Desligamento escrita por Lena Rico, Ana Valentina


Capítulo 32
Capítulo 31




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— Jú, eu sei que deveria ter contado isso há tempos, mas não quis que você pensasse coisas erradas de mim, é doloroso para eu admitir isso, mas lá vou… Eu sei que também errei e fiquei enraivecida por você não ter contado que é irmã de Laura, acabei descobrindo por outras pessoas e não por você, mas sabe, eu fiquei com tanta raiva porque também sou irmã dela… – nesse ponto ela começou a chorar compulsivamente.

— Jaqueline, o que você está me dizendo? – se ela era irmã de Laura e eu também, então o que seríamos?

— Eu sinto tanto, não tenho nenhum orgulho por ser irmã dela, sabe, somos irmãs por parte de pai, mas agora que você descobriu que ela é filha do seu pai então ela deixa de ser minha irmã né? – disse, com um tom esperançoso.

— Então o Robert é seu pai? Mas como isso é possível? Ele é casado com a mãe de Laura desde que ela estava grávida de Laura e você é mais nova do que ela, não consigo entender… Por favor! Jac me diga que você está brincando comigo… – minha cabecinha não suportaria mais bagunças e isso era uma enorme.

— Eu adoraria dizer que estou brincando, mas não estou. Eu juro Julie, mas vou te contar toda a história. Por favor, apenas me dê um tempinho – disse, tentando enxugar as lágrimas.

Minha vida estava de cabeça para baixo e aos pouquinhos eu estava tentando ajeitar tudo… Já estava mais tranquila em relação ao casamento dos meus pais, sabia que eles nunca mais iriam voltar. Já havia perdoado meu pai, tentava conciliar o namoro dele com a mãe de Laura, que era minha irmã agora… Álvaro estava de volta. Também tinha os problemas de Danita, enfim, tudo parecia bagunçado, mas descobrir que minha melhor amiga também era irmã de Laura era quase insuportável, até porque Laura nunca me disse nada em relação a isso. Na verdade o comportamento dela em relação à Jaqueline era bem estranho, ambas mal se olhavam e só conversavam o necessário.

Jac fazia de tudo para ficar longe dela e até ficara chateada comigo por eu ter começado a andar tanto com ela. Agora eu podia sentir um pouquinho do que Jac sentia, descobri recentemente que Laura era minha irmã e ela logo me chamou para iniciar em seu círculo de víboras riquinhas.

— Jú??? – meus pensamentos foram interrompidos pela voz calma de Jac, que já não chorava.

— Você já está pronta?

— Sim – disse-me Jac – Minha mãe trabalhava no escritório de Robert… Ela era uma secretária muito bonita, com cabelos castanhos, pele branca, olhos azuis profundos, corpo atlético e tinha uma conduta maravilhosa. Mamãe trabalhava no escritório para poder pagar a faculdade dela, ela cursava psicologia. Certa vez Robert convidou-a para um jantar, ele parecia perturbado com algum problema familiar e como mamãe era uma excelente ouvinte e por ser aluna de psicologia era a pessoa certa para escutá-lo…

Nesta época ela ainda morava com os pais, meus avós. Mamãe conta que Robert era um homem muito culto, educado e inteligente. Na época ele estava recém-casado com Margareth, mas como tinha sido uma cerimônia simples e familiar, poucos sabiam do fato… Ah! E sem contar que ele também não usava aliança durante o trabalho, então, não teria como minha mãe saber que ele era um homem casado.

Durante o jantar eles acabaram bebendo um pouco além da conta e acho que o resto você já pode imaginar né? Quando mamãe voltou ao trabalho, encontrou Margareth lá e descobriu sobre o casamento deles.

Julie você nem imagina como ela sofreu por isso. Não quero que você pense que minha mãe é qualquer uma! Ela é decente, apenas estava maravilhada com ele. Depois disso, ela passou a ignorá-lo, como ela era aspirante à psicóloga não demorou muito até poder controlar seus sentimentos em relação ao Robert.

Ele nunca mais procurou minha mãe, fingiu que nada aconteceu. Minha mãe não podia abandonar o emprego, por isso continuou lá, mas depois de três meses trabalhando começou a desconfiar de estar grávida, mas somente teve certeza quando foi ao médico. Foi uma época muito difícil para ela.

Mamãe tinha medo de contar para os pais, eles nunca aceitariam isso… Mas também não poderia esconder a gravidez para sempre e me dar embora não era uma opção. O pior é que nem precisou tomar nenhuma decisão, porque logo minha avó percebeu a barriguinha dela e mamãe não teve outra opção além de contar tudo.

Meus avós não aceitaram, não queriam criar uma filha mãe solteira, o que o resto da família e vizinhança iria pensar? Eles não tiveram outra opção além de expulsar minha mãe de casa. Eles não suportavam a desconfiança de ter criado uma filha perdida.

Minha mãe se viu sozinha, sem lugar para onde ir. A única coisa que ela pensou e fez foi ir atrás de Robert contar toda a história e pedir por ajuda, afinal, ele era o pai da criança.

Ao contrário, Robert não queria que nada afetasse o casamento dele, ele amava Margareth e tinha acabado de ter uma filha com ela. A única coisa que ofereceu foi uma pensão para ela se manter e ter a criança, minha mãe conta que ele não queria mais vê-la e nem saber da criança, afinal, seria uma afronta para sua esposa.

Minha mãe usou o dinheiro dele para alugar um quarto em uma pensão e precisou sair da faculdade, pois o dinheiro do emprego seria necessário para as despesas domésticas.

Ela continuou trabalhando no escritório de advocacia ainda por muito tempo… Quando eu nasci, precisei de uma babá, pois ela continuou a trabalhar…

Com o tempo meus avôs deram uma chance para nós, nos aproximamos novamente e voltamos a ter o apoio da família. Minha mãe dedicou a vida a mim, ela também arrumou outro trabalho melhor: tornou-se funcionária pública.

Passou a ganhar mais, o bastante para cobrir nossas despesas e nos dar um pouco mais de sossego.  Ela nunca escondeu a verdade do meu pai para mim, cresci sabendo que ele não me amava e não buscava nenhuma relação comigo. Entretanto, quando eu tinha doze anos, Margareth descobriu a verdade.

Ela percebeu o dinheiro que sumia todo mês do salário de Robert, o dinheiro que era destinado à minha pensão. Logo ela nos procurou e fez um barraco com minha mãe, é claro, você pode pensar que ela é rica e comportada para tal, mas eu era fruto de uma traição do marido, então, talvez ela tivesse o direito para tal.

Robert precisou intrometer no assunto, bom, agora eu entendo tudo, já que Laura não era filha dele, mas ele cuidava dela. Acredito que Margareth tenha dado uma chance para mim também.

Robert passou a se preocupar comigo, bom, acho que a Margo cobrou isso dele. Por mais incrível que pareça, Laura nunca me aceitou… Ela vivia para me humilhar publicamente, ofendendo a mim e a minha mãe. Era horrível passar por tudo aquilo. Meu pai passou a me visitar uma vez por mês, ao qual conversávamos sobre a escola, sobre meu futuro e coisas assim, percebi com o tempo que ele era um cara legal e ele com o tempo me reconheceu como filha.

Já Laura me atormentava o tempo todo, com o tempo ela percebeu que não deveria contar para ninguém que era minha irmã, afinal, era vergonhoso para ela que as pessoas soubessem que seu pai traíra sua mãe. No entanto ela sempre encontrava algum motivo para me infernizar.

Meu pai queria me colocar na mesma escola particular dela, mas eu não queria entrar em um lugar onde eu não me sentia bem. Por isso minha mãe recusou a proposta. Como Robert queria arrumar um jeito para que eu e Laura convivêssemos mais, assim que iniciou outro ano letivo, matriculou Laura na mesma escola que eu.

Como você pode imaginar ela me odiou ainda mais por separá-la das amiguinhas riquinhas dela… Mas o que Robert não sabia era que eu havia pedido para mamãe dizer a ele que iria me matricular no Prata.

Meu pai estava sempre ocupado com os serviço e como Laura preferia ficar no Prata à me ver todos os dias, demorou muito até ele descobrir que eu não estava matriculada na mesmo escola que ela. Assim que ele descobriu a matriculou no Euphly, para estudar junto comigo.

Então prometi para mim mesma nunca mais olhar para a cara dela, também não queria que ninguém soubesse do nosso grau de parentesco… E é isso Julie, por isso que eu não gosto dela. Eu a conheço muito bem, conheço aquele orgulho idiota que ela tem. Todo aquele veneno e é por isso que eu queria você longe dela, pois conheço você, sei que você é uma pessoa boa. Desculpe-me. Eu deveria ter contato isso antes.

— Eu sinto muito Jac. Por tudo, me desculpe por não te escutar, por achar que poderia ser amiga dela… – disse abraçando-a.

Era tão bom ter uma amiga como Jac, uma que me entendia perfeitamente.

— Tudo bem Julie, agora é tudo passado, as coisas andam bem melhores agora. Mas prometa que não vai deixar Laura te humilhar.

— Prometo – disse abraçando novamente a minha melhor amiga.


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