Desligamento escrita por Lena Rico, Ana Valentina


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oiie queridas(os) leitoras(es) venho aqui avisá-las que a partir deste capítulo, Desligamento, terá a honra da participação da autora Ana Valentina, espero que gostem de nossa "sociedade".
Sejam bem-vindas(os) de volta :)



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Nos primeiros dias achei que seria diferente, eu teria um novo começo, mas as coisas não mudam se você não mudar e eu não mudei. Além disso, as crianças da escola pública eram um pouco brutas demais comparadas a minha antiga escola particular... No Alfonse os alunos eram finos, ninguém corria pelo pátio no recreio, todos se comportavam adequadamente, até mesmo os mais jovens, infelizmente não me adaptei nem mesmo lá, como poderia me adaptar aqui? O Prata, meu novo colégio, era mesmo um ambiente decadente.

Ao menos havia algo bom em mudar de colégio em pleno meio do ciclo letivo: materiais novos. Comprei tudo que tinha direito, cadernos de arame e capa dura com os personagens da Disney, canetas coloridas, caixa com 48 lápis de cor e para completar, uma caixa com 12 lápis metálicos. Isso não era todo o material, óbvio, mas, era o mais importante. Por incrível que pareça, meus novos materiais me trouxeram muitas dádivas e intrigas... Meus novos colegas mal possuíam uma caixa de 12 lápis normais e utilizavam caderno brochurão...

No instante que entrei desacompanhada na sala e tirei os materiais de minha bolsa, passei a ser acusada de "riquinha". Cheguei a pensar que teria muitos amigos, já que eu era tipo a rainha das patricinhas em questão de "bens escolares" e acredite, naquela época bens escolares contavam e muito. No entanto, todos me rodearam até que todos os meus lápis acabaram... O que não demorou muito. Como não tinha como reabastecer meu estoque de lápis metálico, que na época só se vendiam em grandes lojas, algo que não existe em Jales, logo fui derrubada do cargo de rainha para serva. E Cris, a nova rainha, realmente sujava a imagem do cargo.

No início ela apenas gritava e humilhava os alunos que se intrometiam nos assuntos dela, mas com o tempo as coisas foram piorando. Ela começou a brigar na fila do lanche, bater nos alunos mais novos apenas por prazer e sentar atrás de mim durante as aulas para cortar minhas roupas com uma tesoura... Professora? Por que eu deveria pedir ajuda a ela? Os professores também tinham medo dela, não exatamente dela, mas dos pais que já eram formados na escola do crime. Sim, em todos os colégios as rainhas eram escolhidas pelas boas ações, mas Cris subiu no cargo da única forma que sabia: espalhando terror.

Estava sendo horrível ir ao colégio, ainda mais quando se tem 10 anos e a vida começa a deixar de ser colorida, já que eu era como um rato com que Cris gostava de torturar dolorosamente antes de matar. Algo precisava ser feito.

Não sendo mais a rainha e não tendo mais nada significativo a oferecer, voltei ao meu antigo habito de ler durante o recreio... Sempre fui atraída por livros e antes mesmo de aprender a ler pedia que meus pais lessem para mim. Então a verdade é que leitura sempre foi meu vício e daí o motivo da falta de amigos, já que era um tanto difícil encontrar uma amiga para discutir os inúmeros livros lidos, ainda mais no Prata.

Os anos ali se passaram, novos alunos chegaram depois de mim e fui me tornando esquecida... Não que fosse de todo ruim, já tinha me acostumado com isso e até que era bom, ao menos a nova rainha, Laura, não se importava comigo e ninguém me incomodava desde que eu permanecesse invisível e muda o tempo todo, incluindo não reclamar quando trombavam em mim... Meu momento de vingança interior era quando precisavam de mim para estudar os conteúdos das provas... Até me dar conta que aquilo não era uma vingança e sim uma espécie de trabalho escravo semiconsciente.

Apesar de todos os anos no Prata sendo um inseto perto de ser esmagado o tempo todo nunca reclamei pros meus pais e até aprendi a me acostumar com a situação, mas quando você aguenta uma situação por tanto tempo você se cansa dela, e algumas coisas ficam tão insuportáveis que você não vê outra saída a não ser chutar o “balde”, e foi isso que eu fiz.

Após o término das férias de verão, quando eu estava prestes a começar o 1º ano do ensino médio bati o pé e pedi pra ser transferida de escola, no começo meus pais não aceitaram e alegaram que eu já estava tão acostumada com a minha atual escola e bem mais enturmada do que jamais tinha sido em São Paulo que seria um erro muito grande mudar essa situação para algo desconhecido novamente, foi ai que usei todo o meu dom de persuasão, que aprimorei nas minhas aulas de meditação com a professora Mônica, e deixei que eles tomassem conhecimento do tipo de escola que tinham me matriculado.

Contei de todas as agressões que os alunos submetiam seus colegas, de todas as vezes que fui maltratada e jogada de lado, contei que nunca houve criança boazinha e que a partir do momento que cresciam e tomavam conhecimento da realidade, começavam a ser piores do que o normal, como se isso fosse possível.

Contei em como os meninos se reuniam em um canto do pátio da escola para fumarem, beberem bebidas ilícitas e falarem besteiras para as meninas.

Agora que já estava com quatorze anos não queria mais me submeter a essa situação, apesar da grande mudança que comecei a perceber na escola algumas coisas continuavam as mesmas, ou melhor, ficou pior já que agora os ataques dos alunos ficaram mais intensos.

Citei também que havia uma escola na cidade em que os alunos pareciam decentes e dispostos a estudarem de verdade, havia um tempo em que eu escutava falar dela, já que os alunos do Prata tinham uns atritos com os alunos do Euphly, o que servia de prova que a outra escola era muito boa a ponto de ser invejada e criticada pelos meus colegas delinquentes.

Acho que meus argumentos foram muito fortes já que no dia seguinte meus pais se juntaram e foram tratar da minha transferência, e graças as minhas preces, deu tudo certo.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado... e se sim, deixem reviews e leiam o próximo capítulo :)
se não, estamos abertas a sugestões.
Obrigada por lerem
Beijinhos de
♥ Lena Rico e Ana Valentina ♥



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