e por um momento o odiei, como meu antigo amigo poderia me provocar tamanha dor?

A correnteza continuava me levando e logo me vi caindo em um abismo, uma queda livre que me deixou com a sensação de perder todo o meu estômago em algum lugar daquela água. Escutei um estalo alto, e imaginei que meu corpo havia sido arremessado contra uma pedra enorme e já me preparava para sentir a dor cruciante. Mas ao invés disso apenas abri os olhos.

Havia várias pessoas ao meu redor, gritando, falando alto, mas tudo era inteligível para mim, tudo parecia um borrão de cores e sons. Minha cabeça latejava, minha pele estava grudenta com camadas e camadas de suor. Alguém se aproximou e tocou minha testa, pude sentir dedos me apertando em todos os pontos vitais e logo pude escutar.

- Ela está bem, deve ter apenas desmaiado.

De uma hora para a outra não estava mais no chão, estava me movendo vagarosamente e então pude sentir que alguém me segurava fortemente. Ouvia passos ao longe, vozes que nunca cessavam enquanto meus olhos ficavam pesados, tão pesados que se tornou impossível mantê-los abertos.

Acordei em minha cama, uma luz forte entrava pelas janelas me fazendo pular e verificar o relógio, eram 11h45, e eu não fazia ideia de quanto tempo havia dormido. Alguém bateu em minha porta, antes de abri-la e entrar.

Um homem alto, forte, com cabelos grisalhos em um corte bem baixinho, olhos de um tom castanho mel entrou pela porta e me encarou.

Era meu pai, pude ver como seus olhos ficaram aliviados ao ver-me em pé, parecendo uma menina normal.

 - Julie, você está bem? – sua preocupação não fora amenizada.

- Pai... pai o que você está fazendo aqui? – estava muito confusa para apenas responder categoricamente.

Ainda me lembro do dia que ele se fora, eu tinha me escondido embaixo da escada e pude assistir toda a briga entre meus pais, minha mãe gritava muito, despejava um monte de acusações em cima dele, muitas delas inteligíveis para mim, meu pai não se defendia, apenas abaixou a cabeça e escutou, ele parecia muito cansado, com olheiras enormes embaixo dos olhos, sim, ele parecia culpado, mas muito arrependido.

Minha mãe pegou uma mala, a mesma que usamos na nossa última viagem de verão, e a jogou em cima dele o mandando ir embora, ela já estava cansada e não queria aguentar mais aquela situação.

E foi isso que meu pai fez, só mais tarde fiquei sabendo que ele havia conhecido uma mulher mais nova e a traído. Acho que nunca consegui perdoá-lo por isso, como pode fazer isso com nós? Minha mãe o amava tanto e ele era como um símbolo de perfeição para mim.

- Julie, eu fiquei preocupado, você não pode me culpar por isso. Você desmaiou na escola e ficou vários minutos assim, te levamos no médico e ele apenas disse que foi uma crise nervosa e receitou que você tivesse uma longa noite de sono. – ele não pode conter o riso.

- Acho que tive mais do que uma noite de sono pai – disse, bocejando logo em seguida.

Aparentemente não tinha nada de errado comigo, era apenas uma crise nervosa, não fazia muito tempo desde que meu pai fora embora e ainda não havíamos conversando muito sobre a situação, então o médico ligou essa crise familiar ao meu desmaio.

Depois de algumas horas meu pai foi embora, me deixando sozinha em casa, já que minha mãe ainda estava no trabalho.

Ainda não conseguia entender o que tinha acontecido ontem e por isso resolvi ligar para a Laura, precisava falar com alguém e como a conhecia bem tive certeza que era a única que não conseguiria arrancar todas as minhas verdades ocultas.

Por azar ela estava na aula de maquiagem que tinha começado na semana passada e então eu a convidei para sair comigo de noitinha.

Laura passou em casa por volta das 19h, fomos caminhando para a praça que tinha no centro da cidade. Era um lugar bem grande e ficava ao lado da catedral, um ótimo lugar para conversarmos.

- Laura, o que aconteceu comigo ontem? – precisava saber o que estava circulando na escola sobre a minha possível crise nervosa.

- Você não sabe? – ela me olhava com as sobrancelhas levemente levantadas com descrença.

- Bom, num momento eu estava sentada ao lado de um garoto e no outro jogada no chão com várias pessoas falando e falando.

- Você desmaiou fofa, estão dizendo na escola que você estava sentada sozinha na escada e depois se jogou no chão inconsciente, ficou assim por uns 4 minutos e depois começou a gritar e a se mexer muito, disseram até que você teve convulsão, mas acho que a coisa é bem mais esquisita néh? para você achar que estava com alguém lá embaixo – ela não escondeu um sorrisinho irônico nos lábios.

- Mas eu estava com Ál – eu precisava me defender

- Aff.. Quem é Ál? E desde quando você tem amizades com os meninos? – ela fazia de tudo para que eu me sentisse bizarra

- Ál é meu amigo, nos conhecemos na infância, eu não desmaiei, ele me levou para um lugar muito bonito, mas acabou me jogando no rio, achei até que ia morrer, fiquei com tanto medo de perdê-lo novamente – uma lágrima ameaçou escorrer em meu rosto.

- Garota, você não escutou o que eu disse? Você desmaiou, não foi para lugar algum – disse Laura começando a ficar nervosa.


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