Desligamento escrita por Lena Rico, Ana Valentina


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Boom dia queridos leitores!!!

Deixem seus reviews falando o que acharam do capítulo, isso é muito importantes para nós.

Beiijinhos



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Todos se amontoaram em volta de mim. Laura dava tapinhas leves em meu rosto tentando me reanimar. Flavinha e sua irmã Elizabeth, a quem todos chamavam de Lisa, estavam dando gritinhos apavorados questionando se eu estaria bem. Eunice, mãe das meninas estava ajoelhada próximo ao meu corpo, abanando-me com um lencinho de seda branco. Seu marido, Humberto, com as sobrancelhas arqueadas discava algum número no celular...  Provavelmente de algum médico ou hospital. 

Eu estava de frente a um espelho num quarto escuro um tanto quanto familiar - eu sabia que já havia estado ali. O espelho me mostrava tudo o que estava acontecendo ao redor de meu corpo e por isso pude ver o desespero de todos enquanto eu estava desmaiada. 

As visões se desfizeram e o espelho aparentemente voltou ao normal, refletindo minha imagem. Vi uma aranha caminhar pela manga princesa do meu vestido preto rendado com parte inferior rodada, um palmo acima do joelho. Afugentei-a com a costa da mão direita, que assim como a esquerda, estava com luva preta de renda. Ajeitei o enorme laço branco na cintura, na parte da frente. Respirei fundo me observando. Meus cabelos ondulados estavam soltos e eu usava uma meia calça preta, com ankle bot da mesma cor. Passei a alabarda que estava na mão esquerda para a mão direita e inspirei confiante. Eu já sabia o que devia fazer. 

Atravessei o espelho, assim como se fosse uma porta, que deu passagem para um imenso salão de arquitetura gótica, com pisos quadriculados branco e preto. Ergui o olhar e avistei sentado, em algo que me pareceu ser algum tipo de trono, alguém quem a princípio não pude identificar devido a capa negra com capuz que escondia sua face. 

Estiquei minha mão em sua direção, num sinal de paz e então ela retirou o capuz, mostrando seu rosto - não tive dúvidas, era Laura, porém seu olhar estava diferente do habitual, estava muito sério. Ela se levantou, mirando sua arma em minha direção e atirou. 

Desviei do tiro num salto muito ágil e empunhei a alabarda em posição de ataque, porém com a intenção de me defender, não consegui compreender a atitude de Laura. Eu poderia salvá-la da desgraça onde havia se metido, mas mesmo assim ela continuava levantando sua arma para mim.

— Nora, você sabe que ainda há tempo de voltar atrás! Você não precisa me obrigar a isso... Não precisamos de Águines, podemos sobreviver sem ele, da mesma maneira que sobrevivemos todos esses anos... – tentei chama-la de Laura, mas não, este não foi o nome que saiu de minha boca.

— Sage, minha querida. Não há nada que você possa fazer para me impedir de chegar até ele. Você sabe assim como todos que somente Águines sabe como podemos sair desta prisão. Você sabe que ele só permitiu uma de nós sair, a que sobreviver. E não pense que eu irei parar pelo que um dia você foi para mim...  – ela disse com um sorriso maléfico nos lábios, exalando uma áurea completamente sombria, definitivamente esta não era a garota que um dia conheci, ela havia mudado e para pior.

Antes que eu pudesse planejar uma estratégia, Nora estava atacando novamente, seus ataques estavam mais intensos, mesmo esquivando-me rapidamente, um de seus golpes atingira meu abdômen, fazendo-me curvar ofegante enquanto ela caminhava lentamente em minha direção, planejando um golpe final...

Acordei em um quarto muito luxuoso, Laura estava muito próxima de mim, segurando minha mão. Olhei assustada para ela, ela não parecia em hipótese alguma estar tentando me matar, tudo não deveria ter passado de um sonho ruim.

Sentado num sofá em frente a cama em que eu estava, estava Álvaro... Olhei firmemente para ele questionando-me se Laura poderia vê-lo também.

— Vou avisar a todos que Julie acordou. Ramon, cuide dela.

— Sim, pode deixar Laurinha.

Fiquei olhando curiosa, então Laura podia realmente vê-lo, mas por que ela havia chamado Álvaro de Ramon? E que intimidade era aquela dele para com ela? Laurinha? Por quanto tempo eu havia dormido?

Ramon, ou quem sabe Ál, ficou sentado me observando com seus olhos verdes que pareciam ler minha mente confusa. Ele podia ter dito algo, mas não disse nada, ficou ali apoiando os cotovelos nos joelhos e segurando o queixo com as mãos. Logo Laura retornou com sua tia Eunice e com suas primas.

— Que bom que você acordou a tempo Julie. Você já se sente melhor? Caso você não queira descer para a festa poderá ficar aqui descansando... – disse Eunice.

— Não, já está tudo bem. Me sinto bem melhor agora, só foi uma tontura, nada demais.

— Hum... Não foi o que o médico nos disse mocinha. – disse Laura, com um olhar reprovador – Ele disse que você pode estar com dengue... O que eu não duvido nada. Você sabe como os bairros mais pobres estão infestados por aqueles mosquitos! – ela concluiu com uma carinha de nojo.

Pensei em discutir com ela, dizer que rico ou pobre poderia adquirir dengue, mas achei melhor ficar quieta. Além do mais, se eu descesse para a festa poderia ter chance de falar com o tal garoto e descobrir se ele possuía alguma conexão com Álvaro.

— Laura, acho que se Julie já está se sentindo melhor, ela pode descer para participar da festa hoje... Aliás ela pode descansar mais amanhã, já a festa, é só hoje. – disse Eunice lançando um sorriso cumplice em minha direção, acompanhado de uma piscadela.

As primas de Laura estavam cochichando uma com a outra, enquanto arrumavam detalhes de seus vestidos. Sentei-me na cama e chacoalhei os pés na tentativa de coloca-los nos chinelos.

— Podem descer, só vou arrumar meu cabelo e desço logo atrás. – eu disse tentando espantá-los dali, todos aquelas pessoas em volta de mim, questionando se eu me sentia melhor estavam fazendo sentir-me doente de verdade.

Todos deixaram o quarto, inclusive o garoto misterioso... Arrumei meu cabelo em uma trança lateral de modo a deixar-me com uma aparência mais elegante, retoquei o batom em frente a penteadeira para dar uma cor mais saudável aos meus lábios, que estavam um pouco roxeados pelo mal estar recente.

Eunice fazia um discurso sobre sua linda filha que agora estava completando quinze anos. Falava sobre seus dotes, sobre suas qualidades, relembrava sua infância e dizia como sua garotinha havia crescido rápido.

Respirei fundo e desci pelas escadas que serpenteavam até o salão logo abaixo. Observei que as pessoas desviaram o olhar de Eunice para mim e como ela prosseguia discursando logo retornaram o olhar para ela. Atravessei por entre as mesas, um pouco envergonhada, não era acostumada a atrair toda a atenção, caminhei até encontrar a mesa onde Laura e Lisa estavam me olhando como se eu fosse uma idiota. Sentei-me ao lado delas e forcei um sorriso. Pensei em perguntar se eu havia feito algo de errado, mas o que se seguiu me deu a resposta.

Flavinha num vestido deslumbrante, dourado, com uma calda enorme que arrastava pelos chãos, descia adoravelmente pela mesma escada que eu havia descido. As luzes agora estavam apagadas e um fecho de luz perseguia a garota enquanto ela caminhava em direção a sua mãe, que já havia concluído o discurso. Enquanto mãe e filha se abraçavam, Laura se virou para mim e falou:

— Você devia ter descido pelo elevador... Que mico, hein?! – ela zombou dando risadinhas.

Fiquei envergonhada novamente e comecei a tamborilar os dedos na mesa enquanto Flavinha discursava sobre as venturas que tinha a oferecer a sociedade. Sobre qual faculdade pretendia seguir e como adorava alimentar os pássaros na Praça da Matriz... Talvez ela tenha exagerado um pouco na parte dos pássaros.

Assim que ela concluiu, garçons apareceram de todos os lados servido drinks exóticos, enquanto o garoto misterioso caminhava em direção a Flavinha, curvando-se, beijando sua mão e tirando-a para valsar. Uma sensação estranha consumiu meu corpo enquanto eles valsavam tão próximos um do outro... Estava sendo consumida pelo ciúme que eu nem mesmo sabia se tinha ou não o direito de sentir. Aliás, o garoto misterioso era Álvaro ou não? E se ele fosse, por quê estaria fazendo aquilo comigo? Primeiro Laura, agora Flavinha? Só podia ser brincadeira... Talvez eu tivesse sonhando novamente... Belisquei meu braço com toda força por debaixo da mesa sentindo uma dor horrível e ficando com a pele avermelhada - com certeza aquilo não era um sonho.

Quando eles acabaram a interminável dança, todos aplaudiram e eu também, porém com notável má vontade. Eles sentaram juntos em uma mesa e começaram a saborear os pratos entre uma conversa e outra, que eu não podia ouvir, mas que tirava largos sorrisos dos lábios de Flavia.

Lisa e Laura também conversavam animadamente, porém eu estava completamente alheia aos assuntos. Laura deu um tapa em um dos meus braços, aquele cujo meu rosto estava apoiado, fazendo com que eu saísse do transe.

— Ei garota?! Você vai ficar aqui sentada, dormindo de olho aberto? A parte chata da festa acabou... Vamos curtir agora que os velhotes estão indo para suas casas!

— Hã?

— Ai, esqueci de te dizer Julie... Quando acabasse a festa para apresentar Flavia a sociedade, teríamos “a festa”, sem adultos para encher o saco... Entende o que estou falando?

— Mais ou menos...

— Por que você não aproveita para ficar loucona e dar uns cata no Ramon? – Lisa disse dando uns tapinhas no ombro de Laura que retribuiu sorrindo.

— É verdade, nós percebemos como você não tira os olhos dele... – Laura olhou para Lisa e soltaram guinchinhos juntas.

Fiquei super constrangida com o modo com que Lisa falou... Não achava que estava tão óbvia minha fixação pelo garoto... Olhei a nossa volta e já não havia quase nenhum adulto ali, a maioria eram jovens... Senti um arrepio pela espinha.

— Oi queridas, aproveitem a festa hein! Sei que vocês gostam de bagunçar um pouquinho, mas tentem maneirar um pouco para não assustarem a Julie, com o tempo ela se acostuma... – disse Eunice sorrindo para nós.

Enquanto me questionava sobre o que Eunice queria dizer, Laura e Lisa me arrastaram do salão e me empurraram para um conversível.

— Para onde estamos indo? – perguntei entre assustada e deslumbrada com o que estava acontecendo e com todo aquele luxo.

— Para sua iniciação... Você quer ou não ser aceita pelo meu mundo? – perguntou Laura me estendo uma garrafa cheia de Smirnoff.


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