Desligamento escrita por Lena Rico, Ana Valentina


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindas de volta!
Muito obrigada a todas(os) que votaram na enquete para escolha da capa e enfim, muito obrigada por todo carinho.
Beijinhos
♥ Lena Rico e Ana Valentina ♥



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Achei que toda a nossa conversa sobre bem, mal, Laura e anjos havia acabado e estava muito sonolenta em seu peito, sentindo o seu doce cheiro que acalmava e calava todas as vozes de meu ser. Achei que tudo estava resolvido entre a gente, que de agora em diante nossas vidas estariam mais entrelaçadas do que nunca, mas logo percebi como estava enganada.

- Julie, aquela vez que você me encontrou na escada, nos olhamos e fomos para o meu mundo, eu não tinha entendido o porquê daquilo tudo, mas agora eu sei. Foi você Julie, você nos levou para lá, sua vontade de me ver de novo, de estar novamente comigo fez com que nossas almas fizessem a viagem. E vendo toda a situação novamente, tudo o que já passamos percebo que isso não está sendo bom para você, você precisa me esquecer, você precisa ser feliz e ter uma vida de adolescente normal. É por isso que vim aqui hoje Julie, para contar para você sobre tudo e para me despedir. Essa é a última vez que vamos nos ver. Eu sinto muito, mas eu ficarei cuidando de você de longe, em relação a isso não se preocupe, eu sempre protegerei você. Adeus Julie, seja muito feliz. – não pude perceber nenhuma emoção em sua voz, aquela mesma voz que disse que me amava ainda a pouco, agora arranca meu coração e o leva embora.

Quando finalmente aquelas palavras penetraram meus ouvidos já estava sozinha no quarto, que de repente pareceu muito grande para mim, grande demais para que eu pudesse suportar. Já não conseguia respirar direito, uma dor enorme chegou ao meu peito e achei que este seria o meu fim, minha mente se desprendeu de tudo e de todos, não conseguia mais me mover, nem pensar direito, tudo que eu conhecia tudo o que eu realmente desejei foi rapidamente tirado de mim, já não havia nenhum motivo para continuar respirando, para continuar aguentando, porque eu estava sozinha.

No ápice do desespero, desejei morrer. Pensei em diversas maneiras das quais eu poderia realizar isto, mas meu angustiado ser, mesmo distante de Deus por tanto sofrimento, não se sentia no direito de tirar de si próprio algo dado por ele, a vida.

Não que eu tivesse medo de morrer, aliás sempre pensei que a morte é apenas uma transmutação da vida e que não deveria ser pior que a mesma. Pra ser sincera, sempre pensei que devesse ser até melhor, já que eu não teria de ir todos os dias ao colégio ver pessoas que não quero ou fazer tarefas cotidianas apenas por rotina, eu apenas dormiria, dormiria um sono eterno repleto de sonhos.

Senti-me triste, inútil e imensamente sozinha. Não que eu estivesse sozinha de verdade, mas é que ninguém nunca soube me compreender, talvez por nunca realmente quererem ou talvez por eu não deixa-las saber como eu realmente me sentia.

De fato já tentei me abrir com meus pais sobre meus sentimentos, mas ao ver em seus olhos a dor por não estarem me fazendo feliz e se julgarem os piores pais do mundo, decidi engolir para sempre aquela enorme tristeza que sempre senti para nunca mais precisar vê-los assim.

A dor em meu peito aumentava, sentia como se Álvaro fosse o ar que eu respirava e que sem ele, não fosse possível viver. Senti meu corpo tremer, minha respiração tornou-se difícil, tentei chamar por ajuda, mas não consegui e então adormeci chorando, implorando a Deus que eu morresse dormindo e que nunca mais precisasse acordar...

Infelizmente para colaborar mais com minha incredulidade em Deus, eu acordei na manhã seguinte. Sim, eu acordei e com uma dor de cabeça enorme e os olhos inchados de chorar na noite anterior.

Assim que senti meus olhos inchados, sem sair da cama, tateei na cômoda ao lado dela, um espelhinho de bolsa, em formato de colação rosado e brilhante. Abri, olhei-me e vi meu rosto inchado, entrei em pânico. Eram seis e vinte da manhã e eu já estava atrasada para me arrumar para ir ao colégio, que iniciava às sete. Devolvi o espelho na cômoda e me levantei rapidamente. Ou melhor, tentei levantar, pois no momento que toquei meus pés no chão e me impulsionei para levantar, senti uma dor horrível na perna engessada que não aguentando o peso do corpo se desequilibrou... Por sorte desabei sentada na cama.

Enquanto eu ajeitava as pernas sobre a cama, dei-me conta que não seria necessário ir ao colégio assim, então afundei vagarosamente no edredom e voltei a dormir.

Acordei onze horas da manhã com minha mãe me trazendo o café da manhã em uma bandeja de cama feita em madeira. Havia torradas com geleia de morango, suco de laranja, café com leite, biscoitos de aveia e mel, iogurte natural, um pote de açúcar pequenino de inox e o controle da televisão.

— Bom dia, querida! Espero que goste do café... Sei que você não gosta muito de iogurte natural, mas você tem comer coisas mais nutritivas para se recuperar logo. – disse minha mãe enquanto ajeitava a bandeja em meu colo.

— Nossa mãe, muito obrigada! Mas a senhora não deveria estar trabalhando a uma hora dessas? – perguntei dando em seguida uma golada no suco de laranja, o meu preferido e olhando as horas no relógio da parede.

— Eu pedi a Nanci, minha patroa para que me deixasse vim ver como você estava, mesmo com Danita aqui, ainda fico preocupada. Nanci sabe sobre seu acidente, então teve a bondade de me liberar para o almoço mais cedo.

— Está tudo bem comigo, mãe. Não precisa se preocupar. A senhora já preparou seu almoço? Não vá ficar sem comer o dia todo por minha causa! Juro que estou bem e qualquer coisa eu ligo. – disse pegando o celular embaixo do travesseiro e mostrando a ela.

— Espero que você não tenha ficado chateada com a conversa de ontem. Você sabe que só queremos seu bem. – ela disse esboçando um leve sorriso nos cantos dos lábios. — Mas não pense que eu e seu pai desistimos de leva-la a um psicólogo! – disse em um tom mais severo enquanto saia do quarto deixando a porta entreaberta.

Mesmo ela não estando mais ali dei com os ombros, peguei o controle na bandeja e liguei a TV, era horário do Bob Esponja, mas estava passando um programa idiota de uma apresentadora, que era ótima como jornalista. Fiquei me perguntando por que ela havia trocado de área, mas não encontrei resposta alguma, eu não encontrava resposta nem para minha vida, muito menos para a dos outros.

Assim que acabei de comer, coloquei a bandeja no chão sem sair da cama, estiquei os braços até minhas muletas, que estavam encostadas na parede próximas a mim e apoiando sobre elas me levantei. Fui até a sala buscar meu notebook que estava sobre a mesa de centro, mas assim que cheguei até ele, percebi que não haveria como eu pega-lo sem ajuda de alguém, já que ambos os braços estavam ocupados com as muletas.

Como minha mãe já havia saído para trabalhar e meu pai já havia ido embora também, pois ele não mora mais com a gente, então chamei por Danita, uma garota de onze anos que minha mãe havia chamado para limpar a casa algumas vezes e que agora estava aqui para me ajudar esses dias em que estou de repouso, já que minha mãe não pode passar o dia todo comigo devido a seu trabalho na loja.

— Danita! Pode levar o meu note para o quarto, por favor? – gritei por ela e fui para o quarto, onde fiquei esperando que ela me trouxesse o notebook.


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