Palavras mudas, olhares cegos e poder frágil. Poucos eram os que ousavam sussurrar sobre os dias em que andavam na terra as crias divinas vindas do eterno cacique Eora. Moldados entre as chamas caóticas que dizimavam o negro, criados pelos idênticos suspiros de prazer, entre o mesmo ventre, três titãs cresceram aos pés da história centenária.

O jaguar, primeiro de seu nome. Nunca antes havia existido homem tão fera como Oum, sob seus ombros, o peso de uma guerra eterna, em sua pele, contagens cicatrizadas de quantos inimigos já haviam suspirado pela última vez diante de seu ser. Sua promessa, viva como divina mitologia, faminta entre seus dentes afiados. Vingança, honra e sangue.

A Águia, desafiadora de seu próprio destino. Entre eternos ciclos florestais, a profecia a declarava dançarina celeste, estrela guia entre o caos. Antes mesmo de seu primeiro suspiro, encarregada dos ventos da vida que levariam os Eoras a final paz. Oensã possuía apenas uma única dor, seu coração liberto em guerra contra o dever.

O elefante negro. Digno do suspiro divino, personificação da fome universal pelo saber. Duvidavam sequer que ser humano tão sereno jamais houvesse colocado sua fina pele sob árido solo desértico. Sábios adivinhavam sua vinda de longínquo plano astral, Seif negava, era apenas seu dever.

Horizontes adornavam suas possibilidades, limitando-os ao familiar. Juntos, tomavam o trono dos primeiros homens, e possivelmente, os últimos. Em findas brechas temporais, exploradores de mesmo sangue trilhavam palavras ao pé borbulhante do fogo noturno, a realidade que milhares conheciam estava extinta a incontáveis anos. Aonde existiam outros pensantes, brancos que antes os tomavam sangue?

— Sob longínquos horizontes
os mais sábios selvagens sussuram
— somos os últimos a pisar sobre a terra?

Estamos lutando, pela conquista do mais desejado amor? Ou estamos apenas fugindo pelas costas do desejo?