Desligamento escrita por Lena Rico, Ana Valentina


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores!
É com grande satisfação que compartilhamos com vcs nossa primeira entrevista referente a Desligamento:
http://lenaeanapouch.wordpress.com/2013/03/18/entrevista-com-o-jornalismo-na-alma/
Beijinhos
♥ Lena Rico e Ana Valentina ♥



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Durante as três semanas eu que fiquei em repouso, como se não bastasse Ál ter me abandonado novamente, Laura insistia em vir visitar-me. Veio ver me cinco vezes e como sou uma pessoa gentil, não a mandei embora nem a ignorei. Eu não sabia o que exatamente poderia acontecer se eu continuasse andando com ela, mas eu sentia uma sensação ruim ao seu lado, um frio e constantemente me lembrava dos avisos de Álvaro.

Jac também viera me visitar várias vezes, nas quais me contara todas as fofocas do colégio, estudamos e nos divertimos muito. Quando nenhuma das duas estava, eu ficava lendo, entrava um pouco no facebook, no e-mail e ficava conversando com Dani, fazendo penteados em seu cabelo e brincando de maquiadora (ela adorava!).

Minha mãe não teve problemas durante esses dias, Dani cuidou muito bem de mim, no começo eu pedi pra ela me trazer algumas coisas, mas depois que fui me acostumando com as muletas, comecei a fazer as coisas sozinhas e ela ficou mais para me fazer companhia e me deixar feliz.

Sim, foi muito bom tê-la por perto, ainda mais depois de perder Ál... Talvez pra sempre, segundo ele. Ainda passei as duas primeiras semanas chorando no silêncio da noite, abafando os soluços no travesseiro para que ninguém pudesse ouvir.

No dia marcado para retirar o meu gesso Jac insistiu para me acompanhar, minha mãe ia nos levar e retornar ao trabalho, meu pai ficou responsável por nos buscar, Jac faria companhia durante todo o tempo no hospital.

Ao entrarmos no hospital fomos encaminhadas a uma sala de enfermaria, havia uma cama na parede da porta, ao lado, uma mesinha com utensílios médicos, e toda a sala estava cercada por armários, aparentemente para a guarnição de suprimentos. A auxiliar de enfermagem que nos acompanhava pediu para que eu sentasse na cama com as pernas esticadas que logo uma enfermeira iria nos atender.

A cama era um pouquinho alta e precisei da ajuda da minha amiga para subir, pois a mulher que nos trouxe até a sala estava com muita pressa.

Assim que consegui me arrumar na cama, uma mulher baixa, gordinha, com cabelos presos em um rabo de cavalo, olhos negros como a noite e sorriso largo nos lábios entrou no quarto.

- Bom dia! Eu sou a Bia, e hoje vou tirar o seu gesso – disse mantendo o seu sorriso.

- Vai doer? – não pude resistir em perguntar.

- Não querida, não dói nadinha.

A enfermeira abriu um dos armários e retirou um objeto, parecia uma serra, foi o suficiente para meu estômago afundar, não precisava vê-la caminhar em minha direção com aquilo na mão. Fiquei olhando para a Jac, ela segurou a minha mão e deu um sorriso para me tranquilizar, ela era realmente adorável.

A enfermeira usou aquela coisa para cortar o meu gesso, não olhei em nenhum momento, apenas escutei o barulho horrendo daquilo, e um cheiro de coisa estragada tomou o ar, demorou um minuto para que eu percebesse que vinha de mim, da minha perna semi-engessada.

Meu estômago estava revoltoso, comecei a me sentir zonza, minha visão ficou embaçada e já não tinha domínio sobre meu corpo, desmaiei.

Quando acordei estava deitada na cama, Jac estava ao meu lado e me ajudou a levantar, ainda estávamos no mesmo lugar. Olhei para a minha perna e não havia sinais de gesso nela, mas percebi que estava mais fina que a outra, parecia atrofiada, me assustei com a situação, mas Jac disse que ia ficar tudo bem e acreditei nela.

Ficamos conversando sobre a série de televisão que ela estava vendo, parecia muito interessante, contos de fadas diferentes de tudo que havíamos visto, algo em que o final feliz era questionado o tempo todo, Once Upon a Time, era o nome, não pude deixar de anotar na minha listinha “Coisas para ver”.

Estávamos entretidas em nossa conversa e nem vimos a enfermeira entrar.

- Julie, vou te levar para fazer um raio-X da sua perna, depois você vai passar pelo médico, será medicada e liberada.

Bia veio me ajudar a descer da cama, quando meus pés alcançaram o chão senti dor, mas ela disse que era normal, não usava a minha perna direita há semanas e precisaria de fisioterapia para meus movimentos voltar ao normal.

Ela me devolveu as muletas, pelo jeito ainda não poderia me livrar delas, não conseguiria andar direito sem a tal fisioterapia. Fomos andando devagar até a sala do raio-X, Jac não pode entrar conosco, por isso ficou esperando no banco do lado de fora.

Bia me ajudou a sentar na cama e saiu me deixando sozinha com o médico que faria o exame. Após o término do exame fomos levadas até a sala do ortopedista e ficamos aguardando os resultados. Nesse período agradeci novamente por Jac estar comigo, não aguentaria ter que passar por tudo isso sozinha.

Logo o médico apareceu na sala, todo animado, era um senhor de meia idade, barba aparecendo, cabelos acinzentados, olhos castanhos vivos.

- Julie, você está ótima, agora você terá que fazer sessões de fisioterapia para que seus movimentos voltem ao normal, mas não se preocupe isso é devido à lesão e ao fato de ficar com o gesso durante esse tempo, sem poder andar.  Enquanto isso tente fazer exercícios em casa, vou te liberar agora. – disse

- Obrigada doutor.

Depois de nos cumprimentar e desejar boa recuperação, ele nos deixou ir e Jac aproveitou para ligar para meu pai nos buscar.

Ficamos esperando até ele chegar com o carro, descer e fazer um interrogatório sobre como foi os procedimentos, depois de sanadas todas as suas curiosidades, ajudou-me a entrar no carro, sentei no banco traseiro lado a lado com minha amiga.

- Julie querida, eu vou levá-las para minha casa, vocês ficarão lá até a Evelyn chegar do trabalho e buscá-las. – disse, mas era tarde demais para que eu pudesse fugir, pois o carro já estava em movimento.

Eu nunca visitei o meu pai em sua casa nova, não me sentia bem em relação a isso, ele estava agora com a tal mulherzinha que separou os meus pais, e só esse fato me deixava enjoada, já a odiava sem ao menos conhecê-la. Não suportaria esperar minha mãe nos buscar, um plano de escape começou a ganhar forma em minha cabeça enquanto atravessávamos a cidade em direção à casa de meu pai.


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Notas finais do capítulo

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